Nos ensinaram a obedecer. Nos ensinaram a obedecer sem nunca nos perguntar se concordávamos com as regras ou se desejávamos qualquer coisa relacionada a elas. Nos ensinaram a abolir nossos desejos para sermos respeitadas. A pautar nosso valor pelo olhar do outro. A nos largar pelo caminho para construir e cuidar a vida dos que nos rodeiam. Nesse caminho imposto, não sobra nada nosso. Não sobra a gente. Para interromper esse percurso, é preciso desobedecer às regras, as que não foram criadas nem pelas mulheres, muito menos para as mulheres. Em Desobediência, Iana Villela, uma “desobedecedora” de regras, navega por fatos cotidianos e nos leva a refletir sobre o papel da mulher na sociedade contemporânea.
O cenário internacional encontra-se marcado por uma intensa disputa entre duas propostas de relacionamento entre as nações. De um lado, temos a ideia de um mundo unipolar comandado hegemonicamente pelos EUA. Uma espécie de governo mundial centrado em Washington. De outro lado, temos a proposição de mundo multipolar com vários centros soberanos de poder, fundamentado nos princípios da ONU. Frente a essa disputa, nenhuma neutralidade é possível. A todo momento e diante das questões mais cotidianas do relacionamento internacional, cada país e cada governante é chamado a se posicionar. As lutas por preservação e por conservação ambiental desenrolam-se neste cenário conturbado e são gravemente afetadas por ele.
Este livro mergulha nas complexas relações entre o performativo e o político, explorando temas como a despossessão, a violência, a soberania, a linguagem e a corporeidade. A partir da obra de Judith Butler, a despossessão emerge como um conceito central, revelando as formas como o poder é exercido para subtrair direitos, dignidade e reconhecimento aos indivíduos e grupos marginalizados.
Análise do Programa Saúde da Família em Camaragibe. Seu potencial e Limites.
O cotidiano de um emburrado Ditador ilustra como funciona a sociedade dentro de um regime autoritário.
O livro “Desse jeito não mais! Trabalho doente e sofrimento mental” trata de como a desregulamentação do trabalho contemporâneo afeta negativamente as relações pessoais e sociais. Demonstra como esse aumento exponencial da exploração, da precarização e do autoritarismo na gestão resulta também em sofrimento mental. Investiga a relação entre degradação do trabalho e enfermidades, entre as quais o suicídio. O livro relata, ainda, estratégias de resistência à demonização do trabalho e dos/as trabalhadores/as. Experiências locais, sindicais e intersetoriais que demonstram a possibilidade e a necessidade de se lutar contra a desigualdade, em defesa do meio ambiente e do trabalho saudável.
Num frutífero diálogo com diversos campos de conhecimento e expressões de nossa cultura — cinema, teatro, política, história, medicina, psicologia, direito, literatura, artes plásticas etc. —, João Silvério Trevisan realiza um estudo pioneiro sobre a homoafetividade no Brasil. Considerado uma referência, Devassos no Paraíso atravessou gerações, provocou intensa interlocução com a comunidade LGBT e influenciou desde ações emancipatórias até pesquisas sobre gênero e sexualidade. Agora, esse monumental trabalho chega à sua quarta edição trazendo novos capítulos, imagens e texto atualizado sobre as lutas e conquistas dos direitos LGBT ocorridas no século XXI.
Renova o campo de estudos sobre prostituição no Brasil ao tratá-la como lugar de sociedades e de operação de relações de poder. Ao seguir a trajetória de quatro lideranças da prostituição, exercida por mulheres, no centro de Porto Alegre – RS, o autor nos leva a um diálogo com a produção antropológica e literária sobre o tema.
O olhar que Mariléa de Almeida lança sobre as mulheres quilombolas, suas biografias e seus projetos serve para descrever como o afeto é um elemento constituinte de seus espaços de vida, seus projetos coletivos, suas lutas políticas. Mariléa nos faz compreender que, sem ter em conta as relações de afeto, perdemos uma parte fundamental da experiência que sustenta as relações territoriais. Mas também é possível reivindicar aqui as reflexões da antropóloga Jeanne Favret-Saada sobre “ser afetado”, para apreender como o trabalho de Mariléa, além de realizar uma história e um inventário das formas pelas quais o afeto produz espaços de vida nos quilombos, tem no próprio afeto um método, ou uma dimensão central da pesquisa. O modo como a autora se aproxima de suas interlocutoras, destacando as linhas que cruzam e aproximam suas experiências às delas, também acaba por constituir a própria pesquisa como um território de afetos. Narrando experiências de dezenas de mulheres quilombolas do estado do Rio de Janeiro, este livro é capaz de demonstrar, com sensibilidade, como a luta pode ganhar a forma do cuidado, como a resistência pode se manifestar na ternura, como o território é produzido, atualizado e mantido pela capacidade de criar espaços seguros, nos quais é possível uma reconciliação com as histórias, os corpos e os saberes violados. Pelos olhos, pelos ouvidos e pelas mãos de Mariléa de Almeida, o quilombo torna-se quilombola.
Paulo Freire certamente não foi unanimidade, nem no movimento sindical e, muito menos, entre os pensadores da Educação, educadores e administradores de sistemas de ensino. Uma forma clara de não admitir suas teses tem sido desconsiderá-las, não pronunciar-se sobre elas, omitir-se. Alguns educadores não fazem qualquer referência a ele em seus trabalhos e muito menos àqueles que desenvolveram suas teses. Não suportam Freire. Quando querem criticá-lo, mencionam uma certa pedagogia despreocupada com os conteúdos.
O uso de fármacos é um dos pilares da medicina. As drogas são produtos importantes não só pelos fins terapêuticos, mas também simbólicos basta pensarmos no surgimento da pílula ou dos remédios para disfunção erétil e, evidentemente, econômicos. Por trás do surgimento de cada remédio há uma história e também uma combinação de fatores: novas tecnologias, mudanças geopolíticas, questões culturais, sorte. É o caso, por exemplo, dos tranquilizantes: descobertos por acidente por um químico que investigava conservantes de penicilina, foram lançados comercialmente na década de 1950 e se tornaram moda em Hollywood, pavimentando o caminho para antidepressivos e outros fármacos. Thomas Hager parte do ópio, a planta da alegria usada pela primeira vez há 10 mil anos, para narrar o impacto que dez drogas exerceram e seguem exercendo no mundo. Assim, acompanhamos de perto a descoberta das vacinas, e como elas eliminaram a mais letal doença que já atingiu a humanidade (a varíola), passando também pelo primeiro remédio para sífilis, que causou uma verdadeira revolução nos costumes da época, e pelo desenvolvimento dos antipsicóticos, que esvaziaram hospitais psiquiátricos e transformaram nosso entendimento sobre a mente humana. A partir dessas dez drogas, o premiado autor coloca em perspectiva séculos de avanços científicos, ao mesmo tempo que conta uma história recheada de curiosidades sobre as substâncias que são parte de nossa vida.
Este livro Diálogos Contemporâneos sobre homens negros e masculinidades provavelmente seja um dos mais instigantes do “gênero negro masculino”. A dupla organizadora tem quilometragem de estrada sobre relações raciais e gênero masculino. Henrique Restier e Rolf de Souza conseguiram montar um time de primeira, o plantel foi habilidoso para fazer um dos debates mais difíceis da sociedade brasileira: o lugar do homem negro. Os autores versam sobre duelos de masculinidades num contexto histórico em que os homens negros não foram convidados para compor o ideal de nação brasileira da elite branca. Numa cultura em que a proposta foi hiper-sexualizar heternormativamente os homens negros, fazendo circular o perigosíssimo estereótipo da virilidade concentrada no órgão sexual, um pênis sem “falo”. — Renato Noguera Professor de Filosofia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
“Diário da Pandemia” reúne registros cotidianos de historiadores sobre a Covid-19 no Brasil e no exterior. Na forma de um diário coletivo, a crise sanitária planetária é analisada à luz da história. A coletânea procura demonstrar que não compreenderemos bem novas epidemias e pandemias sem trabalhos históricos, e, sobretudo, sem pesquisas transdisciplinares especialmente atentas às inter-relações entre sistemas naturais e sociais. As contribuições dos historiadores no livro também abordam hábitos de higiene; relações de gênero e étnico-raciais; biomedicina; saúde pública; meio ambiente; práticas de cuidados e cura; relações internacionais; os interesses dos diversos atores sociais; poder e política; economia e desigualdade; as interseções entre ciência e sociedade; medo, dor, sofrimento e defesa da vida. Há temas de maior interesse e urgência aos habitantes do mundo de hoje?
