(In)Transições do Feminino: corpo, gênero e reprodução se propõe a explorar e desvelar quais os sentidos que os campos das ciências sociais e humanas disseminam sobre os corpos das mulheres, gênero feminino e reprodução. Por meio de um mapeamento da literatura e análise dos discursos, busca compreender quais são as construções simbólicas, significações e agenciamentos (re)produzidos pelo campo e áreas afins.
Como as mulheres têm transformado o mundo e transformado a si mesmas? Essas questões norteiam o presente trabalho, que busca entender como os feminismos, nas últimas quatro décadas, possibilitaram profundas e positivas mudanças na cultura e na sociedade brasileiras. Partindo das narrativas autobiográficas de sete militantes feministas, nascidas entre os anos 1940 e 1950, a autora investiga a maneira como elas abriram novos espaços na esfera pública e na vida política do Brasil, desde os violentos anos da ditadura militar.
Neste lançamento da Editora Fiocruz em coedição com a Unifesp, Alvaro (Carmen) Jarrín combina trabalho de campo etnográfico, pesquisa em arquivo e leituras da cultura popular, a fim de examinar as concepções vigentes de beleza no Brasil, sob a ótica conjunta da biopolítica foucaultiana e da teoria do afeto. O resultado de três anos de pesquisa é apresentado em seis capítulos originalmente publicados em língua inglesa, em obra contemplada pelos prêmios Marysa Navarro Book Prize (2018), do Conselho de Estudos Latino-Americanos da Nova Inglaterra (NECLAS, na sigla em inglês) e Michelle Rosaldo Book Prize (menção honrosa - 2019), da Associação por uma Antropologia Feminista (AFA, na sigla em inglês). Nos dois primeiros capítulos do livro, é delineada a estrutura que, segundo Jarrín, transformou a beleza numa tecnologia de biopoder no Brasil, o que envolve, do projeto de embranquecimento da nação, no início do século XX, à incorporação da cirurgia estética no SUS, nos anos de 1960.
Este livro é transdisciplinar. Saúde pública, trabalho, política, sexualidade, tudo articulado para iluminar a singularidade da mulher no mundo da produção.
Esta coletânea convida os leitores a ultrapassar os limites de uma análise superficial e imediatista sobre a "questão de gênero" e seus desdobramentos, em especial para a saúde.
Apresenta as principais causas da mortalidade feminina no Brasil nos últimos anos. Um CD-ROM com gráficos estatísticos acompanha o livro.
A mulher no mundo corporativo é um livro focado na situação feminina, tendo como principal aspecto a atuação da mulher no mercado empresarial – universo basicamente masculino, no que se refere à ocupação dos altos cargos executivos.
“Uma caixa de ferramentas para ser usada contra a ofensiva neoliberal e conservadora, mas também uma investigação tramada ao calor das assembleias, das mobilizações, das greves internacionais do 8 de março, que conecta as violências econômicas, financeiras, políticas, institucionais, coloniais e sociais.” Assim o jornal argentino Página 12 definiu o livro A potência feminista, ou o desejo de transformar tudo, de Verónica Gago. Um feminicídio é registrado a cada 29 horas na Argentina — um a cada oito horas, no Brasil. Verónica Gago assume a realidade e a luta das mulheres latino-americanas como ponto de partida para as análises de A potência feminista. Foi a violência estrutural e homicida contra as mulheres argentinas que desencadeou o movimento #NiUnaMenos, que logo se espalhou pelo continente. Cientista política, professora da Universidade de Buenos Aires e militante feminista, Verónica Gago engrossou o movimento, participou de assembleias, marchas e protestos, e, por dentro da mobilização, e em diálogo permanente com luta de mulheres de outros países, passou a enxergar a força contestatária do feminismo latino-americano para muito além do “identitarismo” e do “vitimismo”. Quando encarado em sua dimensão de raça, de classe, plurinacional, antiextrativista, e ao ganhar as massas, como tem ocorrido na Argentina com as manifestações pela descriminalização do aborto, o feminismo se torna revolucionário — e aponta inequivocamente para o desejo de transformar tudo. Essa é a tese defendida pela autora em A potência feminista. O livro dialoga com as ideias de Silvia Federici, Angela Davis, Nancy Frazer, Wendy Brown, Rosa Luxemburgo e Karl Marx, entre outras pensadoras e pensadores clássicos e contemporâneos. E defende a proposta da greve internacional feminista como instrumento revolucionário que visibiliza trabalhos e condições das mulheres invisibilizados historicamente pelo sistema. A realidade latino-americana obriga o feminismo a sair do binarismo vítima/algoz e a atravessar os conflitos enfiando transversalidade no “tremor simultâneo das camas, das casas e dos territórios”, explica Verónica Gago, sem deixar nada de fora, porque as lutas feministas atravessam tudo. É preciso reconceitualizar as violências machistas e politizá-las, para reconhecer seu horror e desarmá-lo.
Humanização do parto e do nascimento: questões raciais, cor e de gênero
Aborto, saúde e cidadania supera fronteiras geográficas sobre o assunto, vasculha sua história em diferentes culturas e sociedades e convida o leitor a avançar por um caminho assentado em dados e pesquisas, esclarecendo e desmistificando a questão do aborto.
Este livro organizado por Débora Diniz é uma excelente contribuição, em língua portuguesa, para o debate sobre os aspectos éticos, legais e filosóficos das aplicações da nova genética na Medicina, assim como uma reflexão necessária sobre as suas conseqüências sociais. Neste livro são abordados temas como a clonagem humana, a genética e homossexualidade, a genética das deficiências congênitas, as doenças genéticas do sangue como a anemia falciforme, o diagnóstico intraútero de doenças genéticas e o aborto seletivo, sendo discutido os fundamentos do aconselhamento genético e suas implicações na Saúde Pública.
Além da pele compila artigos recentes de Silvia Federici a respeito do corpo e da política corporal em seu trabalho teórico e em outras teorias feministas. Os dez textos que compõem este livro revelam como o capitalismo tem transformado o corpo humano em máquina de trabalho — e o corpo das mulheres em máquinas reprodutoras de mão de obra. Dividida em quatro partes, a obra debate a relação entre corpos e opressões, a barriga de aluguel, as novas tecnologias reprodutivas e de manipulação genética, as antigas e recentes esterilizações forçadas, a criminalização do aborto, o cerco à sexualidade das mulheres, o trabalho sexual, o papel da medicina e da psicologia no disciplinamento dos corpos e a ânsia do capitalismo tardio em moldar, via novas tecnologias, um trabalhador cada vez mais semelhante a uma máquina — cujo corpo esteja imune a estímulos sensoriais, a desejos sexuais, sempre autodisciplinado, capaz de funcionar em qualquer situação e pronto para colonizar o espaço sideral.
Esta coletânea contribui para o estabelecimento de leituras criteriosas acerca dos diferentes sentidos que a sexualidade adquire na Antiguidade. Congregando estudiosos de diversos campos, lança mão de um importante instrumento de análise da relação entre o masculino e o feminino: trata-se da teoria de gênero.
O Grupo de Pesquisa Informação, Cidadania e Aprendizado (ICA), da Faculdade de Tecnologia “Julio Julinho Marcondes de Moura” – Fatec Garça (CEETEPS), visa estudar os fenômenos sociais e suas implicações na ambiência organizacional, com foco na cidadania e coletividade. Das reuniões e dos debates realizados nos últimos anos, percebeu-se um interesse, por parte dos discentes e docentes do ICA, pelos temas que contemplam as mulheres, assédio moral e sexual no ambiente de trabalho. Desta forma, muitos trabalhos nasceram e, assim, a necessidade de socializar o que foi produzido neste livro que traz estudos sobre a representatividade das pesquisadoras brasileiras na área da Ciência da Computação; as dificuldades enfrentadas pelas mulheres negras nos cargos de liderança no estado de São Paulo; a mulher no contexto do assédio moral e sexual em organizações bancárias e a cultura do estupro, além de uma pintura (capa deste livro) que evidencia o sentimento interno versus o sentimento externo acerca da realidade do universo feminino. Em síntese, escrever sobre as mulheres nesta sociedade capitalista é evidenciar o processo de dominação-exploração secular e, também, a luta das mulheres por igualdade e garantia de seus direitos, ou seja, é mostrar as mulheres em movimento por cidadania.
Este livro parte da constatação do papel político, social e cientifico de uma bibliografia para promoção do conhecimento, especial sobre questões novas e com forte identidade multidisciplinar. O tema da violência sexual contra a mulher é recente no cenário político e acadêmico nacional. Os primeiros estudantes datam da década de 1970, havendo um crescimento lento das publicações até os anos 1990, período de consolidação do debate no Brasil. Foram reunidas e sistematizadas 1.173 referências bibliográficas sobre o tema da violência sexual contra a mulher, publicadas em língua portuguesa, no período de 1984 a dezembro de 2003.
Tudo é pioneiro nesta obra - a idéia original do Projeto 1000 Mulheres, a envergadura mundial que adquiriu, a complexidade do trabalho de seleção das mulheres aqui perfiladas, o painel final deste Brasil de ação feminina. E a teia feminina se pôs em marcha, garimpando em todos os estados, investigando o amplo leque da ação transformadora da mulher. Brotou um Brasil vibrante, comovente, engajado. Dificilmente haverá unanimidade em torno dos 52 nomes. Nem poderia haver. Felizmente o leque de brasileiras anônimas ou notáveis que atuam por um país mais justo não cabe em um livro.
