Como entrevistar um paciente? O que perguntar? Utilizar um questionário fechado ou deixá-lo falar livremente? Em que momento e como interrompê-lo? Como observar seu estado psíquico e emocional? O que fazer se ele chorar? Esses são exemplos de dúvidas comuns no dia a dia não apenas de estudantes de medicina, mas de muitos profissionais da área. A partir dessas e de outras questões observadas pelos autores em sua prática como professores da disciplina de Psicologia Médica na Universidade Federal de São Paulo, surgiu a ideia de escrever este livro, que reúne a teoria da área a exemplos práticos, proporcionando ao estudante a oportunidade de pensar sobre o fazer da medicina e a importância da relação médico-paciente no processo saúde-doença.
Potente e emblemático, Lugar de Negro traça um panorama sucinto de um dos problemas sociais mais candentes do nosso país. Passadas quatro décadas de sua publicação original, sua leitura permanece atual e obrigatória para entender as dinâmicas de raça e classe no Brasil. Lugar de negro reúne três textos de duas grandes referências nos estudos das relações entre desigualdade e raça — Lélia Gonzalez e Carlos Hasenbalg —, sintetizando pontos centrais da questão racial brasileira e contribuindo para fortalecer uma luta fundamental do movimento negro naquela época: descontruir o mito da democracia racial, incitado durante a ditadura.
O corpo recusado é uma narrativa pessoal escrita em linguagem corajosa e direta. Aos 70 anos de idade, Luiz Cecilio revisita o duro caminho para assumir-se gay, tudo complicado por uma infecção pelo HIV no final da década de 1980. Ao desafiar o trocadilho “AIDS, essa porra mata” com seu grito de guerra “Não vou morrer dessa porra!”, ele se arma para travar as batalhas de um homem que, aos 40 anos, decidiu que ainda não era hora de morrer. A obra constrói um retrato dos seus encontros amorosos e sexuais com outros homens, num longo processo de “ocupação” do corpo recusado, o que tem se estendido até o envelhecimento.
Muitas são as disciplinas que têm se dedicado ao estudo das ações do Estado, sobretudo a partir dos anos 1980, quando começaram a ganhar fôlego as pesquisas sobre as políticas públicas. Não só diferentes disciplinas se voltaram para esse campo, como os estudos passaram a focar uma grande variedade de temas. Se, por um lado, a pluralidade de olhares contribui para o avanço das pesquisas, por outro, a dispersão disciplinar e temática indica um risco de fragmentação do campo. A necessidade de sistematizar os estudos na área, mas sem abrir mão de um panorama abrangente, motivou o lançamento desta coletânea, que propõe um diálogo entre ciência política, sociologia, administração pública, antropologia, direito, psicologia, demografia, história e relações internacionais.
Este livro deslinda o processo de medicalização que emerge como objeto de estudo no campo da Sociologia da Saúde, a partir segunda metade do século XX, e se desdobra nas vozes de Irving Zola, Ivan Illich, Peter Conrad e Michel Foucault; principais teóricos da crescente influência da medicina em territórios que até então não lhe pertenciam. No decorrer dos anos, o termo vem sendo apropriado por várias áreas e disciplinas da saúde e da educação, entre outras, de forma abrangente e imprecisa, tornando necessária a retomada da discussão conceitual de suas bases teóricas.
A coletânea organizada por Marisa Palácios, professora titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apresenta contribuições e diálogos entre a ética e a saúde pública. As muitas mudanças causadas pelas inovações tecnológicas nas áreas de saúde e, especialmente, na saúde coletiva são debatidas no livro, que reúne textos de especialistas de diversas áreas do conhecimento - Direito, Medicina, Farmácia, Ciências Sociais, Filosofia, Enfermagem, Psicologia - em torno de temas atuais e desafiadores para toda a sociedade.
As organizadoras contextualizam a situação alimentar e nutricional da população brasileira: complexa, caracterizada pela diminuição da desnutrição, aumento do sobrepeso e obesidade e pela má alimentação. Diante deste quadro, a Atenção Básica se apresenta como estratégica parra a concepção e realização de ações de promoção da saúde e cuidado integral.
A explosão dos casos de depressão é um fenômeno mundial e complexo. Sua compreensão requer a mobilização de diversas áreas do saber. O presente livro propõe uma análise aguda e abrangente do problema, trazendo importante contribuição para o estudo desta condição que vem se tornando epidêmica, especialmente após a ascensão do neoliberalismo em nível global.
Em Ensinando a transgredir , Bell Hooks – escritora, professora e intelectual negra insurgente – escreve sobre um novo tipo de educação, a educação como prática da liberdade. Para Hooks, ensinar os alunos a “transgredir” as fronteiras raciais, sexuais e de classe a fim de alcançar o dom da liberdade é o objetivo mais importante do professor. Ensinando a transgredir , repleto de paixão e política, associa um conhecimento prático da sala de aula com uma conexão profunda com o mundo das emoções e sentimentos. É um dos raros livros sobre professores e alunos que ousa levantar questões críticas sobre Eros e a raiva, o sofrimento e a reconciliação e o futuro do próprio ensino. Segundo Bell Hooks, “a educação como prática da liberdade é um jeito de ensinar que qualquer um pode aprender”. Ensinando a transgredir registra a luta de uma talentosa professora para fazer a sala de aula dar certo.
O livro, Saúde: A Cartografia do Trabalho Vivo, trata do agir no âmbito das organizações de saúde, particularmente nos processos produtivos dos atos de saúde, como lugar de uma transição tecnológica para um novo patamar produtivo.
“A alimentação constitui uma espécie de ‘janela com vista’ através da qual se pode observar, conhecer e procurar compreender a articulação de um emaranhado cultural mais amplo”: é a partir desta perspectiva que os autores, cientistas sociais com experiência de ensino e pesquisa em antropologia e sociologia, desenvolvem suas análises. “Aparentemente, para a medicina e para a nutrição, o ser humano se ‘nutre’ apenas de glicídios, lipídeos e protídeos, mas o certo é que os alimentos, além de nutrir, ‘significam’ e ‘comunicam’. O desejo de encontrar esses significados é a razão principal deste livro”, explicam.
Passo a passo, através dos seus capítulos, este livro vai deslindando todo este movimento sociocultural do parto e nascimento no Brasil, apresentando as novas evidências científicas e convidando as mulheres e seus familiares a conhecerem, refletirem e compartilharem entre si e com os profissionais de saúde os seus projetos para o nascimento dos seus filhos. O desejo da mulher quanto ao tipo de parto que ela programou foi o fator mais importante para a sua realização com satisfação materna, como mostrado na Pesquisa Nascer no Brasil.
Essa obra nasceu do compromisso do Projeto VEPOP-SUS com o aprimoramento de saberes e práticas para a inserção criativa e mobilizadora da Educação Popular nos espaços do Sistema Único de Saúde (SUS), provocando os trabalhadores da ponta dos serviços a participar ativamente da construção dinâmica e compartilhada das práticas sociais capazes de reorientar a lógica dos serviços na direção da humanização, da integralidade, da participação da comunidade, da equidade e do acesso universal com qualidade.
Conhecimento e Inovação em Saúde: Experiências do Brasil e do Canadá representa uma iniciativa inédita na literatura especializada, seja pela importância e natureza dos temas abordados, seja por reunir experiências de dois países que, apesar das diferenças, enfrentam problemas comuns na gestão dos seus sistemas de saúde, públicos e universais, seja ainda pelo perfil dos autores, todos eles especialistas renomados em suas respectivas áreas de atuação.
A obra contém reflexões sobre a caracterização social da saúde, suas condicionantes e determinantes, assim como o papel do Sistema Único de Saúde (SUS) frente o conceito de saúde insculpido no artigo 196 da Constituição Federal. São abordados os temas da integralidade da assistência, o financiamento da saúde, a política do sangue e suas implicações éticas.