Diário em progresso é um relato pessoal do contexto político e social do Rio de Janeiro em 2013-2014. As Jornadas de Junho, os movimentos de ocupação e as ações de ativismo no Rio de Janeiro são alguns dos tópicos abordados neste livro, que dialoga com a ideia de “obra em progresso”, de trabalho em constante desenvolvimento.
Nesse livro, Elisabeth Roudinesco abandona sua abordagem acadêmica habitual para dar livre curso a encadeamentos inéditos. Em vez de conceitos, atores ou países, o leitor encontra temas, palavras, ficções e territórios reunidos de modo arbitrário e pessoal, além de citações, remissões e um índice onomástico. Algo como uma aventura do imaginário urdida no correr da pena, um percurso sem destino, um roteiro afetivo com verbetes inesperados que podem ser lidos em sequência ou não.
Um dicionário de epônimos em medicina é, na realidade, um livro de história em que se relatam, nominalmente, os feitos dos grandes criadores da medicina. Em quase seis mil verbetes, buscando homenagear os que fizeram história nesse campo, são oferecidos seus dados biográficos, para que se possa localizá-los no tempo e no espaço, declarando nome, região de origem e ano de nascimento e morte.
O Dicionário crítico do feminismo reúne uma coletânea de rubricas redigidas por especialistas em cada uma das temáticas abordadas. Visa estimular a reflexão sobre a construção social da hierarquia entre os sexos e desenvolver um pensamento crítico feminista que favoreça a emancipação das mulheres e a igualdade na diferença.
O Dicionário de Agroecologia e Educação – uma produção da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV-Fiocruz), coordenada com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e em parceria com a Editora Expressão Popular, traz a relação entre conhecimento e prática presente na perspectiva da Agroecologia, na qual só pode se realizar plenamente a partir da Educação. E é este o principal objetivo desta obra que dialoga com os desafios da atualidade. A insegurança alimentar permanece como um dos principais problemas da sociedade contemporânea e é uma das faces da crescente desigualdade social. Essa reflexão, associada à crítica a um modelo de desenvolvimento baseado no lucro imediato e que esgota os recursos naturais, está na base do debate contemporâneo sobre Agroecologia, um dos fundamentos para um desenvolvimento efetivamente sustentável.
Este dicionário contempla cinquenta e nove verbetes ligados a conceitos ou categorias que permitem entender o fenômeno da financeirização e/ou que representam mediações que ajudam a examinar o desenvolvimento da dominância financeira e a inserção neste regime de empresas e grupos empresariais do setor saúde.
Dicionários, em geral, apresentam uma variedade enorme de dados dispersos em inúmeras obras. Este volume pretende disponibilizar um conjunto de saberes que possa dar suporte para professores, graduandos, mestrandos e doutorandos de história e áreas afins. Os verbetes foram selecionados a partir de três dimensões da produção do conhecimento histórico sobre o ensino de história: suas relações com a teoria, métodos e historiografia; o diálogo e a produção relativa ao currículo; e, por fim, as ações, atividades e conhecimentos relativos à aprendizagem. Os 38 verbetes reunidos na obra pretendem ser fonte de pesquisa de grande utilidade aos interessados e praticantes do ensino de história.
As diferenças entre os sexos nos animais e nos humanos suscitam questões que estão no cerne de quase todos os debates sobre gênero na nossa espécie. O comportamento de homens e mulheres difere de maneira natural ou socialmente construída? E quanto ele é realmente diverso? Em Diferentes, Frans de Waal baseia-se em décadas de estudo do comportamento de grandes primatas para defender que, apesar da ligação entre gênero e sexo biológico, a biologia não sustenta automaticamente os papéis tradicionais de gênero nas sociedades humanas. A partir da observação de chimpanzés e bonobos, parentes geneticamente muito próximos de nós, De Waal analisa nossa história evolutiva comparada à deles e desafia crenças amplamente aceitas sobre masculinidade e feminilidade, além de suposições comuns sobre autoridade, cooperação, competição e laços parentais. Ele abrange também temas que vão do comportamento materno e paterno à orientação sexual, passando pela identidade de gênero e pelas limitações do binarismo, sempre ilustrando seus argumentos com exemplos irresistíveis das personalidades e ações dos animais que acompanhou de perto.
Em nossos modernos CTIs, a morte, antes vista como acontecimento irrevogável, passa mais claramente à ordem dos processos, cuja duração, intensidade e conseqüências são administradas ou reguladas segundo critérios e valores muitas vezes não explicitados. Mediante um estudo de caso, a autora aborda a organização social dos centros de tratamento intensivo; os dramas éticos envolvendo profissionais da saúde, pacientes e familiares; e, finalmente, a emergência de um novo especialista, o intensivista.
A presente obra apresenta a visão particular do autor sobre o funcionamento do Mercosul e as peripécias da participação brasileira no processo sub-regional de integração nos últimos anos, condensadas numa coletânea de artigos, publicados ou não, na mídia do país. A abordagem do autor centra-se, basicamente, nos aspectos políticos, institucionais e operacionais que pautaram os problemas enfrentados pelo bloco para desenvolver o projeto de alcançar um mercado comum no sul do continente traçado pelo Tratado de Assunção de 1991.Temas como falhas de concepção, gargalos operacionais e, sobretudo, adoção de políticas erráticas de concepção ideológica equivocadas, provocaram acentuado retrocesso num projeto por si mesmo complexo.
Os dilemas que se apresentam no âmbito da educação de crianças e adolescentes só não têm sido maiores do que o ritmo das mudanças a que somos submetidos. Quando começamos a compreender determinado fenômeno, outro surge, trazendo novos desafios e dúvidas, e nos exigindo rever e pensar estratégias para promover o desenvolvimento integral dos mais jovens. A educadora Alcione Marques e o psiquiatra da infância e da adolescência Gustavo M. Estanislau discutem neste livro, na interlocução de suas especialidades, os dilemas que são hoje mais relevantes e frequentes na educação, ilustrados com casos reais, comentados por eles ou por especialistas convidados. Questões como autoridade, autonomia, sexualidade, impactos da tecnologia, bullying, comportamentos autodestrutivos, altas habilidades, abuso de substâncias e saúde mental são discutidas aqui sob diferentes pontos de vista, não com o intuito de se achar uma resposta, mas sim de ampliar o debate e nortear condutas. Uma leitura indispensável para educadores, pais e todos aqueles que se preocupam com o futuro da educação.
Qual é o papel da educação superior brasileira? Servir ao mercado ou servir à sociedade? E como determinar a qualidade desse ensino? Somente o debate público sobre essas diferentes interpretações pode trazer luz à ideia de qualidade na educação superior.
Para que, no futuro desejado, conforme-se no Brasil um sistema de saúde universal, integral e equânime, o Estado deve ter um papel decisivo na articulação das duas dimensões da saúde: a social e a econômica. É o que defendem os autores deste livro. Um Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) frágil não atende às exigências de elevação da competitividade brasileira no cenário internacional. Mas não é só isso: essa fragilidade afeta sobremaneira a capacidade de resposta às necessidades sanitárias da população. Gostaríamos que esta publicação se configurasse, sobretudo, como um convite para o debate e para o fortalecimento deste campo científico, com um padrão de desenvolvimento que articule, ao mesmo tempo, o dinamismo econômico com os direitos sociais e a conformação de um Estado de bem-estar no Brasil, diz o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha, coordenador do livro. A publicação apresenta a dinâmica dos investimentos no complexo produtivo da saúde, no mundo e no Brasil, analisando seus diferentes subsistemas: de base química e biotecnológica; de base mecânica, eletrônica e de materiais; e de serviços de saúde. Ao final, traz uma síntese analítica e discute políticas para o desenvolvimento do CEIS.
