Em uma conferência dada em Montreal logo após a publicação de Vigiar e punir, Michel Foucault responde a uma pergunta que lhe foi feita: Existem “alternativas” para a prisão? Foucault duvida que a crescente imposição de condições restritivas fora do recinto prisional seja um sinal de ruptura com o encarceramento; na verdade, parece que o progressismo criminoso e o desenvolvimento de técnicas de vigilância caminham lado a lado. Portanto, não se trata tanto de inventar “alternativas”, mas de saber se se deseja difundir ou diminuir o controle social.
Desde o fim do século XX, o sistema capitalista tem reiterado incessantemente o discurso sobre a necessidade de “adaptações” e “mudanças” nas relações de trabalho. Em “É tudo novo”, de novo, o professor de economia Vitor Filgueiras analisa essa narrativa das “grandes transformações”, tão repetida no capitalismo contemporâneo, apresentando seus argumentos e suas contradições, de modo a desnudar seus verdadeiros objetivos: a legitimação da destruição de direitos trabalhistas e o aprofundamento da assimetria entre capital e trabalho. Os argumentos empresariais em torno da inovação defendem que o padrão atual de políticas públicas e ações coletivas relacionadas ao trabalho é inexoravelmente anacrônico e, para evitar um desastre no mercado de trabalho, seria preciso “flexibilizar” e “modernizar” os trabalhadores e as legislações trabalhistas. Embora predatórias, essas narrativas são tão poderosas que acabam sendo assimiladas por parcela importante de trabalhadores e instituições, ajudando a criar uma espécie de “profecia autorrealizável” à medida que são reproduzidas. Em uma linguagem acessível, o livro enfatiza a importância de não assumirmos como verdadeira a retórica capitalista dominante, o que possibilita que as forças do trabalho abram espaço para a criação de alternativas à pauta do capital.
Esta obra traz uma análise sobre a construção de categorias diagnósticas que se inserem na interface entre a clínica médica e a psiquiatria, tomando como estudo de caso os Transtornos Mentais Comuns e examina as possíveis consequências que essa construção produzirá. Para isso, foi realizada uma análise documental de fontes secundárias, orientada por indicações de informantes-chave que contribuíram para garimpagem de periódicos, publicados nas bases de dados Medline, LILACS e Scielo, para o levantamento de resumos em anais de congressos nacionais e internacionais, bem como à seleção de teses e dissertações sobre a temática no Banco de Teses da CAPES e na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações. Foram selecionados noventa e três documentos, sendo estes publicados desde 1960 até 2019. Para analisá-los, foram utilizados o método arqueológico foucaultiano e o conceito kuhniano de paradigma, com o intuito de observar as irrupções que marcaram a produção do conhecimento científico sobre os Transtornos Mentais Comuns, suas permanências e modificações, suas aproximações e afastamentos.
(In)Transições do Feminino: corpo, gênero e reprodução se propõe a explorar e desvelar quais os sentidos que os campos das ciências sociais e humanas disseminam sobre os corpos das mulheres, gênero feminino e reprodução. Por meio de um mapeamento da literatura e análise dos discursos, busca compreender quais são as construções simbólicas, significações e agenciamentos (re)produzidos pelo campo e áreas afins.
O manicômio, com sua função de exclusão, aniquilação de subjetividades e de vidas, foi considerado o lugar de destino e disciplina de todos os tipos de indesejados que não se ajustavam às normas. No Brasil, todavia, a intensa luta política por parte dos militantes do Movimento de Luta Antimanicomial, os avanços do progresso técnico, com a implementação de serviços substitutivos e novas forma de controle, tornou sua existência, enquanto estrutura material, obsoleta. Mas isso não significou a superação dos desejos de manicômio, expressadas nas “novas cronicidades” dos serviços de saúde mental do país.
O primeiro contato com uma obra filosófica é um importante momento na vida de cada leitor, por isso a compreensão desta linha de estudos é considerada complexa. Seguir passo a passo as lições para se compreender o autor e suas idéias pode ser um grande trunfo para a compreensão e um estímulo a mais para a leitura. Ética, crítica e liberdade são três dos pilares que sustentam as teorias de Kant e este livro relata tudo isso de forma simples, mas, ainda assim, profunda.
Este livro conduz o leitor por um caminho nem sempre trilhado pelos admiradores de Marx. Ele aponta para aspectos de seu pensamento que muitas vezes permanecem na penumbra e, por isso, oferecem condições para as mais diversas e contraditórias interpretações. O autor se preocupa em demonstrar o valor da teoria de Marx para os dias atuais, defendendo a ideia de que a filosofia política e social de Marx ainda tem muito a nos ensinar, a despeito das mudanças sofridas pelo capitalismo nos últimos tempos.
Na democracia, somos livres para fazer o que quisermos - mas, para que ninguém acabe injustiçado, precisamos antes conhecer as regras do jogo.
De maneira singela, sem afetação acadêmica excessiva, a autora fala de como uma doença que ameaçou dilacerar nossas esperanças de liberdade utópica se torna emblema de uma sociedade.
Este livro é transdisciplinar. Saúde pública, trabalho, política, sexualidade, tudo articulado para iluminar a singularidade da mulher no mundo da produção.
O livro "100 casos clínicos em Medicina: Esquematizados e comentados", publicado pela Editora Sanar e elaborada em conjunto com as ligas acadêmicas de todo o país, é uma obra essencial para uso em sessões de ligas acadêmicas, tutorias, aprendizado em pbl, estações de treinamento prático (osce), estudo para provas práticas. A obra discute casos clínicos de forma estruturada e diversa trazendo inúmeras patologias e abordagens terapêuticas. Em decorrência disso, serve de exercício nos três campos mentais da medicina: o diagnóstico, a estimativa prognóstica e a decisão terapêutica.
As propostas de jogos que são apresentadas neste livro são fáceis de realizar, uma vez que não precisam de grandes espaços nem de materiais caros. Podem ser totalmente improvisados, pois para praticá-los só é preciso alguma coisa para escrever e desenhar, simplesmente lápis e papel. Com apenas esses dois elementos é possível praticar inúmeros entretenimentos divertidos e educativos que facilitam o desenvolvimento de capacidades como a imaginação, a memória, a criatividade, a psicomotricidade fina, a observação, etc.
Como podemos nos proteger de guerras nucleares, cataclismos ambientais e crises tecnológicas? O que fazer sobre a epidemia de fake news ou a ameaça do terrorismo? O que devemos ensinar aos nossos filhos? Em Sapiens, Yuval Noah Harari mostrou de onde viemos; em Homo Deus, para onde vamos. 21 lições para o século 21 explora o presente e nos conduz por uma fascinante jornada pelos assuntos prementes da atualidade. Seu novo livro trata sobre o desafio de manter o foco coletivo e individual em face a mudanças frequentes e desconcertantes. Seríamos ainda capazes de entender o mundo que criamos?
“24/7 anuncia um tempo sem tempo, um tempo sem demarcação material ou identificável, um tempo sem sequência nem recorrência”, afirma o autor. A disponibilidade para consumir, trabalhar, compartilhar, responder, 24 horas por dia, 7 dias por semana, parece ser a palavra de ordem da contemporaneidade. Jonathan Crary faz um panorama vertiginoso de um mundo cuja lógica não se prende mais a limites de tempo e espaço. Uma sociedade que funciona sob uma ordem que põe à prova até mesmo a necessidade de repouso do ser humano – a última fronteira ainda não ultrapassada pela ação do mercado.
Estudar Saúde Pública é fundamental para qualquer profissional da área de Saúde. Tema frequente de provas e concursos, este livro traz uma série de questões conceituais comentadas, para ajudar no processo de fixação e aprendizagem dos principais tópicos desta disciplina. O livro pode ser usado para complementar seus estudos na preparação para bancas de concursos, provas, seleções ou até mesmo para fixar conteúdo da graduação. É recomendado para qualquer profissão que estude os conceitos dessa matéria fundamental: Medicina, Enfermagem, Farmácia, Odontologia, Fisioterapia, Terapia ocupacional, Biomedicina, Nutrição, entre outras.
O conteúdo deste livro, formatado de diferentes ensaios, representa o resultado parcial de uma pesquisa teórica que está sendo desenvolvida na Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia, desde 1999, sob orientação do coordenador Reginaldo de Souza Santos. O objetivo dessa pesquisa foi construir as fundamentações metodológicas e teóricas do conceito de um novo campo do conhecimento denominado de Administração Política. Com esse objetivo, iniciou-se a releitura remissiva dos autores considerados clássicos na área da Administração. As duas preocupações fundamentais para esta pesquisa foram, em primeiro lugar, fazer uma apreensão da discussão sobre a Administração como arte e como ciência, e, em segundo lugar, dar conta da discussão dos referidos autores acerca do objeto e do método de investigação no campo da Administração. Desse modo procurou-se ancorar essa abordagem nos economistas considerados rebeldes ou desgarrados da chamada economia convencional.
