As universidades brasileiras, institutos de pesquisa e mesmo os movimentos camponeses de nosso país têm pouca informação sobre as muitas e diferentes formas de organização de agricultores e de camponeses em escala internacional. Os autores deste livro realizam uma radiografia cuidadosa de praticamente toda as articulações internacionais dos mais variados setores sociais que atuam no campo, analisando sua composição regional, de classe e ideológica, suas relações com ONGs e instituições internacionais e como eles enfrentaram o neoliberalismo global.
A proposta deste livro não é a de encerrar a relação movimentos sociais-autonomias como a única relação teórica, analítica e política possível e como um campo de estudos próprio e isolado. Bem pelo contrário, buscamos provocar o diálogo de campos de estudos que supostamente não se conversam. Neste sentido, seja desde a mirada institucionalista, seja desde a marxista ou ainda a anarquista, o que é certo é que as discussões sobre as lutas sociais latino-americanas nunca cessaram e nem cessarão. No entanto, pensar tais lutas pela lente dos movimentos sociais por si só já não é tarefa exatamente dada; menos dada ainda é a tarefa de pensá-las através do par conceitual movimentos sociais-autonomias e suas relações com os Estados e o capital na região.
O presente livro aborda as complexas relações entre movimentos sociais e agentes e instituições do Estado no processo de formulação e implementação das políticas públicas ao longo dos governos Lula e Dilma Rousseff. A multiplicidade de enfoques das análises aqui presentes fornece uma robusta contribuição para o conhecimento sobre as interações – frutíferas, mas com enormes desafios – entre movimentos sociais e Estado na produção de políticas públicas, auxiliando os embates vindouros neste árduo processo de construção da democracia brasileira.
Humanização do parto e do nascimento: questões raciais, cor e de gênero
Desdobramento natural da mostra de 30 painéis organizada para acompanhar o Congresso Internacional "Sinais de Jorge de Sena", em 1998, homenageia os artistas lusos que viveram e trabalharam no País, interagindo de forma marcante com a cultura nacional.
Este livro procura apresentar, analisar e discutir as vulnerabilidades das zonas úmidas, subúmidas e secas do estado de Pernambuco frente aos potenciais impactos das mudanças climáticas e discutir possíveis adaptações a estes impactos.
Como compreender melhor as relações entre as intensas mudanças climáticas e os riscos à saúde humana? Com linguagem acessível e pautada na ciência, o livro Mudanças Climáticas, Desastres e Saúde busca dar contribuições para o público sobre um tema fundamental. Organizado por Christovam Barcellos, Carlos Corvalán e Eliane Lima e Silva, o título pretende contribuir com estratégias para aumentar a resiliência do setor Saúde e das comunidades em face das mudanças climáticas e seus impactos. A obra mostra que mudanças ambientais e climáticas interagem entre si, abordando como a complexa relação entre saúde e ambiente vem sendo cada vez mais discutida. Apesar de avanços na saúde e considerando um aumento na expectativa de vida no Brasil, diversos estudos apontam que, nas últimas décadas, desequilíbrios ambientais têm causado efeitos negativos à sociedade, afetando direta e indiretamente a saúde humana. No país, os desastres de origem climática que mais se destacam têm origem em processos hidrológicos - chuvas intensas, inundações bruscas, deslizamentos de terra relacionados às chuvas e inundações graduais - e climatológicos (secas, estiagens e crises hídricas). Composto por 12 capítulos, o título reúne cerca de 30 especialistas das mais diversas áreas, confirmando a "inquestionável capacidade técnico-científica de pesquisadores brasileiros que se dedicam à temática da mudança climática nos seus diferentes aspectos", conforme destaca Thelma Krug, vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, no texto de orelha do livro. "É através desses capítulos que nós vamos conhecer alguns casos de desastres, como secas, inundações, deslizamentos de terra, que têm afetado, direta ou indiretamente, a população. Alguns desses impactos são imediatos, causando óbitos e perdas materiais, mas vários deles são relacionados a questões de habitação estruturais, saneamento, organização social e política local, além da geologia e outras características do terreno", resume Christovam Barcellos.
