A Boitempo publica pela primeira vez no Brasil Uma autobiografia, de Angela Davis. Lançada originalmente em 1974, a obra é um retrato contundente das lutas sociais nos Estados Unidos durante os anos 1960 e 1970 pelo olhar de uma das maiores ativistas de nosso tempo. Davis, à época com 28 anos, narra a sua trajetória, da infância à carreira como professora universitária, interrompida por aquele que seria considerado um dos mais importantes julgamentos do século XX e que a colocaria, ao mesmo tempo, na condição de ícone dos movimentos negro e feminista e na lista das dez pessoas mais procuradas pelo FBI. A falsidade das acusações contra Davis, sua fuga, a prisão e o apoio que recebeu de pessoas de todo o mundo são comentados em detalhes por essa mulher que marcou a história mundial com sua voz e sua luta. Questionando a banalização da ideia de que “o pessoal é político”, Davis mostra como os eventos que culminaram na sua prisão estavam ligados não apenas a sua ação política individual, mas a toda uma estrutura criada para criminalizar o movimento negro nos Estados Unidos. Além de um exercício de autoconhecimento da autora em seus anos de cárcere, nesta obra encontramos uma profunda reflexão sobre a condição da população negra no sistema prisional estadunidense.
Em seu romance de estreia, Eliane Brum - conhecida no jornalismo pela sensibilidade e força do seu texto - mergulha num novo, mas não menos delicado desafio: transformar em palavra a intrincada relação entre mãe e filha. De que material são feitos os laços que as amarram? Como é tecida a trama de ódio e afeto entre duas mulheres (des)unidas pela carne? Uma duas é um retrato expressionista tão dramático quanto nauseante que foge de clichês e eufemismos que costumam cercar o tema. Dotada de um humanismo visceral, a autora entrelaça os narradores do mesmo modo que o acaso embaralha integrantes de uma família numa teia de subjetividades.
É para cuidar da ferida aberta pelas inúmeras crises engendradas pelo sistema capitalista que o martinicano Malcom Ferdinand propõe uma ecologia decolonial, uma abordagem interseccional extremamente sagaz que reúne o ecológico com o pensamento decolonial, antirracista, em uma crítica contundente ao “habitar colonial da Terra”. Nesta análise urgente, Ferdinand critica o que chama de “dupla fratura colonial e ambiental da modernidade”, de que resultam, por um lado, as teorias ecologistas que desconsideram o legado do colonialismo e da escravidão; por outro, os movimentos sociais e antirracistas que negligenciam a questão animal e ambiental.
Analisa os riscos ambientais decorrentes do desenvolvimento econômico e tecnológico. O atual modelo hegemônico traz prejuízos para ecossistemas e populações, agravando iniquidades, pois os que mais sofrem são os grupos socialmente discriminados e os países e territórios da América Latina, África e Ásia. Para enfrentar os riscos, é necessário não só conhecê-los e estabelecer técnicas de controle, mas também compartilhar saberes e construir estratégias de ação coletiva, integrando movimentos sociais, pessoas, instituições governamentais e não governamentais. O livro coloca os riscos ambientais dentro de uma dimensão ética e social. Com abordagem integradora, rompe com o dualismo entre saúde humana e saúde da natureza. Para tanto, aprofunda conceitos como complexidade e vulnerabilidade. Apresenta, ainda, 11 princípios básicos para uma compreensão contextualizada dos riscos.
O livro apresenta os caminhos percorridos na direção da profissionalização e da especialização em saúde pública no Brasil, refletindo as influências e iniciativas nacionais e internacionais.na criação da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp), em 1954. Nesse laboratório de idéias em que se constituiu a Escola, formularam-se propostas que contribuíram para as grandes conquistas da saúde pública brasileira e que subsidiaram o processo de Reforma Sanitária, cujos resultados se expressam na constituição e no fortalecimento do SUS. Organizado em duas partes, na primeira é apresentado um texto narrativo sucinto sobre a Ensp, desde a sua criação até os anos recentes. A segunda, traz artigos sobre temas relevantes para o entendimento da história da Ensp e de seu papel na saúde pública contemporânea.
O livro reúne informações desde o processo de implantação do BI Saúde e de construção do curso, até uma análise do contexto institucional em que surgiu a proposta de criação dos cursos de Bacharelado Interdisciplinar na UFBA. Organizado em três partes e quinze capítulos, a obra traz reflexões que sistematizam experiências pedagógicas realizadas em salas de aula e além delas.
Não raro concebida como uma prática hermética e elitizada, confinada às quatro paredes do setting, a psicanálise é por vezes equiparada a todo um leque de terapias voltadas ao aumento do bem-estar individual. É precisamente essa ideia que o psicanalista francês Florent Gabarron-Garcia põe por terra neste livro, em que empreende uma verdadeira recuperação histórica dos momentos nos quais a psicanálise reafirmou seu compromisso com as classes trabalhadoras, revelando seu caráter engajado como prática e disciplina. Com esse esforço, Gabarron-Garcia visa combater o que chama de “psicanalismo”, um discurso reacionário sobre o sujeito e a sociedade que se passa por psicanálise e afirma a neutralidade do campo. Conforme nos mostra o autor, esse discurso, que se tornou hegemônico nas últimas décadas, buscou operar uma purificação da história política e popular da psicanálise, contribuindo com a manutenção do poder de analista sobre paciente e das classes dominantes sobre as trabalhadoras, compactuando com uma visão burguesa sobre cuidado, saúde e ciência.
O livro dá seguimento ao primeiro volume da obra, dedicado ao século XIX e à primeira metade do XX, escrito com Denis Guedes Jogas Junior e lançado em 2020. Neste segundo volume, Benchimol e Peixoto analisam os fatores biológicos, sociais e ambientais responsáveis pela ocorrência da doença na Amazônia desde os anos 1960 até o século XXI, dando reconhecimento a cientistas e sanitaristas que tiveram papel fundamental nas pesquisas sobre essa e outras endemias, que ocorreram em ambientes alterados por fazendas de gado, madeireiras, garimpos, grileiros e empreendimentos de grande porte como Carajás, Projeto Jari e a rodovia Transamazônica. Apresentados na época como projetos de modernização da Amazônia, os empreendimentos causaram graves danos às populações indígenas e ao meio ambiente, pondo em risco o planeta inteiro.