Ao discutir as relações entre gênero, mídia e política no Brasil, Caleidoscópio convexo discute a maneira como os meios de comunicação se portam ao veicularem notícias do cenário político e destaca as consequências de uma divulgação que privilegia a presença masculina em cargos públicos e reforça a sub-representação política das mulheres.
O Brasil é o recordista mundial de cesáreas. Aqui, de 52% a 88% dos partos são cirúrgicos na rede pública e na rede privada, respectivamente. Porém, não é só o alto número de cesarianas que chama a atenção, mas o que está por trás disso: as cesáreas são a escolha da maior parte das gestantes e dos profissionais que cuidam delas. Nesta obra, a autora - antropóloga e feminista - pesquisou um grupo que que optou por parir diferentemente: da maneira mais natural possível. Ela quis seguir na contramão para encontrar as famílias que buscam a humanização do nascimento. A pesquisadora constatou que essas mulheres queriam tomar as rédeas da situação: ser as protagonistas de suas próprias histórias, dizendo em alto e bom som que o que acontece na cena de parto, em geral, não lhes agrada. E essa tomada de decisão as empoderou. A autora ouviu de duas delas: Eu tenho muito mais confiança em mim e naquilo que posso fazer e viver e isso é realmente incrível e Hoje, eu acho que posso tudo. Apesar de não terem tido experiências com o feminismo, certamente, elas têm muito a acrescentar ao movimento.
As acadêmicas feministas desenvolveram um esquema interpretativo que lança bastante luz sobre duas questões históricas muito importantes: como explicar a execução de centenas de milhares de 'bruxas' no começo da Era Moderna, e por que o surgimento do capitalismo coincide com essa guerra contra as mulheres. Segundo esse esquema, a caça às bruxas buscou destruir o controle que as mulheres haviam exercido sobre sua própria função reprodutiva, e preparou o terreno para o desenvolvimento de um regime patriarcal mais opressor. Essa interpretação também defende que a caça às bruxas tinha raízes nas transformações sociais que acompanharam o surgimento do capitalismo. No entanto, as circunstâncias históricas específicas em que a perseguição às bruxas se desenvolveu — e as razões pelas quais o surgimento do capitalismo exigiu um ataque genocida contra as mulheres — ainda não tinham sido investigadas. Essa é a tarefa que empreendo em Calibã e a bruxa, começando pela análise da caça às bruxas no contexto das crises demográfica e econômica europeias dos séculos XVI e XVII e das políticas de terra e trabalho da época mercantilista. Meu esforço aqui é apenas um esboço da pesquisa que seria necessária para esclarecer as conexões mencionadas e, especialmente, a relação entre a caça às bruxas e o desenvolvimento contemporâneo de uma nova divisão sexual do trabalho que confinou as mulheres ao trabalho reprodutivo. No entanto, convém demonstrar que a perseguição às bruxas — assim como o tráfico de escravos e os cercamentos — constituiu um aspecto central da acumulação e da formação do proletariado moderno, tanto na Europa como no Novo Mundo.
Chegou a hora de extirpar a supremacia branca de dentro do feminismo Desde sua origem, o feminismo se baseou na experiência de mulheres brancas de classe média e alta, que há muito se autoproclamaram as especialistas no assunto. São elas que escrevem, palestram, dão entrevistas. Ao mesmo tempo, para manter seus privilégios, demarcam a branquitude do movimento ao sobrepor suas falas às das mulheres de pele negra e marrom. No entanto, o diálogo só será possível quando todas as mulheres estiverem em patamares iguais. E é partindo do princípio de igualdade na diversidade que Rafia Zakaria, muçulmana, advogada e filósofa política, defende uma reconstrução do feminismo. Contra o feminismo branco é um contramanifesto que insere as experiências de mulheres de cor no centro do debate. Em uma leitura direta e impactante, a autora questiona desde pensadoras como Simone de Beauvoir a produtos culturais como Sex and the City . O resultado é uma obra crítica à adesão do feminismo branco ao patriarcado, à lógica colonial e à supremacia branca. Ao seguir a tradição de suas antepassadas feministas interseccionais Kimberlé Crenshaw, Adrienne Rich e Audre Lorde, Zakaria refuta a indiferença política e racial do feminismo branco em uma crítica radical, na qual coloca o pensamento feminista negro e marrom na vanguarda.
Corpos, territórios e feminismos finca os pés nos territórios que vêm sendo alvo de projetos extrativistas — terras habitadas por populações tradicionais, cujo modo de vida entra em conflito direto com as diretrizes capitalistas — para entender como os povos estão resistindo à despossessão. Por meio de uma pesquisa militante, as autoras puderam compreender que essa resistência é liderada sobretudo por mulheres. São elas que mais sofrem o impacto da devastação e, portanto, as que mais se dispõem a lutar contra o seu avanço.
m “Cozinha é lugar de mulher?” Bianca Briguglio procura desmistificar o mundo da gastronomia como vem sendo apresentado na mídia hegemônica nos últimos anos. A representação glamourizada do trabalho em cozinhas, baseado na paixão e dedicação de resignados profissionais dispostos a tudo para obter sucesso e reconhecimento. O que a autora revela, baseada em sua pesquisa de doutorado e entrevistas com cozinheiros e cozinheiras, é um cotidiano atravessado por longas e duras jornadas de trabalho, baixos salários, informalidade, rotatividade e, em muitos casos, assédio moral e sexual. A partir de uma perspectiva sociológica que considera as relações de gênero, classe e raça/ etnia, a autora apresenta um panorama sobre a realidade dos profissionais de cozinhas que ultrapassa o ambiente de trabalho, relacionando-se ao trabalho doméstico, ao tempo dedicado à família, lazer e descanso. A extensão da jornada, assim como as condições de trabalho e a necessidade de realizar uma série de outras atividades para gerar renda, tem impacto decisivo sobre as relações pessoais e dentro das famílias, de maneira diferente para homens e mulheres, brancos e não brancos. A masculinização das cozinhas profissionais, um processo histórico que a autora investiga, desemboca em obstáculos e dificuldades adicionais para as mulheres neste segmento profissional, sobretudo as mulheres negras, que se deparam com o machismo e o racismo combinados.
A indústria do sexo é uma fonte inesgotável de drama lascivo para a grande mídia. Nos últimos anos, assistimos a um pânico generalizado em relação aos “distritos da luz vermelha online”, que supostamente seduzem mulheres jovens e vulneráveis para uma vida de degradação. A tendência atual de escrever e descrever experiências reais de trabalho sexual alimenta uma cultura obcecada pelo comportamento das profissionais do sexo. Raramente esses relatos temerosos vêm das próprias trabalhadoras, e nunca se desviam da posição – comum entre feministas e conservadoras – de que essa indústria deve ser abolida e as trabalhadoras devem ser resgatadas de sua condição. Dando uma de puta desmantela os mitos generalizados sobre o tema, critica ambas as condições dentro da indústria do sexo e sua criminalização, e argumenta que separar esse trabalho da economia “legítima” só prejudica aqueles que realizam trabalho sexual. Aqui as demandas das profissionais do sexo, por muito tempo relegadas às margens, ocupam o centro do palco: o trabalho do sexo também é trabalho, e os direitos das profissionais do sexo são direitos humanos.
Uma das ensaístas e feministas mais relevantes da atualidade, Rebecca Solnit examina os principais temas que permeiam o debate contemporâneo — do assédio sexual à crise climática. Quem escreve as narrativas de nossos tempos? Em cada debate, uma batalha está sendo travada: de um lado, mulheres e pessoas não brancas, não binárias e não heterossexuais finalmente podem contar a história com sua própria voz; de outro, pessoas brancas — sobretudo do gênero masculino — se apegam às versões de sempre, que contribuem para manter seu poder e status quo. Em vinte ensaios atualíssimos, a autora de Os homens explicam tudo para mim e A mãe de todas as perguntas avalia essas discussões, por que elas importam e quais são os desafios que temos pela frente.
Este livro chega ao Brasil em um momento particularmente fecundo para o enfrentamento dos muitos problemas que Butler aponta: esta tem sido uma época especialmente desfavorável para mulheres, homossexuais, lésbicas e pessoas trans, com índices de violência impressionantes. Autora incontornável no que diz respeito às reflexões sobre formas de segregação, Butler está “desfazendo” o conceito de gênero como único e exclusivo recorte para análise das injúrias e violações a que as chamadas “pessoas dissidentes de gênero” são submetidas.
Nos ensinaram a obedecer. Nos ensinaram a obedecer sem nunca nos perguntar se concordávamos com as regras ou se desejávamos qualquer coisa relacionada a elas. Nos ensinaram a abolir nossos desejos para sermos respeitadas. A pautar nosso valor pelo olhar do outro. A nos largar pelo caminho para construir e cuidar a vida dos que nos rodeiam. Nesse caminho imposto, não sobra nada nosso. Não sobra a gente. Para interromper esse percurso, é preciso desobedecer às regras, as que não foram criadas nem pelas mulheres, muito menos para as mulheres. Em Desobediência, Iana Villela, uma “desobedecedora” de regras, navega por fatos cotidianos e nos leva a refletir sobre o papel da mulher na sociedade contemporânea.
Renova o campo de estudos sobre prostituição no Brasil ao tratá-la como lugar de sociedades e de operação de relações de poder. Ao seguir a trajetória de quatro lideranças da prostituição, exercida por mulheres, no centro de Porto Alegre – RS, o autor nos leva a um diálogo com a produção antropológica e literária sobre o tema.