Os ensaios deste livro trazem à cena o mefistofélico projeto neoliberal de saúde pobre para pobres. O subfinanciamento e a privatização do Estado social brasileiro colocaram dolosamente o Sistema Único de Saúde (SUS) numa situação de muita precariedade na atenção à saúde nesta pandemia. Mesmo antes do colapso do sistema de saúde brasileiro em face a doença Covid-19, a atenção de saúde pública já era carente de pessoal e de suporte de tecnologias de baixa densidade tecnológica.
O livro tem como base a ampla pesquisa desenvolvida durante o doutorado da autora. O título narra um estudo empírico em dois territórios da cidade do Rio de Janeiro: Rocinha e Manguinhos, lugares em que ela acompanhou as práticas de profissionais de saúde pública voltadas para o tratamento da tuberculose. Ao acompanhar as equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) e do dispositivo Consultório na Rua (CnaR) por becos, vielas, viadutos e afins, ela desvela desafios para o enfrentamento da doença, que é diretamente associada a condições sociais precárias.
Esta obra foi elaborada com o objetivo de explorar a Epidemiologia mediante a articulação dos seus aspectos teórico-metodológicos – etapas de produção do conhecimento sistemático e validado – e tecnológicos – aplicação do conhecimento. Desse modo, busca-se revelar a Epidemiologia como um campo disciplinar próprio, já reconhecido como gerador de conhecimentos e tecnologias capazes de subsidiar avanços concretos na situação social de saúde.
Esta obra aborda a relação entre o racismo e a luta de classes na América Latina. Tem como objetivo central apontar o racismo como um determinante da superexploração da força de trabalho neste território. Pretendeu-se evidenciar que a permanência da negação ontológica do negro e do indígena é fundamental à reprodução das relações sociais capitalistas na América Latina: por suas origens coloniais e escravistas e, sobretudo, devido ao caráter dependente do capitalismo que aqui se desenvolve. Com base no materialismo histórico dialético e no pensamento social crítico latino-americano, buscou-se na formação econômica e social da América latina e, de maneira mais aprofundada, do Brasil - os elementos estruturantes que instituem e requerem a latente reprodução do racismo; almejando ir além da constatação das suas expressões para evidenciar a essência das contradições que o sustentam e são sustentadas por ele
Há percursos e percursos! O percurso da Ana Marta Lobosque na Reforma Psiquiátrica Brasileira é vivido, cristalino, iluminado. Ana Marta nos oferece esse percurso com uma rara generosidade: articula histórias, emoções, aprendizados. Ana Marta tem tanta maestria que consegue tornar-se novamente uma aprendiz. Qualidade rara. Qualidade de gente sabia. Quem sabe, também uma virtude da prosa mineira. Entre memorias, experiências e reflexões críticas sobre a prática contemporânea Ana Marta tece laços, qual bordadeira, enlaça, encoraja, compartilha e articula com arte e beleza. Nossa Coleção SaúdeLoucura se orgulha imensamente de ter Intervenções em Saúde Mental entre nós!
O título detalha a extensa trajetória dos estudos sobre as leishmanioses doença infecciosa causada por parasitas protozoários no Brasil, englobando a descoberta de seus agentes etiológicos, as diversas espécies de leishmanias associadas às diferentes formas clínicas da doença, seus hospedeiros reservatórios e os flebotomíneos vetores. Publicada em coedição com a Fino Traço Editora, a obra aborda também aspectos da epidemiologia e ações de controle implantadas em contextos sociopolíticos e momentos diversos.
Quando os idosos se tornam a maioria da população, o mundo entra em colapso econômico e uma crise social se instaura. Enquanto jovens recorrem a tratamentos anti-idade cada vez mais avançados, velhos são jogados à margem da sociedade. É nesse lugar que três personagens de diferentes idades se perguntam sobre qual o sentido de envelhecer em um mundo que despreza a velhice. Velhos demais para morrer, de Vinícius Neves Mariano, foi o vencedor na categoria romance do Prêmio Malê de Literatura. Vinícius constrói uma distopia, em que a imposição antienvelhecimento da sociedade atual é projetada em outra sociedade ficcional, onde a luta desesperada contra os efeitos da passagem do tempo, se configura em um romance original, instigante e envolvente.
A publicação desta segunda edição do livro-cartilha do italiano Ivar Odone vem à luz 34 anos após seu lançamento no Brasil e constitui-se numa iniciativa oportuna e necessária nesse momento em que uma nova reestruturação produtiva vem acompanhada de novas, rápidas e grandes mudanças nas maneiras de se comunicar e trabalhar, de pensar e sentir; enfim, de viver em sociedade. A presente edição foi ampliada com grande competência por um cortejo de textos de autores brasileiros que expõem e analisam a (re)apropriação dos preceitos, postulados e instrumentos de intervenção elaborados nesse livro-cartilha. Avaliam, ademais, seus usos em experiências concretas e as contingências e oportunidades de uso na realidade brasileira dessa proposta pensada para a Itália dos anos sessenta do século XX. A leitura desse livro torna-se obrigatória para todos os técnicos, pesquisadores, educadores e trabalhadores, em geral, interessados nas questões que se referem à Saúde dos Trabalhadores e Trabalhadoras em suas dimensões coletivas e singulares. Nesse sentido, uma leitura atenta percebe sinalizações da necessidade de aprofundar o entendimento de um conjunto de elementos articulados no plano das ciências, das técnicas e humanidades, que atuam na determinação dos processos de saúde e doença que atingem a classe trabalhadora. Essa é uma dimensão sempre presente na leitura e uso da proposta do texto! — Anamaria Testa Tambellini
O livro propõe uma conversa responsável sobre o sofrimento ocasionado pelo legado da colonialidade. Guiadas pela arte de Adelina, pela conversa com Leide, pela escrevivência de Ponciá e pelas cartas de Beatriz e Bruna, falamos de nós. Das que são impedidas de vivenciarem o prazer, o cuidado e o amor por serem quem são, por pensarem o que pensam, por viverem nas ruas, nos manicômios judiciários ou aprisionadas nos mais diversos tipos de institucionalização.
O cotidiano das equipes do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) em Recife, Pernambuco, é a base desta obra, que convida o leitor à reflexão sobre o lugar central da Atenção Básica à Saúde na organização do cuidado e nos processos criativos e inovadores que cercam os profissionais de saúde pública. Organizado por professores e pesquisadores da área de Saúde Coletiva, a coletânia reúne sete artigos, que apresentam aspectos legais e normativos de implantação dos Nasf, passando por questões ligadas às estratégias, ferramentas tecnológicas, desafios, territorialização, planejamento e avaliação dos Núcleos. O livro é mais um a integrar a coleção Fazer Saúde, que estimula diálogo e o compartilhamento de conhecimentos científicos e inovações tecnológicas diretamente ligados à consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS). As muitas experiências e práticas narradas ao longo do livro reforçam, segundo o pesquisador Michael Machado, professor de saúde coletiva da Universidade Federal de Alagoas, a importância do Nasf para a Atenção Básica à Saúde, "não só por ampliar seu campo de ações e o compartilhamento de conhecimentos, saberes e responsabilidades centradas no território, como também por expandir a capacidade de resolutividade clínica das equipes e de todos os trabalhadores envolvidos".
Este livro é um guia para as Equipes de Saúde Mental. Cada profissional que constitui a Equipe (psiquiatra, psicológo, assistente social, terapeuta ocupacional) encontrará aqui por vezes informações óbvias já bem conhecidas no setor a que individualmente pertence. Mas se deparará também com um conjunto de conhecimentos diferentes e pontos de vista singulares que contribuirão para que a Equipe consiga um ponto de vista unitário. Embora cada profissional conheça sua parte, a corrente intervenção psiquiátrica é mais que a soma das partes independentes, é a resultante de contribuições diversas coordenadas e integradas.
Este livro de Clara D´Avila, Lucas Gonçalves, é um livro infantil, bilingue (português e espanhol), feito em homenagem/inspiração em Paulo Amarante, sobre a patologização e medicalização da infância. Ilustrações do artista espanhol Marcos Chica Diaz.