Relações raciais e educação. Juntos, os temas vibram e tornam-se pontos referenciais para entender os vínculos entre as politicas públicas e a desigualdade social. O autor examina a maneira pela qual leituras científicas sobre a sociedade definiam negros e carentes como deficientes e como essa concepção passou a influenciar as práticas educacionais.
Do encontro entre saúde e relações internacionais se originam os conceitos e práticas contemporâneos da saúde global e da diplomacia da saúde. Mas tal encontro só se estabeleceu em função do processo de globalização. A crise econômica sistêmica e global, expondo as brechas estruturais do capitalismo global, aprofundou as desigualdades preexistentes e, desde então, só vem se ampliando, com consequências sociais, econômicas e sanitárias gravíssimas, particularmente para os países pobres e para os pobres de todos os países. A crise abateu-se sobre os países da América Latina, e muitos progressos alcançados estão agora ameaçados, inclusive as conquistas no campo da saúde, que vem sendo profundamente afetada. Este livro procura explicar a saúde no cenário global; o que a molda social e economicamente; como o global dialoga com o regional e o local; como a governança global exerce impacto sobre a saúde; como transcorre a governança da saúde global; e que papel desempenha a diplomacia aplicada em prol de uma situação de saúde mais equitativa. A complexidade internacional tem colocado novos objetos e desafios sobre os quais os autores desta coletânea buscam refletir, na perspectiva da América Latina e Caribe: as desigualdades sociais e sanitárias profundas entre países e no interior destes; as crises humanitárias relacionadas com conflitos armados em diversas partes do mundo; as correntes migratórias na América Latina; as transformações nos padrões culturais que desafiam a visão do 'normal' em medicina e saúde pública; o comprometimento ambiental em escala planetária; e a proliferação de instituições multilaterais que incluem os problemas de saúde entre seus programas de cooperação, sem entretanto solucioná-los.
A terceira edição de Direita e esquerda chega em meio a um cenário econômico global tumultuado por uma das piores crises financeiras do capitalismo. Quando de sua primeira edição, em 1999, Norberto Bobbio, um dos principais pensadores contemporâneos, deu uma resposta a quem preconizava que já não fazia sentido distinguir direita e esquerda, pois na globalização a análise dos problemas políticos e econômicos expandira-se para além das fronteiras dos Estados nacionais: “Parece-me ter ocorrido exatamente o contrário, ou seja, que a distinção não está morta e sepultada, mas mais viva do que nunca”.
Defender o nosso Sistema Único de Saúde e reforçar sua importância para o Brasil é também acreditar que uma outra comunicação em saúde é possível. Diante da pandemia de Covid-19, em um contexto em que o valor do SUS ocupa posição de destaque nas mídias e na agenda pública, a Editora Fiocruz lança Direito à Comunicação e Saúde, livro que integra a coleção Temas em Saúde.
Este livro de Luciana Simas Chaves de Moraes abre as entranhas do nosso grande encarceramento na perspectiva do sofrimento imposto às mulheres privadas de liberdade. A guerra às drogas, essa política criminal com derramamento de sangue, atravessou governos à direita e à esquerda aumentando exponencialmente o número de brasileiros e brasileiras presas. Mas esse fenômeno, tão funcional ao capitalismo contemporâneo, atingiu as mulheres de uma forma brutal, aumentando em poucos anos 500% do encarceramento feminino.
A autora usou o direito à saúde para nos relatar uma história do Sistema Único de Saúde. Não se trata de uma narração de peripécias historiográficas. Ela não fez reconstituição sistemática de eventos. Nada disso. Falou-nos do modo concreto como diretrizes gerais inscritas na Constituição Brasileira vieram passando à prática. Demonstrou como distintos sujeitos coletivos reinterpretam as mesmas leis, segundo seus interesses e conveniências.
Este livro permite que o leitor conheça o contexto no qual se insere o aquecimento global e as possíveis mudanças climáticas decorrentes e a possibilidade de um enfrentamento do problema pelo Direito através dos créditos de carbono como uma forma de estabelecer uma comunicação mais efetiva entre os sistemas do Direito e da Economia em benefício do meio ambiente. A obra apresenta, primeiramente, os principais conceitos e mecanismos do Direito Ambiental para depois, na segunda parte, aprofundar o urgente problema das mudanças climáticas. A contextualização se dá com a globalização e com a caracterização da Sociedade de Risco que produz demandas de consequências imprevisíveis, como ocorre com o aquecimento global provocado pela ação transformadora do homem. Prossegue o texto constatando que a busca por uma resposta por parte do Direito se constrói com a aplicação do princípio da precaução exemplificado através do Protocolo de Kyoto e dos créditos de carbono com ênfase a energia eólica, analisado como uma forma de construir a difícil conciliação entre os interesses econômicos e ambientais. Sustenta também o texto que as mudanças climáticas podem afetar todo o planeta de uma forma ou de outra, exigindo uma ação global dos Estados nacionais reunidos em organizações como a ONU para produzir tratados que contenham mecanismos práticos que representem efetividade nas ações e políticas relacionadas ao meio ambiente.
A obra constitui, em seu conjunto, valiosa contribuição acadêmica e prática para o estudo das implicações que as Políticas de Recursos Hídricos e Saneamento trazem para a efetivação dos direitos humanos em suas múltiplas dimensões, partindo de uma perspectiva universal, enfrentando questões de direito comparado, direito estadual e, por fim, debatendo o papel dos Municípios na proteção do bem ambiental maior para a vida, a água.
A obra contém reflexões sobre a caracterização social da saúde, suas condicionantes e determinantes, assim como o papel do Sistema Único de Saúde (SUS) frente o conceito de saúde insculpido no artigo 196 da Constituição Federal. São abordados os temas da integralidade da assistência, o financiamento da saúde, a política do sangue e suas implicações éticas.
Nesta obra, Bobbio visita a obra seminal de Kelsen, influência constante de todo o seu pensamento político e jurídico. Nessa trajetória, temas centrais como o estabelecimento de um sistema legal internacional são devidamente abordados com as costumeiras originalidade e profundidade que sempre caracterizaram o mestre italiano.
(...) as palavras da lei, escrita, em geral, não são capazes de escrever, para cada situação concreta, os mecanismos que permitirão a proteção contra os fatores de risco cujo responsabilidade ainda não foi provada ou medida. O direito da seguridade social, portanto, extrema as características do direito contemporâneo. Esta é uma das razões pelas quais a obra de Arthur Bragança de Vasconcellos Weintraub e Juliano Sarmento Barra, Direito Sanitário Previdenciário e Trabalhista deve merecer uma leitura atenta, uma vez que nos apresenta um vasto panoramo do direito da seguridade social. Os autores tratam do tema com minúcia e precisão, oferecendo um roteiro seguro para o conhecimento e a compreensão das concepções jurídicas mais avançadas do nosso tempo.
Segundo os relatórios Conflitos no Campo, publicados anualmente pela Comissão Pastoral da Terra, são crescentes os ataques aos quilombolas, indígenas e trabalhadores do campo. Em Dourados - município de Mato Grosso do Sul onde os organizadores deste livro são testemunhas das cotidianas violações de direitos contra os Guarani e Kaiowás - a violência é cada vez maior: logo no início de 2020, cerca de 180 famílias indígenas sofreram ataques por seguranças de fazendeiros, deixando sete indígenas feridos, incluindo uma criança, que perdeu três dedos da mão esquerda.
Os diversos artigos que compõem essa coletânea revelam agentes, conflitos, hierarquias e competências próprias do campo ambiental, além de tomar posição no debate socioambiental a respeito dos interesses contrapostos e das relações assimétricas em torno do poder público, das comunidades socialmente vulneráveis, dos territórios tradicionais, das unidades de conservação e da biodiversidade. Os assuntos abordados ao longo desta obra vão desde o conflito do Quilombo Rio dos Macacos, em Simões Filho (BA), até a questão agrária e os assentamentos rurais do município de Irará (BA), passando por reflexões sobre o comportamento jurídico, percepções, ignorâncias e estereotipação sobre os direitos indígenas no contexto legal brasileiro.