A privatização dos sistemas públicos de saúde é um fenômeno universal. O livro estuda esse fenômeno no Brasil, demonstrando como a privatização é uma forma sutil de dificultar o direito de acesso a atenção integral no SUS. Analisa os vários planos prejudicados pela renúncia governamental em assegurar o caráter de gestão pública do SUS. A privatização compromete o financiamento do sistema, impede a construção de política e de pessoal e ainda permeia a gestão cotidiana do sistema. A privatização, na realidade, é uma forma incremental e perversa de desconstrução do direito universal à saúde.
A crise ambiental emerge do fundo do total esquecimento da natureza. As fendas da geosfera, o grito da terra, a voz da Pachamama, os conflitos ambientais e os direitos dos povos têm sacudido o edifício da ciência, questionando as certezas de suas verdades objetivas e provocando as ciências sociais com novas indagações sobre os modos da existência humana e a sustentabilidade da vida. Este livro surge dessa falha do saber que se reflete em um estranhamento: o fato de o pensamento humano ter-se afastado da iminência e do sentido da vida, submetendo-se aos desígnios de uma vontade de poder que tem sido exercida em forma de domínio da natureza e vem conduzindo à morte entrópica do planeta.
Sumário - I - Introdução; II - As regularidades discursivas - 1. As Unidades do Discurso; 2. As Formações Discursivas; 3. A Formação dos Objetos; 4. A Formação das Modalidades Enunciativas; 5. A Formação dos Conceitos; 6. A Formação das Estratégias; 7. Observações e Conseqüências. III - O enunciado e o arquivo - 1. Definir o Enunciado; 2. A Função Enunciativa; 3. A Descrição dos Enunciados; 4. Raridade, Exterioridade, Acúmulo; 5. O A Priori Histórico e o Arquivo. IV - A descrição arqueológica - 1. Arqueologia e História das Ideias; 2. O Original e o Regular; 3. As Contradições; 4. Os Fatos Comparativos; 5. A Mudança e as Transformações; 6. Ciência e Saber. V - Conclusão.
A obra apresenta a questão de homeopatia no Brasil, tendo como ponto central suas estratégias de legitimação político-institucional e as respectivas contra-estratégias desenvolvidas pela medicina ortodoxa para preservar seu domínio na esfera institucional e o monopólio no exercício da medicina. O tema e a abordagem da autora convidam a um contexto estimulante para se pensar sobre racionalidade, em relação à ciência oficial e a outros saberes entendidos como concorrentes numa conjuntura de crise de paradigma da ciência moderna, nomeadamente, da medicina ortodoxa.
Como as mulheres têm transformado o mundo e transformado a si mesmas? Essas questões norteiam o presente trabalho, que busca entender como os feminismos, nas últimas quatro décadas, possibilitaram profundas e positivas mudanças na cultura e na sociedade brasileiras. Partindo das narrativas autobiográficas de sete militantes feministas, nascidas entre os anos 1940 e 1950, a autora investiga a maneira como elas abriram novos espaços na esfera pública e na vida política do Brasil, desde os violentos anos da ditadura militar.
Neste lançamento da Editora Fiocruz em coedição com a Unifesp, Alvaro (Carmen) Jarrín combina trabalho de campo etnográfico, pesquisa em arquivo e leituras da cultura popular, a fim de examinar as concepções vigentes de beleza no Brasil, sob a ótica conjunta da biopolítica foucaultiana e da teoria do afeto. O resultado de três anos de pesquisa é apresentado em seis capítulos originalmente publicados em língua inglesa, em obra contemplada pelos prêmios Marysa Navarro Book Prize (2018), do Conselho de Estudos Latino-Americanos da Nova Inglaterra (NECLAS, na sigla em inglês) e Michelle Rosaldo Book Prize (menção honrosa - 2019), da Associação por uma Antropologia Feminista (AFA, na sigla em inglês). Nos dois primeiros capítulos do livro, é delineada a estrutura que, segundo Jarrín, transformou a beleza numa tecnologia de biopoder no Brasil, o que envolve, do projeto de embranquecimento da nação, no início do século XX, à incorporação da cirurgia estética no SUS, nos anos de 1960.
O presente livro dá continuidade à obra “O pescador ambicioso e o peixe encantado – A busca pela justa medida”. Ele faz uma severa crítica à nossa civilização planetizada, urdida pelo excesso em todos os âmbitos, a ponto de desequilibrar perigosamente todo o planeta. Mas, ao mesmo tempo, sustenta a esperança de que a justa medida poderá nos salvar. A característica principal da justa medida reside no autocontrole, no autolimite, no equilíbrio dinâmico e na temperança.
São já mais de cem anos desde as expedições científicas pelos grotões do Brasil adentro. Mudou a pesquisa em saúde desde esses tempos heroicos, e o conhecimento atual sobre as enfermidades do século passado. A reimpressão comemorativa do A Ciência a Cominho da Roça, além de permitir o acesso a um conjunto tão importante da memória da pesquisa no Brasil, relembra-nos que as grandes perguntas científicas na saúde aparecem na proximidade com o "povo da roça". Hoje, o compromisso social de produzir conhecimento e informação permanece na Fiocruz, tentamos olhar à esquerda e à direita do tempo enquanto avançamos.
O tema central do livro são as atividades de informação para o desenvolvimento do protagonismo social na memória social, na cidadania, e na atuação de arquivos, bibliotecas e museus. Promove o debate acerca da concepção, promoção e valorização do desse protagonismo, fundamentado no desenvolvimento de competências específicas das áreas que se interligam para atender aos novos tipos de necessidades informacionais da sociedade contemporânea.
Este livro faz referência a umas das atividades sociais mais centrais da contemporaneidade: a investigação científica. Falar dessa prática pressupõe falar sobre visões de mundo e propostas de intervenção social. O internacionalismo da prática científica é um valor compartilhado por grupos que procuraram agir no sentido da colaboração internacional em um determinado contexto histórico. Para compreendermos essa prática e sua legitimação, devemos refletir também sobre o ethos universalista que a sustenta. Partindo da prática internacionalista do fisiologista Miguel Ozório de Almeida (1890-1953), este livro busca historicizar o discurso universalista e internacionalista nas ciências, demonstrando a complexidade de seus usos por um cientista brasileiro na primeira metade do século XX.
O livro reúne 11 ensaios de Eduardo G. Coutinho, doutor em Comunicação e Cultura e professor da UFRJ. Coutinho propõe uma reflexão que, baseada em autores como Antonio Gramsci e György Lukács, aponta para o papel da cultura popular nas disputas de classe pela hegemonia. Como aponta Muniz Sodré, na quarta capa: “Talvez por excesso de ‘culturalismo', a maior parte da crítica atual de cultura ressente-se da ausência de política no sentido pleno da palavra.
A obra se aprofunda nas investigações sobre as políticas públicas e a história das instituições estatais brasileiras. A abordagem inovadora do livro é ancorada na teoria dos campos de ação estratégica TCAE, escolha que, segundo o autor, viabilizou transformar o Estado e as políticas públicas em objeto da sociologia. Gustavo Margarites analisa as decisões e mecanismos que embasaram a trajetória de constituição da assistência social como campo de política pública, demonstrando como a formação da área derivou, principalmente, de interações no campo da previdência social, envolvendo, posteriormente, o campo da saúde.
O sucesso do Sistema Único de Saúde depende tanto de financiamento adequado, quanto de uma reformulação do modo como se atende as pessoas. Neste sentido, a expansão da atenção básica é um desafio estratégico. No entanto, além do crescimento do número de equipes organizadas segundo a lógica de Saúde da Família, é fundamental a reconstrução do modo como se faz clínica pública. Este livro trabalha com a possibilidade de operar-se uma reformulação e uma ampliação do saber e da prática clínica do médico, do enfermeiro e de toda a Equipe de Saúde, incorporando-se, no momento do diagnóstico e no da intervenção terapêutica, elementos de ordem do orgânico, do subjetivo e do social.
Zizek trata aqui de temas urgentes como migração em massa, terrorismo, a explosão do populismo de direita e o surgimento de novas políticas radicais. Todos expressam, cada um à sua maneira, os impasses do capitalismo global. Por isso, diz Zizek, a questão hoje é saber se devemos considerar o capitalismo inerente à natureza humana ou se há formas de impedir a sua reprodução infinita. E pergunta: é possível ir além do fracasso do socialismo e além da atual onda de raiva populista e começar mudanças radicais antes que o trem nos atinja?
Esta segunda parte do último seminário de Michel Foucault ministrado no Collège de France é tida como seu testamento. O curso termina no dia 28 de março de 1984 e ele morre três meses depois. É sua última meditação, sobre o "dizer-a-verdade" e a prática filosófica; o filósofo não é caracterizado por deter o saber, mas pela prática que se esforça em realizar: um estilo de vida.