A história da desigualdade de Pedro Ferreira de Souza é uma história dos ricos. Faz sentido olhar para o topo: uma parte imensa da renda está lá. Por essa razão, toda flutuação na renda dos ricos tem um peso desproporcional na evolução da distribuição total. Quando a concentração é muito alta, os ricos conduzem a dança. Conduzem, mas não ditam como deve ser o baile. Este livro encaixa uma peça importante no quebra-cabeças da história econômica brasileira. Com ele, aprendemos sobre quem ganhou mais e quem ganhou menos em quase um século de desenvolvimento. Trata-se do resultado de um trabalho cauteloso, que envolveu uma coleta de dados atenta, selecionou as informações mais precisas e usou as melhores ferramentas, a fim de apresentar a série histórica mais longa e completa sobre a desigualdade no Brasil.
Nestes quarenta anos de Reforma Sanitária houve avanços tanto no espaço simbólico, quanto no provimento concreto de leis, normas e serviços voltados para a defesa da vida das pessoas. Mas, ao mesmo tempo, o SUS ainda é incompleto e importante para superar exclusões e abusos que representam entraves para o atendimento dos interesses e necessidades de grande parte da população. Além do mais há degradação da qualidade de vida da maioria do povo, violência, quase ausência de políticas de saneamento e de habitação, exploração ampliada do trabalho e desrespeito à noção de cidadania.
As muitas mulheres negras presentes no romance Água de barrela, de Eliana Alves Cruz encontram no lavar, passar, enxaguar e quarar das roupas das patroas e sinhás brancas um modo de sobrevivência em quase trezentos anos de história, desde o Brasil na época da colônia até o início do século XX. O título do romance remete a esse procedimento utilizado por essas mulheres negras de diferentes gerações e que garantiu o sustento e a existência de seus filhos e netos em situações de exploração, miséria e escravidão. A narrativa inicia-se com a comemoração do aniversário de umas das personagens após viver um século de muitas lutas, perdas, alegrias, tristezas e principalmente resiliência. Damiana, personagem central para a narrativa, cansada das batalhas constante e ininterruptamente travadas pela liberdade, se vê rodeada por sua família e se recorda dos tempos de lavadeira.
O livro O jogo como prática de saúde é resultado de estudos iniciados em 2009 que buscaram articular três campos do conhecimento: a saúde, a comunicação e os jogos. Marcelo Simão de Vasconcellos, Flávia Garcia de Carvalho e Inesita Soares de Araújo nos trazem uma proposta inovadora: valorizar os jogos como prática humana e social e considerar seu potencial criativo para integrá-los às práticas de saúde. O ineditismo fez do livro o primeiro da coleção Fazer Saúde, que vem se somar às outras sete da Editora Fiocruz Antropologia e Saúde; Bioética e Saúde; Criança, Mulher e Saúde; História e Saúde; Loucura e Civilização; Saúde dos Povos Indígenas; e Temas em Saúde. Os autores privilegiam a análise dos jogos digitais, amplamente disseminados nas sociedades contemporâneas, mas pouco estudados além de duas categorias a de jogos educativos e a de instrumento de divulgação científica. Para isso, descrevem e discutem experiências como o uso de newgames sobre epidemias; os jogos voltados para grupos que vivenciam doenças de difícil abordagem, como crianças com Síndrome de Down ou autismo; e outros desenvolvidos pra pessoas idosas com o objetivo de reduzir o risco de Alzheimer. A discussão vai além do uso terapêutico dos jogos: trata da sua inserção em contextos sociais e culturais mais amplos e do envolvimento na experiência lúdica de grupos de referência.
É preciso garantir o direito. É preciso cuidar das pessoas. das etnias, dos mais vulneráveis e que o desenvolvimento não se traduza em impacto negativo na saúde das populações atingidas por esses empreendimentos. Alertamos que, diante de tão graves ameaças à vida na Amazônia, é necessário amplificar o debate: cancelar todos os projetos hidrelétricos para a Amazônia; diversificar a matriz energética brasileira aumentando investimentos em outras formas de energia, como as energias renováveis (eólica, solar e biomassa) para responder às demandas da sociedade; preservar os rios da Amazônia mantendo seus fluxos, para as populações ribeirinhas e para as atuais e futuras gerações; explorar racionalmente os recursos naturais; manter a floresta em pé e proteger os povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas e comunidades rurais, garantindo seus direitos.
De todos os humanos, o negro é o único cuja carne foi convertida em mercadoria. Aliás, negro e raça têm sido sinônimos no imaginário das sociedades europeias. Desde o século XVIII, constituíram ambos o subsolo inconfesso e muitas vezes negado a partir do qual se difundiu o projeto moderno de conhecimento e também de governo. Será possível que a relegação da Europa à categoria de mera província do mundo acarretará a extinção do racismo, com a dissolução de um de seus mais cruciais significantes, o negro? Ou, pelo contrário, uma vez desmantelada essa figura histórica, todos nós nos tornaremos os negros do novo racismo fabricado em escala global pelas políticas neoliberais e securitárias, pelas novas guerras de ocupação e predação e pelas práticas de zoneamento? Neste ensaio ao mesmo tempo erudito e iconoclasta, Achille Mbembe empreende uma reflexão crítica indispensável para responder à principal questão sobre o mundo contemporâneo: como pensar a diferença e a vida, o semelhante e o dessemelhante?
A preceptoria de residentes para atuarem na expansão e fortalecimento das políticas de saúde é estratégica em países com sistemas universais de saúde, como Brasil e Espanha. Um contingente crescente de profissionais de saúde vem participando do processo ensino-aprendizagem-avaliação de residentes, muitas vezes sem o apoio institucional necessário para o desempenho desta função, em concomitância com aquelas relativas à atenção à saúde. O projeto investiga a experiência destes preceptores em programas inovadores no Brasil e na Espanha, e subsidiará estratégias de desenvolvimento profissional para preceptores. Em parceria do Instituto de Comunicação e Informação Científica Tecnológica da Fiocruz, do Instituto de Medicina Social da UERJ e apoio da Comisión Nacional de la Especialidad de Medicina Familiar y Comunitária, órgão assessor do Ministério da Saúde Español, e da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde do Ministério da Saúde, e Organização Panamericana de Saúde. Em 2011 foi realizada coleta de dados na Espanha, como parte do programa de Mobilidade de Docentes Brasileiros, em parceria da CAPES com a Fundación Carolina. Em 2014 teve início a ampliação do projeto para investigar quali e quantitativamente a preceptoria em programas de Residência em Medicina de Família e Comunidade (Brasil e Espanha), Residência Multiprofissional em Saúde da Família, Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia, Residência Multiprofissional em Saúde da Mulher e Residência em Enfermagem Obstétrica.
Este volume é dedicado à reflexão sobre o complexo econômico-industrial da saúde (CEIS), a partir da proposição de que a articulação entre avanço tecnológico, desenvolvimento produtivo e promoção da saúde é fundamental para garantir efetividade na formulação de políticas públicas para o setor. Organizadores e autores do livro defendem a necessidade de conjugar conceitos de diversas áreas da ciência para o fortalecimento do CEIS, diante da profunda desarticulação das competências tecnológicas e produtivas e da perda de oportunidades para avançar na estruturação de um sistema público de saúde”, efeitos da condução neoliberal da economia que prevaleceu na década de 1990. Os cinco capítulos são apresentados como parte “de uma visão integrada, sistêmica e de economia política”, analisando aspectos relacionados à produção e inovação no âmbito do CEIS, e buscando consolidar bases políticas e acadêmicas para a construção “de um projeto nacional assentado no avanço social e da estrutura produtiva”. O livro integra um conjunto de publicações resultantes da iniciativa Brasil Saúde Amanhã, rede multidisciplinar de pesquisa, coordenada pela Fiocruz, com apoio do Ministério da Saúde.
O livro Saúde Coletiva e Epidemiologia é o primeiro volume da coleção Manuais para Concursos e Residências em Odontologia. Já em sua segunda edição, este manual traz resumo teóricos atualizados com as novas leis e diretrizes, mapas mentais e questões comentadas de provas recentes de concursos e residências sobre Saúde Coletiva e Epidemiologia em Odontologia, um dos tópicos mais cobrados nos processos seletivos.