Este livro Diálogos Contemporâneos sobre homens negros e masculinidades provavelmente seja um dos mais instigantes do “gênero negro masculino”. A dupla organizadora tem quilometragem de estrada sobre relações raciais e gênero masculino. Henrique Restier e Rolf de Souza conseguiram montar um time de primeira, o plantel foi habilidoso para fazer um dos debates mais difíceis da sociedade brasileira: o lugar do homem negro. Os autores versam sobre duelos de masculinidades num contexto histórico em que os homens negros não foram convidados para compor o ideal de nação brasileira da elite branca. Numa cultura em que a proposta foi hiper-sexualizar heternormativamente os homens negros, fazendo circular o perigosíssimo estereótipo da virilidade concentrada no órgão sexual, um pênis sem “falo”. — Renato Noguera Professor de Filosofia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
O Dicionário crítico do feminismo reúne uma coletânea de rubricas redigidas por especialistas em cada uma das temáticas abordadas. Visa estimular a reflexão sobre a construção social da hierarquia entre os sexos e desenvolver um pensamento crítico feminista que favoreça a emancipação das mulheres e a igualdade na diferença.
As diferenças entre os sexos nos animais e nos humanos suscitam questões que estão no cerne de quase todos os debates sobre gênero na nossa espécie. O comportamento de homens e mulheres difere de maneira natural ou socialmente construída? E quanto ele é realmente diverso? Em Diferentes, Frans de Waal baseia-se em décadas de estudo do comportamento de grandes primatas para defender que, apesar da ligação entre gênero e sexo biológico, a biologia não sustenta automaticamente os papéis tradicionais de gênero nas sociedades humanas. A partir da observação de chimpanzés e bonobos, parentes geneticamente muito próximos de nós, De Waal analisa nossa história evolutiva comparada à deles e desafia crenças amplamente aceitas sobre masculinidade e feminilidade, além de suposições comuns sobre autoridade, cooperação, competição e laços parentais. Ele abrange também temas que vão do comportamento materno e paterno à orientação sexual, passando pela identidade de gênero e pelas limitações do binarismo, sempre ilustrando seus argumentos com exemplos irresistíveis das personalidades e ações dos animais que acompanhou de perto.
Este livro de Luciana Simas Chaves de Moraes abre as entranhas do nosso grande encarceramento na perspectiva do sofrimento imposto às mulheres privadas de liberdade. A guerra às drogas, essa política criminal com derramamento de sangue, atravessou governos à direita e à esquerda aumentando exponencialmente o número de brasileiros e brasileiras presas. Mas esse fenômeno, tão funcional ao capitalismo contemporâneo, atingiu as mulheres de uma forma brutal, aumentando em poucos anos 500% do encarceramento feminino.
A história da humanidade foi protagonizada por homens, que criaram uma sociedade em que cabia às mulheres a tarefa de servi-los. Dentro desse contexto de subserviência, parte-se da premissa de que a mulher sempre foi discriminada e oprimida pelo homem.Consolidar a igualdade substancial entre homens e mulheres é a forma de se respeitar a própria essência humana, mas para tal exercício de equilíbrio de forças é necessária uma boa dose de feminismo, entendido como um movimento social e ideológicoque busca ampliação dos direitos civis e políticos da mulher, até a equiparação aos dos homens.Os Tratados Internacionais de Direitos Humanos fundaram uma nova dimensão, apta a criação e efetivação dos direitos humanos das mulheres e capaz de articular as legislações internas dos Estados na ratificação da dignidade da mulher, concretizada no respeito ao princípio da isonomia.No Brasil, a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) busca proporcionar proteção judicial à mulher vítima de violência doméstica e combate à impunidade dos agressores, permitindo tratamento diferenciado em razão da histórica opressão do homem sobre a mulher.É com esse espírito de respeito à igualdade, à liberdade e, sobretudo, à dignidade da mulher que nos confrontaremos no mister de analisar o cenário da violência doméstica após a vigência da Lei Maria da Penha, tendo por base o estado da Paraíba, considerado um dos mais machistas do Brasil.Esta obra é destinada a alunos, professores, pesquisadores e profissionais que atuam nas redes de enfrentamento ou a qualquer pessoa interessada na temática da prevenção da violência familiar.Sejam todos bem-vindos, e ótima leitura!
Uma discussão sobre a Teoria do Empoderamento, a partir de diversas matrizes teóricas que hoje se dedicam ao tema. São pensadores que entendem empoderamento como aliança entre conscientizar-se criticamente e transformar na prática, algo contestador e revolucionário na sua essência. Muito mais do que a tradução literal de um termo estrangeiro, é uma prática cotidiana para a igualdade.
Por que fazer um livro sobre encarceramento, sistema de Justiça Criminal punitivo e feminismo negro? Qual é o ponto de conexão entre estas pautas? Por que prisão, punição, superencarceramento interessa às mulheres, prioritariamente às mulheres negras? Pode parecer fora de lugar falar em racismo, machismo, capitalismo e estruturas de poder em um país que tem em seu imaginário a mestiçagem e a defesa como povo amistoso celebrada internacionalmente. Contudo, parece absolutamente pertinente refletir, escrever, falar e ...
Um livro que pode trazer contribuições para o debate público sobre um tema de fundamental importância nos campos da saúde e dos direitos das mulheres: a interrupção da gravidez entre jovens. Entre o Segredo e a Solidão: aborto ilegal na adolescência, título escrito pelo psciólogo Wendell Ferrari, integra a coleção Criança, Mulher e Saúde.
Filósofo trans e um dos maiores pensadores da atualidade, Paul Preciado desafia a psicanálise a se abrir às novas abordagens político-sexuais. Em novembro de 2019, Paul Preciado foi convidado a falar para 3.500 psicanalistas na Jornada Internacional da Escola da Causa Freudiana em Paris, cujo tema era “Mulheres na psicanálise”. Seu discurso se inspirou no emblemático Relatório a uma academia, de Franz Kafka, em que um macaco diz a uma assembleia de cientistas que a subjetividade humana é uma jaula como a que o aprisionou. A fala de Preciado provocou um abalo sísmico. O filósofo apresentou à plateia o dilema que, acredita ele, deve ser enfrentado pela psicanálise — seguir trabalhando com a velha epistemologia da diferença sexual e validar o regime patriarcal colonial que a sustenta, endossando e sendo também responsável pela violência que produz; ou abrir-se a um processo de crítica política das suas linguagens e práticas, e enfrentar a nova aliança necropolítica do patriarcado colonial e suas tecnologias farmacopornográficas.
Em 2017, Vera Iaconelli aceitou o desafio de traduzir o cotidiano a partir do referencial psicanalítico. Desde então, os artigos publicados periodicamente na Folha de S.Paulo exploram diversas camadas da sociedade contemporânea através de temas como relações afetivas, feminismo, masculinidade, educação, sexo e política, além, claro, de parentalidade. Uma abordagem fluida e consistente que foi inevitavelmente marcada por dois eventos de grande impacto social: o fortalecimento de tendências autoritárias, com a ascensão de Bolsonaro, e a eclosão de uma pandemia global. Seguindo o fio dos acontecimentos que marcaram ―e marcam ―nossa época, esta coletânea reúne algumas das reflexões relacionadas àpremissa de que o sofrimento ordinário épermeado de felicidade ordinária, episódica e fugaz. Em uma alentada introdução inédita, a autora reflete sobre as contribuições singulares da psicanálise para o enfrentamento das questões contemporâneas que marcam nosso dia a dia.
Ancorada no pensamento crítico feminista brasileiro e no feminismo materialista francófono, reivindica a categoria relações sociais de sexo (e não a de gênero) para fundamentar a materialidade da exploração e da dominação das mulheres - e a contradição, o antagonismo e o conflito que implicam. Dimensões frequentemente banidas do debate teórico pelo predomínio das análises funcionalistas liberais ou culturais da pós-modernidade. Unindo densidade teoria e leveza na escrita, esta obra abre-se a leitoras e leitores com breves e longos percursos de formação.
Livro que se propões a analisar os novos desafios teóricos, éticos e políticos para o feminismo no campo da reprodução, dos direitos e do enfrentamento à mercantilização do corpo e da vida das mulheres.
Personagens fundamentais do feminismo brasileiro, Branca Moreira Alves e Jacqueline Pitanguy recuperam a história dos movimentos e articulações feministas no país, a partir das memórias de mulheres que estavam à frente dessas lutas entre os anos 1970 e 1990, período determinante para o avanço dos direitos das mulheres no Brasil. Dos séculos de dominação patriarcal aos bastidores das articulações políticas nacionais, as autoras narram uma história de luta fundamental e até hoje não contada, revelando o pioneirismo das mulheres, ainda pouco reconhecido entre nós e que abriu caminhos para as lutas contemporâneas.
Aqui o feminismo não é apenas mais uma teoria defendida na universidade, nem uma trincheira de políticos em busca de votos. Marli Gonçalves, combatente de primeira hora, sai uma vez mais em campo para ajudar mulheres e homens a praticar o feminismo, a lutar por uma sociedade mais justa. Marli foge dos teóricos da moda, assim como do(a)s político(a)s oportunistas. O feminismo que prega é o vivido, não apenas o pensado. Este livro é o presente ideal para mulheres e homens que queiram – ou precisem – aprender o que é mesmo esse tal de feminismo...