O título detalha a extensa trajetória dos estudos sobre as leishmanioses doença infecciosa causada por parasitas protozoários no Brasil, englobando a descoberta de seus agentes etiológicos, as diversas espécies de leishmanias associadas às diferentes formas clínicas da doença, seus hospedeiros reservatórios e os flebotomíneos vetores. Publicada em coedição com a Fino Traço Editora, a obra aborda também aspectos da epidemiologia e ações de controle implantadas em contextos sociopolíticos e momentos diversos.
A história da desigualdade de Pedro Ferreira de Souza é uma história dos ricos. Faz sentido olhar para o topo: uma parte imensa da renda está lá. Por essa razão, toda flutuação na renda dos ricos tem um peso desproporcional na evolução da distribuição total. Quando a concentração é muito alta, os ricos conduzem a dança. Conduzem, mas não ditam como deve ser o baile. Este livro encaixa uma peça importante no quebra-cabeças da história econômica brasileira. Com ele, aprendemos sobre quem ganhou mais e quem ganhou menos em quase um século de desenvolvimento. Trata-se do resultado de um trabalho cauteloso, que envolveu uma coleta de dados atenta, selecionou as informações mais precisas e usou as melhores ferramentas, a fim de apresentar a série histórica mais longa e completa sobre a desigualdade no Brasil.
Pensadora insurgente à frente de seu tempo, Beatriz Nascimento dedicou-se a resgatar a história do negro no Brasil — algo ainda a ser construído, ela defendia. Uma história negra, feita por pessoas negras, com o intuito de romper com quatro séculos de invisibilização numa sociedade da qual elas participaram em todos os níveis. Com organização primorosa do antropólogo Alex Ratts, os 24 textos aqui selecionados reafirmam os aspectos centrais de sua obra — as relações raciais e de gênero; as formulações sobre a contribuição do negro na construção da sociedade brasileira; a recusa do discurso que reduz a problemática racial a uma questão econômica e social, sem uma compreensão existencial do indivíduo; e, sobretudo, as pesquisas sobre os quilombos no Brasil, suas relações com a África e como se reconfiguraram para ser não apenas espaço de resistência, mas um sistema social alternativo.
A interseção entre a experiência da epidemia da aids no Brasil e a transição, no campo da saúde coletiva, de uma saúde internacional, para uma saúde global, no início do século XXI, resultou em um protagonismo singular brasileiro no cenário de resposta à aids. Protagonismo que atingiu seu ápice em 2001, quando o país e seu programa de aids foram considerados um modelo para o mundo. Este livro traça uma história da resposta ao HIV e à aids no Brasil e no mundo e como esta resposta moldou e foi moldada pelo campo da saúde global.
Escrito por pesquisadoras e pesquisadores negros de diferentes lugares do Brasil, o livro resgata personalidades negras que merecem ser reconhecidas por suas contribuições à História. 16 textos apresentam escravizados, recém-libertos, líderes espirituais, políticos, educadores, artistas de diversos campos, mulheres que estudaram e empreenderam a despeito de todos os preconceitos de gênero e de raça, mulheres que abriram caminhos com suas próprias mãos. Em suma, pessoas que viveram em suas épocas e marcaram a nossa História. Viabilizado graças a uma iniciativa do empresário Maurício Rocha, em parceria com o selo Sueli Carneiro, coordenado por Djamila Ribeiro, o livro contribui para a construção de uma nova identidade brasileira, por meio do resgate de uma consciência ancestral e coletiva.
A Sociologia da vida cotidiana se propõe a investigar, descrever e interpretar desde as simples ocorrências de rua até os fatos e fenômenos sociais relevantes e decisivos. Neste livro, o sociólogo José de Souza Martins faz um mergulho nesse campo e investiga peculiaridades da sociedade brasileira, particularmente sobre as Ciências Sociais dentro e fora da sala de aula, a desigualdade social, a cultura popular e a língua que falamos. Obra essencial para estudantes, pesquisadores e educadores da área, mas também a todos os interessados em compreender melhor a sociedade em que vivemos.
Na contramão do feminismo carcerário e punitivista, a cientista política Françoise Vergès, autora de Um feminismo decolonial (Ubu Editora, 2020), propõe uma crítica do recurso à polícia e à judicialização dos problemas sociais, e pergunta: como podemos proteger as populações vulneráveis – incluindo mulheres, migrantes, pessoas pobres e racializadas, minorias trans e queer, sem recorrer ao sistema penal que foi concebido justamente para criminalizá-las? Sua análise não apresenta soluções prontas para acabar com as violências de gênero e sexuais, mas visa contribuir para a reflexão sobre a violência como componente estruturante do patriarcado e do capitalismo, e não como uma especificidade masculina.
No comovente e aguardado primeiro volume de suas memórias presidenciais, Barack Obama narra, nas próprias palavras, a história de sua odisseia improvável, desde quando era um jovem em busca de sua identidade até se tornar líder da maior democracia do mundo. Com detalhes surpreendentes, ele descreve sua formação política e os momentos marcantes do primeiro mandato de sua presidência histórica ― época de turbulências e transformações drásticas. Obama conduz os leitores através de uma jornada cativante, que inclui suas primeiras aspirações políticas, a vitória crucial nas primárias de Iowa, na qual se demonstrou a força do ativismo popular, e a noite decisiva de 4 de novembro de 2008, quando foi eleito 44º presidente dos Estados Unidos, o primeiro afro-americano a ocupar o cargo mais alto do país.
A trajetória intelectual de Paul Singer, marcada por notável coerência, tem como um de seus pontos luminares a abordagem do socialismo democrático em construção e reconstrução no Brasil. Nesse sentido, os três textos que compõem o presente volume estão entre as contribuições potentes que Singer legou a esse campo de estudos.
Apresenta um breve histórico da Universidade Aberta da Terceira Idade da UERJ, destacando suas principais atividades desenvolvidas e serviços oferecidos.
Livro que conta o processo de criação da série de TV Unidade Básica, de Helena Petta, já em sua segunda temporada e televisionada por um importante canal de TV a cabo. Helena analisa no livro os limites e as potencialidades gerados pelo diálogo entre o campo da Saúde Coletiva e a comunicação na grande mídia, baseando-se na descrição densa do processo de elaboração da série em suas diversas etapas desenvolvimento; pré-produção, filmagem, edição dos episódios e divulgação, depoimentos de informantes-chave (profissionais envolvidos na produção da série e repercussões colhidas na mídia e redes sociais de forma não sistemática. O material empírico da pesquisa foi produzido e interpretado à luz de conceitos reconstrutivos considerados relevantes no campo da Saúde Coletiva e com pano de fundo o Sistema Único de Saúde SUS, eis um instrumento que pode ser usado na formação dos profissionais de saúde e a todo o público admirador da série.