Este livro pretende fornecer exemplos de estruturas que incentivem a atenção à multidimensionalidade e à complexidade da vulnerabilidade de desastres. O livro também pretende promover o debate no Brasil e em todas as Américas sobre a vulnerabilidade aos desastres, analisando suas dimensões sociais, econômicas, ambientais, políticas, técnicas e institucionais.
Mulheres, raça e classe, de Angela Davis, é uma obra fundamental para se entender as nuances das opressões. Começar o livro tratando da escravidão e de seus efeitos, da forma pela qual a mulher negra foi desumanizada, nos dá a dimensão da impossibilidade de se pensar um projeto de nação que desconsidere a centralidade da questão racial, já que as sociedades escravocratas foram fundadas no racismo. Além disso, a autora mostra a necessidade da não hierarquização das opressões, ou seja, o quanto é preciso considerar a intersecção de raça, classe e gênero para possibilitar um novo modelo de sociedade.
Esta coletânea reúne textos de autores especialistas no tema Envelhecimento. Os capítulos procuram ampliar os estudos e debates sobre o processo do envelhecimento humano, tendo como ponto de partida o olhar interdisciplinar no processo de cuidar. Um trabalho de interesse para profissionais e estudiosos nas áreas da Medicina, Fisioterapia, Nutrição e Enfermagem, entre os vários campos do cuidar.
Esta obra pretende refletir sobre o Brasil que queremos em um horizonte de vinte anos. Comprometido com a efetivação do SUS e a melhoria da saúde pública brasileira, o livro discute temas como projeções do perfil epidemiológico do país, organização e gestão dos serviços de saúde. Para identificar tendências, construir indicadores e intervir na realidade, os autores utilizam as ferramentas da prospecção estratégica. “Prospectar o futuro é ter um programa de ação. É criar elementos para a articulação e indução de políticas econômicas e sociais, no interesse do desenvolvimento com equidade, fomentando o acesso e a inclusão de camadas excluídas, expandindo e assegurando direitos sociais às significativas parcelas da população que permanecem marginalizadas”, explicam os organizadores. “Tomando a realidade atual como ponto de partida e a materialização das aspirações como ponto de chegada, torna-se possível projetar futuros favoráveis ao desenvolvimento econômico e social, dos quais faz parte um patamar mais elevado de gasto público em saúde, compatível com a universalização do acesso, há tanto anunciada”. O livro integra um conjunto de publicações resultantes da iniciativa Brasil Saúde Amanhã, rede multidisciplinar de pesquisa, coordenada pela Fiocruz, com apoio do Ministério da Saúde.
Assim, temos, na primeira parte – Trajetória – dois textos que contam, indiretamente, um pouco de sua trajetória pessoal e profissional: Resumo de um projeto de pesquisa em curso sobre “influência do fator humano nos acidentes de trabalho”, apresentado por Marco Antonio Bussacos, e Três lições do professor Wisner, comentado por Leila Nadin Zidan. Na parte 2, Sindicatos, são apresentados escritos que apresentam reflexões sobre as contribuições possíveis de análises do trabalho à representação sindical e sua luta em favor dos trabalhadores. O primeiro texto, escrito a quatro mãos com Catherine Teiger e por ela apresentado, discute as relações da ergonomia da atividade com a formação sindical e a atuação para a melhoria das condições de trabalho. No segundo texto, apresentado por Marianne Lacomblez, Leda discute A Análise Coletiva do Trabalho e os sindicatos. Este conjunto destaca sua influência como pesquisadora e intelectual junto a grupos de pesquisa de outros países, notadamente na França, Portugal e Canadá. Encerram esta parte dois trabalhos – Quatro seminários de ergonomia para sindicalistas, no qual Leda discute as estratégias de ensino adotadas para o debate sobre a Norma Regulamentadora 17, de Ergonomia, com representantes sindicais; e Em defesa das pausas no trabalho, apresentado por Maria Cristina Gonzaga, que foi preparado para um livro publicado pelo DIESAT.. Em Teoria e Métodos são apresentados textos que discutem questões teóricas ou metodológicas relevantes para a análise do trabalho. São eles: Trabalho em turnos: temas para discussão, com apresentação de Elizabete Mendonça; Quam artem exerceas?, apresentado por Tarcisio Buschinelli; Sobre a enquete operária de 1880, de Karl Marx, apresentado por Daniela Sanches Tavares; A Psicodinâmica do Trabalho e a Análise Coletiva do Trabalho, com apresentação de Laerte Idal Sznelwar. Leda desenvolveu a Análise Coletiva do Trabalho (ACT), método de estudo do trabalho feito em conjunto com os trabalhador
Em relação a políticas públicas, a sociedade contemporânea se comporta de duas maneiras distintas: pode ser mais esclarecida e participante, solicitando melhores resultados da gestão pública na solução de seus problemas, ou assiste estarrecida aos fatos que envolvem os desvios em torno da gestão pública. Entender como se articulam as variáveis, explícitas ou implícitas, na formulação, na execução e na avaliação das políticas públicas, é uma necessidade urgente. Este livro propõe olhar os acontecimentos recentes, da perspectiva do conhecimento de políticas públicas.
A publicação, com mais de 600 páginas, colorida e ilustrada, reúne as três partes revisadas do Dossiê Abrasco lançadas ao longo de 2012, além de uma quarta parte inédita intitulada “A crise do paradigma do agronegócio e as lutas pela agroecologia”. O livro é uma co-edição da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fiocruz, e da editora Expressão Popular. Este capítulo inédito, concluído em outubro de 2014, foi dedicado à atualização de acontecimentos marcantes, estudos e decisões políticas, com informações que envolvem os agrotóxicos, as lutas pela redução dessas substâncias e pela superação do modelo de agricultura químico-dependente do agronegócio. A leitura desse cenário mais recente revela que a situação do país em relação aos agrotóxicos está ainda mais grave e que a correlação de forças no campo social propicia desafios maiores. O consumo de venenos agrícolas cresce ano após ano, está em curso um processo de desregulamentação do uso de agrotóxicos no país. Não é por falta de confirmação dos efeitos nocivos à saúde e ao ambiente que a grave situação de uso indiscriminado de agrotóxicos no Brasil não é revertida. O livro reúne informações de centenas de livros e trabalhos publicados em revistas nacionais e internacionais que revelam evidências científicas e correlação direta entre uso de agrotóxicos e problemas de saúde. Não há dúvida, estamos diante de uma verdade cientificamente comprovada: os agrotóxicos fazem mal à saúde das pessoas e ao meio ambiente. A sociedade brasileira resiste ao uso de agrotóxicos, tem se organizado e avança na conquista de políticas públicas importantes, como a Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer e a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica. Sobre a agroecologia – que o livro trata com dedicação especial nesta quarta parte, temos a possibilidade concreta de implementar o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (PRONARA).
Baseando-se em reflexões sobre a infância Guarani, este livro dedica-se a pensar sobre o quanto processos de ensino e aprendizagens infantis, vivenciados fora da escola, podem contribuir para planejamentos docentes mais pautados em teorias indígenas do conhecimento. A partir de pesquisas realizadas junto a uma comunidade Mbya-Guarani na região central do Rio Grande do Sul, discute-se a ideia de campo da educação escolar indígena, pontuando as relações entre noção de pessoa, território, interculturalidade e gestão educacional.
O Brasil é o recordista mundial de cesáreas. Aqui, de 52% a 88% dos partos são cirúrgicos na rede pública e na rede privada, respectivamente. Porém, não é só o alto número de cesarianas que chama a atenção, mas o que está por trás disso: as cesáreas são a escolha da maior parte das gestantes e dos profissionais que cuidam delas. Nesta obra, a autora - antropóloga e feminista - pesquisou um grupo que que optou por parir diferentemente: da maneira mais natural possível. Ela quis seguir na contramão para encontrar as famílias que buscam a humanização do nascimento. A pesquisadora constatou que essas mulheres queriam tomar as rédeas da situação: ser as protagonistas de suas próprias histórias, dizendo em alto e bom som que o que acontece na cena de parto, em geral, não lhes agrada. E essa tomada de decisão as empoderou. A autora ouviu de duas delas: Eu tenho muito mais confiança em mim e naquilo que posso fazer e viver e isso é realmente incrível e Hoje, eu acho que posso tudo. Apesar de não terem tido experiências com o feminismo, certamente, elas têm muito a acrescentar ao movimento.