À primeira vista, a ideia de direitos da Natureza pode causar algum estranhamento: talvez o mesmo estranhamento que um dia causaram as propostas de direitos civis, direitos humanos e direitos das crianças, por exemplo. Neste livro, o sociólogo uruguaio Eduardo Gudynas analisa os caminhos conceituais e as lutas sociais que vêm abrindo espaço para que comecemos a tratar a Natureza como sujeito de direitos, e não como mero objeto da exploração humana. O autor analisa os casos do Equador, que colocou os direitos da Natureza na Constituição aprovada em 2008, aproximando os termos Natureza e Pacha Mama, e da Bolívia, que aprovou leis de proteção da Mãe Terra.
Dirigida a todos que se interessam pela interface entre ciências sociais e direitos humanos, porque nela pesquisam ou atuam, a coletânea apresenta uma série de estudos, a maioria de cunho etnográfico, sobre práticas sociais que articulam os discursos de direitos e os valores da ajuda humanitária. Aborda problemas sociais, como pobreza e discriminação, e novas formas de intervenção sobre eles, provenientes da ação estatal, jurídica, de ajuda humanitária ou de organizações da sociedade civil.
Desvelou-se, pelo percurso histórico-filosófico deste ensaio, que a efetividade dos Direitos Humanos se torna comprometida em razão de os mesmos serem concebidos em meio a compreensões arcaicas de Direito. Isto é, a concepção metafísica e dualística da antiguidade, também dominante no período medieval, continua presente em atuais teorias, que não acompanham os grandes avanços provindos da interação social e do vertiginoso desenvolvimento científico. Por isso, o presente estudo se reveste da modesta pretensão de contribuir para se repensar o reprodutivismo das velhas premissas filosóficas que ainda baseiam os Direitos Humanos nas ciências sociais aplicadas
O livro reúne um conjunto diverso de estudos sobre diversidade sexual e de gênero, com uma seleção abrangente e inédita de trabalhos que marcam o conhecimento que se produziu sobre gênero e sexualidade nos últimos 20 anos nas ciências humanas, incluindo saúde coletiva, ciências sociais, direito, educação, psicologia e serviços sociais. Diante dos enfrentamentos colocados pelo cenário atual, os textos convidam à releitura das primeiras duas décadas deste século e apresentam uma abordagem acessível de temas que atingiram grande refinamento conceitual e analítico.
Em 2013 a Associação Brasileira de Saúde Mental (abrasme) realizou o primeiro fórum de Direitos Humanos e Saúde Mental. A inversão dos termos foi uma tomada de posição importante e consciente, que ressignificou todo o campo e interface entre os temas dos Direitos Humanos e da Saúde Mental. Anteriormente se falava em Saúde Mental e Direitos Humanos, o que priorizava ou direcionava para o entendimento e a realização de ações como do cuidado e da atenção aos sujeitos, defendendo o direito à liberdade e à dignidade da vida, lutando contra as variadas formas de violência pelas quais as pessoas em situação de vulnerabilidade são submetidas.
O direito humano à saúde relaciona-se à cidadania plena e à igualdade. É a partir dessa perspectiva ampla e inegociável da concepção de saúde, que serve à garantia do respeito às diferenças e da redução das desigualdades, que a Editora Fiocruz lança Direitos Humanos e Saúde: reflexões e possibilidades de intervenção, livro que integra a coleção Temas em Saúde.
"[...] Por um lado, temos a violência explícita de ataques terroristas [...], com grande reverberação social e difusão midiática [...]. Por outro lado, todavia, temos também o terrorismo subterrâneo, um ´estado de terror´ que corresponde necessariamente à parte mais obscura do benjaminiano ´estado de exceção´ em que vivemos. [...]
Assumindo a exigência de pensar os Direitos Humanos nesse cenário, as autoras e autores discutem temas diversos, que atravessam esse campo de debate, tais como: racismo institucional, preconceito contra LGBTQI+, violência contra a mulher no âmbito doméstico e na forma de violência obstétrica institucional, política cultural brasileira, cultura policial e formação, justiça restaurativa, a problemática da proteção animal, assim como a centralidade da atuação dos mecanismos internacionais para a salvaguarda dos Direitos Humanos.
É possível apreender cientificamente a discriminação? Que desafios complexos devem ser enfrentados nesta iniciativa? Para responder a estas perguntas, são necessárias estratégias metodológicas capazes de identificar e medir a discriminação. Apresentar as ferramentas disponíveis e discutir suas potencialidades e limitações são os objetivos deste livro. “Há vasta literatura que documenta a influência deletéria de processos discriminatórios na relação estabelecida entre profissionais de saúde e pacientes, na prescrição de tratamentos medicamentosos ou de outros procedimentos cirúrgicos e terapêuticos, assim como na própria satisfação dos usuários com o atendimento prestado”, afirmam os autores. Eles apresentam o tema em perspectiva histórica, desde antes da década de 1920 até os dias atuais. Também descrevem os principais métodos hoje utilizados para mensurar a discriminação, como experimentos laboratoriais; experimentos de campo; análises de dados observacionais e experimentos naturais; e análise de indicadores. Sublinham as peculiaridades do contexto brasileiro e chamam atenção, por exemplo, para casos em que os tratamentos injustos estão tão internalizados que discriminadores e discriminados não identificam aquelas situações como problemáticas, considerando-as normais e naturais.
Com rigor metodológico, Luiz Valério Trindade evidencia o crescimento das redes sociais e analisa o quanto elas cooperam para o aumento dos discursos de ódio ao mesmo tempo que lucram com essas ações. Por meio de conhecimento qualificado e embasado, o autor revisita momentos importantes da história do Brasil pós-abolição para sedimentar conceitos fundamentais que permitem compreender a dinâmica racial nos tempos atuais, evidenciando o quanto o processo de construção da identidade nacional baseou-se pela ideologia do branqueamento. A partir de evidências de que as mulheres negras são as principais vítimas dos discursos que ridicularizam e inferiorizam suas existências, Luiz Valério Trindade analisa textos postados em redes sociais e mostra o quanto o racismo intersecciona-se com sexismo e questões de classe. Dessa forma, a obra contribui para conscientizar a sociedade e enriquecer o debate público em busca de soluções, com alternativas práticas para o enfrentamento deste problema.
“A linguagem poderia nos ferir se não fôssemos, de alguma forma, seres linguísticos, seres que necessitam da linguagem para existir?” Sensíveis às complexidades e à emergência das discussões sobre a liberdade de expressão e cultura do “cancelamento”, as reflexões que decorrem desta leitura são atuais, necessárias e fecundas. Preocupada com a necessidade de aumentar o poder de ação de dominados e subordinados, a autora problematiza algumas importantes questões que permeiam o debate sobre a criminalização do discurso de ódio.
Ao estudar o Renascimento inglês, Pedro Rocha de Oliveira escancarou um fato extremamente atual: o de que a modernidade - que se confunde com o capitalismo, a acumulação primitiva e o progresso - é uma engrenagem que obrigatoriamente precisa de uma população periférica, externa ou interna, que é descartável, isto é, matável. O "populacho" está fora do acordo oligárquico que define uma democracia - que pertence aos experts, aos proprietários, os quais detêm o monopólio da racionalidade.
Quase duas décadas após ter sido defendida na Faculdade de Educação da USP, a tese de doutorado de Sueli Carneiro chega na forma de livro com grande atualidade. Nele, a autora aplica os conceitos de dispositivo e de biopoder de Michel Foucault ao domínio das relações raciais, forjando o que chama de dispositivo de racialidade — que produz uma dualidade entre positivo e negativo, tendo na cor da pele o fator de identificação do normal, representado pela brancura. Especulando com Foucault e amparada na teoria do contrato racial do afro-jamaicano Charles Mills, ela demonstra como este dispositivo se constitui em um contrato que não é firmado entre todos, e sim entre brancos, e funda-se na cumplicidade em relação à subordinação social e na eliminação de pessoas negras. Ele também se efetiva pelo epistemicídio, cujo objetivo é inferiorizar o negro intelectualmente e anulá-lo como sujeito de conhecimento. Contudo, todo dispositivo de poder produz a sua própria resistência, e é nesse contexto que a filósofa traz à obra a voz de quatro insurgentes. Seus testemunhos revelam que é da força da autoestima, da conquista da memória e da ação conjunta que se extrai a seiva da resistência.