A presente publicação é oportuna em virtude da agência do capital contra a educação pública e gratuita, e das manifestações hostis à liberdade de cátedra e de pensamento nos campos da ciência, da tecnologia, da cultura e da arte. É preciso interpelar os significados da vertiginosa queda nos gastos públicos com ciência e tecnologia e com as universidades públicas, concomitantemente ao processo de financeirização da educação superior privada – a partir da indução estatal pelo Fundo de Financiamento Estudantil – Fies, especialmente a partir de 2010. A combinação do garroteamento das verbas públicas com a hipermercantilização da educação superior privada produz uma realidade que não está em continuidade linear com o período 1960 -2014. A particularidade da situação atual somente pode ser apreendida em sua complexidade por meio de ferramentas teóricas que possibilitem compreender, interpretar e explicar a particularidade do capitalismo dependente. Os acontecimentos atuais fazem as proposições teóricas de Florestan Fernandes reverberarem de modo amplo e intenso.
Universidade pública e democracia reúne artigos escritos por João Carlos Salles ao longo da última década; em um estilo lapidar e com reflexões lúcidas, os textos abarcam os longos anos de militância na educação e apresentam análises da conjuntura atual. Filósofo e professor de lógica, Salles faz uma defesa apaixonada de um modelo radicalmente democrático de universidade, enquanto, de um lado, retrata um projeto utópico de educação nacional e, de outro, elenca as iniciativas antidemocráticas e os ataques direcionados à educação pública dos últimos anos. O ponto alto da obra é o enfrentamento do Future-se, programa apresentado pelo governo federal em 2019. O livro é dividido em três partes: na primeira, Salles desenvolve uma reflexão a respeito da universidade como instituição pública e democrática; na segunda, parte para sua experiência como professor e reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA); e, na terceira, faz uma análise dos atuais desmanches e ataques do governo à educação e à universidade, com especial atenção ao programa Future-se.
Este livro é o quarto volume da Coleção Criminologia de Cordel e faz uma denúncia pública dos abusos, arbitrariedades e violações a garantias constitucionais em favelas do Rio de Janeiro, por parte de policiais das Unidades de Polícia Pacificadora – UPPs. Contém 26 reportagens de Patrick Granja para o jornal A Nova Democracia. A maioria dos artigos possui um vídeo-reportagem correspondente. Vídeos que expõem imagens extremamente elucidativas sobre o ambiente irrespirável da “pacificação”.
Nos atendimentos de urgência e emergência, não se podem desprezar situações surgidas por agravos clínicos, notadamente os problemas de origem cardiovascular, respiratórios e metabólicos, entre outros. Para tornar mais eficiente o atendimento às urgências e emergências, é preciso dividir o problema em partes, e iniciar pelo atendimento pré-hospitalar. Essa abordagem é fundamental para aumentar as chances de sobrevida do paciente, permitindo que ele alcance e se beneficie do tratamento hospitalar.
A obra pretende desvendar o que seja uma urgência ou uma emergência em saúde a partir de duas perspectivas: a dos usuários e a dos profissionais da rede pública. A autora mostra um universo dinâmico e complexo a partir de um trabalho antropológico realizado na Faculdade de Medicina de Marília, em São Paulo. São decisões médicas, muitas vezes de suma importância para a manutenção da vida, muitas vezes questionáveis sob o ponto de vista ético. Cabe lembrar que o livro não só trabalha com a dicotomia médico/paciente, mostrando para o leitor outros atores envolvidos no trabalho na emergência e revelando que muitas vezes as ações médicas são antecedidas por pequenos passos e atitudes peculiares de significativa importância que não podem ser desconsiderados, como a de um motorista de ambulância ou o porteiro do hospital.
Esta coletânea traz um percurso coletivo de reflexão sobre a segunda experiência de prática de pesquisa da rede multicêntrica LAPPIS-NUCEM, onde seus integrantes dissertam sobre seus resultados enfatizando a tríade formação, pesquisa e incubação. Para celebrar sua conclusão, realizamos um simpósio nacional sob o mesmo título, com o intuito de oferecer uma devolutiva a seus pesquisados e às instituições que nos mantêm como representação direta da nossa sociedade, com abertura pública à participação do cidadão.
Como as utopias contam a História da América Latina? Com essa questão em vista, a historiadora Maria Ligia Prado, um dos grandes nomes da área no Brasil, conseguiu a façanha de reunir importantes especialistas de todo o continente neste livro instigante. Dividida em 5 seções – Utopias étnico-raciais e de gênero; Utopias do conhecimento; Utopias, representações e imaginários; Utopias políticas; Utopias da integração e da identidade latino-americana –, a obra ousa ao examinar a historicidade da utopia, com vistas a iluminar a distopia do presente.
As vacinas e os processos que envolvem a vacinação estão no centro dos debates sobre o enfrentamento à pandemia de Covid-19. Em meio à emergência global, falar sobre a trajetória das vacinas tem sido fundamental para reforçar a importância coletiva do ato de vacinar. Vacinas, livro que integra a coleção Temas em Saúde, aprofunda as informações sobre o tema diante desse contexto.
A questão dos refugiados tem ganhado holofotes pelo mundo inteiro, mas o preconceito, a xenofobia, as fake news e o medo frequentemente atrapalham a discussão. Para auxiliar na compreensão desse tema tão complexo e combater a desinformação, as jornalistas Aryane Cararo e Duda Porto de Souza reuniram histórias de vida emocionantes, de pessoas de mais de quinze nacionalidades, que vieram para o nosso país pelos mais variados motivos -- desde dificuldades financeiras até perseguição baseada em raça, religião, nacionalidade, orientação sexual, identidade de gênero ou opinião política --, todas em busca de um lugar onde pudessem de fato viver. Com uma linguagem acessível, a obra também traça um panorama histórico do refúgio no Brasil e no mundo, apresentando conceitos e dados, e traz infográficos sobre os principais conflitos que geraram esses fluxos migratórios. O resultado é um material humano e sensível, que dá voz a quem precisa ser ouvido e celebra as diferenças que tornam nossa nação tão plural.