Paolo Rossi faz aqui uma reflexão sobre o tema alimentação para demonstrar que o simples ato de comer está muito mais carregado de significados, culturais e antropológicos, do que se pode imaginar quando se se pensa em assuntos como dietas saudáveis, desnutrição e gastronomia, muito em voga atualmente. Nesse estudo, ele investiga e descreve a inextricável mistura de sentimentos envolvidos no ato de alimentar-se – necessidade básica, desejo primal, obsessão patológica –, explorando as inúmeras nuances que o verbo comer assumiu na história da humanidade. A própria multiplicidade de metáforas alimentares empregadas no dia-a-dia de qualquer pessoa (“comer com os olhos”, “engolir um sapo”, devorar um livro”), sugere Rossi, é indicativa da miríade de desejos primários e emoções profundas que povoam o universo da alimentação. Com elementos pinçados da história das ideias, ele constrói um mosaico de cenários e situações em que esses sentimentos se revelam. E mostra como é profunda a ligação entre o comer e a condição humana, e como, para além de satisfações fisiológicas, existem elos de ordem psíquica que resvalam na fronteira do plano mítico. A pesquisa, atemporal, atravessa culturas e temas, como a fome em diferentes épocas e sociedades humanas, incluindo a contemporânea, aborda o jejum, a greve de fome, o canibalismo, o vampirismo, o serial killers, que transgride o maior dos tabus, ao devorar suas vítimas.
Nesse livro apresentamos como quatro Redes de Atenção Psicossocial (RAPs), de municípios do Estado do Rio de Janeiro envolvidos nessa pesquisa, sustentam a acessibilidade e a produção do cuidado na atenção à crise em saúde mental. Procuramos aqui ir para além de só entender essa dinâmica do ponto de vista da relação entre demanda e oferta por serviços de saúde, tentando trazer para a cena do objeto de estudo a noção de acesso e barreira no plano do cuidado em si. Essa pesquisa foi construída do começo ao fim, por meio de uma cooperação de trabalho entre um coletivo que incluiu: trabalhadores dos Serviços de Saúde Mental dos cinco municípios do estado, a Coordenação de Saúde Mental do Estado do Rio de Janeiro, o Laboratório de Estudo, Trabalho e Assistência em Saúde (LETRAS) do IPUB (Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro) e pesquisadores da Linha de Pesquisa Micropolítica do Trabalho e o Cuidado em Saúde, da Pós-Graduação em Clínica Médica da UFRJ.
Apresenta análises sobre os modos como o campo jornalístico produz sentidos e representações sobre a saúde e a doença no contexto contemporâneo. Aborda as implicações das narrativas jornalísticas na construção do cuidado com a saúde; na preocupação com epidemias e com os riscos de adoecer e sofrer; na obsessão pelo bem estar e pela boa forma; e nas percepções sobre o SUS e os serviços públicos de saúde. Discute também teorias e procedimentos analíticos para o estudo da mediação jornalística no contexto da cobertura de temas da saúde.
Apesar dos números significativos no âmbito da desinstitucionalização psiquiátrica e dos ganhos positivos para os usuários de moradias assistidas no Brasil, este livro demonstra que ainda há muito a ser feito no país. A partir de uma avaliação participativa e interdisciplinar, os autores apresentam suas reflexões sobre as experiências vivenciadas com membros dos projetos de Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs), Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e Núcleos de Atenção Psicossocial (NAPS). Essa rica investigação de campo, com a qual se procura conhecer melhor as habitações de pessoas com transtornos mentais graves através do olhar de quem as habita, é acompanhada por um vasto arcabouço teórico, proveniente de diversas fontes e disciplinas - arquitetura, antropologia, psicanálise e saúde coletiva. A obra expõe também a reflexão dos pesquisadores em termos de uma práxis de reflexividade durante as interações com os participantes. O trabalho em grupo acompanhou rotinas diárias dentro e fora das habitações, tentando descobrir a configuração da moradia em seus aspectos físicos, a experiência dos moradores a partir do significado de habitar e da organização das pessoas no espaço de moradia, bem como a rede de relações dos moradores na comunidade. Além de revelar a complexidade do morar e do habitar desse grupo de pessoas estudado, outra grande contribuição deste volume é a elaboração de proposições acerca do tema a partir dos resultados convergentes das diversas áreas envolvidas na pesquisa. Tais propostas objetivam uma nova resposta social para o avanço não só da garantia, mas da qualificação do provimento desse direito fundamental constituído pelo morar.
Desde sua nona edição, O Desafio do Conhecimento apresenta um conteúdo ampliado e aprimorado das oito edições anteriores, trazendo ao leitor uma reflexão madura sobre pesquisa social e pesquisa qualitativa em saúde. A autora, uma das mais importantes cientistas sociais do campo da saúde no Brasil, oferece aos leitores orientações sobre teoria, metodologia, estratégias, técnicas e exemplos práticos a partir de seus mais de trinta anos de experiência profissional. Por isso, este livro problematizador e questionador apresenta também instrumentos práticos para o passo-apasso de uma investigação. Por sua complexidade e abrangência, é uma obra imprescindível para cientistas sociais, planejadores, epidemiologistas e para diferentes categorias de investigadores, profissionais e estudantes que se proponham a pesquisar utilizando a abordagem da pesquisa social qualitativa.
Democracia, eleições, descentralização, participação, financiamento, repartição, cooperação, pactuação: palavras que, cada vez mais, ocupam o espaço público e revelam a importância de estudos sobre o Estado brasileiro. Conhecê-lo é fundamental para que se desenhem e implementem políticas mais eficazes, justas e apropriadas aos nossos problemas. Variadas contribuições para que se cumpram tais objetivos estão reunidas nesta coletânea, cujos capítulos exploram e analisam de diversas maneiras as relações entre o sistema federativo e as políticas públicas. Com a devida espessura teórica, os artigos abordam a estrutura e o funcionamento do Estado brasileiro, assim como suas conexões com o sistema e as instituições políticas, e as consequências para a consolidação da democracia e da cidadania. Em um contexto de revalorização do planejamento governamental no Brasil e de ampliação da esfera pública no país, o livro se dirige tanto aos estudiosos da área quanto aos profissionais diretamente envolvidos com as ações do Estado.
Este livro se dirige aos estudantes de saúde pública, bem como aos que integram cursos profissionalizantes. Seu conteúdo apresenta linguagem objetiva, e traz capítulos que expressam conhecimentos da moderna saúde pública. O livro segue a linha doutrinária
Nesta obra, o autor procura mostrar que é preciso pensar a malandragem, entender a capoeira como uma aproximação entre pessoas e ao mesmo tempo como uma luta perigosíssima. Quando isso acontece a capoeira retrata as adversidades vividas historicamente pelo capoeirista.
Ao investigar nosso sistema de saúde – o público e o privado –, este livro propõe alternativa para fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) e fustigar o poder econômico do capital financeiro e dos oligopólios. Afinal, segundo Ocké-Reis, esse sistema paralelo reproduz desigualdades sociais, favorece o crescimento do mercado e inviabiliza os preceitos constitucionais da saúde. Enquanto o SUS atravessa uma crise crônica de financiamento, a consolidação dos planos acaba concentrando renda e subtraindo recursos do setor público de saúde. De acordo com autor, o setor privado mais prejudica do que colabora com o setor público, porque o aumento do gasto privado e o fortalecimento do poder econômico corroem a sustentabilidade do financiamento público na arena política, levando a um círculo vicioso, caracterizado por uma queda relativa do investimento na saúde pública. Ocké-Reis, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), defende uma regulação substantiva do mercado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que não pode ter sua atuação ameaçada pela concentração, centralização e internacionalização das operadoras líderes. A ANS deve organizar o mercado na perspectiva do interesse público, impedindo que a assistência à saúde seja convertida em um bem de consumo como outro qualquer.