O livro nos põe em contato com valores preciosos da vida humana: ser criança, fazerparte de uma família, de uma comunidade escolar, ser cuidado, educado, sedesenvolver, brincar, viver... e também nos mostra quando o desenrolar da vida, o jeito próprio de ser criança e até o prazer intrínseco das relações é atravessado por um modo estigmatizado de se conceber o infante, de nomeá-lo e de colocá-lo entre parênteses. esse modo deixa de lado a própria criança e todo o seu potencial de vida, de construção de relacionamentos e coloca no centro mais perceptível de sua identidade um diagnódtico, um novo nome pelo qual passa a ser conhecida: criança hiperativa ou TDA/H. Tenho tido oportunidade de participar das reflexões advinhas da rica pesquisa que Cinthia empreendeu, e percebo que a mesma nos faz entrar em contato com o papel urgente de profissionais de saúde, pais e educadores diante do sequestro no qual se leva a criança e se deixa, em seu lugar, um diagnóstico.
A pesquisadora Raquel Paiva Dias-Scopel, do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), levanta questões sobre a valorização e respeito à diversidade étnica e cultural dos povos indígenas e a difícil interface com o processos de medicalização e do direito ao acesso aos serviços de saúde biomédicos. O livro é parte da Coleção Saúde dos Povos Indígenas, da Editora Fiocruz e partiu da tese de doutorado defendida em 2014 no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Foi publicado pela primeira vez em 2015 pela Associação Brasileira de Antropologia com o título A Cosmopolítica da Gestação, Parto e Pós-Parto: práticas de autoatenção e processo de medicalização entre os índios Munduruku. No prefácio da primeira edição, sua orientadora, a doutora em antropologia e professora titular da UFSC, Esther Jean Langdon, ressalta que o conceito fundamental deste livro é da autoatenção, que aponta para o reconhecimento da autonomia e da criatividade da coletividade, principalmente da família, como núcleo que articula os diferentes modelos de atenção ou cuidado da saúde. O livro é parte da Coleção Saúde dos Povos Indígenas, da Editora Fiocruz e partiu da tese de doutorado defendida em 2014 no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Foi publicado pela primeira vez em 2015 pela Associação Brasileira de Antropologia com o título A Cosmopolítica da Gestação, Parto e Pós-Parto: práticas de autoatenção e processo de medicalização entre os índios Munduruku. No prefácio da primeira edição, sua orientadora, a doutora em antropologia e professora titular da UFSC, Esther Jean Langdon, ressalta que o conceito fundamental deste livro é da autoatenção, que aponta para o reconhecimento da autonomia e da criatividade da coletividade, principalmente da família, como núcleo que articula os diferentes modelos de atenção ou cuidado da saúde.
O livro retrata a infância na produção literária de quatro importantes intelectuais latino-americanos: José Martí, Horacio Quiroga, Mário de Andrade e Clarice Lispector. Com base em uma diversificada gama de textos, selecionados de vários âmbitos do mundo impresso – revistas, jornais, textos pedagógicos, livros destinados a adultos, jovens e crianças –, a autora tece reflexões sobre como os intelectuais estudados utilizavam-se da infância para analisar as sociedades onde viviam, suas desigualdades e exclusões. A infância, em suas produções, torna-se presente também ao nível da linguagem, ao recapearem as palavras, fazendo surgir novos significados. Além da variedade documental, temos um estendido recorte temporal, pois a autora percorre desde as últimas décadas do século XIX até a década de 1970, oferecendo-nos uma visão ampla e detalhada de como a infância foi representada na produção literária latino-americana. Resultado de tese de doutorado defendida na Universidade de Princeton, originalmente publicada em espanhol em 2018, esta edição em português conta com um último capítulo inédito, no qual analisam-se as práticas culturais e as políticas públicas latino-americanas voltadas para a preservação e a manutenção da saúde na infância.
Democracia da abolição reúne uma série de entrevistas dada por Angela Y. Davis logo após o escândalo do presídio de Abu Ghraib, nas quais a renomada ativista analisa como sistemas históricos de opressão tais quais a escravidão e o linchamento continuam a influenciar e solapar a democracia na atualidade.
Dois renomados especialistas em governo trazem uma contribuição original para o debate sobre as relações tensas entre técnica e política, e suas implicações para a construção de uma democracia sólida e vibrante. A tensão entre uma burocracia forte e independente e as disputas naturais da democracia está na chave da construção de um regime saudável e eficiente. Eis a tese central de A democracia equilibrista — políticos e burocratas no Brasil , de Pedro Abramovay e Gabriela Lotta. Numa linha de pesquisa pouco explorada em nosso debate atual, os autores revisitam temas como patrimonialismo, meritocracia e politização do judiciário e passam em revista algumas das grandes discussões de nossa experiência recente. Entre elas se destacam o Marco Civil da Internet, a política de drogas e o Estatuto dos Povos Indígenas. “A política é fundamental para promover a superação dos desafios históricos e construir uma democracia que enfrente seu passado de violência, não oprima as minorias e garanta a participação da sociedade nas decisões sobre os rumos do país. O livro A democracia equilibrista nos traz uma reflexão indispensável para quem luta por um Brasil justo.” — Luiz Inácio Lula da Silva “Aliando sólida pesquisa acadêmica e a experiência de quem passou pelo governo, Gabriela Lotta e Pedro Abramovay oferecem uma contribuição original e relevante para entendermos como buscar o equilíbrio instável em nossa construção democrática.” — Fernando Henrique Cardoso
A democracia impedida: o Brasil no século XXI, obra do cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, traz uma análise das etapas do processo que culminou com o impedimento da presidente Dilma Rousseff. O livro foi escrito ao longo de 2016, ano em que se viu a polarização de opiniões entre os que acreditam na legalidade do impeachment da ex-presidente e aqueles que estão convencidos de ter havido um golpe de Estado, entre eles o autor. Entre os pontos que fazem parte da obra estão o exame do comportamento dos eleitores às vésperas das eleições de 2014; a reeleição da presidente, as heranças do seu governo anterior e as insatisfações políticas com medidas no novo mandato; as comparações e distinções entre os eventos de 1964 e 2016; a democracia representativa, o golpe constitucional e o golpe parlamentar. 'O tema de que trata está na essência do cotidiano do cidadão de hoje'.
Em cinco lições, o renomado psiquiatra e psicanalista J.-D. Nasio se propõe a aprofundar, de forma brilhante e didática, a teoria e a clínica da depressão — para ele, mais do que um distúrbio de humor, a depressão é antes de tudo uma patologia da desilusão. Qualquer um pode ficar deprimido? O que pode desencadear esse processo? Por que tantas pessoas são acometidas por tal condição? Como ajudar o paciente a se curar? Essas são algumas das questões que Nasio desenvolve neste livro, compartilhando sua prática de escuta terapêutica e a ilustrando com catorze casos clínicos emblemáticos, como Francisca e o naufrágio na depressão; Sandra e sua lombalgia incapacitante; Michiko e o horror da melancolia; Laurent e um suposto burnout . Com sua maneira direta de se comunicar, o autor expõe também uma nova abordagem de tratamento — a interpretação gráfica —, desenvolvida na troca com um de seus pacientes; inclui um capítulo sobre a neurobiologia da depressão; e discute a existência endêmica do que ele chama de “depressão covid-19”.
O livro “A desigualdade de acesso ao ensino profissional no Brasil e na Alemanha”, de autoria da Profa. Dra. Cíntia Magno Brazorotto é uma obra de imensa importância para a compreensão, em um enfoque comparado internacional, da estrutura da formação profissional e da desigualdade no acesso a essa modalidade de ensino. Elaborado durante a realização do seu doutorado em educação ocorrido na Universidade Estadual de Campinas e na Universidade de Siegen - Alemanha, é produto de uma ampla e rigorosa pesquisa acadêmica realizada pela autora nesses países. O texto apresentado agora na forma de livro constitui uma relevante contribuição à pesquisa sobre desigualdade de acesso ao ensino técnico profissional, metodologia da pesquisa comparada internacional e história do ensino técnico profissional. NEWTON ANTONIO PACIULLI BRYAN - UNICAMP
Neste ensaio, escrito seis meses após o início do genocídio israelense em Gaza, Andreas Malm discute o encontro, na Palestina, dos dois maiores problemas da humanidade, hoje: a guerra e a crise climática — uma história que, segundo o autor, não começou em 7 de outubro de 2023 (com os ataques da resistência palestina em território israelense), nem em 1967 (com a Guerra dos Seis Dias), nem em 1948 (com a Nakba e a fundação do Estado de Israel), mas em 1840, quando o maior navio a vapor (ou seja, movido à carvão) da marinha britânica enfrentou sua primeira campanha militar relevante, justamente bombardeando e destruindo a cidade de Akka, no litoral palestino, com enormes baixas civis.