Os novos modelos de constituição da constelação familiar e a maneira como as mudanças nos padrões de comportamento podem desencadear conflitos nas relações, muitas vezes vêm acompanhados do consumo abusivo de drogas. Ampliar a compreensão sobre a dinâmica
Vamos falar de relações raciais? Crônicas para debater o antirracismo , de Cidinha da Silva, é muito mais do que um simples livro. É uma obra colaborativa, gestada por diversas mãos que se uniram em meio aos desafios da pandemia para trazer à luz um material rico e provocativo.
O tema principal do presente livro é a velhice e o processo de envelhecimento de diferentes segmentos da população brasileira. No entanto, os contextos em que o velho ou idoso marcam presença variam entre textos e autores, evidenciando as múltiplas formas de se viver a velhice e os desafios sociais e econômicos que demandam políticas públicas para com aqueles que envelhecem. Esta obra oferece a oportunidade de comparar realidades distintas e experiências singulares, as quais suscitam o debate em torno de direitos sociais e específicos daquele que envelhece. Nisso reside seu valor e a legitimidade de trazer ao público leitor os esforços dos pesquisadores envolvidos e as potencialidades de um novo campo científico, a Gerontologia.
Coletânea de artigos abordando temas como o setor saúde em face do envelhecimento populacional, os programas para a terceira idade no Brasil, indicadores demográficos e sociais, automedicação e cuidadores de idosos.
Quando os idosos se tornam a maioria da população, o mundo entra em colapso econômico e uma crise social se instaura. Enquanto jovens recorrem a tratamentos anti-idade cada vez mais avançados, velhos são jogados à margem da sociedade. É nesse lugar que três personagens de diferentes idades se perguntam sobre qual o sentido de envelhecer em um mundo que despreza a velhice. Velhos demais para morrer, de Vinícius Neves Mariano, foi o vencedor na categoria romance do Prêmio Malê de Literatura. Vinícius constrói uma distopia, em que a imposição antienvelhecimento da sociedade atual é projetada em outra sociedade ficcional, onde a luta desesperada contra os efeitos da passagem do tempo, se configura em um romance original, instigante e envolvente.
Este livro reúne os estudos mais recentes do Nupens/USP sobre a evolução das condições de saúde e nutrição da população brasileira. O período coberto pelos estudos é variável, estendendo-se de 1974 a 2014. A primeira parte aborda a evolução de determinantes imediatos do estado de saúde: a alimentação, a atividade física e o tabagismo. A segunda trata da evolução do estado nutricional da população, focalizando a desnutrição e a obesidade. A terceira parte compreende estudos sobre a evolução da saúde de mães e crianças, de doenças infecciosas, da Aids, de neoplasias, das doenças do aparelho circulatório e das violências e homicídios.
É fácil ignorar o problema quando você está vivendo em sua bolha, provoca a letra de música na introdução deste livro. O problema, trazido à tona nas páginas seguintes, é o despreparo de nosso sistema de saúde, tanto público quanto privado, para oferecer assistência digna a mulheres lésbicas, bissexuais e homens trans. Uma pauta frequentemente ignorada por quem vive na bolha da cis-heteronormatividade. Larissa Darc nos convida a uma conversa sobre os porquês da invisibilidade do tema. Ao escrever este livro, ela supera o desafio duplo de se colocar como parte do "problema", enquanto mulher bissexual, e de abordar um assunto que é um grande tabu: o sexo entre vaginas (sim, é sexo mesmo!).
A educação como ferramenta de insubordinação contra o assombro colonial, como instrumento de transgressão das hierarquias do poder. Este pode ser um breve resumo do que Luiz Rufino apresenta nesta coletânea de artigos sobre educação e descolonização. Pensada não para gerar conformidade, mas divergência, a educação é a força que possibilita o processo de descolonização. A partir dessas premissas Rufino levanta discussões relevantes e atuais sobre o processo educacional, além de apontar caminhos.
O objetivo de Ventres livres? Gênero, maternidade e legislação é explorar, pela perspectiva do gênero, da raça e da liberdade, aspectos múltiplos e complexos da escravidão de mulheres no processo de emancipação, tanto no Brasil como em outras sociedades escravistas atlânticas, centrando especialmente nossa problemática em questões vinculadas às violências da escravidão e às resistências apresentadas por essas mulheres.
A cuidadosa seleção dos verbetes, sua esmerada tradução e um esclarecedor texto introdutório tornam este um volume indispensável para estudiosos de Filosofia, de Política e de História, e para aqueles que desejam conhecer um pouco melhor o pensamento de uma época que marcou indelevelmente a história cultural do Ocidente.
Este é um livro cujo objetivo é pensar e discutir a vida das mulheres. A sua leitura permitirá perceber que essa vida é multifacetada, cheia de gritos e silêncios, dores e alegrias. Todas essas facetas, entrelaçadas ou distantes umas das outras, orquestram a vida levando as mulheres a aproximarem-se umas das outras em função de sua sexualidade, sua etnia, seus deslocamentos geográficos, sua militância em prol de ideais sociopolíticos. P
Vida e esperanças é um relato sobre a importância do reconhecimento na construção do cotidiano. Aborda a negação da fecundidade implicada na realização de esterilizações por mulheres de um bairro pobre urbano do Nordeste, compreendendo este evento como parte de uma busca ativa de reconhecimento de mulheres pobres enquanto pessoas num mundo repleto de controles, de violência, de emoções e de resistência.
Considerado seu livro mais inflamado e pessoal, é uma leitura incontornável no campo do pensamento contemporâneo. Do subtítulo – Os poderes do luto e da violência –, o leitor desta pequena obra-prima da filosofia política pode depreender que há um fio condutor que vem atravessando as formulações de Butler desde seus primeiros livros: distribuição desigual do luto público, direito ao luto, vidas enlutáveis, luto como elemento fundamental de constituição de um sentimento de comunidade que se oponha ao individualismo, entre outros. Esses elementos, já presentes em obras anteriores de Butler, tornam-se aqui centrais para um debate tão atual quanto necessário no Brasil de hoje, cujas formas de violência reproduzem os mecanismos que, como percebe Butler, constituem o poder e a violência de tornar certas vidas, sempre as mesmas vidas, precárias.