O leitor vai encontrar neste livro as razões para embasar suas críticas ou para refinar o uso das tecnologias da web. Uma discussão perspicaz e estimulante sobre as promessas da internet. Indo além da febre da multidão cibernética, Dreyfus, um celebrado escritor de filosofia e tecnologia, questiona se a internet pode realmente levar a humanidade a um novo nível de participação de modo a resolver os problemas da educação em massa.
O nascimento de um bebê entre o povo Beng, no Oeste africano, não é visto apenas como o início de uma nova vida. Ele é contemplado como uma reencarnação depois de longa e próspera existência na “cidade dos espíritos”, lugar para o qual a essência das pessoas viaja quando seu corpo morre. Longe de ser uma tábula rasa, uma criança Beng, acredita-se, inicia sua vida repleta de conhecimento espiritual. A forma como os Beng criam seus filhos a partir de tais crenças é a matéria trabalhada por Alma Gottlieb neste original e envolvente estudo da antropologia dos bebês. A autora mostra como a ideologia religiosa afeta todos os aspectos das práticas de criação entre os Beng – desde o ato de banhar as crianças para protegê-las de doenças até o modo de ensiná-las a engatinhar e andar – e como a pobreza generalizada limita essas práticas. O abismo entre a riqueza espiritual e social e a carência material conduz a antropóloga a discussões comparativas que se concentram, de um lado, nos Beng, e, de outro, em um grupo de orientações filosóficas de origens predominantemente europeias. A partir de suas experiências pessoais, Alma apresenta considerações sensíveis sobre como sua própria concepção de ser mãe alterou-se ao longo da pesquisa de campo, indicando que as práticas do cuidado dos bebês são resultado de uma construção cultural. Antropólogos, sociólogos, pessoas interessadas no papel da cultura na vida das crianças (e vice-versa) e, de fato, todos os pais e mães desfrutarão a leitura do texto maravilhosamente reflexivo de Tudo Começa na Outra Vida.
Este livro pretende facilitar a gestores e técnicos vinculados ao sistema de saúde, em seus diversos níveis, o acesso à consulta rápida a sistematização de temas relevantes do cotidiano da organização da assistência à saúde. Em síntese, representa o esforço de tornar o mais acessível possível conceitos, definições e experiências úteis especialmente para técnicos e profissionais que labutam cotidianamente para a construção do SUS.
Valla nos levará até as formas e as condições de vida da população pobre nas cidades. Vida-saúde-pobreza instigaram suas formas de pensar e agir como educador.
Esta obra pretende apresentar os pressupostos teóricos e os resultados de uma pesquisa sobre os condicionantes da regionalização da saúde nos estados brasileiros. O trabalho permite apreender a dinâmica de funcionamento das instâncias federativas em âmbito estadual e suas interações com os processos de organização político-territorial do sistema de saúde. As análises apresentadas bucam sugerir dilemas e desafios para as políticas de saúde em sua interface com a região, o federalismo e o modelo de desenvolvimento socioeconômico no Brasil.
Membros do Grupo de Pesquisa Interdisciplinar em Saúde da Universidade de Montreal, no Canadá, criaram um modelo para a avaliação das intervenções em saúde e o apresentaram pela primeira vez de forma completa em 2009, em um livro em francês. A publicação, dirigida especialmente a pesquisadores e gestores, foi traduzida para o português e lançada no Brasil pela Editora Fiocruz. O modelo de que trata o livro, desenvolvido há duas décadas, foi testado com sucesso em pesquisas avaliativas realizadas não só no Canadá, mas também em países da Europa, África e América do Sul, especialmente no Brasil. As indicações contidas no livro podem ser aplicadas para a avaliação de diferentes intervenções em saúde, como políticas, programas, organizações, tratamentos e tecnologias. Mas o modelo de avaliação proposto é suficientemente amplo e global para ser utilizado em outros campos tais como a educação, os serviços sociais ou a administração pública, para citar somente esses, sublinham os organizadores. Os capítulos detalham seis tipos de avaliação: análise estratégica; análise lógica; análise da produção; análise dos efeitos; análise econômica; e análise da implantação
A autora procura, por meio de sua obra, detalhar a teoria da casualidade, dentro do temário epistemológico em cada um dos casos de Freud e de Lacan. Em Lacan a teoria freudiana das quatro causas se desdobra e ramifica, entre a noção de determinação, desenvolvida em torno e em dependência com a teoria do significante, e a teoria propriamente da causa, conexa da noção de objeto a. O principal objetivo da obra é mostrar como o problema da causalidade é estratificado na teoria psicanalítica porque esta tem que explicar tipos específicos de transformação verificados em sua prática clínica.
Esta obra procura mostrar como o risco se tornou um tema considerado popular nas últimas décadas e como esse processo afetou o campo da promoção da saúde, incluindo questões associadas ao estilo de vida, à genética e aos contextos socioculturais. Além de
Ao longo dos artigos aqui reunidos, descortina-se um painel de pesquisas, discussões e contribuições, que vai desde o percurso da elaboração desse conceito por Lacan, passando pela sua função na constituição e estruturação do sujeito, até suas formas de aparição na clínica psicanalítica e nas artes.
Um manual. Assim a autora organizou esta obra, que será sem dúvida uma grande contribuição para os farmacêuticos, ao satisfazer a sua necessidade de entender e dominar os aspectos legais envolvidos no dia a dia da profissão. De modo simples e direto, traz as principais leis e normas que balizam as atividades, prestando um grande serviço ao ensino das Disciplinas Deontologia e Legislação Farmacêutica, que careciam de um livro-texto capaz de dar ao estudante uma visão panorâmica do assunto.
Diante das grandes mostras de descuido e negligência com a vida nos dias de hoje, tornam-se fundamentais reflexões sobre ética e cuidado. Para a abordar esses temas, os estudos reunidos nesta coletânea partem da vulnerabilidade da criança e do adolescente na sua saúde física e mental e recolhem contribuições que ampliam esse escopo para os campos do direito, da sociologia, da filosofia e da segurança pública. Articulando o trabalho dessas áreas do conhecimento com a prática clínica diária da Maternidade Escola da UFRJ foi implementada uma grande rede insterdisciplinar para pensar este cotidiano clínico e social. Este livro é um dos desdobramentos do fórum de debates que se estabeleceu em torno dessa rede, que também deu origem ao curso de pós-graduação em Atenção Integral à Saúde Materno-Infantil. Apesar de boa parte dos autores serem ligados à área de saúde, este não é um livro voltado para especialistas. O objetivo dos escritos aqui reunidos é provocar uma iniciativa de cuidado, buscando barrar o sentimento desolador de descuido. Tudo isso é feito por meio de estudos rigorosos que aprofundam a questão sob diversos pontos de vista, buscando ampliar ainda mais a rede de interlocutores. Para finalizar, vale destacar uma frase de Carlos Minc, na orelha do livro, que resume bem sua importância: "Esta coletânea coloca a ética do cuidar no centro de diferentes linhas de pesquisa e atuação multidisciplinares para um profundo e necessário resgate civilizatório."
Obra que atende a estudantes e a profissionais da saúde não especialistas em bioética, mas interessados em conhecê-la, visto que normalmente se sentem profundamente incomodados com os problemas de sua prática habitual que apresentam interface com questões de natureza ética. Propõe-se a oferecer ao leitor um panorama da bioética em duas perspectivas: a da disciplina acadêmica e a do saber aplicado a diversos problemas relacionados ao cotidiano das práticas em saúde. E mais: busca expor a bioética como saber capaz de construir uma nova ponte entre a prática clínica e a prática em saúde pública. Se, por um lado, é difícil perseguir a originalidade quando se assume a tarefa de resumir um campo para leitores neófitos, por outro, esse é sempre um exercício à espera de ser feito, ainda mais em áreas tão interdisciplinares quanto é a bioética. Nesse sentido, o livro cumpre o prometido: de fácil leitura, convida à reflexão, ampliando as fronteiras do pensamento para quem tem o dever de exercitar a dúvida em situações como as provocadas pelo aborto, por exemplo, em que as crenças religiosas dos profissionais da saúde costumam se sobrepor aos deveres da assistência em saúde. Outro dado interessante: talvez por ser um campo tão aberto e com múltiplas fronteiras disciplinares, os autores deram preferência por não definir a bioética. Apresentaram-na por seu objeto de pesquisa e espaço de atuação, não por meio de conceitos. Para o público a que se dirige, essa pode ser uma estratégia eficaz, pois o aproximará pela experiência e não pela abstração da teoria.