Nos últimos tempos, tem se registrado uma evolução nos mecanismos de negociação dos conflitos socioambientais entre os diferentes atores sociais envolvidos. Neste livro diferentes aspectos foram tratados por especialistas de diversas áreas, buscando, por um lado, uma abordagem teórico-conceitual ampla dos conflitos ambientais (particularmente daqueles que envolvem a área energética) e, por outro lado, a difusão de experiências relevantes de negociações, com seus avanços e fracassos.
Inúmeras são as lições a serem retiradas desta pandemia de Covid-19, que virou nossas vidas de cabeça para baixo. A crise em que ora nos encontramos, sem precedentes nos últimos dois séculos, revela-se múltipla: econômica, filosófica, ideológica, social, política e ecológica. Assim, para evitar que as crianças de hoje sofram com a pandemia aos 10 anos, uma ditadura aos 20 e um desastre climático aos 30, o economista e escritor francês Jacques Attali propõe que passemos, sem demora, da economia da sobrevivência para a economia da vida.
Com uma visão abrangente, Novaes explora diferentes práticas ecorrevolucionárias, aborda os cercamentos de terra ocorridos ao longo do século XX e XXI, traz como referência autores importantes como Karl Marx e István Mészáros e entrelaça a importância da educação agroecológica em um processo de transformação da sociedade: “A síntese resultante é única em sua fundamentação na luta pela própria terra, combinada com uma visão ampla da mudança ecológica e social revolucionária”, escreve John Bellamy Foster no prefácio da obra.
Este livro integra a importante obra de Juan César García, durante seu trabalho na Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Publicado pela primeira vez em 1972, contém uma rigorosa e ampla análise da educação médica nos países latino-americanos, apontando os condicionantes sociais da configuração curricular e as características do processo de ensino. Nos últimos 50 anos, este livro tornou-se um clássico no campo da Saúde Coletiva brasileira e latino-americana, inspirando estudos e pesquisas que subsidiaram a introdução de práticas transformadoras e movimentos de reforma na formação de pessoal e na organização de sistemas de saúde, o que estimulou sua publicação, pela primeira vez, em português.
A obra examina com profundidade e originalidade três crises que se sobrepõem na atual era do neoliberalismo: as crises na economia global (estagnação insidiosa, colapsos periódicos e volatilidade devida às finanças), na política contemporânea (o declínio da democracia, a ascensão do autoritarismo e de novas formas de fascismo) e na saúde humana (evidenciadas pela pandemia de Covid-19).
Neste livro Gilberto Hochman articula poder e política(s) de saúde de modo a fazer ressaltar a trama incerta de interdependências, alianças e conflitos entre Estado Nacional, oligarquias e grupos profissionais, na formação das políticas de saúde no Brasil
A obra expõe aos olhos atônitos do leitor relatos comovedores, descrições de violências psicológicas e físicas e assassinatos em diversas propriedades rurais que recebiam financiamento público através da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia. Trata-se de um estudo sobre depoimentos de pessoas fugitivas ou resgatadas de fazendas e, ocasionalmente, de carvoarias, no Pará, colhidos por dedicados defensores de direitos humanos. Os autores ouviram alguns deles e trouxeram para o livro também suas impressões. A maioria dos depoimentos foi transcrita ipsis litteris. Os quarenta anos dos depoimentos refletem as mudanças nas políticas públicas, no tratamento do tema da escravidão pela sociedade civil e pelo Estado e apontam as políticas públicas que foram construídas. Refletem também as mudanças tecnológicas e o aparelho celular como um dos instrumentos de denúncia. Nas décadas de 1970 e 1980, a Comissão Pastoral da Terra era uma das raras instituições que bradavam contra o crime. A partir de meados da década de 1990, finalmente, houve aumento de sensibilidade para o problema em alguns setores da sociedade e, no início do século XXI, mudanças legislativas e, pelo executivo, a promulgação de planos nacionais de enfrentamento ao crime. Mas o problema persiste...
Espiritualidade é a arte e o saber de contato e manejo desta dimensão que vai além das realidades habitualmente percebidas e, por isso, consideradas naturais. Torna homens e mulheres, de vida tão precária e limitada, abertos para o infinito, deixando-os insatisfeitos , contestadores e voltados para projetos inovadores. Durante toda a sua história, a medicina esteve intensamente ligada à espiritualidade. Mesmo na modernidade, em que a sua consideração e valorização foram proscritas do debate nos ambientes de pesquisa, exercício profissional e ensino da atenção à saúde, a espiritualidade continua importante na motivação e orientação de grande parte dos profissionais e doentes.
A ética protestante e o espírito do capitalismo aborda um problema, geralmente, de difícil apreensão:o condicionamento do surgimento de uma“disposição econômica” – do “ethos” de uma forma econômica – por determinados conteúdos de fé religiosos, e isso a partir do exemplo das relações do ethos econômico moderno com a ética racional do protestantismo ascético. Nesta edição, busca-se com a inclusão das“Anticríticas” e dos demais escritos sobre o protestantismo contribuir para o entendimento das suas principais teses e também para uma reconstrução da história da sua recepção.
A proliferação do igual é uma “plenitude na qual transluz ainda apenas o vazio”. A expulsão do outro traz um vazio adiposo da plenitude. Obscenos são a hipervisibilidade, a hipercomunicação, a hiperprodução, o hiperconsumo, que levam a uma rápida estagnação do igual. Obscena é a “ligação do igual com o igual”. A sedução é, em contrapartida, a “capacidade de arrancar o igual do igual”, deixá-lo fugir de si mesmo. O sujeito da sedução é o outro. (Da obra)
Segundo romance da ganhadora do prêmio Jabuti Natalia Borges Polesso, A extinção das abelhas é uma exploração profunda sobre a solidão. Uma história brutal sobre uma mulher, um gato e um mundo em colapso. “As pessoas vão embora, e isso é uma realidade.” Assim começa A extinção das abelhas , novo livro de Natalia Borges Polesso. Nele, conhecemos a história de Regina: depois de ser abandonada pela mãe, ela foi criada apenas pelo pai, que faleceu quando a garota começava a entrar na vida adulta. As vizinhas, Eugênia e Denise, cuidam dela como podem, oferecendo afeto, dinheiro e uma vida em família que lhe faz falta. O círculo se completa com Aline, filha do casal e amiga-irmã de Regina. Sua perspectiva de mudar de vida é diminuta. Ao ver um anúncio na internet sobre camgirls , Regina decide tentar a sorte. Então cobre a cabeça com uma máscara de gorila e encarna um lado seu que não conhecia. Ao se expor para desconhecidos na câmera e revolver os desejos e vergonhas desses homens, ela se defronta com os próprios sentimentos, fantasmas há muito enterrados em seu inconsciente.
A favela venceu. A frase curta contém a relevância, a beleza, a complexidade deste livro. Algumas obras tornam-se importantes por apresentarem velhos temas sob novas perspectivas; outras nascem definitivas. A favela reinventa a cidade integra o segundo grupo. É leitura essencial para quem deseja (ou precisa) entender a gênese da solução habitacional forjada — e, teimosamente, aperfeiçoada ao longo de mais de século — por uma população submetida ora à desatenção, ora ao desprezo do Estado. É obrigatória por trazer ideias frescas para tirar o Rio de Janeiro do fosso em que se meteu, em consequência de políticas de segurança fracassadas e da histórica, nas palavras dos autores, distinção territorial de direitos, que privilegia moradores de uma área em detrimento de outras.
Depois de esmiuçar o mundo do crime no Rio de Janeiro em A república das milícias, Bruno Paes Manso volta com um mergulho em outra dimensão da criminalidade no Brasil. A partir de depoimentos de ex-criminosos que tiveram a vida transformada pelo contato com a religião, o autor desconstrói estigmas associados às novas denominações evangélicas e mostra como o crescimento desses grupos responde a anseios profundos de uma população exposta a todo tipo de violência.
O objetivo deste livro, que se compõe de nove diálogos com alguns dos principais representantes da filosofia norte-americana contemporânea, é vencer as distâncias entre os pensadores dos EUA e os da Europa. As entrevistas realizadas pela filósofa italiana Giovanna Borradori com nove pensadores norte-americanos contemporâneos constituem uma excelente oportunidade para conhecer melhor o que eles pensam, qual é a sua formação e influências, como constroem o seu presente e quais são as suas principais indagações. Cada diálogo é uma verdadeira aula sobre uma vertente filosófica, com todas as suas potencialidades. Neste caderno de viagem pelo mundo das idéias, a entrevistadora motiva os filósofos a ultrapassarem os seus limites mentais e culturais, em diálogos profícuos sobre temas fundamentais como o pragmatismo, a filosofia analítica e a metafísica.