Ao enfrentar a história da luta pela anistia política desde 1964 e da forma através da qual a ditadura projetou e implementou a ‘sua’ anistia em fins dos anos 1970, Renato Lemos apresenta uma totalidade relacional. A trajetória daqueles e daquelas que resistiram é indissociável da história da forma como a ditadura respondeu com brutalidade autocrática a essa resistência. Mas, também do processo através do qual a contrarrevolução preventiva logrou permanecer, mesmo após a mudança do regime, como lógica dirigente da dominação exercitada pela burguesia no território periférico e dependente em que se construiu o capitalismo no Brasil.
A diversidade humana tem sido desculpa para discriminações, desigualdades e violências, mas, é também fonte de enriquecimento cultural e material, admiração mútua e emancipação dos preconceitos. A relação entre diversidade e poder é um tema central do presente livro e exige investigações de diferentes campos teóricos. Esse livro se coloca no debate e reúne importante pensadores brasileiros e estrangeiros.
A coleção A Lei 10.639/03 e a Formação de Educadores, composta de dois volumes, foi organizada pelas antropólogas Maria Alice Rezende Gonçalves e Ana Paula Alves Ribeiro, respectivamente coordenadora e colaboradora do Neab – Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Uerj, e é dirigida a todos os interessados na inclusão das questões afro-brasileiras nos currículos do ensino básico.
Um dos principais objetivos desta publicação é discutir a relação entre etnia, nação e Estado. Busca, portanto, compreender como a interação entre esses elementos produziu a necessidade de solidariedade, tolerância e promoção dos direitos humanos. Nesse sentido, mostra que, apesar de ter havido a consolidação de normas de alcance universal, isso não evitou, em diversas ocasiões, a violação dos direitos humanos por esses mesmos Estados.
Este livro foi elaborado por dois pesquisadores amazonenses que acreditam no protagonismo e na participação para transformação de uma sociedade em que as disputas políticas visam silenciar e oprimir grupos que não se enquadram nos modelos normativos. A relação entre os autores de seu por meio de orientando-orientadora que permitiu a troca de saberes e afetos.
O cuidado de si é o foco desta obra tardia de Michel Foucault organizada a partir de conferências de 1982 em Toronto, no Canadá. Nela, o filósofo persegue diferentes formas de busca de uma verdade sobre si numa perspectiva histórica, concentrando-se na Antiguidade greco-romana e no surgimento do cristianismo – com o desenvolvimento das instituições monásticas e as interdições referentes à sexualidade. A questão de fundo é: como se constitui o sujeito ocidental moderno? Partindo de uma leitura do Alcibíades, de Platão, que apresenta o ponto de vista socrático sobre o tema, Foucault percorre em seguida, ao longo dos séculos, o pensamento de Sêneca, Musônio Rufo, Epicteto, Plutarco, Galeno, Marco Aurélio, Clemente de Alexandria, João Cassiano, Santo Agostinho, entre outros, abrangendo uma noção bastante ampla de suas percepções sobre uma ética de si. Nesta genealogia do sujeito moderno, Foucault identifica que, a partir do cristianismo, ocorre uma virada na hermenêutica de si em relação às concepções pagãs. Da ascese em que o sujeito se voltava para a verdade, preparando-se para viver no mundo, a civilização ocidental passa a buscar uma ascese voltada para um outro mundo, para a vida eterna. Organizado pelos especialistas Henri-Paul Fruchaud e Daniele Lorenzini, a edição traz notas críticas para elucidar temas abordados no contexto da obra foucaultiana, bem como uma embasada introdução que permite contextualizar a obra no quadro da genealogia do sujeito (ocidental) moderno estudada por Foucault.
O PT se apresentava como um partido que lutava nas ruas e nas portas das fábricas, nas igrejas e nas universidades pregando ética e justiça social. No que ele se transformou após mais de uma década de exercício contínuo de poder?José de Souza Martins, um dos mais importantes cientistas sociais brasileiros, enfrenta essa questão com coragem e objetividade. O livro vai desvendando o PT por meio de textos que acompanham a trajetória do partido, do início aos dias de hoje. Livro esclarecedor, apaixonado e apaixonante. Leitura para quem quer de fato entender o que está acontecendo no Brasil.
Do Silêncio do Lar ao Silêncio Escolar é a interpretação crítica e analítica de uma pesquisa feita pela professora Eliane Cavalleiro sobre a discriminação das crianças negras em sala de aula. Os resultados são chocantes e mostram inúmeras situações de preconceito racial ocorridas durante as aulas. Esse livro é um primeiro e importante passo para que o Brasil rompa o silêncio em torno do racismo e comece a lutar para eliminá-lo de vez do sistema educacional.
Como bem caracteriza o autor, a Reforma Sanitária é processo, é movimento, e não pode contentar-se com o Sistema Único de Saúde (SUS), mesmo que pleno. A defesa é de uma reforma que pretende um projeto civilizatório pautado na emancipação dos trabalhadores: o socialismo.
Este livro é fruto da cooperação entre cientistas engajados da saúde coletiva e das ciências sociais do Brasil e de Portugal, com destaque para o Núcleo Ecologias, Epistemologias e Promoção Emancipatória da Saúde (Neepes/ENSP/FIOCRUZ) e o Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, responsáveis pelo curso internacional de verão “A Saúde Coletiva em Diálogo com as Epistemologias do Sul”, realizado anualmente desde 2018. A obra apresenta uma coletânea de artigos de vários autores que apresentam e dialogam com as bases conceituais e metodológicas das epistemologias do Sul em sua crítica aos três pilares da modernidade eurocêntrica: capitalismo, colonialismo e hetero-patriarcado. Vários temas são abordados, como pensamento abissal, sociologias das ausências e emergências, ecologia de saberes, interculturalidade, descolonização da academia e da saúde coletiva, arte e metodologias sensíveis, cuidado e ecologias feministas, saúde mental, desastres, neoextrativismo e agroecologia. Espera-se que o livro contribua para a divulgação e qualificação desse debate em diferentes cursos de graduação e pós-graduação num contexto atual tão desafiante para a democracia e a sustentabilidade.
Quem foi o doutor Carlos Chagas? Mesmo ao considerar a dificuldade que o povo brasileiro tem para identificar os grandes nomes de nossa história, arrisco dizer que essa pergunta tem boas chances de resposta. No caso, porque o nome do homem se associou ao
Quais as doenças que afligiam índios e europeus nos primeiros séculos do Brasil? Como os nativos se defendiam de males até então desconhecidos por eles, como gripe e sarampo? A pesquisadora e médica Cristina Gurgel nos mostra um capítulo importante da História do Brasil, o encontro (e desencontro) de duas culturas sob a ótica das doenças e dos males que afetaram seus habitantes.Ao contrário do que se propaga, a autora defende a ideia de que os princípios terapêuticos básicos da medicina indígena e europeia tinham muito em comum. Ambos os povos possuíam uma concepção da doença como uma invasora, sendo, portanto, necessário forçar sua saída do organismo. Para que isso ocorresse, empregavam-se cerimônias e substâncias que diferiram conforme a cultura e a disponibilidade e qualidade de matérias-primas medicamentosas.
Doenças têm o poder de alterar o andamento do processo histórico? A resposta é positiva para o autor deste livro, o médico infectologista Guido Carlos Levi, com décadas de experiência no serviço público e privado.Uma vez por mês, oito médicos se reúnem para jantar e conversar. Além da profissão, eles compartilham a paixão pela História, em particular pelo estudo de doenças que influenciaram no desencadeamento e na evolução de acontecimentos históricos. O tema dos encontros: de que modo doenças como varíola, tifo, escorbuto, cólera alteraram o destino de povos e nações?