Com organização de Henrique Marques Samyn e Lina Arao, Feminismos Dissidentes reúne quatorze artigos que questionam a cor e a classe do feminismo hegemônico. O livro reúne textos produzidos por representantes de feminismos dissidentes, tematizando demandas de mulheres negras, amarelas, romani/"ciganas" e amazônicas; vocalizando pautas de lésbicas, transexuais e travestis; abordando questões caras a grupos excluídos e invisibilizados – mães pobres, mulheres gordas, trabalhadoras sexuais e praticantes de BDSM; e trazendo discussões de pesquisadoras brancas que questionam o lugar da própria branquitude nos movimentos feministas. Uma leitura essencial para quem quer questionar e refletir sobre as perspectivas interseccionais e os feminismos contra-hegemônicos.
Neste ensaio inédito, baseado em larga pesquisa e em uma série de entrevistas, Heloisa Buarque de Hollanda analisa o papel das mulheres em campos chave da cultura brasileira, como a literatura, o cinema novo e a MPB, entre os anos 1950 e 1980, evidenciando atuações pioneiras de artistas que fizeram o feminismo avançar, mesmo sem, muitas vezes, se dar conta dessa fundamental atuação. São nomes como Elis Regina, Leci Brandão, Rita Lee e Joyce Moreno; Carmen da Silva, Carolina Maria de Jesus, Ana Cristina Cesar, Marina Colasanti e Marilene Felinto; Adélia Sampaio, Helena Solberg, Vera Figueiredo, Eunice Gutman e muitas outras que têm seu pioneirismo analisado com o olhar afiado e o texto saboroso de Heloisa.
Como ampliar os direitos das brasileiras, contando com o apoio de mais mulheres, de diferentes vertentes políticas? Em um momento de extremo embate, com o governo mais conservador desde a redemocratização e em meio a inúmeras investidas para retroceder direitos conquistados ao longo dos anos, essas são questões latentes. Nesta obra, as pesquisadoras Beatriz Della Costa, Camila Rocha e Esther Solano apresentam uma minuciosa pesquisa feita com mulheres de vários espectros sociais e ideológicos para entender consensos e dissensos no que diz respeito ao feminismo e aos direitos das mulheres hoje. Uma pesquisa quantitativa realizada pelo instituto Big Data complementa a obra, que traz uma espécie de guia de ação política para conversas com mulheres que se denominam conservadoras, com o propósito de encontrar valores básicos que unam mulheres de campos políticos diferentes e assim construir uma agenda em comum para todas as brasileiras. “A despeito de suas muitas diferenças, praticamente todas aquelas com quem conversamos almejavam ser mulheres empoderadas. Todas afirmavam que o machismo as prejudicava em seu cotidiano e desejavam ser autônomas, independentes dos homens tanto material como emocionalmente, e livres para alcançar seus objetivos de vida. A grande diferença que separa as mulheres que se identificam como conservadoras das demais é a importância que as primeiras conferem ao papel desempenhado pela mulher dentro da família e à harmonia do lar; é fato, porém, que todas ressaltam a importância de políticas públicas que permitam que as mulheres conciliem o trabalho fora de casa e o cuidado com a família.”
Qual o papel desempenhado pelo sexo na política? A partir desta questão, a psicanalista Maíra Marcondes Moreira argumenta como a diferença sexual se relaciona com os moldes de reconhecimento nas democracias liberais, e apresenta o que seriam uma Política do Masculino e uma Política do Feminino. Para ela, precisamos, mais do que nunca, de uma política sexual anticapitalista, em que os sujeitos não tenham uma relação corpórea consigo mesmos e com terceiros em decorrência de seus predicados, atributos e marcadores sociais. Despojados de uma relação em que presumem ser e ter um corpo, despossuídos do princípio identitário do qual são acusados, a autora mostra que é possível construir outra política para além da receita de bolo identidade, unidade e universalidade.
Se durante muito tempo certa fixidez normativa entre sexo, gênero e parentalidade permaneceu inquestionada, a partir da leitura deste livro, a potência de uma análise plural, interseccional e implicada sobre a temática ganha novo fôlego. Apoiados tanto em uma leitura rigorosa da subversão que marca a psicanálise quanto nos desafios impostos pela tensão entre estrutura, história e poder, os textos que compõem este volume têm o mérito de encontrar sua unidade na produção teórica, clínica e ética de suas diferenças.
De Que Maneira O Feminismo Mudou A Ciêncian A Produção Científica Permanece Sendo Uma Área Essencialmente Masculinan Este Livro Reflete Estas Questões, Preocupando-Se Com A “Feminização” Da Ciência Nas Academias Brasileiras. A Obra Apresenta Artigos De Várias Pesquisadoras Interessadas Em Ciências Humanas E No Feminismo, Que Tratam De Temas Como A Exclusão Das Mulheres Na Medicina, A Trajetória Profissional Feminina Na Matemática E Um Enfoque Interseccional Sobre O Perfil Dos(As) Estudantes Dos Cursos De Medicina No Nordeste E No Sul Do Brasil.
Este livro tem o caráter de "introdução aos estudos de gênero". Apresenta conceitos e teorias recentes no campo dos estudos feministas e suas relações com a educação. Estuda as relações do gênero com a sexualidade, as redes do poder, raça, classe, a busca de diferenciação e identificação pessoal e suas implicações com as práticas educativas atuais. Tanto serve de material para estudantes como para professoras/es, como incentivo amplo à iniciativa feminista e de outros grupos.
Compreender, a partir de abordagem respeitosa, os elementos que cercam o fenômeno da gestação adolescente no Brasil, desvinculando o tema de discursos moralizantes ou que culpabilizem as mulheres. É com esse intuito que a Editora Fiocruz lança Gravidez na Adolescência: entre fatos e estereótipos, livro que integra a coleção Temas em Saúde.
A necessidade de debates qualificados sobre as articulações entre gênero e saúde se impõe como tarefa cada vez mais urgente diante das muitas desigualdades sociais em saúde que se evidenciaram no contexto da pandemia de Covid-19. Em meio a esse desafio, a Editora Fiocruz lança Gênero e Saúde: uma articulação necessária , título que integra a coleção Temas em Saúde. Escrito por Elaine Reis Brandão e Fernanda de Carvalho Vecchi Alzuguir, o livro reúne reflexões acumuladas pelas autoras em suas experiências de ensino, pesquisa e extensão sobre a temática de gênero, na área da saúde coletiva. "Nós apresentamos a problemática de gênero como modo de organização da vida social e enfocamos seu impacto sobre os processos de saúde e doença em diversos grupos sociais", resume Fernanda Vecchi. Para abordar o tema, as pesquisadoras citam implicações do gênero na saúde que a pandemia tornou ainda mais explícitas. Uma das principais é a sobrecarga feminina sem precedentes em relação à questão do cuidado, gerando esgotamento físico, mental, abandono de postos de trabalho, desemprego e adoecimento. Dessa forma, o volume se propõe a dialogar com pesquisadores, estudantes, profissionais de saúde, gestores públicos, ativistas de movimentos sociais organizados e com o público em geral interessado no debate sobre gênero e saúde. Em cinco capítulos, a obra se desenvolve apresentando "os íntimos entrelaçamentos entre os estudos históricos, sociológicos e antropológicos sobre gênero, os estudos sociais da ciência e tecnologia e o campo da saúde, que foram se consolidando ao longo da segunda metade do século XX até o presente", conforme afirmam as professoras.
Conta a trajetória das mulheres, do Brasil colonial a nossos dias, voltando-se a todos os tipos de leitores e leitoras: adultos e jovens, especialistas e curiosos, estudantes e professores, arrastando-os numa viagem através dos tempos. Obra organizada por Mary Del Priore - da qual participam duas dezenas de historiadores além da consagrada escritora Lygia Fagundes Telles - mostra como nasciam, viviam e morriam as brasileiras no passado e o mundo material e simbólico que as cercavam. Percebendo a história das mulheres como algo que envolve também a história das famílias, do trabalho, da mídia, da literatura, da sexualidade, da violência, dos sentimentos e das representações, o livro abarca os mais diferentes espaços (campo e cidade, norte e sul do país) e extratos sociais (escravas, operárias, sinhazinhas, burguesas, donas de casa, professoras, bóias-frias). Também não se contenta em apenas de separar as vitórias e as derrotas das mulheres, mas derruba mitos, encoraja debates, estimula a reflexão e coloca a questão feminina na ordem do dia. Sucesso de público e de crítica, HISTÓRIA DAS MULHERES NO BRASIL já chegou a 20 mil exemplares vendidos, além de ter ganho os prestigiados prêmios Jabuti e Casa Grande e Senzala.
História das relações de gênero é uma exploração fascinante do que ocorre com as ideias estabelecidas sobre homens e mulheres quando sistemas culturais distintos entram em contato. Valendo-se de uma grande variedade de exemplos, da pré-história ao século XXI, e abarcando diferentes sociedades, da China às Américas, da África ao norte da Europa, passando por Oriente Médio, Rússia, Japão e Austrália, o historiador Peter N. Stearns delineia o quadro dos encontros culturais internacionais mais significativos e seus efeitos sobre as relações de gênero. O impacto do islamismo e das práticas de gênero do Oriente Médio na Índia e na África subsaariana; o resultado dos contatos da China com a condição feminina entre japoneses e mongóis; a influência colonial européia na América, Índia, África e Oceania; o impacto das ações internacionais no Oriente Médio; e os efeitos da atuação de organizações internacionais e do consumismo global são alguns dos assuntos discutidos neste livro.