Em A força da não violência, Judith Butler percorre discussões da filosofia, da ciência política e da psicanálise para reavaliar o que chamamos de violência e não violência e o modo como essas duas expressões se tornam intercambiáveis quando colocadas a serviço, por exemplo, de uma perspectiva individualista das relações sociais ou de um Estado no exercício do biopoder. A obra, lançada originalmente em 2020, mostra como a ética da não violência deve estar conectada a uma luta política mais ampla pela igualdade social. A autora rastreia como a violência é, com frequência, atribuída àqueles que são mais expostos a seus efeitos letais. Para Butler, a condição-limite da manifestação da violência se revela quando certas vidas, uma vez perdidas, não são dignas de luto. Expondo os discursos por meio dos quais a desvalorização e a destruição da vida operam, Butler propõe a compreensão da não violência a partir da condição básica da interdependência entre os seres humanos e identifica a não violência como uma prática de resistência à destruição.
Com trânsito entre a história e a antropologia e referenciada no contexto latino-americano, esta obra aborda um assunto ainda pouco estudado pela historiografia brasileira: as organizações indígenas e o lugar dos índios no conjunto da nação, entendendo a visão deles com base em suas próprias organizações. O livro analisa as questões a eles referentes em diferentes instâncias, como Estado e instituições de apoio à causa indígena, observando um jogo complexo de diálogo que acaba por excluir muitos sujeitos.
Este livro não apenas relata a evolução histórica do ensino médico na Escola Paulista de Medicina, mas testemunha a preocupação do corpo docente em continuar a oferecer uma formação de excelência. A EPM sempre esteve presente nas discussões e trocas de conhecimento para a elaboração de um modelo de educação médica, buscando adequar seu currículo às mudanças nacionais.
O livro é de leitura essencial para quem se propõem a analisar e compreender a complexidade dos processos que permeiam a formulação de políticas públicas no campo da saúde. A obra aborda o debate quanto ao papel dos atores chave nos processos de formulação de políticas, a importância da análise do contexto no qual determinada política é formulada e ainda apresenta a importância de que sejam consideradas as ideias e percepções que os autores chave imprimem ao desenho de uma nova política pública, no seu momento de formulação.
Estes ensaios se inspiram na abordagem CTS (ciência-tecnologia-sociedade) também conhecida como Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia (latinoamericana) e na Teoria Crítica da Tecnologia. Perseguem uma senda de pesquisa: a compreensão de um momento zero, constituinte, marcado pelo conhecimento sobre a interação teórico-práxis do trabalho mediado pelos objetos. Os sentidos deste momento de conversão do conhecimento em técnica são também práxis. Aqui falamos da ciência e técnica no sentido de tecnologia, que assume um duplo exercício de crítica e de reificação. Crítica diante de que (nem) toda técnica foi convertida em tecnologia (cientificizada), pois continua a ser obra de artifícies geniais cuja substância social (qualquer uma) vem ao mundo parida para resolver problemas práticos.
Entre outras coisas, bell nos liberta para sabermos que temos o direito de ser amados e que essa é uma luta necessária. Ela também nos diz que devemos amar, mas amar com mais respeito, responsabilidade, compreensão, companheirismo e demonstração constante de afeto e coragem. E seguirmos em luta. Porque ainda precisamos refletir criticamente sobre o passado, nos defender para que nossos corpos não sejam tratados como um alvo para a morte, transgredir os limites estabelecidos pelo racismo, nos curar e criar conexões.
Registrar e refletir sobre as formas de atuação política engendradas pelos povos indígenas no contexto da pandemia de Covid-19 são os principais objetivos deste livro, que reúne pesquisadores e pesquisadoras indígenas e não indígenas das áreas de antropologia, direito e saúde coletiva. Em face das omissões e inadequações da resposta governamental à crise sanitária e da agudização das violações de direitos indígenas sob o atual governo brasileiro, esta coletânea evidencia como o movimento indígena pôs em marcha diferentes estratégias, do chão da aldeia a âmbitos internacionais, não somente realizando denúncias, mas demonstrando também sua capacidade propositiva na formulação de ações e políticas de saúde. Conforme o depoimento de Joziléia Kaingang enfatiza, ”A gente precisa lutar de todas as formas para vencer esse sistema que está aí, a gente não pode admitir de forma alguma que um governo, que uma representação política seja a dona da vida e da morte das pessoas”.
O livro 'A Gestão do SUS no Âmbito Estadual' desenvolve um estudo sobre as condições reais de desenvolvimento da descentralização da saúde no estado, visando a consolidação da proposta eminal da Reforma sanitária - O Sistema Único de Saúde (SUS).
O livro "A gestão dos supérfluos: neoliberalismo e prisão-depósito" contempla a “clara transformação” pela qual o sistema penal brasileiro vem passando, não só inscrevendo-a no quadro da macroeconomia neoliberal, mas também observando as subjetivações que se impõem a partir da “lógica concorrencial”, da cotovelada por espaço como pedra fundamental da sociabilidade humana. A crítica do autor Carlos Eduardo Figueiredo à realidade das execuções penais no Brasil traz a legitimidade de quem, por mais de uma década, exerceu judicatura precisamente nesse campo. Ele assinala, certeiramente, o excesso de prisões provisórias como “característica central de política criminal fundada no risco”; pois, após a Índia e ao lado da Turquia e do México, estamos na casa dos 40% de presos provisórios, dos quais algo em torno de dois terços são de suspeitos ou acusados pretos.
O tema central deste livro é o impacto da globalização neoliberal nas sociedades semiperiféricas e, especialmente, nas diferentes ciências sociais que produziram a identidade econômica, política, social e cultural dessas sociedades. As teorias e quadros analíticos desenvolvidos pelas ciências sociais tiveram como unidade de referência as sociedades nacionais. Não admira, pois, que a intensificação das interacções transnacionais e a consequente problematização das dicotomias em que assentava a teorização - tais como nacional/transnacional, endógeno/exógeno - tenham, por um lado, permanecido relativamente subteorizadas e tenham, por outro, submetido as teorias disponíveis a um questionamento crescentemente insistente. Por este duplo processo, entrámos num período de grande incerteza teórica, caracterizado pela subteorização dos fenómenos emergentes e pela obsolência das teorias existentes. É este o período em que nos encontramos.
Neste livro seminal, Boaventura de Sousa Santos apresenta uma visão panorâmica das propostas epistemológicas e de teoria social crítica que viriam a aprofundar-se e a condensar-se posteriormente em outras publicações. Ele se propunha a lançar os fundamentos de uma nova cultura política que permitisse voltar a pensar e a desejar a transformação social e emancipatória, ou seja, o conjunto dos processos econômicos, sociais, políticos e culturais, tendo por objetivo transformar as relações de poder desigual em relações de autoridade partilhada nos seis espaços-tempo: o doméstico, o da produção, o do mercado, o da comunidade, o da cidadania e o mundial.
Este livro é uma cronologia, de 60 mil a.C. à atualidade, que reúne mais de 1.500 verbetes sobre fatos e eventos que, direta ou indiretamente, marcaram as relações entre o homem e a natureza em torno da questão ambiental. O foco principal é o Brasil e, por isso, o período abordado com mais ênfase é o meio milênio de nossa história desde a chegada dos ibéricos ao Novo Mundo.
A forma como políticos, médicos, farmacêuticos e a população da Bahia se posicionaram diante da desconhecida doença que vitimou cerca de 30 milhões de pessoas nos anos de 1918/19, estrutura o livro. Nele são analisados os diversos aspectos relacionados à gripe que matou o presidente Rodrigues Alves, em janeiro de 1919, antes mesmo de tomar posse. A autora produziu “um belo e inédito mosaico”, tomando por base fontes documentais as mais diversas para fundamentar a pesquisa sobre o enfrentamento do vírus influenza. Gilberto Hochman, pesquisador da COC/Fiocruz e autor do prefácio do livro, exalta “o delicado artesanato” na produção da narrativa que provoca o interesse, a surpresa e até mesmo a compaixão pelos que sofrem nos tempos de epidemia. A obra permite compreender especificidades locais da chamada República Velha na Bahia, além de possibilitar estabelecer comparações da epidemia em perspectiva global, tornando-se importante fonte de pesquisa, ainda mais neste atual momento em que a pandemia pelo vírus da influenza A (H1N1) começa a perder força no hemisfério sul, mas persiste a possibilidade de futura ocorrência de novo repique.
Este livro é uma reportagem capaz de fixar a fisionomia do crime no Brasil. Os autores obtiveram relatos inéditos de integrantes das facções e contam essa história sob um ângulo inédito e revelador. Geridas de dentro dos presídios, as facções criminosas se profissionalizaram. Quem assumiu a dianteira desse processo foi o PCC, responsável por um grau inédito de organização nos presídios brasileiros. Criada em 1993, meses após o Massacre do Carandiru, quando 111 presos foram mortos pela polícia, a facção passou a ditar as regras do crime nos presídios de São Paulo, impôs sua influência sobre outros estados e agora se internacionaliza a uma velocidade vertiginosa. Nunca essa realidade foi retratada com tintas tão fortes.