Análise profunda sobre repartição de renda e estrutura de classes por um dos maiores pensadores brasileiros Dominação e desigualdade, obra que retorna neste volume (seguida de Repartição da renda: pobres e ricos sob o regime militar), ocupa posição proeminente entre os clássicos do pensamento socialista democrático brasileiro, sendo um dos marcos na análise crítica do desenvolvimentismo que sobreveio a 1964. O livro traz preciosa contribuição para os debates sobre as imbricações entre repartição de renda e estrutura de classes, bem como sobre a gigantesca desigualdade de oportunidades que enfrentam aqueles que dependem de sua força de trabalho para sobreviver.
Quem se deslumbrou com a maestria narrativa, a sólida e delicada construção de personagens, a linguagem apurada e a temática brasileira de Torto arado, romance que converteu Itamar Vieira Junior em um dos nomes centrais da nossa literatura contemporânea, vai encontrar neste Doramar ou a odisseia ainda mais motivos para celebrar a ficção do autor. Num diálogo permanente com nossas questões sociais e a tradição literária brasileira, Itamar enfeixa um conjunto de histórias a um só tempo atuais e calcadas na multiplicidade de culturas que formam o país.
A história da humanidade foi protagonizada por homens, que criaram uma sociedade em que cabia às mulheres a tarefa de servi-los. Dentro desse contexto de subserviência, parte-se da premissa de que a mulher sempre foi discriminada e oprimida pelo homem.Consolidar a igualdade substancial entre homens e mulheres é a forma de se respeitar a própria essência humana, mas para tal exercício de equilíbrio de forças é necessária uma boa dose de feminismo, entendido como um movimento social e ideológicoque busca ampliação dos direitos civis e políticos da mulher, até a equiparação aos dos homens.Os Tratados Internacionais de Direitos Humanos fundaram uma nova dimensão, apta a criação e efetivação dos direitos humanos das mulheres e capaz de articular as legislações internas dos Estados na ratificação da dignidade da mulher, concretizada no respeito ao princípio da isonomia.No Brasil, a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) busca proporcionar proteção judicial à mulher vítima de violência doméstica e combate à impunidade dos agressores, permitindo tratamento diferenciado em razão da histórica opressão do homem sobre a mulher.É com esse espírito de respeito à igualdade, à liberdade e, sobretudo, à dignidade da mulher que nos confrontaremos no mister de analisar o cenário da violência doméstica após a vigência da Lei Maria da Penha, tendo por base o estado da Paraíba, considerado um dos mais machistas do Brasil.Esta obra é destinada a alunos, professores, pesquisadores e profissionais que atuam nas redes de enfrentamento ou a qualquer pessoa interessada na temática da prevenção da violência familiar.Sejam todos bem-vindos, e ótima leitura!
Este livro é composto por documentos que fazem uma revisão do dossiê científico e técnico contra o Projeto de Lei do Veneno (PL 6.299/2002) e a favor do Projeto de Lei que institui a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNARA) da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) e da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) publicado em julho de 2018. Na edição atual, incluiu um esforço colaborativo das editoras Expressão Popular, Hucitec, Abrasco e Rede Unida.
A publicação, com mais de 600 páginas, colorida e ilustrada, reúne as três partes revisadas do Dossiê Abrasco lançadas ao longo de 2012, além de uma quarta parte inédita intitulada “A crise do paradigma do agronegócio e as lutas pela agroecologia”. O livro é uma co-edição da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fiocruz, e da editora Expressão Popular. Este capítulo inédito, concluído em outubro de 2014, foi dedicado à atualização de acontecimentos marcantes, estudos e decisões políticas, com informações que envolvem os agrotóxicos, as lutas pela redução dessas substâncias e pela superação do modelo de agricultura químico-dependente do agronegócio. A leitura desse cenário mais recente revela que a situação do país em relação aos agrotóxicos está ainda mais grave e que a correlação de forças no campo social propicia desafios maiores. O consumo de venenos agrícolas cresce ano após ano, está em curso um processo de desregulamentação do uso de agrotóxicos no país. Não é por falta de confirmação dos efeitos nocivos à saúde e ao ambiente que a grave situação de uso indiscriminado de agrotóxicos no Brasil não é revertida. O livro reúne informações de centenas de livros e trabalhos publicados em revistas nacionais e internacionais que revelam evidências científicas e correlação direta entre uso de agrotóxicos e problemas de saúde. Não há dúvida, estamos diante de uma verdade cientificamente comprovada: os agrotóxicos fazem mal à saúde das pessoas e ao meio ambiente. A sociedade brasileira resiste ao uso de agrotóxicos, tem se organizado e avança na conquista de políticas públicas importantes, como a Política Nacional para a Prevenção e Controle do Câncer e a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica. Sobre a agroecologia – que o livro trata com dedicação especial nesta quarta parte, temos a possibilidade concreta de implementar o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (PRONARA).
Lançado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz), o documento é resultado de um projeto realizado em 2023-2024 realizado por sete GTs da Abrasco em parceria com setores do movimento social que atuam em defesa da vida diante dos perigos dos agrotóxicos. O documento aborda as múltiplas consequências do uso de agrotóxicos na saúde reprodutiva, com estudos que apontam que a exposição a essas substâncias perigosas provoca alterações hormonais e genéticas em células reprodutoras e nos embriões, com o aumento da infertilidade, do risco de partos prematuros, abortamentos, malformações congênitas, além de neoplasias e distúrbios endócrinos. Espera-se que o dossiê subsidie políticas públicas de atenção e cuidado da vida contra essas nocividades e estimule de modo significante a pesquisa sobre esse tema em todo o território nacional.
Está mais do que na hora de pessoas bem-sucedidas falarem abertamente sobre o uso recreativo de drogas, é o que defende o neurocientista Carl Hart neste livro corajoso e polêmico. Sem esconder sua condição de usuário, em total equilíbrio com uma vida plena e produtiva, ele ilustra os inúmeros benefícios do uso responsável por adultos e argumenta que o maior dano das drogas decorre de sua ilegalidade. Sua demonização e criminalização em países como os Estados Unidos e o Brasil têm sido um flagelo imenso, contribuindo para a discriminação racial, marginalização e mortes.
Estudo do processo de conversão do alcoólico ativo em alcoólico passivo isto é, bebedores que, assumindo a incapacidade de controle sobre o consumo do álcool afiliam-se a programas de conquistas da abstinência. Se organiza principalmente em torno de duas unidades de análises o bar como definidor do ato de beber, e os grupos de abstinentes vinculados à instituição Alcoólicos Anônimos.
Um encontro com Felipe, de apenas 7 anos, obrigou o premiado neurocientista francês Stanislas Dehaene a rever radicalmente suas ideias sobre aprendizado. Mesmo preso a um leito de hospital e completamente cego em consequência de uma bala perdida, o menino brasileiro manteve intacta sua sede de aprender. Mas, final, como o cérebro humano consegue adaptar-se às circunstâncias reprogramando-se e, assim, continuar aprendendo? Do questionamento surgiu este poderoso livro. O autor nos conta que nosso cérebro é uma máquina extraordinária e continua sendo a melhor fonte de inspiração para os desenvolvimentos recentes da inteligência artificial. É assim que aprendemos vai até os limites da ciência da computação, da neurobiologia e da psicologia cognitiva para explicar como o aprendizado realmente acontece e como fazer melhor uso dos algoritmos de aprendizado do cérebro em nossas escolas e universidades, e também na vida cotidiana. “Há palavras tão familiares que obscurecem o que elas significam no lugar de iluminar. ‘Aprender’ é uma palavra assim. Parece tão simples, todo mundo aprende. Na verdade, porém, está mais para uma caixa-preta, que Dehaene abre para revelar seus incríveis segredos. Sua explicação do funcionamento dos mecanismos do cérebro é uma excelente introdução.” - The New York Times Book Review“ “Este é um livro cativante, que amplia a mente, repleto de insights.” - The Sunday Times “Hoje em dia, as máquinas já realizam operações que não conseguimos fazer, mas, no fim das contas, nosso cérebro nos permite chegar muito mais longe. O autor desenvolve, de forma claríssima e com rigor científico, o que chama de ‘os quatro pilares da aprendizagem’ [atenção, envolvimento ativo, feedback de erros e consolidação]. Ele selecionou as informações para fornecer sugestões bastante práticas.” - Association Française pour l’Information Scientifique “Um levantamento interessante de como a ciência – de escaneamentos cerebrais a testes psicológicos – está ajudando a inspirar a pedagogia.” - Financial Times
E se eu fosse puta é o quê? Você, leitor, que me diz. Tem de tudo um pouco, mas sobretudo verdade, dessas que a gente gosta só debaixo do tapete, bem escondidinha, o dia a dia da rua, a barganha, o homem antes e depois de gozar. Amara se vê travesti e junto descobre a vida que haveria a partir de então, puta aonde quer que fosse, fosse pra cuspir, fosse pra perguntar discretamente o preço (“tudo no sigilo, sou casado, sabe?”). Corpo que não tem lugar, corpo que se fazia à revelia das regras, das normas, corpo que se prestava pras sombras, essa era eu e eu não fazia sentido, sequer sabia aonde eu queria chegar. Quem me entendia? Esse livro é sobre a escolha que não faz sentido, esse livro é sobre buscar porquês. E se eu fosse puta? E se fosse você?