Esta coletânea resulta de um esforço de reunir temáticas inerentes às condições das mulheres em nossa sociedade. Nesse sentido, apresentamos discussões sobre o lugar e as lutas travadas pelas mulheres, assim como problemas que as afetam diretamente. Nós reconhecemos o valor das conquistas dos movimentos de mulheres (dos feminismos) no decorrer das décadas, mas considerarmos que elas ainda se fazem necessárias diante do atual contexto, tendo em vista os retrocessos políticos vivenciados no país nesses últimos anos. A partir de diferentes perspectivas, as autoras do livro discorrem sobre tais temáticas, evidenciando, em alguns casos, problemáticas presentes em nossa realidade que afetam as vidas de muitas mulheres. A obra não foi escrita pensando apenas em alcançar um público feminino, pelo contrário, almejamos que pessoas de diferentes gêneros tenham contato com os nossos textos, uma vez que muitas das agendas dos feminismos não estão restritas às questões das mulheres, mas do bem estar da humanidade em geral. Um livro escrito por mulheres que questionam os papéis de gênero consolidados em nossa sociedade, e que incentivam a busca por estratégias alternativas para a superação dessas condições.
Esta tese inspirou toda uma geração de ativistas e pesquisadoras envolvidas no esforço coletivo de transformar a assistência ao parto no Brasil, nos setores público e privado. Quando foi escrita há mais de 20 anos, algumas das intervenções no parto, como o uso de rotina de episiotomia, enemas, tricotomia, manobras de kristeller e procedimentos didáticos (sem necessidade clínica, apenas para o treinamento dos alunos), e outros abusos, estavam em um ponto cego. Eram tratados como naturais, sofrimentos inevitáveis do parto, do destino biológico das mulheres. Sequer havia dados sobre essas intervenções, que eram invisíveis. O slogan “chega de parto violento para vender cesárea” ainda não era popular. Duas décadas depois, podemos dizer que esses abusos se tornaram não apenas visíveis, mas também quantificáveis, graças à popularização das evidências científicas e do reconhecimento dos direitos das mulheres à sua integridade corporal e a tomar decisões informadas. Apesar de todas as adversidades políticas, de ataques ao SUS e ao feminismo, podemos dizer que o movimento de humanização do parto conseguiu enormes mudanças. Ainda que mais lentamente e com mais contradições do que desejamos, ao reivindicarmos nossa autoridade de falar sobre nossa experiência como pacientes e de produzir conhecimento científico inovador e voltado à ação, temos mudado a assistência e a experiência de muitas mulheres e famílias, em que antes só havia a escolha entre um parto violento e uma "desnecesárea".
"Parir e nascer, definitivamente, não são processos ‘naturais’ nem meramente fisiológicos. São eventos sociais e culturais complexos, que envolvem interações entre indivíduos, grupos sociais e organizações (hospitais e maternidades), com poderes e legitim
A obra enfoca experiências, que contribuem para a superação das dificuldades de inserção, permanência e ascensão vivenciadas pelas mulheres no mercado de trabalho. São trabalhadoras domésticas, bancárias, faxineiras, comerciantes, trabalhadoras rurais, educadoras e sindicalistas. Mulheres que têm em comum, a garra para transformar a realidade que as colocam em desvantagem no mundo do trabalho. Todos os projetos foram financiados pelo Fundo para Igualdade de Gênero (FIG) da Agência Canadense para o Desenvolvimento Internacional (CIDA).
Audre Lorde é muitas e única. Mulher negra, poeta, lésbica e guerreira. Mãe e professora. Ativista e pensadora. Todas essas facetas coexistem em harmonia nos quinze ensaios de Irmã outsider , que dá sua contribuição como uma das mais importantes obras para o desenvolvimento de teorias feministas contemporâneas. O pensamento de Lorde é profundamente enraizado na experiência de estar fora do que chamou de “norma mítica” – branca, heterossexual, magra.
Livro de fundamental importância em meio aos debates mais atuais do cenário sociopolítico nacional, Judicialização de Políticas Públicas no Brasil levanta debates e contribuições para "a compreensão dos processos pelos quais nosso sistema de justiça tornou-se um protagonista da política e das políticas, bem como de seus impactos sobre uma gama variada de direitos individuais e coletivos", afirma a professora titular de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP), Marta Arretche. A obra reúne 12 artigos de juristas e especialistas nos campos das ciências sociais e política e do direito, dialogando sobre temas como as bases institucionais dos processos de judicialização das políticas públicas no país, além de casos e desafios ligados à judicialização, englobando o direito à saúde e à moradia, questões de política habitacional e preservação ambiental, renda, assistência social, aborto, educação, igualdade de gênero e união homoafetiva. No time de renomados pesquisadores que compõem os estudos apresentados no livro estão Conrado Hübner Mendes, Fabiana Luci de Oliveira, Rogério Arantes, Luciana Gross Cunha e a organizadora, Vanessa Elias de Oliveira, doutora em Ciência Política pela USP e professora do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da Universidade Federal do ABC (PGPP/UFABC). Para o professor da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, Oscar Vilhena Vieira, a coletânea apresenta uma contribuição fundamental para melhor compreender o papel das agências de aplicação, impulsionadas por uma constituição de natureza transformadora, na determinação das políticas públicas no campo social.
Justiça Abortada apresenta uma das abordagens mais argutas sobre o papel desempenhado tanto pela medicalização da maternidade e da infância quanto pela repressão à contracepção - sendo aborto uma de suas estratégias - e infanticídio na inserção subsidiárias das mulheres no estado, na nação e na sociedade brasileiras dos finais do século XIX aos anos de 1930. A abordagem feminista, que mantém um olhar atento para a conjunção de gênero e raça, permite que Cassia Roth acompanhe a penetração dos mecanismos estatais, deslindando não apenas os discursos grandiosos e as políticas públicas grandiloquentes. Lança seu olhar para a capilarização dos mecanismos estatais no atendimento médico, nos tribunais, na abordagem policial e mesmo no mundo dos populares. Mulheres com ou sem filhos são chamadas a testemunhar suas adversidades. Optando pela contracepção ou praticando o infanticídio, primíparas ou de múltiplas gestações, casadas, solteiras ou amasiadas, se defrontaram com a ingerência de discursos e práticas pró-natalistas invasivas. O controle de seus corpos alimentou estratégias e resistências, que justificaram lutas persistentes. Maria Helena P. T. Machado Professora titular do Depto. de História da USP
A partir do discurso autoetnográfico a professora, pesquisadora e ativista Malu Jimenez expõe as violências gordofóbicas a que os corpos gordos femininos estão submetidos desde a infância até a fase adulta. Através de análises teóricas, entrevistas e depoimentos a autora investiga a estigmatização institucionalizada e a patologização do corpo gordo do ponto de vista sociocultural, ao mesmo tempo que salienta a importância da internet para a criação de espaços para a militância antigordofóbica e o ativismo gordo. O livro é resultado da tese de doutorado de Malu Jimenez, que agora ganha nova edição, com novo projeto gráfico e novas fotos. Esta publicação inaugura o selo “Lute como uma gorda”, que discutirá a gordofobia em diversas áreas.
O livro aborda a diferenciação entre gestar, assumir o parentesco e cuidar de uma vida, e, sem homogeneizar a categoria “mulher”, reconhece que a experiência da parentalidade é determinada por fatores como raça, classe, gênero e faixa etária. Para Iaconelli, os embates sobre o cuidado e a reprodução da vida são embates políticos e a psicanálise é uma arma da qual não podemos abrir mão.
Um manifesto cáustico e subversivo que busca derrubar todas as restrições e preconceitos sobre o que pode ou não ser feito com o corpo e para o corpo. Defesa radical da liberdade dos corpos, Manifesto contrassexual põe abaixo todas as noções estereotipadas de sexo, gênero e desejo. Com a verve demolidora e o rigor teórico que o tornaram um dos pensadores essenciais da atualidade, Paul B. Preciado analisa e desmonta as construções socioculturais que definiram e normatizaram a sexualidade. Combinando linguagens diversas que vão da arte performática ao dadaísmo e inspirado pelo pensamento de Michel Foucault, Gilles Deleuze, Judith Butler e Jacques Derrida, o filósofo espanhol propõe a contrassexualidade como antídoto à política conservadora de controle sexual: uma teoria do corpo que se situa fora das oposições homem/mulher, masculino/feminino, heterossexualidade/homossexualidade.
A obstetrícia como especialidade médica tem registrado importantes mudanças nas últimas décadas. As gestações se tornaram mais tardias, em menor número e alcançadas, em grande parte, por meio de técnicas de reprodução assistida. Essa nova realidade da prática obstétrica fez aumentar muito o número de gestações de alto risco, envolvendo situações maternas e referentes ao concepto e, nesse momento, à assistência à gestante e ao feto com risco de sobrevida. Os fatores que determinam o aumento do risco reprodutivo para mãe-filho foram ampliados . Além das indicações tradicionais para inclusão das gestantes nos setores de alto risco da assistência obstétrica, como hipertensão arterial, endocrinopatias e doenças autoimunes, surgiram novas indicações para os casos de gestações após cirurgia bariátrica, transplante hepático, infecções de transmissão vertical e gravidez após técnicas de reprodução assistida, exposição a drogas e hábitos negativos para o desenvolvimento do concepto. O Manual SOGIMIG de Gravidez e Puerpério de Alto Risco é um livro essencial para a prática segura e correta da obstetrícia atual. devendo integrar o cotidiano daqueles que cuidam da mulher em seu momento de maior esplendor e responsabilidade.
O manual sogimig de assistência ao parto e puerpério é mais uma grande contribuição da sogimig para a promoção de uma obstetrícia de qualidade e de alto nível, com o objetivo maior de ajudar todos aqueles que trabalham nessa área a aprimorarem o cuidado dispensado às mães e ao nascimento de suas filhas e filhos. Esta obra valoriza a visão assistencial de outros profissionais que participam da equipe obstétrica, uma vez que é indispensável saber o que pensa cada participante desse complexo time assistencial. Contando com 12 capítulos escritos por especialistas de renome internacional, certamente o conhecimento compartilhado neste manual contribuirá definitivamente para que, ao final de uma gravidez, todos desfrutem de um parto seguro.