Somos um país urbano: 84% da população brasileira concentra-se em cidades e ao menos metade vive em municípios com mais de 100 mil habitantes. Mas a vida urbana não traz apenas novas oportunidades. Ela propicia doenças provocadas por falta de saneamento, picadas de mosquitos, poluição, violência, ritmo frenético... E tudo isso não ocorre mais apenas nas grandes cidades, mas também nas médias e mesmo pequenas, quase sempre negligenciadas pelo poder público e pelos próprios cidadãos. Mas, afinal, o que fazer para ter boa qualidade de vida nas cidades? Assim como o médico deve pensar na saúde dos seus pacientes – e não apenas em tratar determinada doença –, uma cidade saudável é aquela em que seus cidadãos têm boa qualidade de vida.
O livro tem como base a ampla pesquisa desenvolvida durante o doutorado da autora. O título narra um estudo empírico em dois territórios da cidade do Rio de Janeiro: Rocinha e Manguinhos, lugares em que ela acompanhou as práticas de profissionais de saúde pública voltadas para o tratamento da tuberculose. Ao acompanhar as equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) e do dispositivo Consultório na Rua (CnaR) por becos, vielas, viadutos e afins, ela desvela desafios para o enfrentamento da doença, que é diretamente associada a condições sociais precárias.
A sociedade se acostumou à tragédia. Antes era notícia de televisão, relacionada aos grandes centros, atualmente é realidade pelas ruas: balas perdidas, juras de morte, vidas interrompidas, inocentes atingidos. Jovens executados pelo que se convencionou chamar de guerra do tráfico. São os inconvenientes e os excluídos. Suas mortes, assim como suas vidas, demandam apuração dos diversos campos do conhecimento. As políticas públicas que acessaram ou não são chaves para o início da investigação.
O racismo nos Estados Unidos sempre foi o meio utilizado pelos homens brancos mais poderosos do país para justificarem seu governo, ganharem dinheiro e manterem o resto de nós à distância. Por essa razão, o racismo, o capitalismo e o domínio de classe sempre se entrelaçaram de tal maneira que é impossível imaginar um sem o outro." Eis uma das conclusões de #VidasNegrasImportam e libertação negra, de Keeanga-Yamahtta Taylor. "Não é preciso dizer que assassinato e brutalidade policiais são apenas a ponta do iceberg quando se trata do sistema de justiça criminal estadunidense", continua, trazendo mais uma dimensão à sua análise, aplicável também ao Brasil: "É impossível entender o intenso policiamento nas comunidades negras sem analisar as décadas de 'guerra às drogas' e o encarceramento em massa.
É um estudo científico, fartamente documentado, sobre a evolução histórica da legislação penal e respectivos métodos coercitivos e punitivos adotados pelo poder público na repressão da delinqüência. Métodos que vão da violência física até instituições correcionais. Edição revista.
Projetada e inaugurada nas primeiras décadas do século XX, a Penitenciária do Estado de São Paulo, no bairro do Carandiru, foi não só o mais moderno presídio construído no Brasil, como um importante cartão postal da metrópole paulistana. Berço do Direito Positivo, cenário para a aplicação dos mais avançados conceitos de regeneração de condenados, a instituição carcerária maravilhava os inúmeros visitantes locais e estrangeiros, inclusive aqueles que vinham a São Paulo somente para conhecer a Penitenciária.
Este livro Aborda um tema central na realidade contemporânea dos povos indígenas no Brasil. Fundamentando-se no contexto dos epidemiológico e sociopolítico, destaca a implantação do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) na saúde indígena como um dos instrumentos importantes para garantir o direito à alimentação e à nutrição.
O livro apresenta conceitos ecológicos e sanitários básicos para ajudar o estudante e o profissional da área biológica, ligado à saúde e ao meio ambiente, na prevenção de doenças e de agravos ao homem, por meio do conhecimento das alterações ambientais que possam interferir direta ou indiretamente na saúde humana. Como a vigilância em saúde ambiental é um assunto novo e que envolve conhecimento de diversas áreas, nem sempre os diferentes profissionais estão preparados para esse desafio. O conteúdo do livro procura preencher essa lacuna, destinando-se ao uso em cursos superiores na área biológica, especialmente medicina, enfermagem, biomedicina, biologia, entre outros que utilizem conceitos ecológicos, muitas vezes necessários, para minimizar riscos à saúde humana como agronomia, zootecnia, etc.
Este livro reúne temas referentes às vigilâncias em saúde na busca de apresentar conceitos e perspectivas sobre as diversas áreas de atuação da vigilância no Brasil. Traz reflexões sobre a ação da vigilância no período da pandemia de Covid-19 e pistas sobre como elaborar e reelaborar as ações e políticas públicas regionais e locais para maior efetividade da vigilância. É direcionado a estudantes de graduação e pós-graduação da área de saúde, a gestores e profissionais da saúde e àqueles que desejam conhecer como o SUS realiza o processo de prevenção de doenças e promoção da saúde no Brasil por meio das vigilâncias em saúde.
A convivência dentro de casa gera conflitos e desentendimentos, é inerente às relações humanas. Em nossa sociedade patriarcal e machista, porém, a falta de entendimento muitas vezes culmina em atos de agressividade e violência, dos quais as mulheres são o principal alvo. Duas autoras – uma advogada e uma comunicadora – se debruçam sobre o tema da violência doméstica, que compreende, além das agressões físicas, outras quatro formas de violência: psicológica, sexual, patrimonial e moral. Uma realidade presente nas redes sociais e estampada diariamente nos noticiários, com finais trágicos. Para além de números, este livro traz relatos de sobreviventes da violência doméstica. Histórias de opressão que revelam dores terríveis e momentos devastadores, mas também apontam caminhos e inspiram coragem para quebrar o ciclo da violência dentro de casa.
Das primeiras sociedades humanas até hoje, a desigualdade econômica só diminuiu de forma significativa com rupturas violentas de larga escala. Sem guerras em massa, revoluções transformadoras, falência do Estado ou epidemias catastróficas nunca houve nivelamento real de renda ou riqueza ― os ricos continuaram ricos ou, como nas últimas décadas, ficaram ainda mais ricos, uma vez que sempre resistiram a mudanças profundas alcançadas pacificamente. Com argumentos sólidos, fundamentados por pesquisa detalhada e apresentada com fartura de dados, Walter Scheidel, historiador da Universidade Stanford, chega a uma conclusão ainda mais perturbadora: se atualmente os eventos de violência cataclísmica não parecem ser tão ameaçadores quanto antes, por outro lado as propostas econômicas para reduzir a desigualdade não estão surtindo efeito, e o desequilíbrio econômico e social só tende a aumentar.