Obra que resgata a dimensão etno-histórica dos povos nativos a partir do estudo da Santidade do Jaguaripe. Uma contribuição valiosa à história do Brasil e à história das incompreensões entre sociedades. Ao longo do século XVI os colonizadores europeus se horrorizaram com um fenômeno religioso entre os tupis, a que chamaram “santidade”. Nela, em meio a danças, transes, cânticos e à fumaça inebriante do tabaco, os índios renovavam a peregrinação à Terra sem Mal — lugar mítico da felicidade eterna que buscavam no mundo terreno. Vasculhando documentação inquisitorial inédita sobre o culto indígena na fazenda de Jaguaripe (Bahia), Ronaldo Vainfas descobre na santidade uma idolatria insurgente, culturalmente híbrida, que ao mesmo tempo negava e incorporava valores da dominação colonial.
Malária, sífilis, tuberculose, ebola, gripe, aids, sarampo e outros males que atacam a humanidade revelam muito mais da nossa história do que imaginamos. Os passos do homem ao longo das épocas, pelos continentes, o início da utilização de vestimentas, a convivência com diversos animais, o encontro com outros seres humanos: tudo isso pode ser desvendado agora com o estudo microscópico de vírus, bactérias e parasitas que cruzaram - e cruzam - o nosso caminho. Esses pequenos seres têm sido protagonistas centrais e narradores, não meros coadjuvantes, do processo histórico. Por meio do dna dos microrganismos, podemos saber quando e como as epidemias atuais se iniciaram e de que forma elas condicionaram a existência humana, dizimando populações, estimulando conflitos, infectando combatentes, promovendo êxodos, propiciando miscigenação, fortalecendo ou enfraquecendo povos.
Jacques Le Goff (1924-2014) examina neste livro, o último que escreveu, em 2013, o problema da periodização da história, tomando como base a fatia de tempo conhecida como “Idade Média”. Para ele, aquele período histórico foi muito mais longo e profícuo do que reza a historiografia tradicional, engloba os anos aclamados como Renascimento e se estende até meados do século 18.
O século XIX trouxe avanços tecnológicos e industriais em diversas áreas. Uma, porém, ficou para trás: a Medicina. Ao redor do planeta, a mortalidade infantil alcançava taxas altíssimas e a expectativa de vida era baixa. Doenças diversas castigavam a população. Mas o cenário mudou ao longo do século XX. Este livro narra, de forma deliciosa, como médicos e cientistas lançavam mão de criatividade, coragem e raciocínio lógico para tornar os progressos possíveis. Experimentos desumanos, antiéticos, acaso e sorte também contribuíram para descobertas inesperadas e revolucionárias. Essa novela, em que a mente humana foi uma das únicas ferramentas disponíveis, é contada pelos médicos Stefan Cunha Ujvari e Tarso Adoni em paralelo aos principais acontecimentos do século XX. Duas histórias inseparáveis, já que fatos históricos precipitaram descobertas médicas, e estas também influenciaram os rumos do século.
Neste livro breve e divertido, o premiado neurobiólogo italiano Stefano Mancuso – autor de Revolução das plantas (Ubu Editora, 2019) e A planta do mundo (Ubu Editora, 2021), e convidado da Flip 2021 – reúne uma série de relatos surpreendentes sobre algo que não costumamos, erroneamente, associar às plantas: o movimento. Assim como os seres humanos, as plantas também migram pelo mundo, e muitas vezes pelos mesmos motivos que nós: para assegurar sua sobrevivência ou para descobrir novas formas de vida, para se transformar ou para transformar outros seres, ou então simplesmente para habitar outros espaços, mobilizadas pelo acaso e pela “curiosidade”. Mancuso traz, em uma escrita híbrida e única entre a ciência e a literatura, narrativas sobre plantas que convencem os animais a carregá-las de um canto a outro; plantas que, em vez de dependerem de outros seres, aprenderam a rolar pelas encostas, voar com o vento ou mesmo nadar nos rios e mares; plantas que resistiram a desastres atômicos e às intempéries do tempo; plantas que desenvolveram frutos incrivelmente versáteis. Seja qual for a história, o leitor de A incrível viagem das plantas será levado a uma realidade em que plantas e seres humanos revelam-se semelhantes e complementares – a nossa própria realidade, pelos olhos do exímio Stefano Mancuso.
Esta publicação traz pesquisas documentais e historiográficas sobre o processo histórico da presença das crianças negras na sociedade escravista na cidade de São Paulo no século XIX. Nela, o autor pesquisou diversas vertentes da vida, cotidiano e desenvolvimento das crianças escravizadas em convivência com sua família ou apenas com a sua mãe, pois os pais eram ausentes ou desconhecidos, conhecidos como ilegítimas; isso quando o destino delas não fosse a Roda dos Enjeitados e a caridade alheia. As crianças escravizadas enfrentavam muitas dificuldades de sobrevivência: deficiências de higiene na gestação, deficiência na amamentação materna e na alimentação e doenças na primeira infância, principal causa da alta mortalidade infantil. Caso sobrevivessem, essas crianças conviveriam com suas famílias nucleares e também com as famílias senhoriais, e em determinada época, elas começavam a executar serviços domésticos como mucamas e pajens e, quando crescessem, trabalhariam na lavoura. Na segunda metade do século XIX, após o fim do tráfico negreiro houve mudanças sociais significativas tanto para os escravizados como para seus filhos. Com a escassez, os senhores tiveram que revalorizar seus escravizados ladinos e nisto os cativos puderam ter seus direitos de alforrias mais concretizados, especialmente entre as mulheres negras e seus filhos e se tornavam mais raras as cenas as violências dos senhores contra as mães escravizadas, separando-as de seus filhos. Outra importante mudança foi à migração das famílias negras libertadas para as cidades. Lá, as crianças negras tiveram outras condições de vida, educação e trabalho, mais próximas da autonomia, porém enfrentariam as precariedades da educação e as poucas chances de ascensão social diante dos imigrantes europeus. Em 28 de Setembro de 1871 é promulgada da Lei do Ventre Livre, dando a condição de liberta todas as crianças negras nascidas após a vigência dessa lei, contudo, elas continuariam tuteladas pelos senhores e prestando-lhes serviços até a liberdade definitiva com a assinatura da Lei Aurea de 13 de Maio de 1888.
Este livro traz um estudo sobre as Comunidades Eclesiais de Base que emergiram no contexto latino-americano a partir dos princípios elaborados pela Teologia da Libertação. O livro nos possibilita um olhar mais alargado sobre um momento específico desse processo, quando o discurso das Comunidades Eclesiais de Base se desloca e passa a dar mais atenção a outros aspectos do cotidiano daquelas populações, particularmente das expressões culturais. A partir da análise da trajetória de cerca de 20 anos de uma Comunidade Eclesial de Base, do final dos anos 1990 até 2015, a autora nos revela toda a potência transformadora presente no papel assumido pelas lideranças seja na luta pela construção de casas como também na realização de festivais musicais e na luta pelos direitos dos jovens e adolescentes, através do engajamento nos Conselhos Tutelares.
O leitor vai encontrar neste livro as razões para embasar suas críticas ou para refinar o uso das tecnologias da web. Uma discussão perspicaz e estimulante sobre as promessas da internet. Indo além da febre da multidão cibernética, Dreyfus, um celebrado escritor de filosofia e tecnologia, questiona se a internet pode realmente levar a humanidade a um novo nível de participação de modo a resolver os problemas da educação em massa.
O reino da liberdade começa com a redução da jornada de trabalho. Esse pensamento de Karl Marx é o mote do presente livro. Neste volume, acompanhamos a história da luta operária pela jornada de oito horas, que teve como resultado uma progressiva redução do tempo de trabalho ao longo de todo o século XX, e entendemos por que essa conquista se encontra ameaçada. Com o alvorecer do século XXI, é o reino da não liberdade que se expande com incrível furor, o que torna premente o retorno dessa pauta para a luta dos trabalhadores de todo o mundo.