Este livro apresenta um conjunto de trabalhos que problematizam a sociedade contemporânea e a saúde. Mais especificamente, dialogam na interface da teoria social, saúde pública e as profundas mudanças sociais na atualidade. Essas questões são discutidas sob diferentes enfoques temáticos que, no livro, encontram-se organizados em quatro partes. A primeira, problematiza o mundo contemporâneo e os processos em saúde-doença, a segunda, resgata e discute o pensamento social em saúde no Brasil a partir dos anos de 1980 com a estruturação do campo da Saúde Coletiva, a terceira, aborda criticamente a produção do biológico e o social na saúde
"Este livro mostra como navios entram em garrafas e como eles saem delas de novo. Os navios são porções de conhecimento, e as garrafas são a verdade. O conhecimento é como um navio porque, uma vez na garrafa da verdade, parece que sempre esteve ali e parece que nunca mais vai sair de novo... Nosso mundo é cheio de navios já alojados dentro de suas garrafas, e somente poucas pessoas conseguem vislumbrar a arte do construtor de navios dentro de garrafas." Sem dúvida um dos melhores livros de Harry Collins, MUDANDO A ORDEM mostra como o conhecimento científico é acordado, transmitido e modificado ao longo do tempo. Assim, o valor da réplica experimental para solucionar controvérsias científicas - onde o que é certo ou errado ainda não está definido - é questionado e o conceito de "regressão dos experimentadores" é introduzido. Essa insuficiência do método científico para dar conta de controvérsias científicas abre, então, o caminho para a análise da construção social do conhecimento científico e, portanto, de qualquer tipo de conhecimento.
Na presente obra, Ethel nos mostra uma escrita cativante, delicada e, ao mesmo tempo, forte e contundente, como foi o tempo vivido nesse período de dois anos refletido na obra. Trata-se de um relato pessoal e sensível, com reflexões profundas. Contudo, também discorre sobre o trabalho coletivo, os muitos momentos de atuação conjunta com tantos profissionais, estudantes e gestores no enfrentamento da pandemia da Covid-19. Em vários trechos, podemos perceber a força, a coragem e a maneira como Ethel enaltece a resistência das mulheres nestes tempos tão sofridos que temos vivido, pois elas estiveram não só na linha de frente, como também nos lugares onde atuaram na gestão da crise sanitária. A sua narrativa, tão particular e especial, é um convite para espelharmos o que também queremos e podemos fazer.
Ciência é lugar de Mulher?! Esse livro mostra que, sem dúvida, a resposta é sim. Através dele, conhecemos a trajetória de sucesso de mulheres em diferentes campos do conhecimento científico. Mas, se esses relatos registram a presença feminina, inclusive em áreas ainda predominantemente masculinas, registram, também, os obstáculos enfrentados pelas cientistas, que vão desde a resistência dos colegas e das instituições até a dupla jornada de trabalho, na medida em que a responsabilidade pelas tarefas domésticas e pelo cuidado dos filhos continua a ser considerada atribuição feminina. Portanto, esse livro mostra, também, que somente quando superarmos as desigualdades de gênero na nossa sociedade, as mulheres poderão ocupar o espaço que lhes cabe no desenvolvimento científico do país.
Por muitos anos na minha trajetória como escritora ouvi a seguinte frase: “Todas as histórias já foram contadas”. Assim, nos restaria apenas contar, mais uma vez, as mesmas histórias, no máximo a busca estética, a inovação formal. Até que um dia, não muito tempo atrás, iniciou-se o que podemos chamar de uma mudança de paradigma em nossa sociedade. Mudança impulsionada pelas lutas sociais e pelas transformações políticas do início dos anos 2000. E assim, de um momento ao outro, nos vimos diante do óbvio: não é verdade que todas as histórias já foram contadas; pelo contrário, se analisarmos com atenção perceberemos que na realidade apenas uma única história havia sido contada, a história daqueles que detém o poder. Uma história colonial que exclui a maioria. Porque, sim, as minorias nada mais são do que a imensa maioria deste país. Então, nesse contexto, Mulheres de terra e água tem muito a nos ensinar. Se tivermos a capacidade de ouvir. Não como quem ouve uma história distante, mas com a atenção de quem ouve um relato que é nosso porque é o relato do Brasil. Porque a vida dessas mulheres, suas dificuldades, lutas e esperanças têm seu aspecto pessoal, mas é também um ato político.