Investiga os efeitos da violência sobre os brasileiros e seus vizinhos nas fronteiras entre Brasil, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai e aborda questões importantes, como as estratégias de saúde para a redução dos danos associados ao uso de drogas e o debate em torno da discriminação e legalização das drogas ilícitas.
Violência e Morte no Trânsito: Associações Ignoradas na Prevenção dos Acidentes Com Motociclistas.
Investigar e analisar os efeitos da violência contra a população LGBTI no processo saúde-doença. É com esse intuito que a Editora Fiocruz lança Violência e Saúde na Vida de Pessoas LGBTI, livro que integra a coleção Temas em Saúde. Para isso, os autores se debruçam, a partir de conceitos de estudos de gênero e sexualidade, sobre dados que mostram o Brasil como um país violento em relação à população LGBTI e como essas ações, em todas as suas dimensões e complexidades, afetam a saúde desses sujeitos.
A pandemia de Covid-19 trouxe, entre vários desafios, o problema de restrição de acesso aos estabelecimentos de saúde. A questão atinge fortemente as mulheres que precisam recorrer a atendimentos relacionados a direitos sexuais e reprodutivos. A fim de ampliar os debates e informações em meio a esse contexto, a Editora Fiocruz lança Violência Sexual e Direito ao Aborto Legal no Brasil: fatos e reflexões, livro que integra a coleção Temas em Saúde.
O abuso sexual contra criança e adolescentes é uma área bastante complexa, e apresenta dificuldades no que se refere a investigação. Os trabalhos que já foram realizados sobre esse assunto são de grande valia, a fim de trazer uma compreensão que seja relevante e bastante vasta. No entanto, para ter um entendimento mais profundo, no que se refere ao tema, parece ser um pouco deficiente. Porém, a Psicologia, que veio da prática científica, a qual observa algo acabado e acredita que ali pode ser reconstruído, e no que se refere aos fatos históricos da Psicologia Humanista que tem se encostado em assuntos que são pertencentes ao desenvolvimento do ser humano enxertando principalmente o infantil. A infância que apresenta o seu desenvolvimento em situações de perigo e fraqueza, tal situação transcorre com o infanto-juvenil que vivência a violência sexual.
Apresenta um panorama atualizado sobre o impacto da violência na saúde pública. Examinam-se as tendências das produções científicas sobre o assunto e busca-se conceituar o tema em seus aspectos filosóficos, teóricos, sociais e culturais. Analisam-se também a mortalidade por causas externas no Brasil, a morbidade por envenenamento e as diferentes formas de violência, assim como a relação entre drogas e violência e entre mídia e violência. Obra que traz contribuição tanto para os envolvidos com a saúde coletiva, a sociologia, a antropologia e a segurança pública como para os formuladores e gestores das políticas públicas.
A coletânea Violências e figuras subjetivas: investigações acerca do mal incontrolável dá continuidade a um projeto anterior bem-sucedido do qual se constatou que uma visão multidisciplinar foi elucidativa do complexo fenômeno. Desta feita, escolhemos apontar os cenários, reconhecendo existir na mundanização da violência um espaço onde cada episódio se desenrola.
Esta coletânea reúne textos de autores brasileiros e estrangeiros, especialistas no tema das violências de diferentes saberes e práticas, tem o intuito de fomentar ideias e pensar estratégias de prevenção e combate à violência — que pode se manifestar de diversas formas e repercutir negativamente nas condições de vida das pessoas, principalmente das mais vulneráveis. Em razão de constituir conceito amplo e controverso, a violência afeta coletividades de modos diferenciados, levando-se em consideração os aspectos estruturais e conjunturais. Determinaras causas e consequências não é uma tarefa fácil, uma vez que não se pode dissociar sua polissemia e complexidade de elementos teórico-práticos com sofrimento e injustiça, exclusão social e pobreza, de outros elementos de caráter simbólico ou identitário, como autonomia e conscientização. Assim, os textos não apenas sugerem a complexidade do tema e de suas tantas interfaces; mais que isso, indicam os principais desafios que se colocam diante dos profissionais de diversas áreas do saber. Busca-se a reafirmação de caminhos em que se possa repensar o acolhimento, a assistência e o cuidado e que leve em consideração as especificidades e o contexto social no qual a violência se insere.
Crianças sempre gostam de brincar e de desenhar, uma maneira de expressar suas fantasias e energias sobre como sentem o mundo à sua volta. Os desenhos são comumente utilizados na escola e como estratégia diagnóstica nas clínicas de pediatria e psicologia. Violências e Vulnerabilidades nos Desenhos Infantis pode contribuir com novas visões e com sugestão de metodologia diversificada de trabalho e interlocução entre pesquisadores, clínicos e demais profissionais que atuam com crianças e famílias. Abre-se, assim, uma oportunidade para se aproximar do universo familiar das crianças por meio de seus desenhos, de ouvir seus pontos de vista, sentimentos e medos, de compreender suas habilidades e competências e de identificar vulnerabilidades e violências que vivenciaram. Contudo, desvendar a comunicação da criança sobre si e sua família por meio do desenho é território repleto de desafios e incertezas." Evelyn Eisenstein, professora associada de pediatria e clínica de adolescentes da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, membro do Departamento Científico de Adolescência e do Grupo de Trabalho sobre Violência e Drogas da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Das 57 milhões de mortes ocorridas anualmente no mundo, cerca de 15 milhões (25%) são creditadas a doenças infecciosas, havendo complexidade em se determinar com precisão quantos desses óbitos, que atingem na maior parte crianças, são por doenças virais. Nesta obra, os autores procuram clarear o entendimento do que são e representam as viroses emergentes, em especial no Brasil, enfatizando que sua ocorrência e distribuição é um processo evolutivo constante, com especificidades próprias a cada época e lugar.
O surto de Zika no Brasil levou ao nascimento de Omilhares de crianças com grave deficiência cerebral: a síndrome congênita do Zika. Apesar das doenças transmitidas por mosquitos afetarem toda a sociedade — como a febre amarela, a dengue, a chikungunya e o Zika —, essas crianças nasceram quase exclusivamente de mulheres pobres e, geralmente, não brancas. Vírus, Mosquitos e Injustiça Reprodutiva explora as disparidades de saúde e a injustiça reprodutiva que conduziram à distribuição altamente distorcida de crianças nascidas com a síndrome congênita do Zika.