A partir do século XIX, o interesse científico em entender o corpo feminino se torna um componente fundamental para consolidar a medicalização da mulher. Com isso, a medicina da mulher começa a evoluir: a princípio com uma visão que privilegiava meramente a reprodução, depois para o reconhecimento da mulher como um ser "útil" à sociedade. A dinâmica dessa transformação é tema deste livro, onde a autora também dedica parte da obra para explicar o movimento de resistência de algumas mulheres e a dificuldade que muitas tiveram em assegurar o controle desejado sobre sua sexualidade.
Passo a passo, através dos seus capítulos, este livro vai deslindando todo este movimento sociocultural do parto e nascimento no Brasil, apresentando as novas evidências científicas e convidando as mulheres e seus familiares a conhecerem, refletirem e compartilharem entre si e com os profissionais de saúde os seus projetos para o nascimento dos seus filhos. O desejo da mulher quanto ao tipo de parto que ela programou foi o fator mais importante para a sua realização com satisfação materna, como mostrado na Pesquisa Nascer no Brasil.
Minha história das mulheres é a obra mais acessível e instigante da historiadora Michelle Perrot. Nasceu de um programa de rádio francês que fez enorme sucesso ao divulgar com clareza e entusiasmo, para um público de não especialistas, o conteúdo de mais de 30 anos de pesquisas e reflexões acadêmicas. Transformado em livro, depois traduzido e publicado no Brasil pela Editora Contexto, narra em cinco capítulos o processo da crescente visibilidade das mulheres em seus combates e suas conquistas nos espaços público e privado. Mães e feiticeiras, trabalhadoras e artistas, prostitutas e professoras, feministas e donas-de-casa e muitas outras personagens femininas fazem parte desse relato sensível e atual de uma das pesquisadoras mais conceituadas da história das mulheres.
Na presente obra, Ethel nos mostra uma escrita cativante, delicada e, ao mesmo tempo, forte e contundente, como foi o tempo vivido nesse período de dois anos refletido na obra. Trata-se de um relato pessoal e sensível, com reflexões profundas. Contudo, também discorre sobre o trabalho coletivo, os muitos momentos de atuação conjunta com tantos profissionais, estudantes e gestores no enfrentamento da pandemia da Covid-19. Em vários trechos, podemos perceber a força, a coragem e a maneira como Ethel enaltece a resistência das mulheres nestes tempos tão sofridos que temos vivido, pois elas estiveram não só na linha de frente, como também nos lugares onde atuaram na gestão da crise sanitária. A sua narrativa, tão particular e especial, é um convite para espelharmos o que também queremos e podemos fazer.
Ciência é lugar de Mulher?! Esse livro mostra que, sem dúvida, a resposta é sim. Através dele, conhecemos a trajetória de sucesso de mulheres em diferentes campos do conhecimento científico. Mas, se esses relatos registram a presença feminina, inclusive em áreas ainda predominantemente masculinas, registram, também, os obstáculos enfrentados pelas cientistas, que vão desde a resistência dos colegas e das instituições até a dupla jornada de trabalho, na medida em que a responsabilidade pelas tarefas domésticas e pelo cuidado dos filhos continua a ser considerada atribuição feminina. Portanto, esse livro mostra, também, que somente quando superarmos as desigualdades de gênero na nossa sociedade, as mulheres poderão ocupar o espaço que lhes cabe no desenvolvimento científico do país.
Por que voltar a falar, hoje, sobre caça às bruxas? Em Mulheres e caça às bruxas, Silvia Federici revisita os principais temas de um trabalho anterior, Calibã e a bruxa, e nos brinda com um livro que apresenta as raízes históricas dessas perseguições, que tiveram como alvo principalmente as mulheres. Federici estrutura sua análise a partir do processo de cercamento e privatização de terras comunais e, examinando o ambiente e as motivações que produziram as primeiras acusações de bruxarias na Europa, relaciona essa forma de violência à ordem econômica e argumenta que marcas desse processo foram deixadas também nos valores sociais, por exemplo, no controle da sexualidade feminina e na representação negativa das mulheres na linguagem. A partir desse debate, a autora nos mostra como as acusações e a punição de “bruxas” se repete na atualidade, especialmente em países como Congo, Quênia, Gana e Nigéria, na África, e Índia. Com apresentação da estudiosa Bianca Santana, a obra conta também com orelha de Sabrina Fernandes e quarta capa da socióloga Maria Orlanda Pinassi e quarta capa da socióloga Maria Orlanda Pinassi.
Com o objetivo de divulgar o trabalho realizado pelos docentes e estudantes do Programa na produção de conhecimento ancorado aos princípios epistemológicos feministas e na luta contra a discriminação, a obra apresenta dez artigos de diferentes autores e autoras, dentre elas Ana Alice Alcântara Costa, organizadora do livro Estudos de gênero e interdisciplinaridade no contexto baiano, publicado em 2012 pela Edufba.
A segunda década do século XXI recolocou o ativismo das mulheres, com força e garra, nas ruas, nas universidades, nas performances, na organização de coletivos. Isso ocorreu não apenas no Brasil, como também em muitos outros países. A cidadania feminina passou a ser vista como um ponto fundamental de garantia de uma democracia efetiva. Entre outros motivos, uma das razões para esse novo despertar se deu porque, apesar dos avanços na educação e no trabalho, nos estudos sobre as razões das discriminações de sexo, raça e identidades, persistem as evidências da desigualdade no mercado de trabalho e na família e a violência contra as mulheres. As mulheres fizeram a sua parte, entretanto não receberam em troca uma recompensa à altura de seus avanços.
Nova edição do best-seller de Mary Beard Neste livro corajoso, Mary Beard traça as origens da misoginia, examinando as armadilhas e os percalços de como a história maltratou mulheres fortes desde os tempos mais antigos. Passando por figuras contemporâneas, como políticas e personagens míticas, Beard questiona as suposições sociais sobre a relação entre o poder e a feminilidade – e como mulheres poderosas oferecem exemplos necessários de como todas devem reagir às forças que tentam encerrá-las em paradigmas e discursos masculinos. A partir de reflexões sobre suas experiências pessoais com o sexismo, Beard pergunta: se as mulheres não são consideradas dentro das estruturas de poder, não E quantos séculos vamos ter que esperar para que isso aconteça?
Como a coleta e o uso dos dados contribuem para o enorme desequilÍbrio entre as experiências de homens e mulheres na sociedade Desde o controle do fogo e o domínio da agricultura até as evoluções tecnológicas da atualidade, as conquistas dos seres humanos sempre começaram com a observação do mundo, algo conhecido hoje como coleta de dados. Como base da ciência, são os dados que determinam a alocação de recursos públicos e privados, ditando o rumo da sociedade. Porém, o caráter científico dos dados esconde um lado perverso: as mulheres não são — e nunca foram — contempladas por eles. Isso é o que revela Caroline Criado Perez em Mulheres invisíveis. Nessa obra, a autora reúne estudos de caso que explicitam como o olhar predominante considera que o homem é o padrão e as mulheres são atípicas. Dessa forma, mesmo quando os dados abrangem o universo feminino, acabam sendo ignorados na prática, o que aprofunda na base a desigualdade de gênero. Inovadora em sua abordagem, Caroline coloca em números o sofrimento de metade da humanidade, provando que o preconceito de gênero é muito mais que uma questão subjetiva. Uma leitura transformadora e inesquecível, que mudará a maneira como você enxerga o mundo.
A Editora Contracorrente tem a satisfação de anunciar a publicação do livro Mulheres que interpretam o Brasil, organizado pelos professores e pesquisadores Lincoln Secco, Marcos Silva e Olga Brites. Assinada por uma constelação de consagrados estudiosos das ciências humanas, esta importante e necessária obra dedica cada um de seus 45 artigos a grandes mulheres brasileiras cujas trajetórias pessoal e profissional impactaram enormemente a história do país, mas que, quase sempre, tiveram seus feitos obscurecidos e suas vozes silenciadas pela história oficial – branca, masculina, patriarcal e burguesa.
Combater as violências que inibem diversas formas de existência é um passo fundamental para a promoção do aprimoramento humano. Para isso, precisamos identificar e dar visibilidade às diversas formas de expressão da violência e dos efeitos por elas produzidos. Sabemos que este é um trabalho contínuo e que deverá acompanhar a trajetória da humanidade, identificando, a cada momento histórico, o modo como grupos hegemônicos se impõem a outros indivíduos e/ou grupos, negligenciando e/ou violando suas demandas. Ao enfocar em violências vivenciadas por mulheres na sociedade brasileira de hoje, buscamos realizar, evidentemente, uma parte minúscula desta tarefa, mas, nem por isso, menos urgente. Esperamos que esta pesquisa incentive outras mulheres, assim como também outros indivíduos e/ou grupos, a denunciarem as distintas formas de violência que cerceiam a construção de identidades plenas e a conquista de vidas realizadas. Nós, mulheres autoras deste livro apresentamos nossas violências vividas na pluralidade de nossas existências e de nossos saberes.