O gestor público, em especial da área da saúde, busca a desburocratização da administração pública com a introdução de categorias jurídicas que favoreçam a gestão federativa integrada e a prestação de serviços mais céleres e efetivos. A fundação estatal, formato de entidade pública que integra a administração indireta do Poder Público vem sendo apontada como instrumento adequado para prestação de serviços públicos ao cidadão tanto pelo setor público quanto pela sociedade. Esta obra pretende trazer um pouco de luz à presente discussão, aprofundando aspectos jurídicos e administrativos dessa categoria institucional. Os autores, de reconhecidos méritos, fazem profunda análise do modelo fundacional na administração pública.
Um dos principais objetivos desta publicação é discutir a relação entre etnia, nação e Estado. Busca, portanto, compreender como a interação entre esses elementos produziu a necessidade de solidariedade, tolerância e promoção dos direitos humanos. Nesse sentido, mostra que, apesar de ter havido a consolidação de normas de alcance universal, isso não evitou, em diversas ocasiões, a violação dos direitos humanos por esses mesmos Estados.
Este livro detalha a experiência do Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira, de Sousas (Campinas, SP) . Escrito pelos protagonistas responsáveis por cada projeto assistencial, representa um esforço coletivo de reflexões sobre os caminhos construídos e sobre as aprendizagens conquistadas durante estes anos.
Bocas em Canto - Adaptações de Cantigas e Parlendas Para Saúde Bucal - Livro do Educador 1
A obra é resultado de parte da produção do Grupo de Trabalho em Políticas Públicas da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs). Os autores examinam conceitos e modelos teóricos, sumariam o conhecimento produzido no Bras
Este livro pretende facilitar aos profissionais que atuam na área da saúde pública, e que vivenciam o SUS no dia a dia a complexidade a ela inerente, o entendimento das questões relativas à gestão do Sistema Único de Saúde. O conteúdo do livro trata da explicitação dos conceitos econômicos, notadamente os referentes à microeconomia e de sua transcrição à luz da saúde.
O livro apresenta os seguintes capítulos - Eixos de conformação do método; O caráter anti-Taylor do método; A co-gestão, o fortalecimento do sujeito e da democracia institucional; Por uma reconstrução conceitual do trabalho; A visão de mundo dialética; A co-produção de sujeitos e de coletivos; Democracia institucional e co-gestão de coletivos organizados para a produção; Método para apoio a coletivos organizados para a produção - a capacidade de análise e de intervenção.
Livro que se propões a analisar os novos desafios teóricos, éticos e políticos para o feminismo no campo da reprodução, dos direitos e do enfrentamento à mercantilização do corpo e da vida das mulheres.
Relações raciais e educação. Juntos, os temas vibram e tornam-se pontos referenciais para entender os vínculos entre as politicas públicas e a desigualdade social. O autor examina a maneira pela qual leituras científicas sobre a sociedade definiam negros e carentes como deficientes e como essa concepção passou a influenciar as práticas educacionais.
"Podemos", guerra ou luta no idioma grego, é uma obra que trata das origens e das repercussões da obra de Darwin, no século e meio que sucedeu à sua publicação, e dos debates, muitas vezes acalorados e violentos, que produziu. Até hoje, nas áreas mais conservadoras do Sul e do Centro-Oeste dos Estados Unidos, criacionistas e fundamentalistas bíblicos negam a evolução e o processo de seleção natural proposto pelo grande biólogo inglês. O darwinismo é um divisor de águas que, na época, foi considerado revolucionário por alguns e subversivo por outros.
Saúde Paideia é um texto de ação. Uma coletânea escrita na e para a situação de gestão. Alguns textos mais prescritivos, outros mais analíticos, todos contêm a marca do compromisso com o fazer acontecer. Textos nascidos do encontro com a experiência e na experimentação.
Os estudos sobre loucura, processo saúde/doença mental, reforma psiquiátrica, subjetividade e comportamento humano conformam um vasto campo de conhecimentos que tem sido objeto de inúmeras áreas de saber. A natureza das questões envolvidas fazem desse campo um dos mais interdisciplinares e complexos dos tempos atuais, tamanha a diversidade de disciplinas que dele se ocupam (antropologia, sociologia, história, filosofia, psicanálise, psicologia, dentre outros) e que, não obstante, requerem ainda permanentes rupturas nas fronteiras e territórios de tais saberes. No Brasil, principalmente nos últimos anos, tais estudos vêm merecendo uma atenção e um debate visivelmente crescentes. Não apenas nos centros acadêmicos, mas também no âmbito dos serviços e da cultura, na medida em que nosso país vem sendo palco de um dos mais importantes processos de transformação na área da saúde mental.
Este livro apresenta metodologias para avaliação que combinam a firmeza no uso de conceitos lógicos com a sensibildiade para as questões sociais e filosóficas que cercam o tema.
Para que se produzam as mudanças necessárias de modo que a vigilância sanitária se constitua, efetivamente, numa prática de proteção e defesa da saúde, deve-se examinar a história e o desenvolvimento das políticas de Vigilância Sanitária especialmente desde os anos 1970. Sob uma perspectiva histórica, a partir de 1976, quando foi criada a Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, as políticas de Vigilância Sanitária são examinadas com método inovador. Utilizando-se de minucioso levantamento da legislação sanitária, de projetos de leis, notícias de jornais e entrevistas com dirigentes do órgão federal, acrescido de análise de análise que emprega conceitos de Estado, governo, políticas de saúde, burocracia e representações de interesses, esta obra é estimulante leitura sobre a elaboração e realização de políticas de Vigilância Sanitária, desde a instituição do Sistema de Saúde que acaba de completar treze anos de esforços rumo a completa efetivação.
Os técnicos da Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo mostram a cara da dor, do medo e da morte em alguns passos de atuação em defesa da saúde pública... e da vida de todos. E nessa caminhada tropeçam em legislações violadas, em direitos desrespeitados, em falta de ética, em serviços de saúde irregulares, em profissionais descuidados e em discussões jurídicas que retardam suspensões ou proibições da produção e do comércio do que contamina.
O trabalho em saúde é muito mais que fazer consertos físicos e bioquímicos em órgãos com defeito do corpo humano, pois a crise trazida pelos problemas de saúde e o ardor da luta pela saúde envolvem o profissional nos dilemas mais profundos do existir. Temos acesso a uma dimensão desarrumada da vida humana que poucos conhecem. Podemos participar de processos edificantes de reconstrução do existir ou de desabamentos catastróficos de vidas familiares.
Este livro é transdisciplinar. Saúde pública, trabalho, política, sexualidade, tudo articulado para iluminar a singularidade da mulher no mundo da produção.
Do distrito paulistano de Pinheiros, o lugar com o mais alto índice de desenvolvimento, à amazonense Ipixuna, a cidade com pior colocação; passando por onde se vive menos e também por onde se vive mais; pela unidade mais rica da Federação e pelo estado mais pobre; pela cidade com mais aposentados e a que mais recebeu o auxílio emergencial durante a pandemia da covid-19.
Em O desejo dos outros, Hanna Limulja oferece uma porta de entrada ao mundo yanomami através dos seus sonhos. Com o que sonham? O que significa sonhar e por que é importante? Entre os Yanomami, os sonhos não são desejos inconscientes do sujeito, como descreve a psicanálise: sonhar é habitar outros mundos, deparar com outros seres e, nesses encontros, mobilizar-se pelo desejo dos outros.
Com uma visão abrangente, Novaes explora diferentes práticas ecorrevolucionárias, aborda os cercamentos de terra ocorridos ao longo do século XX e XXI, traz como referência autores importantes como Karl Marx e István Mészáros e entrelaça a importância da educação agroecológica em um processo de transformação da sociedade: “A síntese resultante é única em sua fundamentação na luta pela própria terra, combinada com uma visão ampla da mudança ecológica e social revolucionária”, escreve John Bellamy Foster no prefácio da obra.