A autora não se limita a apresentar a história da febre amarela no Brasil, mas uma reflexão sobre uma fase crucial da história da doença. Para melhor ilustrar essa reflexão, o livro mostra sucessivos cenários que permitem demonstrar as dimensões da transferência de conhecimentos e práticas científicas entre ‘centro’ e ‘periferia’, pois era de fato importante examinar as relações entre o saber científico universal e a percepção da doença tanto pelos pacientes quanto pelos médicos.
Estamos perdendo nossa capacidade de não fazer nada. Nossa existência é completamente absorvida pela atividade e, portanto, totalmente explorada. Como só percebemos a vida em termos de desempenho, tendemos a interpretar a inatividade como um déficit, uma negação ou uma mera ausência de atividade quando, muito pelo contrário, é uma capacidade independente interessante. Byung-Chul Han investiga os benefícios, o esplendor e a magia do ócio, projetando um novo modo de vida – que inclui momentos contemplativos – para enfrentar a atual crise de nossa sociedade e impedir nossa própria exploração e destruição da natureza.
O objetivo da coletânea é possibilitar a difusão e a popularização da ciência e da tecnologia junto à sociedade, em geral, atividade fundamental para despertar o interesse por essa área, sobretudo dos jovens.
Em Vivendo no fogo cruzado, Maria Helena Moreira Alves e Philip Evanson se lançam a uma pesquisa de campo para colher testemunhos da nova estratégia de segurança pública no Rio de Janeiro. Entrevistam mães de filhos desaparecidos, líderes de associações de bairro, professoras comunitárias, trabalhadores etc.
A produção acadêmica e intelectual de Giovana Xavier em Você pode substituir não lembra a sisudez a que o Brasil nos acostumou. Mesmo quando enfileira complexas teorias, ela é clara - melhor dizendo, escura. É perspicaz e cirúrgica. É divertida, ora irônica. É generosa. De todos os substantivos que compõem o balaio de qualidades de Giovana, a generosidade é a mais evidente. Ela não só nomeia as pensadoras diplomadas que a influenciaram, de Kimberlé Crenshaw a bell hooks, de Conceição Evaristo a Djamila Ribeiro, mas também reconhece e louva a intelectualidade de mulheres que a desigualdade, o machismo e o racismo brasileiros teimavam em invisibilizar. Giovana inova com sua profissão de fé na História em primeira pessoa. Provoca ao apontar o bolor das interpretações estereotipadas. Ousa ao teorizar sobre surfe, rap, férias, rebolado, orixá, literatura, Baco Exu do Blues, teatro - tudo junto e misturado. Cruza territórios, escrutina personagens, reinterpreta narrativas. Seu livro, como ela, é reflexão vezes nove. Aperte o cinto e viaje.
A vida dos africanos não se limitou à escravização e à destruição de suas formas anteriores de organização social. Ultrapassada a experiência marcante da travessia do Atlântico, milhões de vidas foram reinventadas mesmo sob condições terrivelmente adversas. Novas devoções, formações familiares, línguas, novos alimentos: tudo estava por ser feito nas diferentes formas de resistência mobilizadas para a sobrevivência. E sobreviver era a maior resistência, sem mencionar que o aprendizado da narrativa da própria história em moldes compreensíveis aos interlocutores que se pretendia alcançar era uma prova inegável de vitalidade. […] O autor não se deixou intimidar pela fonte inusitada no ambiente dos historiadores profissionais no Brasil e encarou assuntos sobre os quais autores abalizados pareciam já haver dito tudo, como é o caso dos significados da liberdade para quem os construiu. Enfrentar esses desafios são a prova de maturidade intelectual que Rafael nos dá. Se essa prova serve para habilitá-lo no ofício, o livro também traz ao leitor uma escrita fina, bem construída e prazerosa. Os maus escritores que me perdoem, mas escrever bem é tarefa da qual o historiador não deve descuidar. Leitor, adentre sem medo, que o livro é bonito demais!
A presente coletânea foi construída no âmbito do Projeto “Vozes Indígenas na Produção do Conhecimento” coordenado por pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz, que, em 2019, formou um coletivo com cerca de 20 pesquisadores indígenas chamado “Vozes Indígenas na Saúde Coletiva” com o objetivo de aprofundar o diálogo com os estudantes de pós-graduação e pesquisadores indígenas que refletem sobre temas relacionados com a saúde e seus determinantes. Com vistas a dar maior visibilidade à produção conhecimento dos acadêmicos indígenas, o Coletivo se propôs a organizar uma publicação conjunta e para isso formou um Conselho Editorial Indígena que organizou uma chamada pública para primeiras autorias indígenas que refletissem temas que se relacionam com a área de saúde coletiva. A presente publicação é resultado dessa chamada pública e reúne 21 capítulos, organizados em 3 partes. A primeira parte, intitulada Indígenas mulheres e experiências de cuidado visibiliza o protagonismo das mulheres indígenas e as formas de cuidado a partir dos territórios indígenas. A segunda parte, chamada Saberes e memórias nos territórios e nas políticas traz contribuições que aprofundam memórias de luta nos territórios pelos direitos indígenas. Por fim, a seção Estratégias de enfrentamento e cuidado na pandemia da Covid-19 apresenta reflexões e experiências vividas pelos indígenas diante dos impactos da Covid-19 e suas estratégias de enfrentamento.
Evidenciar o protagonismo indígena na formulação, na estruturação e na implementação da atual política de saúde indígena no Brasil. Organizada por Ana Lúcia de Moura Pontes, Vanessa Hacon, Luiz Eloy Terena e Ricardo Ventura Santos, a coletânea compila relatos de 13 lideranças acerca de suas trajetórias de vida e de atuação no movimento indígena, com ênfase no campo da saúde. A obra foi produzida no âmbito do projeto de pesquisa "Saúde dos Povos Indígenas no Brasil: perspectivas históricas, socioculturais e políticas", coordenado por Pontes e Ventura Santos, ambos pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz). A coletânea mostra os desafios enfrentados pelos povos indígenas, tanto na criação de espaços de representação política quanto na ocupação desses espaços.