O novo livro da ativista política Angela Davis reúne uma ampla seleção de seus artigos, discursos e entrevistas recentes realizados em diferentes países entre 2013 e 2015, organizados pelo militante dos direitos humanos Frank Barat. Os textos trazem reflexões sobre como as lutas históricas do movimento negro e do feminismo negro nos Estados Unidos e a luta contra o apartheid na África do Sul se relacionam com os movimentos atuais pelo abolicionismo prisional e com a luta anticolonial na Palestina. Além de sua reconhecida atuação política no combate ao racismo, Davis denuncia também o sexismo, demonstrando de forma muito objetiva a relação entre a violência contra a mulher e a violência do Estado. De acordo com a autora, não há possibilidade de se combater a violência sem desmontar as estruturas do sistema capitalista. Ao afirmar que, “quando as mulheres negras se movem, toda a estrutura política e social se movimenta na sociedade”, Davis sintetiza a importância fundamental do movimento das mulheres negras na desestruturação e desestabilização das rígidas e consolidadas relações desiguais de poder na sociedade, representadas pela dinâmica de violência, supremacia branca, patriarcado, poder do Estado, mercados capitalistas e políticas imperiais. A liberdade é uma luta constante permite ao leitor acompanhar a saga dessa persistente e ousada ativista contra as diversas formas de submissão humana e tem um significado especial neste momento crítico da sociedade brasileira, que vive certo sentimento de desesperança e impotência ao perceber quão distante se está de uma mudança estrutural na política e de transformações efetivas na condição de vida da maioria. “A leitura desta obra nos recoloca em um espaço próprio, o da resistência, o de nunca desistir da luta que deve ser empreendida. Reencontrar o pensamento, as ações, o comprometimento de Angela Davis com as lutas que ultrapassam as questões vividas em solo nacional nos ensina também a pensar a nossa luta em relaçã
Este livro tenta precisar algumas das diferenças gerais de organização social entre sociedades sem e com escrita e os processos de transição de uma para a outra. O autor confina sua atenção, sobretudo no antigo Oriente Médio, onde surgiu a escrita, e na África Ocidental contemporânea, onde o uso da escrita proliferou nas últimas décadas. Diferentes sistemas de escrita têm, naturalmente, diferentes implicações em sociedades diferentes e em momentos diversos. Mas há também importantes aspectos em comum entre certos contextos específicos, e foi para esses que o autor quis chamar a atenção.
Disse certa vez o célebre arquiteto Oscar Niemeyer: “O que me atrai não é o ângulo reto, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. Me atrai a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos rios, na onda do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito o universo inteiro, o universo curvo de Einstein”. Palavras que inspiraram o título deste livro de Ernesto Venturini, psiquiatra que contribuiu ativamente para a reforma psiquiátrica na Itália. “Com efeito, a desinstitucionalização é como a linha curva de que fala Niemeyer, uma linha oposta à rigidez do pensamento manicomial”, afirma o autor. Como assessor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Venturini esteve várias vezes no Brasil, onde, em encontros com gestores da saúde, profissionais, usuários e cidadãos, falava de sua experiência na Itália. Escritos que foram temas desses encontros estão agora reunidos neste volume. Os textos foram produzidos entre os anos 80 e o início de 2000, mas levantam discussões que permanecem atuais. “Dar alta aos pacientes de prolongado internamento em hospitais psiquiátricos, inseri-los no território, reduzir o número de vagas em leitos hospitalares e converter recursos hospitalares em serviços comunitários é um processo ainda em vias de realização na maior parte dos países europeus e americanos”, avalia.
Cada capítulo irá situar um cenário histórico e a luta atual na busca pela democracia. O autor e seus colaboradores buscaram distinguir a complexidade e as similaridades de classe, sem tirar o valor social de cada uma. E, a importância da democracia como um movimento coletivo, que têm consequências econômicas e ideológicas.
O benefício da assistência social não é para todos, senão para quem pode provar sua necessidade – como disse um perito. Os sujeitos em sofrimento psíquico o dizem de outro modo: “nem todo louco recebe benefício”; “estou apta para o trabalho, mas o trabalho não está apto para mim”; “ninguém é louco o tempo todo”. E quem pode provar a sua necessidade? Por que os sujeitos em sofrimento psíquico são os que menos conseguem provar a sua necessidade? Será que ainda precisamos de mudanças no instrumento de avaliação do BPC ou nos mecanismos e procedimentos institucionais? Essas respostas podem ser procuradas nos conflitos morais mudos e na gramática moral ou “infraestrutura normativa” que atravessam as formas deficitárias de reconhecimento da deficiência mental. Talvez, seja o tempo de uma nova reviravolta capaz de negar a institucionalidade vigente e inventar outra...
As redes sociais são provavelmente o maior experimento coletivo da humanidade. Mas qual o impacto delas no mundo? São ferramentas que apenas refletem a natureza das pessoas, ou estimulam comportamentos extremistas? A partir dessas perguntas, o repórter investigativo Max Fisher disseca o funcionamento das grandes empresas de tecnologia, construindo um panorama estarrecedor e dando um alerta para que repensemos com urgência nossa relação com as redes.
A medicina na era da informação' se caracteriza como obra que marca o processo dialógico entre duas áreas de grande significado social, a medicina e a ciência da informação. Ambas se ocupam de importantes desafios científicos, a primeira voltada à luta pela saúde e bem-estar social, e a segunda à sustentabilidade do desenvolvimento da ciência e da cultura, por meio da preservação, organização, disseminação, acesso e uso da informação. Neste livro, está registrada as informações dos debates e qualidade dos trabalhos apresentados por professores pesquisadores do Brasil e de Portugal, assim como por pós-graduandos e profissionais que atuam na interface da medicina e da ciência da informação, o que permite aos seus leitores o contato com a interlocução qualificada que se efetuou durante o Medinfor.
Nas colunas da repórter Eliane Brum, a vida pode ser tudo, menos rasa. A cada segunda-feira, os leitores encontram um olhar surpreendente sobre o Brasil, sobre o mundo, sobre a vida – a de dentro e a de fora. Eliane pode escrever sobre a Amazônia profunda, como alguém que cobre a floresta desde os anos 90; ou pode provocar pais e filhos, com uma observação aguda das relações familiares marcadas pelo consumo; ou pode refletir sobre a ditadura da felicidade, que tanta infelicidade nos causa. O que não muda são a profundidade e a seriedade com que ela trata cada tema. O que não é surpresa é seu enorme talento para enxergar muito além do óbvio. Essa combinação rara transformou sua coluna de opinião em um fenômeno de audiência. Este livro reúne seus melhores textos e dá ao leitor uma fotografia do nosso tempo, visto pelo olhar de uma repórter que observa as ruas do mundo disposta a ver. E que escreve para desacomodar o olhar de quem a lê.
Neste livro é traçado um breve panorama histórico sobre os modos como se desencadeiam os conflitos no campo no estado de Rondônia. Esses modos, como orienta o percurso, foram relevantes a fim de analisá-los à luz dos Direitos Humanos, da Constituição Federal de 1988 e do Direito à Terra conforme disposto no Estatuto da Terra (Lei n.º 4.504, de 30 de novembro de 1964); por fim, no Programa Terra Legal, implementado por meio do Decreto n.º 6.992/2009, que regulamenta a Lei n.º 11.952/2009, a qual dispõe sobre a regularização fundiária de terras públicas da União na Amazônia Legal. A fim de entender a relação entre a mídia e os movimentos sociais em defesa pela terra, elegeram-se três jornais eletrônicos de maior circulação no estado de Rondônia, com o objetivo de verificar se os discursos contribuem para a criminalização dos movimentos sociais, ao mesmo tempo que, pressupostamente, incitam e influenciam negativamente a população, criando uma imagem criminosa dos movimentos e de seus militantes e/ou integrantes por meio de veiculação de notícias tendenciosas. Isso significa dizer que a prática jornalística pode construir-se por um ajustamento progressivo e atuar pela invenção de um percurso que procura sua própria estabilidade e sua significação no confronto com as coerções evocadas, o que faz crer que os movimentos sociais, por exemplo, de lugar das classes populares, dos militantes, dos reivindicadores, dos defensores pela terra, podem ser noticiados como um conjunto heterogêneo de propostas ideológicas, mas que não se restringe a elas. Ao evocar os movimentos como o MST e a LCP como “terroristas, bandidos e cangaceiros”, os jornais em análise, por uma necessidade publicitária de oposição política à ideologia própria dos movimentos, evoca-os como “lugares do crime”, e não como movimentos em defesa do acesso à terra.
Uma equipe de sociólogos dedicou-se durante três anos a compreender as condições de produção das formas contemporâneas da miséria social. Aqui são lidas pequenas novelas, crônicas de uma assistente social abandonada num hospital, de um metalúrgico órfão da classe operária, de um direitista extremado dependente da família, de um diretor de escola que foi vítima da violência urbana, de um policial num bairro de periferia, e de tantos outros como eles.
A desregulamentação, a modernização das infra-estruturas, a adoção de novos padrões de gestão e a reforma institucional das redes de comunicação e de transporte, acontecidos ao longo da década passada, constituíram instrumentos privilegiados para a re-qualificação das bases produtivas e dos arranjos institucionais da economia mundial, nacional e local.
Em 1836, uma multidão destruiu o cemitério do Campo Santo em Salvador. Inaugurado três dias antes, ele fora construído por uma empresa que obtivera do governo o monopólio dos enterros na cidade. Até aquela data, as pessoas eram enterradas nas igrejas, costume considerado essencial para a salvação das almas. A rebelião contra o cemitério foi feita por centenas de manifestantes em defesa de uma vida melhor no outro mundo. Para entender tão extraordinário episódio – que ficou conhecido como revolta da Cemiterada –, o historiador João José Reis realizou uma primorosa pesquisa, que revela, com riqueza de detalhes e acurada sensibilidade intelectual, as atitudes de nossos antepassados em relação à morte a aos mortos.