“O trabalho que estrutura o capital desestrutura a humanidade. Em contrapartida, o trabalho que desestrutura o capital pode efetivamente reorganizar e emancipar a humanidade.” É com essas palavras que o autor Ricardo Antunes sintetiza Os sentidos do trabalho, lançado originalmente em 1999. Referência nos estudos de sociologia do trabalho, o livro ganha edição comemorativa de 25 anos, com novos textos e nova capa.
Em determinadas intersecções de raça, gênero, classe, sexualidade, nacionalidade e religião a violência se faz mais presente e, muitas vezes, letal. Neste livro, o terceiro que tem como tema central a interseccionalidade, Patricia Hill Collins analisa casos reais de agressão contra grupos ou indivíduos específicos e cita ideias, ações e movimentos de resistência que surgiram como formas de combater o que se tornou um grande problema social.
A cidadania é um direito constitucionalmente assegurado pelo ordenamento brasileiro, mas que nem todos os grupos sociais conseguem exercer. Em virtude das mais diversas exclusões vivenciadas, algumas minorias têm experiências muito específicas de fruição de direitos, como é o caso da população LGBT, especialmente travestis e transexuais. Este livro pretende conhecer e analisar o contexto atualizado das exclusões vivenciadas por travestis e transexuais no Brasil, observar a atuação do movimento social na proposição e manutenção do debate dessas pautas e entender de que forma o Poder Público tem agido para combater as desigualdades verificadas, que impedem que essas pessoas sejam tratadas com igualdade no que diz respeito ao acesso aos direitos previstos a todos os cidadãos.
Nesse encontro de vidas, o livro: Saúde e (In)visiblidades de Mulheres Transexuais e Travestis: Insurgentes no/para o Serviço Social, surge frente a emergência dos chamados novos movimentos sociais. Tem como objeto de investigação a análise das dimensões da saúde e (in)visibilidades de mulheres transexuais e travestis. A teoria queer respalda tal trabalho, amparado pelo princípio da pluralidade e respeito às expressões teóricas, presentes no Código de Ética Profissional, tendo como objetivo geral analisar as dimensões da saúde e (in)visibilidades de mulheres transexuais e travestis.
Neste livro, a autora aborda os arranjos tecnológicos disponíveis para a organização das práticas epidemiológicas nos serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). Na obra, busca pensar as relações entre necessidades sociais em saúde, saberes e conhecimentos científicos, instrumentos técnicos e tecnologias capazes de orientar a prática em saúde coletiva.
Neste livro poderoso, Cida Bento ― eleita em 2015 pela The Economist uma das cinquenta pessoas mais influentes do mundo no campo da diversidade ― denuncia e questiona a universalidade da branquitude e suas consequências nocivas para qualquer alteração substantiva na hierarquia das relações sociais. Diante de dezenas de recusas em processos seletivos, Cida Bento identificou um padrão: por mais qualificada que fosse, ela nunca era a escolhida para as vagas. O mesmo ocorria com seus irmãos, que, como ela, também tinham ensino superior completo. Por outro lado, pessoas brancas com currículos equivalentes ― quando não inferiores ― eram contratadas.
Dentre aqueles dedicados à pesquisa deslocada de psicanálise desde o Brasil, Rosana Onocko-Campos se destaca de modo especial. […] Esta psicanalista de esquerda argentina chegou ao Brasil tendo no país possibilidade de refúgio para a própria vida, com uma carga de esperança histórica e teórica radicais que encontrou aqui terreno de investigação e criação de uma política de saúde mental articulada a um questionamento histórico-teórico da própria psicanálise.
A reflexão crítica sobre a trajetória e os desafios relacionados à Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil torna-se densa e inspiradora de debates e propostas de intervenção quando se reúnem perspectivas diversas a respeito dos caminhos teóricos, das experiências em diferentes territórios, das práticas profissionais e dos processos de trabalho. Tal panorama permite compreender o valor desta política social para a conquista do direito universal à saúde e para a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS). Este é o convite que nos fazem os autores desta obra, escrita com o objetivo de atingir gestores, pesquisadores, estudantes e trabalhadores que atuam na APS. Em um contexto que exige capacidade de escuta e argumentação, o cuidado das análises se soma à preocupação com a clareza de linguagem, ou seja, com uma proposta pedagógica.
Este livro reúne antropólogos, sociólogos, cientistas políticos, economistas e profissionais de relações internacionais que nos ajudam a compreender o bolsonarismo como uma dupla chave, movimento e forma de governo, e quais são os impactos disso nas políticas públicas, na saúde das instituições e na vida da população brasileira. Nos textos que tratam do campo institucional, são analisadas as relações do governo com o Congresso Nacional, os partidos políticos, o Supremo Tribunal Federal e as novas dinâmicas federativas. Outro conjunto de textos analisa políticas públicas de atenção a saúde, educação, meio ambiente, segurança pública, distribuição de renda, direitos humanos e minorias, as reformas trabalhista e previdenciária, as políticas externa e econômica.
Na contramão do feminismo carcerário e punitivista, a cientista política Françoise Vergès, autora de Um feminismo decolonial (Ubu Editora, 2020), propõe uma crítica do recurso à polícia e à judicialização dos problemas sociais, e pergunta: como podemos proteger as populações vulneráveis – incluindo mulheres, migrantes, pessoas pobres e racializadas, minorias trans e queer, sem recorrer ao sistema penal que foi concebido justamente para criminalizá-las? Sua análise não apresenta soluções prontas para acabar com as violências de gênero e sexuais, mas visa contribuir para a reflexão sobre a violência como componente estruturante do patriarcado e do capitalismo, e não como uma especificidade masculina.
O surto de Zika no Brasil levou ao nascimento de Omilhares de crianças com grave deficiência cerebral: a síndrome congênita do Zika. Apesar das doenças transmitidas por mosquitos afetarem toda a sociedade — como a febre amarela, a dengue, a chikungunya e o Zika —, essas crianças nasceram quase exclusivamente de mulheres pobres e, geralmente, não brancas. Vírus, Mosquitos e Injustiça Reprodutiva explora as disparidades de saúde e a injustiça reprodutiva que conduziram à distribuição altamente distorcida de crianças nascidas com a síndrome congênita do Zika.
A compreensão dos saberes produzidos, articulados e sistematizados pelo Movimento Negro e de Mulheres Negras tem a capacidade de subverter a teoria educacional, construir a pedagogia das ausências e das emergências, repensar a escola, descolonizar os currículos e dar visibilidade às vivências e práticas dos sujeitos. Ela poderá nos levar ao necessário movimento de descolonização do conhecimento. Este trabalho tem como tese principal o papel do Movimento Negro brasileiro como educador, produtor de saberes emancipatórios e um sistematizador de conhecimentos sobre a questão racial no Brasil. Saberes transformados em reivindicações, das quais várias se tornaram políticas de Estado nas primeiras décadas do século XXI.
Conceitos de educação em Paulo Freire surgiu do reconhecimento da amplitude das obras desse grande mestre. O livro é início de uma discussão que se pretende tão abrangente quanto os estudos criados pelo autor que lhe dá título. Um de seus objetivos é dar voz às supostas indagações que surgem quando ele é lido. Quer sobretudo, ser um provocador de discussões; dinâmico como a própria sociedade.
Desde o final do século XX, através de um movimento mundial sobre a inclusão de pessoas com deficiência nos espaços sociais comuns a todos, as escolas passaram a ser consideradas como um local de excelência para proporcionar a esses sujeitos melhores condições de aprendizagem e desenvolvimento. Com isso, as pessoas com deficiência puderam alcançar etapas mais avançadas de escolaridade, o que lhes proporcionou melhores condições de inserção, tanto social quanto no mundo do trabalho. Neste livro, com foco na educação profissional de nível médio, são trazidas algumas orientações sobre como as escolas em geral, e os professores, em particular, podem oferecer aos sujeitos com deficiência uma educação que lhes dê melhores condições de vida e de alcançarem empregos mais qualificados.