Mulheres do Brasil – A história não contada resgata a história de mais de 200 mulheres das mais variadas épocas que tiveram suas biografias alteradas, deturpadas ou que simplesmente sequer apareceram nos registros convencionais. Depois de desmistificar as figuras dos imperadores D. Pedro I e d. Leopoldina, o escritor e pesquisador Paulo Rezzutti se dedica a mulheres conhecidas ou ignoradas pela história do Brasil: das guerreiras às vilãs, das mulheres do poder a artistas. Também ilumina trajetórias pouco conhecidas de indígenas e negras escravizadas e avança até os dias atuais, com mulheres como Marielle Franco, a vereadora carioca assassinada em março de 2018 por “ousar” não ser invisível. O livro chega num momento em que a discussão sobre o papel das mulheres na sociedade se intensifica, surpreendendo o leitor ao reapresentar acontecimentos da história do Brasil com as personagens femininas finalmente reinseridas nos papeis de destaque que lhes foram negados pela narrativa oficial.
"Aborda o encontro entre os discursos e práticas sobre a saúde e o envelhecimento oriundos da biomedicina, da epidemiologia e da promoção da saúde com a experiência que constitui uma “tia” no mundo do samba. Com esse intuito, apresenta e analisa vivências das mulheres integrantes da Ala dos Cabelos Brancos, do Grêmio Recreativo Escola de Samba Império Serrano, e de compositores e sambistas que integram esse universo cultural, além de dialogar com autores de diversos campos do pensamento. A partir desses depoimentos, a autora investiga como as senhoras do samba lidam com as representações e conceitos de vida saudável, e se elas demonstram algum tipo de resistência à medicalização da vida, entre outros aspectos. O conteúdo constrói um viés crítico sobre a produção e circulação de discursos e práticas ligados à medicalização da vida e sua promessa de saúde e longevidade calcada na adoção de um modo de viver baseado na hiperprevenção."
Por que voltar a falar, hoje, sobre caça às bruxas? Em Mulheres e caça às bruxas, Silvia Federici revisita os principais temas de um trabalho anterior, Calibã e a bruxa, e nos brinda com um livro que apresenta as raízes históricas dessas perseguições, que tiveram como alvo principalmente as mulheres. Federici estrutura sua análise a partir do processo de cercamento e privatização de terras comunais e, examinando o ambiente e as motivações que produziram as primeiras acusações de bruxarias na Europa, relaciona essa forma de violência à ordem econômica e argumenta que marcas desse processo foram deixadas também nos valores sociais, por exemplo, no controle da sexualidade feminina e na representação negativa das mulheres na linguagem. A partir desse debate, a autora nos mostra como as acusações e a punição de “bruxas” se repete na atualidade, especialmente em países como Congo, Quênia, Gana e Nigéria, na África, e Índia. Com apresentação da estudiosa Bianca Santana, a obra conta também com orelha de Sabrina Fernandes e quarta capa da socióloga Maria Orlanda Pinassi e quarta capa da socióloga Maria Orlanda Pinassi.
Com o objetivo de divulgar o trabalho realizado pelos docentes e estudantes do Programa na produção de conhecimento ancorado aos princípios epistemológicos feministas e na luta contra a discriminação, a obra apresenta dez artigos de diferentes autores e autoras, dentre elas Ana Alice Alcântara Costa, organizadora do livro Estudos de gênero e interdisciplinaridade no contexto baiano, publicado em 2012 pela Edufba.
A segunda década do século XXI recolocou o ativismo das mulheres, com força e garra, nas ruas, nas universidades, nas performances, na organização de coletivos. Isso ocorreu não apenas no Brasil, como também em muitos outros países. A cidadania feminina passou a ser vista como um ponto fundamental de garantia de uma democracia efetiva. Entre outros motivos, uma das razões para esse novo despertar se deu porque, apesar dos avanços na educação e no trabalho, nos estudos sobre as razões das discriminações de sexo, raça e identidades, persistem as evidências da desigualdade no mercado de trabalho e na família e a violência contra as mulheres. As mulheres fizeram a sua parte, entretanto não receberam em troca uma recompensa à altura de seus avanços.