A mulher no mundo corporativo é um livro focado na situação feminina, tendo como principal aspecto a atuação da mulher no mercado empresarial – universo basicamente masculino, no que se refere à ocupação dos altos cargos executivos.
A Geografia permanece necessária? Como? Qual sua contribuição, hoje, para o conhecimento nas Ciências Humanas? Essas questões são respondidas por geógrafos renomados, todos professores e pesquisadores da Universidade de São Paulo. Assim, a obra mostra como a Geografia é importante para compreender a realidade em que vivemos. Os capítulos tratam de conceitos fundamentais para a análise geográfica do mundo moderno, em suas profundas e rápidas transformações, lidas a partir da realidade brasileira. Com foco no nível espacial, o livro analisa transformações da natureza e o debate sobre a problemática ambiental, a questão agrícola-agrária, o turismo e a cidade como fonte de novos negócios, entre outros temas. Livro essencial para geógrafos, professores e estudantes da área.
As chamadas “revoltas da indignação” que eclodiram pelo mundo na década de 2010 são marcos incontornáveis para se buscar compreender os dilemas dos sistemas democráticos na atualidade. Muito esforço de investigação e análise ainda precisa ser feito para identificar suas origens, dinâmicas e consequências históricas. Um fato, contudo, parece evidente: a dispersão dos movimentos que protagonizaram esses acontecimentos, mais do que a sua institucionalização, é o que se observa nos diferentes países que sentiram o chão tremer com as multidões nas ruas. O trabalho de Juliano Medeiros contém essa premissa e de forma arrojada joga luz sobre a excepcionalidade dos processos de institucionalização política decorrentes das revoltas, fazendo uma escolha dedicada à formulação das esquerdas e sua reorganização na América Latina. Uma nova esquerda teria surgido dessa experiência de contestação social perante a explosão da desigualdade, do desemprego e da violência de Estado no pós-2008, quando uma nova fase do capitalismo produziu uma profunda crise cujos prejuízos foram integralmente transferidos para as maiorias alijadas do poder.
As estratégias atuais, entenda-se, são aquelas que nos servem para lutar em um mundo de subjetividade neoliberal expandida, sem sujeito da história, sem programa e sem lugar de chegada determinado. Tecendo com os fios do ensaio, das análises políticas de conjuntura, da investigação militante e da filosofia — inclusive aquela que se faz com o corpo, em práticas sociais ou nas ruas —, Sztulwark analisa as coordenadas contemporâneas da política sul-americana enquanto derivações de um ciclo político aberto com a crise dos atores que representaram o neoliberalismo dos anos 1990 e a posterior chegada ao poder dos governos progressistas/populistas nos países da região.
Se a coisa já não foi fácil na vida cotidiana dos livres, como terá sido a recepção da pandemia de Covid-19 nos presídios brasileiros? Se o isolamento dos livres prejudicou a rotina da vida nas profissões, no lazer e no amor, como terá sido nos que, isolados pelo regime fechado ou semiaberto da prisão, não tiveram sequer a possibilidade de gerir o seu próprio distanciamento num ambiente em que o compartilhamento de corpos e ares é compulsório? O que se agravou ainda mais, em razão da pandemia, no cumprimento da pena já por si agravado pelas ilegalidades sistêmicas da prisão brasileira?Essas e outras importantes questões são enfrentadas neste livro por alguns dos principais especialistas acadêmicos sobre a prisão no Brasil. Este livro está destinado a entrar, pela sua excelência, como leitura obrigatória de todos os estudiosos que trabalham sobre os efeitos da pandemia durante um governo federal que desprezou sua letalidade potencial, bem como entre todos aqueles que pesquisam e escrevem sobre o sistema penitenciário brasileiro.
Publicada originalmente em 2010, a obra vendeu mais de 600 mil exemplares e permaneceu na lista de mais vendidos do The New York Times por mais de 150 semanas. O livro desafiou a noção de que o governo Obama assinalava o advento de uma nova era pós-racial e teve um efeito explosivo na imprensa e no debate público estadunidense, acumulando prêmios e inspirando toda uma geração de movimentos sociais antirracistas. A nova segregação ganhou o NAACP Image Award de melhor não ficção em 2011. A edição brasileira tem apresentação de Ana Luiza Pinheiro Flauzina, orelha de Alessandra Devulsky, revisão técnica e notas Silvio Luiz de Almeida. Pedro Davoglio assina a tradução. O sistema de castas raciais nos EUA não foi superado, foi meramente redesenhado , diz a jurista. Ao analisar o sistema prisional dos EUA, Alexander fornece uma das mais eloquentes exposições de como opera o racismo estrutural e institucionalizado nas sociedades ocidentais contemporâneas. Para a autora, o encarceramento em massa se organiza por meio de uma lógica abrangente e bem disfarçada de controle social racializado e funciona de maneira semelhante ao sistema Jim Crow de segregação, abolido formalmente nos anos 1960 após o movimento por direitos civis nos Estados Unidos. Não é à toa que este país possui atualmente a maior população carcerária do mundo (com o Brasil pouco atrás, em 4º lugar, depois da China e da Rússia).
A partitura de Clara pode ser visto como um romance histórico de formação, ou seja, trata-se de uma narrativa que se passa numa época histórica muito rica em transformações estéticas e políticas, tendo como pano de fundo a música, e, além disto, acompanha de perto a formação artística e a trajetória pessoal da sua protagonista. O desenrolar da obra se dá em dois planos: no primeiro, dois pesquisadores de historia contemporâneos, o francês Patrick e a brasileira Anna, dedicam-se a procurar a partitura perdida de uma obra de Clara Schumann e, em segundo plano, narra-se a trajetória da pianista e compositora.
Esta obra traz um retrato autêntico e crítico sobre os fatos ocorridos durante a pandemia da Covid, ainda em curso, especialmente no Brasil e nos Estados Unidos. Trata-se de um registro histórico do drama e do agravamento da situação da saúde das populações, acentuado pelas políticas neoliberais capitalistas, conjugando com as ferramentas utilizadas pela extrema direita mundial e reproduzidas a nível nacional pelo movimento bolsonarista. Bolzan é certeiro ao narrar e contextualizar os fatos ocorridos no Brasil desde a patética reunião ministerial de Jair Bolsonaro em 02/04/2020, passando pelo boicote à vacinação e ao uso de máscaras, além da alternância no poder de quatro ministros da saúde durante a pandemia. Similarmente, denuncia a tentativa de privatização da rede de atenção primária de saúde brasileira, em obediência ao capitalismo internacional. A pandemia ceifou a vida de milhares de pessoas. O sofrimento a que a população foi exposta alcançou limites inaceitáveis, agravado pelo governo protofascista bolsonarista. O autor não deixa escapar que a pandemia teve um maior impacto na população negra, historicamente racializada e oprimida. Racismo este, inerente ao modo de produção capitalista, o qual o legitimou e universalizou. Nesse sentido, o livro também evidencia como o sistema capitalista se utiliza do diversionismo negacionista para negar a exploração da mão de obra trabalhadora e a opressão contra mulheres, em nome de uma suposta liberdade individual e econômica. Isso resulta na manutenção de um sistema opressor, que nega a vida em prol do progresso financeiro de uma minoria economicamente favorecida.
Aliando sensibilidade, análise e engajamento, a premiada jornalista Fabiana Moraes articula críticas, propostas e reflexões sobre as relações discursivas do jornalismo com grupos sociais historicamente oprimidos. A autora dá lugar central à pauta, a coluna vertebral da notícia, que reflete e produz olhares sobre as coisas do mundo, situada em um contexto atravessado por hierarquias de gênero, raça, classe social e origem geográfica. Reconhecendo o campo jornalístico como partícipe de narrativas que transformam diferenças em desigualdades, Fabiana investiga caminhos de ruptura com os modos colonizados pelos quais o jornalismo atua desde o século 19; e defende o jornalismo de subjetividade, propondo uma prática reflexiva que possibilite melhores encontros com as alteridades e que jogue luz sobre violências naturalizadas como o racismo, a misoginia e as muitas formas de outrofobia. Em um esforço para aproximar teoria e prática, o livro apresenta três reportagens de Fabiana publicadas no Jornal do Commercio do Recife: "A vida é Nelson" (2012); "Ave Maria" (2013); e "Casa grande & senzala" (2013). A autora se propõe a analisar os trabalhos uma década após sua publicação original, fazendo uma autocrítica e narrando com proximidade afetiva os bastidores dessas reportagens.
Um registro de educadores e pesquisadores de diversos países sobre a trajetória do Patrono da Educação brasileira, Paulo Freire Pedagogia da libertação em Paulo Freire foi publicado originalmente durante as comemorações do 30º ano de publicação de Pedagogia do oprimido.
Que outra forma poderíamos encontrar de "produzir, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens" senão fazendo-os mergulhar na própria história e, aplicando o critério do "clássico", permitir-lhes vivenciar os momentos mais significativos dessa verdadeira aventura temporal humana?