De forma lúdica, fortalecendo o vínculo da família (mãe, pai, avós, tios), que é a base da rede de apoio para a mãe que amamenta, e com uma linguagem carinhosa e acessível a todos, os autores contam uma história que se baseia nos hábitos dos mamíferos e explicam a importância do aleitamento materno. As ilustrações de Helena Cortez trazem conferem ainda mais leveza e poesia à obra. O aleitamento materno é uma unanimidade mundial. Não há nenhuma dúvida sobre a importância e os benefícios do leite materno no crescimento, desenvolvimento e imunidade das crianças. Todos os profissionais de saúde reconhecem a amamentação como a principal fonte de alimentos dos bebês. A Organização Mundial de Saúde (OMS), o Ministério da Saúde (MS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomendam o aleitamento materno desde a sala de parto, exclusivo e em livre demanda até o 6o mês, complementado com alimentação saudável até os 2 anos ou mais. No entanto, menos da metade das crianças aos 6 meses é ainda alimentada com o leite materno. Muitos fatores influenciam nesse déficit: falta de informação ou informação inadequada de redes sociais, amigos e familiares e até de profissionais de saúde, falta de apoio, falta de espaço na mídia, licença-maternidade insuficiente, marketing abusivo das indústrias de fórmulas infantis, cultura de desmame e muitas outras questões. Para melhorar esse cenário, os órgãos responsáveis estão tentando providências, como cursos e busca incessante de aprovação de leis que favoreçam a amamentação e a mulher trabalhadora que amamenta. A primeira semana de agosto, há mais de 25 anos, é dedicada à celebração da Semana Mundial de Aleitamento Materno, cada ano com um tema específico. Já comemoramos, no Brasil, o Agosto Dourado - um mês inteirinho para informar, sensibilizar e apoiar a amamentação. E para não ficar só esperando que 'os outros' façam alguma coisa, o pediatra e homeopata Moises Chencinski e a nutricionista e consultora em aleitamento materno Vane
A presente obra busca compreender de que forma o modelo de economia capitalista tem impactado e determinado a precarização ambiental e social e como a regulação estatal tem se posicionado nesse cenário. Partindo da análise de que a regulação vem assumindo um papel cada vez menos comprometido com a defesa do meio ambiente, do trabalhador e dos grupos sociais, são cogitadas alternativas que signifiquem a incorporação das contribuições sociais que passam a exercer o papel de novos movimentos de resistência.
As concepções capitalistas de progresso com crescimento sem limites da economia conduziram o planeta a uma crise ambiental sem precedentes. A ecologia política visa desconstruir essa racionalidade insustentável e impulsionar ações sociais para a construção de um futuro sustentável, reorientando o desenvolvimento das forças produtivas, recriando as formas de sociabilidade e reconfigurando as relações de poder. Esse pensamento tem ressonâncias no campo da produção e do conhecimento, da política e das práticas educativas. O ambientalismo radical confronta o poder hegemônico unificador do mercado como destino inelutável da humanidade e valoriza a diversidade cultural, os saberes tradicionais e os direitos humanos, fundando um pensamento emancipatório e uma ética política para renovar o sentido da vida e defender a preservação da natureza.
Este é considerado o livro-texto definitivo sobre todos os aspectos da ecologia. Esta nova edição continua a fornecer um tratamento completo do tema, desde os princípios ecológicos fundamentais até uma reflexão vívida sobre nossa compreensão da ecologia no século XXI.
A humanidade e o planeta terra vivem momentos dramáticos. Séculos de irresponsável exploração dos bens de serviço da natureza atingiram as bases físico-químicas que sustentam a vida. O aquecimento global é apenas um sintoma de que a Mãe Terra está doente. A obra ganhou o prêmio Sergio Buarque de Holanda da Biblioteca Nacional como o melhor ensaio social do ano de 1994 e também o prêmio Nobel Alternativo da Paz pelo Parlamento sueco em 2001.
Uma abordagem otimista para a economia do século XXINessa obra, o Nobel de economia Jean Tirole estabelece uma nova agenda para o papel da economia na sociedade. Otimista e instrutiva, escrita para um público abrangente, trata-se de um manifesto apaixonado em defesa de um mundo no qual a economia se veja como uma força que pode e deve trabalhar para o bem comum, para o interesse geral, para melhorar o quinhão comum das sociedades e da humanidade. A fim de mostrar como isso é possível, Tirole discute vários assuntos que afetam o nosso cotidiano hoje: a crise financeira de 2008, mudanças climáticas, economia digital, desemprego, inovação, impostos, previdência...Com diversos exemplos concretos, ao longo de capítulos que podem ser lidos separadamente, Economia do bem comum é uma obra importante, apontada como um título que ficará entre os principais da área, ao lado de O capital no século XXI, de Piketty. Muito lúcida mesmo na abordagem de temas espinhosos, é uma aula elegante de economia, que irá atrair profissionais, estudantes, professores e interessados em domínios como economia, administração e negócios.
Organizado pelas catalãs Cristina Carrasco Bengoa e Carme Díaz Corral, o livro reúne artigos de pesquisadoras espanholas e latinoamericanas que discutem a economia pelo viés do gênero, por meio de uma crítica ao pensamento econômico hegemônico e a proposição de novas alternativas para romper com as violências e opressões perpertuadas contra as pessoas mais vulneráveis, principalmente as mulheres. Os textos trazem à tona reflexões sobre capitalismo exploratório e a problemática do trabalho pela perspectiva social, ambiental, urbana, micro e macroeconômica.
Este livro, com prefácio de Luiz Inácio Lula da Silva, traz um olhar sobre as múltiplas e controvertidas experiências históricas dos processos autogestionários da luta dos trabalhadores pelo socialismo, articulando o trabalho e a educação na perspectiva da promoção de um novo fazer produtivo, orientado por ações políticas, culturais, pedagógicas e solidárias.
Com o enorme avanço da degradação ambiental nas últimas décadas, e suas crescentes conseqüências biofísicas, sociais e econômicas, há uma consciência cada vez mais nítida do caráter crucial dessa problemática, tanto por parte dos governos e instituições civis como dos cidadão comuns.
Leitura de primeira relevância para interessados em como os testes de medicamentos são executados, o livro é composto pela etnografia dos procedimentos que constituem o método mais aceito para a realização de experimentos farmacêuticos em seres humanos: o ensaio clínico randomizado internacional duplo-cego controlado ECR. O livro realça as complicadas economias políticas nas quais os estados precarizados de vida de indivíduos em busca de tratamentos para doenças crônicas se convertem em ativos do processo de desenvolvimento científico, econômico e sanitário. Ao identificar e analisar criticamente essas conversões, este trabalho contribui para que entendamos como os experimentos farmacêuticos se constituem em empreendimentos simultaneamente científicos, neoliberais e necropolíticos.