Essa publicação surge do trabalho que reúne Ações de Pesquisa e Extensão, com Mulheres Negras no NEALA – Núcleo de Estudos Afro-Latino-Americanos da UNILA – Universidade Federal da Integração Latino Americana. As escritas foram construídas de forma coletiva e dialogada, e nesses artigos as trajetórias de vida se encontram, se cruzam, a partir dos relatos, das falas e das escritas. Por isso, as autoras são todas as que participam da construção da narrativa, seja ela escrita ou oral. São trajetórias intelectuais que resistem, apesar das adversidades. E como nos ensinam Conceição Evaristo, Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro, Beatriz Nascimento e todas as mulheres que participaram da tessitura desta obra, as escrevivências, as amefricanidades, os aquilombamentos precisam ser pensados para além da resistência.
Interseções, diálogos e caminhos. Esses são os eixos condutores dos artigos que compõem esta coletânea, que expande a discussão apresentada no livro Vozes negras em comunicação: mídia, racismos, resistências, de 2019. Aqui, a leitora e o leitor terão a oportunidade de conhecer análises, reflexões e perspectivas que vão além do euroreferenciamento hegemônico no campo intelectual brasileiro. São vozes negras e antirracistas referenciadas nas experiências afro-brasileiras e afrodiaspóricas e que nos colocam diante de uma instigante produção de conhecimentos emancipatórios.
Derivado de um projeto multicêntrico de pesquisa (CNPq, MCTIC e Decit/SCTIE/MS), o livro desvela vários aspectos centrais do CIS no Brasil, o mais dinâmico componente entre os que compõem a complexa política de saúde brasileira no âmbito público.
No cenário do espaço urbano quais grupos deixaram de ser visíveis e passaram a ser invisíveis? Os autores deste livro olharam, viram e não aceitaram passivamente a cegueira social a determinados grupos. Descruzaram os braços e escreveram os capítulos que compõem a presente obra. A partir de suas pesquisas intentam ampliar nossa observação para além de nossos próprios interesses, e diminuir nossa insensibilidade social. Não se pretendeu esgotar a discussão relativa ao tema do livro, nem seria possível, mas é chegada a hora de responder ao nosso questionamento inicial, esperamos contribuir para a sensibilização dos leitores e grupos em vulnerabilidade social. Eles existem, estão em cenas no espaço urbano e precisam ser vistos e reparados. A invisibilidade e nossa indiferença só faz aumentar as desigualdades com o restante da população e restringir suas oportunidades de mudança.
Os Waimiri Atroari, Durante Muito Tempo, Estiveram Presentes No Imaginário do Povo Brasileiro Como Um Povo Guerreiro, que Enfrentava e Matava a Todos que Tentavam Entrar Em Seu Território. Essa Imagem Contribuiu para que Autoridades Governamentais Transferissem a Incumbência das Obras da Rodovia Br 174 (Manaus-Boa Vista) ao Exército Brasileiro, que Utilizou de Forças Militares Repressivas para Conter Os Indígenas.
As possibilidades comunicacionais que surgem na cultura contemporânea, articulada à popularização das tecnologias digitais móveis, são constantes e expressivas, impondo o desenvolvimento de novos métodos de pesquisa e formação. Para tanto, este livro discute, por meio de 13 textos, a utilização do aplicativo WhatsApp como espaço de ensino e aprendizagem na cibercultura. São apresentadas experiências de pesquisadores e práticas pedagógicas que têm o aplicativo de mensagens como mediador do processo.
"O livro percorre a trajetória do yoga, desde a sua origem até o ingresso na área da saúde, com legitimação da Organização Mundial da Saúde. Esse sistema filosófico e seu conjunto de práticas foi preconizado para ser ofertado no Sistema Único de Saúde. Ao longo do livro discute-se as diferentes abordagens do yoga e suas práticas como um objeto de fronteira entre diferentes campos de conhecimento. O livro enfatiza, ainda, o empoderamento feminino a partir da prática do yoga, e posiciona o yoga como um evento cultural, e a sua forma de produção, consumo, identidade e regulação cultural na modernidade tardia."
Nós precisamos de Zami, das memórias que compõem este livro, pois são memórias e histórias que nos atravessam, ainda que não sejam contadas ou que sejam postas em silêncio por pudor, por vergonha imputada, em nome da ordem, porque insistem em dizer e tentar nos convencer de que aquilo que somos não é certo ou não importa. Zami guarda histórias pelas quais almejamos porque são nossas história
Neste livro, a escritora Julia Dantas apresenta cinco contos sobre diferentes histórias de vida que se entrecruzam na temática das epidemias de hiv. Com as ilustrações de Pablo Aguiar, o livro, embora ficcional, permite um aproximações com diferentes realidades, refletidas nos personagens da obra. Após quatro décadas, o estigma e a discriminação ainda constituem os maiores desafios de superação da epidemia.
Mais uma publicação da coleção Temas em Saúde, o livro Zika no Brasil: história recente de uma epidemia apresenta, com linguagem acessível e de forma objetiva, o histórico e as informações mais recentes da comunidade científica sobre o zika vírus. Escrita por Ilana Löwy, historiadora das ciências e pesquisadora do Instituto Nacional Científico e de Pesquisa Médica da França (Inserm), a obra mostra, em quatro capítulos, as muitas faces de um vírus cuja recente epidemia vem se tornando um enorme desafio para os profissionais e gestores da saúde pública no Brasil. Löwy discorre sobre as primeiras epidemias de zika fora do país até os primeiros relatórios sobre a chegada da doença ao Nordeste brasileiro e sua relação com casos de microcefalia, além da ação de órgãos como Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde (OMS). Os enigmas sobre a doença, que virou um fenômeno global, também são levantados, assim como as muitas variáveis e desigualdades - econômicas, de classe, de raça e de gênero - que compreendem a proliferação do vírus. A autora aborda, com dinamismo, o que ela chama de a rápida ascensão e queda do vírus zika e as muitas perguntas e questões deixadas por esse vírus. "A epidemia brasileira de zika de 2015-2016 foi um episódio curto, intenso e assustador. O surto terminou em 2016, mas não a longo prazo, uma vez que o dano produzido por uma infecção pelo zika vírus persiste na nas crianças afetadas", alerta a pesquisadora. Temas em Saúde A coleção traz para estudantes, profissionais e público em geral panoramas sobre conceitos e conteúdos fundamentais das áreas da saúde. Em linguagem acessível, combina informação atualizada com reflexões baseadas em recentes produções científicas apresentadas por especialistas sintonizados com o contexto sociopolítico de produção e aplicação do conhecimento em saúde. Apresentação 1. Zika e Microcefalia 2. Certezas e Enigmas do Zika 3. Uma Epidemia de Desigualdade: classe, raça e gênero na época do zika 4. Quando um