Este livro tem como objetivo compreender, de diferentes perspectivas, o lugar das mulheres na ciência e na política, ontem e hoje. Investiga como elas foram e são invisibilizadas nesses espaços de poder, sobretudo no Brasil. E como vão, paulatina e arduamente, conquistando seu lugar (ainda desigual, mas maior do que no passado não tão distante). Analisa, também, o papel e a presença das mulheres na construção, na autonomização e na expansão do campo disciplinar da ciência política no Brasil e na América Latina, oferecendo uma contribuição preciosa para o conhecimento da história da disciplina, raramente contada a partir da experiência feminina.
Mulheres, raça e classe, de Angela Davis, é uma obra fundamental para se entender as nuances das opressões. Começar o livro tratando da escravidão e de seus efeitos, da forma pela qual a mulher negra foi desumanizada, nos dá a dimensão da impossibilidade de se pensar um projeto de nação que desconsidere a centralidade da questão racial, já que as sociedades escravocratas foram fundadas no racismo. Além disso, a autora mostra a necessidade da não hierarquização das opressões, ou seja, o quanto é preciso considerar a intersecção de raça, classe e gênero para possibilitar um novo modelo de sociedade.
Este volume, fruto do trabalho do Ambulatório de Seguimento do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), abrange, de forma interdisciplinar, diferentes áreas clínicas e do desenvolvimento infantil, para dar conta da complexidade dos cuidados necessários voltados às crianças nascidas pré-termo
Ana Fontes traz uma rica análise sobre empreendedorismo no Brasil através do compartilhamento de seus aprendizados ao longo da carreira como empreendedora social e fundadora da Rede Mulher Empreendedora. A autora mostra a potência da liderança feminina na prática, com insights sobre fatores de risco, dicas sobre gestão financeira e o reforço da importância da criação de redes de apoio. Este livro é uma rica fonte de estudos para empreendedoras iniciantes e experientes. Luiza Helena Trajano afirma no prefácio: “(...) a leitura deste livro é de grande importância para essas mulheres empreendedoras que precisam avançar cada vez mais, quebrando paradigmas no mundo dos negócios e do empreendedorismo.
O que aconteceu com as mulheres no século XX e o que está acontecendo no XXI? Essas são questões que as autoras– pesquisadoras das áreas de História, Ciências Sociais, Educação e Direito, de todo o Brasil – respondem neste livro. Então, é uma obra de especialistas, feita para a universidade? Nada disso. Ou melhor, sim, mas não apenas. Destina-se a homens e mulheres que acreditam que compreender as relações sociais por meio da História contribui para melhorar o entendimento entre as pessoas. Estudantes, professores e pesquisadores se beneficiam de uma obra abrangente e atualizada sobre o assunto. Responsáveis por políticas públicas encontram aqui material para ajudar a executá-las. Ativistas, militantes de movimentos sociais, feministas e ONGs podem, com este livro, alicerçar melhor suas demandas. Jornalistas e profissionais das áreas do Direito, Saúde e Educação ganham subsídios para desenvolver com mais qualidade o seu trabalho. Um livro para todos os públicos.
Mostrando diferentes facetas das transformações ocorridas no campo da reproducao humana, as reflexões e posicionamentoscr;itico mostram embates cujas redes entrelaçam direitos individuais e coletivos, direito de gerações futuras, benefícios e riscos, princípios éticos, legislações e aspectos culturais.
Este livro trata de um fenômeno conhecido como 'casal grávido', nome sugestivo de uma visão de tornar comum ao homem e à mulher a experiência de preparar a chegada de uma criança. Mais que um modismo, o tema revela as transformações profundas pelas quais passou a concepção de casal nas camadas médias, em particular com a expectativa de reduzir diferenças de gênero e aproximar o homem do universo feminino. Tania Salem analisa de modo surpreendente os sonhos do igualitarismo.
Ao explorar as possibilidades e dificuldades do exercício do poliamor, este livro desenvolve uma crítica contundente ao sistema monogâmico — Ao explorar as possibilidades e dificuldades do exercício do poliamor, este livro desenvolve uma crítica contundente ao sistema monogâmico — “ferramenta de construção do sujeito ensimesmado, fechado em si mesmo” — e à sua prática impositiva e obrigatória, que inviabiliza o aparecimento de outras formas de existir e se relacionar. O desafio poliamoroso é também um vigoroso exercício de escrita, um laboratório para pensar mundos possíveis, alternativos ao atual — tão competitivo, tão desvelado por hierarquias e exclusividades.
A chegada de um bebê provoca uma verdadeira revolução. As modificações que acompanham o nascimento aparecem não apenas na rotina, mas também no corpo e na mente das pessoas responsáveis pelo cuidado. Embora as recomendações e os conselhos frequentemente recaiam sobre a relação entre mãe e filho(a), essa capacidade não é específica ao gênero feminino. Atribuir a responsabilidade unicamente à mulher ignora que aquele pequeno ser, vulnerável e não verbal, é fruto de um contexto maior – familiar, social e político.
Em O Gênero do Trabalho Operário Thaís Lapa retoma, de maneira criativa e sólida, o melhor da contribuição que os estudos feministas sobre o processo de trabalho plantaram no inicio dos anos 1980, com as análises de Elizabeth de Souza Lobo, construídas em intenso diálogo, entre outros, com os escritos de Danièle Kergoat e Helena Hirata. Em 1978, Kergoat apontara certeira que o lugar de classe estava longe de produzir comportamentos e atitudes unívocos. Beth Lobo, explorando essa avenida, mostrou à sociologia brasileira os caminhos alternativos ao discurso da homogeneização de classe: afirmou o valor da abordagem concreta das situações de trabalho, a importância de elucidar a dinâmica das relações sociais na produção, sempre guiada por um olhar que valorizava o elo (indissociável) entre trabalho produtivo e reprodutivo. Isso lhe permitiu vislumbrar, pelo ângulo da experiência subjetiva da dominação, as práticas e destinos de operárias e operários. Num momento em que as vicissitudes das crises e das experiências de desemprego duradouro e expulsão do mercado de trabalho tomaram de assalto nossas análises, Thaís Lapa atualiza, em O Gênero do Trabalho Operário, toda a virtualidade desse estilo de análise. Este livro nos capacita a pensar como as experiências e representações das trabalhadoras são um prisma fértil para se entender a natureza das relações de trabalho em segmentos que marcaram a dinâmica da sociedade brasileira. - Nadya Araujo Guimarães (USP) e Jacob Carlos Lima (UFSCAR).
Ó pa í, prezada: racismo e sexismo institucionais tomando bonde nas penitenciárias femininas é o segundo livro de Carla Akotirene, que também publicou Interseccionalidade, pela coleção Feminismos Plurais. Nele, a autora se baseia numa metodologia afrocentrada para colher e analisar dados sobre a ausência de políticas públicas em gênero e raça para mulheres encarceradas em Salvador. Este estudo é um retrato fiel e necessário do panorama geral das penitenciárias brasileiras e traz luz a uma conjuntura à qual precisamos estar atentos, enquanto sociedade em que o encarceramento em massa, especialmente da população negra e pobre, é uma epidemia.
A gestação, o parto e o pós-parto vivenciados por mulheres adeptas da religião Daime é a principal investigação de O Parto na Luz do Daime: corpo e reprodução entre mulheres na vila Irineu Serra, título da coleção Antropologia e Saúde. Escrita pela antropóloga Juliana Barretto, a obra é fruto da tese de doutorado defendida pela autora, em 2019, no Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O título entrelaça a cultura do daime no Acre e a assistência ao parto de mulheres “oasqueiras”, que fazem uso da Ayahuasca – bebida produzida a partir da combinação de ervas psicoativas da Amazônia, que também pode ser chamada de daime – no ritual da crença adotada.
O patriarcado do salário, da filósofa italiana Silvia Federici, traz ao leitor uma série de artigos que abordam a relação entre marxismo e feminismo do ponto de vista da reprodução social. Retomando diversas discussões presentes nas obras de Karl Marx e Friedrich Engels, a autora aponta como a exploração de trabalhos como o doméstico e o de cuidados, exercido sem remuneração pelas mulheres, teve e tem papel central na consolidação e na sustentação do sistema capitalista.Revisitando a crítica feminista ao marxismo e trazendo para o debate perspectivas contemporâneas sobre gênero, ecologia, política dos comuns, tecnologia e inovação, Federici reafirma a importância da linguagem, dos conceitos e do caráter emancipador do marxismo. Ao mesmo tempo, esclarece por que é preciso ir além de Marx e repensar práticas, perspectivas e ativismo a fim de superar a lógica social baseada na propriedade privada e desenvolver novas práticas de cooperação social.
“Lésbicas não são mulheres.” Este livro reúne textos políticos, filosóficos e literários de Monique Wittig, uma das mais importantes e influentes escritoras feministas francesas. Ela argumenta que a categoria “sexo” é em si política e que a heterossexualidade é um regime político forçado. Teórica do feminismo materialista, Wittig acreditava ser necessário ter clareza das que as mulheres são uma classe social e reconhecer “mulher” e “homem” como categorias políticas e econômicas, que existem por causa de sua relação uma com a outra. Aprofundando essa ideia, ela conclui, no ensaio que dá título ao livro: “Lésbicas não são mulheres”.