Para Michel Maffesoli, a ecosofia corresponde ao restabelecimento dos laços perdidos entre o homem e a natureza, entre o corpo e o meio, de modo a ultrapassar o racionalismo cartesiano e atingir uma solidariedade holística oriunda de experiências comunitárias. Essa conexão nascida da sensibilidade ecosófica permitiria à humanidade redefinir o futuro da terra-mãe e, por conseguinte, garantir a "sobrevivência da própria espécie."
Este livro apresenta os requisitos necessários para cativar o leitor, pois focaliza uma problemática de interesse coletivo: o dengue, e busca alternativas viáveis para o seu controle. O objetivo desta publicação, desafiador e instigante, e a forma como aqui é tratado de distinguem por buscar compreender as possibilidades de interação entre conhecimentos e princípios derivados do campo da ecossaúde e aqueles que tradicionalmente fundamentam as intervenções voltadas para a redução do risco de exposição ao vírus do dengue, cujo ciclo está intimamente relacionado ao ambiente urbano onde vide a maioria das populações humanas.
O objetivo da coletânea é possibilitar a difusão e a popularização da ciência e da tecnologia junto à sociedade, em geral, atividade fundamental para despertar o interesse por essa área, sobretudo dos jovens.
Neste livro os autores apresentam resultados de mais de oito anos de experiência e pesquisas em Educação a Distância online (EaDonline), com exemplos de cursos ministrados para professores de Matemática. Além de cursos, outras práticas pedagógicas como comunidades virtuais de aprendizagem e o desenvolvimento de projetos de Modelagem realizados a distância são descritas. Ainda que os três autores deste livro sejam da área de Educação Matemática, algumas das discussões nele apresentadas, como formação de professores, o papel docente em EaDonline, além de questões de metodologia de pesquisa qualitativa, podem ser adaptadas a outras áreas do conhecimento. Nesse sentido, esta obra se dirige àquele que ainda não está familiarizado com a EaDonline e também àquele que busca refletir de forma mais intensa sobre sua prática nessa modalidade educacional. Cabe destacar que os três autores têm ministrado aulas em ambientes virtuais de aprendizagem.
A grande expansão de matrícula de educação superior tem revelado que o Brasil ainda enfrenta sérios problemas relativos a livros didáticos para este nível de ensino. Embora a produção acadêmica tenha crescido a olhos vistos, a elaboração de livros e outros materiais para estudantes de graduação e pós-graduação não tem tido o ritmo necessário para suprir em quantidade e qualidade as demandas advindas dos diversos cursos e áreas de interesse.
É no pensamento de que a educação científica está para além de paradigmas teóricos, e mais voltada para a ciência e sua significância social na educação, de conferir autonomia aos alunos e da capacidade de transformá-los no processo educacional, que se baseia este livro. Os artigos reunidos se voltam para a aplicação de mudanças nas práticas educacionais nas escolas e para a compreensão de que a educação científica deve ser contextualizada e conectada à realidade e às necessidades sociais dos educandos.
Contrapondo-se ao discurso sobre educação pautado apenas por indicadores, rankings e eficiência, a Boitempo lança Educação contra a barbárie: por escolas democráticas e pela liberdade de ensinar. Fernando Cássio, organizador da obra e especialista em políticas públicas de educação, convidou mais de vinte autores para propor um debate franco e corajoso sobre as principais ameaças à educação pública, gratuita e para todas e todos: o discurso empresarial, focado em atender seus próprios interesses; a perseguição à atividade docente e à auto-organização dos estudantes; e o conservadorismo que ameaça o caráter laico, livre e científico do ambiente escolar.Neste novo volume da coleção Tinta Vermelha, selo que busca provocar reflexões sobre assuntos atuais, temas como revisionismo histórico, experiências de educação popular, financiamento do ensino público, dilemas da educação a distância e a polêmica ideologia de gênero são abordados com rigor teórico e linguagem acessível. A obra conta com prólogo de Fernando Haddad e quarta capa de Mario Sergio Cortella.
O livro trata das reformas - e das aplicações delas - ocorridas quando Paulo Freire projetou o círculo de cultura em lugar da aula, a mediação pedagógica em lugar da didática, o animador cultural em lugar do professor e as palavras, os textos e os contextos geradores, emergidos do diálogo entre as culturas de todos os participantes do processo educacional, em lugar dos currículos engessados.
Este livro oferece um projeto sistêmico que considera as instituições educacionais como um todo, do ensino fundamental ao ensino superior, e não separa a transformação da educação da sociedade como um todo. Sua ambição é traçar os traços fundamentais de uma educação democrática ainda por vir, e incluí-la plenamente em uma sociedade unida, ecológica e igualitária.
Os cruzamentos de comunicação e educação, vistos pela perspectiva dos direitos humanos, e os fundamentos da Educomunicação como uma proposta dialógica para repensar os contextos dos sujeitos do processo educativo são os pilares da reflexão desta obra, produzida a partir dos estudos e pesquisas de educadores brasileiros contemporâneos. Trata-se de um esforço conjunto para elucidar o entendimento acerca do novo campo da Educomunicação e as implicações de práticas dessa natureza no âmbito da escola e da sociedade, como aliadas na produção de uma cultura dos direitos humanos que inclua a formação crítica sobre os meios de comunicação. A leitura do mundo passa pela interpretação da realidade, à luz do pensamento livre, do direito de opinar e do acesso à educação e à informação de qualidade. Os direitos humanos são uma consequência de todas essas experiências no exercício da cidadania e da democracia.
Essa coleção nos oferece uma maneira diferente de caminhar, pois vislumbra o processo educacional por meio de diferentes formas. E, para tanto, cada autor caminha de um jeito próprio, mas voltado para o mesmo horizonte. Destina-se às pessoas que vêem o humano como prioridade, em especial aos educadores que assumem os processos educacionais com consciência e compromisso e com possibilidades que privilegiam a transformação social.
A Série Movimentos Sociais e Educação visa contribuir com debate acerca dos movimentos sociais na atualidade. Neste volume, são apresentados textos que passam pela Educação de Jovens e Adultos (EJA), educação em espaços não escolares, Direito, educação nas relações étnico-raciais, dentre outros temas relacionados à educação, seja no campo ou na cidade
Este é um trabalho colaborativo que, tendo envolvido professores, pesquisadores, profissionais de saúde e estudantes de pós-graduação das áreas de saúde coletiva e saúde da família e comunidade, resultou em nove artigos. Os autores partem de suas práticas de formação para refletir acerca da interface entre Educação e Saúde em suas múltiplas e complexas dimensões. Os artigos aqui apresentados nos aproximam de realidades em rápida transformação enquanto buscam analisar o cotidiano das práticas em saúde e as relações complexas que as condicionam e determinam. As interfaces entre Educação e Saúde visam estabelecer como meta a construção de sujeitos e de projetos transformadores da sociedade. Dessa forma, a educação produzida no âmbito da Atenção Primária, nos serviços de saúde e inserida no Sistema Único de Saúde (SUS), consolida práticas de educação dirigidas aos problemas reais da sociedade e suas instituições por meio de práticas inter-transdisciplinares articuladas em cenários interprofissionais e interculturais.
Essa obra constitui uma expressão dos esforços e dedicações dos atores do MOVER, tanto aqueles do campo acadêmico como dos movimentos sociais e populares. Apresenta conhecimentos conhecimentos delineados em processos e construçoes de experiências concretas onde se buscou tanto elaborar, como exercitar metodologias, abordagens e perspectivas para o fazer universitário, particulamente tendo a extensão como ponto de partida.
Esta obra traz as condições históricas em que se desenvolveu o ensino médico no Brasil, apresentando olhares e perspectivas que buscam dialogar com as novas diretrizes curriculares para a graduação em Medicina e com as inovações curriculares e pedagógicas necessárias para atender a uma formação orientada para o Sistema Único de Saúde (SUS), fundamentada nas demandas da sociedade, na interdisciplinaridade e na interprofissionalidade.