Eu hesitei por algum tempo em publicar um volume de ensaios voltado exclusivamente para a questão da “reprodução”, já que me parecia artificialmente abstrato separá-la dos variados temas e lutas aos quais tenho dedicado meu trabalho ao longo de tantos anos. Há, no entanto, uma lógica por trás do conjunto de textos nesta coletânea: a questão da reprodução, compreendida como o complexo de atividades e relações por meio das quais nossa vida e nosso trabalho são reconstituídos diariamente, tem sido o fio condutor dos meus escritos e ativismo político. A confrontação com o “trabalho reprodutivo” — entendido, primeiramente, como trabalho doméstico — foi o fator determinante para muitas mulheres da minha geração, que cresceram após a Segunda Guerra Mundial. Depois de dois conflitos mundiais que, no intervalo de três décadas, dizimaram mais de 70 milhões de pessoas, os atrativos da domesticidade e a perspectiva de nos sacrificarmos para produzir mais trabalhadores e soldados para o Estado não faziam mais parte do nosso imaginário. Na verdade, mais do que a experiência de autoconfiança concedida pela guerra a muitas mulheres — simbolizada nos Estados Unidos pela imagem icônica de Rosie the Riveter [Rosie, a rebitadeira] —, o que moldou nossa relação com a reprodução no pós-guerra, sobretudo na Europa, foi a memória da carnificina na qual nascemos. Este capítulo da história do movimento feminista internacional ainda precisa ser escrito. No entanto, ao recordar-me das visitas que fiz com a escola, ainda criança na Itália, às exposições nos campos de concentração, ou das conversas na mesa de jantar sobre a quantidade de vezes que escapamos de morrer bombardeados, correndo no meio da noite à procura de abrigo sob um céu em chamas, não posso deixar de me questionar sobre o quanto essas experiências pesaram para que eu e outras mulheres decidíssemos não ter filhos nem nos tornar donas de casa. […] Atualmente, sobretudo entre mulheres mais jovens, essa problemática pode pa
Qual é o sentido da liberdade? Ao longo de décadas de trabalho, a filósofa Angela Davis se dedica a analisar a questão que dá título a este livro e a propor caminhos para extinguir todas as formas de opressão que negam aos sujeitos liberdade política, cultural e sexual. Publicados pela primeira vez em português, os doze textos que compõem o livro foram palestras realizadas por Angela Davis entre 1994 e 2009 e abordam a relação entre neoliberalismo, racismo, opressões de gênero e classe e o fenômeno da expansão da indústria da punição (ou complexo industrial-prisional) nos Estados Unidos. É a partir dessa inter-relação que a autora analisa fatos históricos da sociedade estadunidense, como a guerra no Iraque, o 11 de Setembro, a eleição de Barack Obama, o movimento pelos direitos civis e a importância da luta coletiva – em especial das comunidades negras, LGBTQIA+ e de mulheres – para repensar e ampliar o sentido da liberdade. Apresentando o assunto de forma ágil e acessível, a autora explora a noção radical de liberdade como um esforço coletivo em prol de uma verdadeira democracia, que exige novas formas de pensar e ser. “Para Davis, a liberdade não é algo concedido pelo Estado na forma de lei, decreto ou norma; a liberdade é batalhada, é duramente disputada e transformadora, é um processo participativo que exige novas formas de pensar e de ser”, escreve Robin D. G. Kelly na apresentação.
A saúde de mulheres e crianças tem sido considerada prioridade para as políticas públicas com o objetivo de promover que esta população alcance, por meio do cuidado em saúde, as melhores condições de vida. São objetivos específicos centrais das políticas para esses grupos a redução da mortalidade materna, infantil e neonatal e o desenvolvimento de ações que garantam as boas práticas clínicas e minimizem as desigualdades regionais. Diferentes iniciativas têm se somado para alcançar melhores resultados e melhor qualidade da atenção a esse público. Este livro busca contribuir com essas iniciativas e para isso conta com olhares de diferentes atores envolvidos na construção de melhor atenção à saúde de mulheres e crianças. São profissionais do fazer da assistência que oportunizam reflexões importantes ao campo acadêmico e da gestão sobre a saúde de mulheres e crianças.
Um texto comovente e propositivo de uma das maiores escritoras contemporâneas sobre como combater o preconceito pela educação. Após o enorme sucesso de Sejamos todos feministas , Chimamanda Ngozi Adichie retoma o tema da igualdade de gêneros neste manifesto com quinze sugestões de como criar filhos dentro de uma perspectiva feminista. Escrito no formato de uma carta da autora a uma amiga que acaba de se tornar mãe de uma menina, Para educar crianças feministas traz conselhos simples e precisos de como oferecer uma formação igualitária a todas as crianças, o que se inicia pela justa distribuição de tarefas entre pais e mães. E é por isso que este breve manifesto pode ser lido igualmente por homens e mulheres, pais de meninas e meninos. Partindo de sua experiência pessoal para mostrar o longo caminho que ainda temos a percorrer, Adichie oferece uma leitura essencial para quem deseja preparar seus filhos para o mundo contemporâneo e contribuir para uma sociedade mais justa.
Resultado de pesquisa para a realização de tese de doutorado da autora Olivia Hirsch, o livro Parto Natural, Parto Humanizado: perspectivas de mulheres de camadas populares e médias se debruça sobre experiências de parto humanizado em dois diferentes segmentos sociais de uma metrópole do Brasil. Em um país que dissemina amplamente a prática de cesáreas agendadas, por que certas mulheres de camadas médias desejam um parto natural e humanizado, sem anestesias ou outros tipos de intervenção. Por outro lado, por que algumas mulheres de camadas populares abrem mão do atendimento por médicos e preferem ser atendidas exclusivamente por enfermeiras e obstetras? Ao buscar responder a essas e outras questões, a pesquisadora investigou - a partir de um universo composto de 37 gestantes e puérperas - mulheres sob diferentes contextos: das vinculadas a uma casa de parto pública às frequentadoras de um grupo de preparação para o parto. Jornalista de formação, Hirsch é doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Sociais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), instituição na qual é docente do quadro complementar do Departamento de Ciências Sociais. A publicação em livro de sua tese de doutorado contribui, segundo a pesquisadora Sonia Giacomini afirma
Pensamento feminista negro, escrito pela socióloga Patricia Hill Collins em 1990, faz parte do cânone bibliográfico dos estudos de gênero e raça nos Estados Unidos. A autora mapeia os principais temas e ideias tratados por intelectuais e ativistas negras estadunidenses como Angela Davis, bell hooks, Alice Walker e Audre Lorde, e assim constrói um panorama do feminismo negro com referências de dentro e de fora da academia.Nesta obra intelectualmente rigorosa, Collins contempla tradições teóricas diversas, como a filosofia afrocêntrica, a teoria feminista, o pensamento social marxista, a teoria crítica e o pós-modernismo. E propõe importantes conceitos para compreender não apenas os mecanismos de opressão das mulheres negras, mas também como essas mulheres desenvolveram conhecimentos e estratégias para enfrentá-los. Sua escrita didática e de fácil compreensão faz de Pensamento feminista negro uma referência obrigatória tanto para especialistas quanto para leitoras e leitores leigos.A Boitempo lança esse marco dos estudos acadêmicos do feminismo negro, inédito em português, com um prefácio escrito pela autora especialmente para a edição brasileira. O texto de orelha é assinado por Nubia Regina Moreira e a quarta capa, por Djamila Ribeiro.
Com erudição e muita sensibilidade, o livro mostra como a fabricação de diferenças é parte constitutiva das relações de poder e explora densamente as polêmicas em torno de questões de gênero, desvelando a revolução que esse conceito empreendeu na área dos estudos sobre a mulher. Na contramão da vitimização ou da suposição de uma cultura de resistência ao patriarcado, a obra está ancorada no escrutínio das formas específicas que a dominação assume em diferentes contextos sociais. Tecendo os nexos entre as abordagens de cunho estrutural e as experiências como produtoras de sujeitos, temos aí um convite irrecusável para a revisão da ideia da mulher como pertencente a um grupo homogêneo e unitário e para as análises interessadas na pluralidade e na historicidade das experiências femininas.
A autora se aprofunda e esmiúça questões que envolvem o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (Paism), que se torna Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Pnaism) e, posteriormente, a Rede Cegonha (RC). O Paism se inicia em um momento de ebulição política e de reconquista da democracia, alguns anos antes da elaboração da Constituição de 1988 e do Sistema Único de Saúde (SUS), momento fundamental da ampliação de direitos. Já o Pnaism se estabelece em um contexto no qual a saúde reprodutiva é reconhecida globalmente como um direito humano e a violência contra a mulher é tomada como um problema de saúde pública, ao passo que a RC focaliza a dimensão inaceitável das mortes maternas desnecessárias e evitáveis. A participação das mulheres, os conflitos, as dificuldades, os avanços e retrocessos estão analisados na obra, que coloca a questão: quem são as mulheres protagonistas e alvo dessas políticas?
Nesse livro o/a leitor/a irá encontrar uma profusão de discursos a respeito da imagem da mulher, em que as/os autoras/es tentaram vislumbrar os meandros dos discursos que imprimiam a culpabilidade às mulheres que praticavam atos como aborto e infanticídio em Desterro/Florianópolis. E essas mulheres passavam, a partir desses atos, a ser alvo de intensos debates, seja na imprensa, nos discursos judiciários ou mesmo em toda a sociedade.
O livro é uma etnografia entre clientes e profissionais de clínicas de reprodução assistida. Com origem na tese de doutorado da autora, apresentada em 2004, ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia do Museu Nacional (UFRJ), analisa as novas tecnologias reprodutivas e a clonagem humana com base nas relações de parentesco e na noção de pessoa, tópicos fundamentais na antropologia. A reprodução como objeto de intervenção médica, as peculiaridades do campo de pesquisa sobre reprodução assistida, a família, o discurso biomédico, a construção cultural do corpo, as teorias da concepção e as noções de hereditariedade são temas discutidos ao longo dos cinco capítulos da obra.