Nova edição do best-seller de Mary Beard Neste livro corajoso, Mary Beard traça as origens da misoginia, examinando as armadilhas e os percalços de como a história maltratou mulheres fortes desde os tempos mais antigos. Passando por figuras contemporâneas, como políticas e personagens míticas, Beard questiona as suposições sociais sobre a relação entre o poder e a feminilidade – e como mulheres poderosas oferecem exemplos necessários de como todas devem reagir às forças que tentam encerrá-las em paradigmas e discursos masculinos. A partir de reflexões sobre suas experiências pessoais com o sexismo, Beard pergunta: se as mulheres não são consideradas dentro das estruturas de poder, não E quantos séculos vamos ter que esperar para que isso aconteça?
Como a coleta e o uso dos dados contribuem para o enorme desequilÍbrio entre as experiências de homens e mulheres na sociedade Desde o controle do fogo e o domínio da agricultura até as evoluções tecnológicas da atualidade, as conquistas dos seres humanos sempre começaram com a observação do mundo, algo conhecido hoje como coleta de dados. Como base da ciência, são os dados que determinam a alocação de recursos públicos e privados, ditando o rumo da sociedade. Porém, o caráter científico dos dados esconde um lado perverso: as mulheres não são — e nunca foram — contempladas por eles. Isso é o que revela Caroline Criado Perez em Mulheres invisíveis. Nessa obra, a autora reúne estudos de caso que explicitam como o olhar predominante considera que o homem é o padrão e as mulheres são atípicas. Dessa forma, mesmo quando os dados abrangem o universo feminino, acabam sendo ignorados na prática, o que aprofunda na base a desigualdade de gênero. Inovadora em sua abordagem, Caroline coloca em números o sofrimento de metade da humanidade, provando que o preconceito de gênero é muito mais que uma questão subjetiva. Uma leitura transformadora e inesquecível, que mudará a maneira como você enxerga o mundo.
Tome essa obra em suas maos e leia-a com a forca da alma. A mesma trata-se de historias de mulheres, mulheres na saude. Um dialogo aberto de 20 anos, mas encontros possiveis e imprevisiveis de tres anos de trabalho acompanhando as ACS em seus varios movimentos, idas e vindas a Brasilia em busca de valorizacao politica do seu trabalho e do reconhecimento social de seus feitos.
Ouvimos e aprendemos sempre a história e o passado do colonizador, nunca por meio das vozes dos colonizados. É nesse contexto, que Luana Ramalho Martins, por meio do paradigma afrocentrado e da escrevivência, visibiliza as vozes de três mulheres negras de Venâncio Aires, interior do estado do Rio Grande do Sul, para demonstrar a potência do autocuidado em saúde em territórios majoritariamente brancos, como processo coletivo e promotor de resistências sociais.
A Editora Contracorrente tem a satisfação de anunciar a publicação do livro Mulheres que interpretam o Brasil, organizado pelos professores e pesquisadores Lincoln Secco, Marcos Silva e Olga Brites. Assinada por uma constelação de consagrados estudiosos das ciências humanas, esta importante e necessária obra dedica cada um de seus 45 artigos a grandes mulheres brasileiras cujas trajetórias pessoal e profissional impactaram enormemente a história do país, mas que, quase sempre, tiveram seus feitos obscurecidos e suas vozes silenciadas pela história oficial – branca, masculina, patriarcal e burguesa.
Vozes historicamente silenciadas encontram em Mulheres quilombolas espaço para compartilhar saberes a partir de suas perspectivas, como faziam nossos ancestrais reunidos em torno do fogo, no ritual de transmissão e perpetuação de conhecimentos basilares para a comunidade. As autoras trazem para a roda uma diversidade de pautas em geral invisibilizadas na sociedade, contribuindo com suas visões de mundo, seus conhecimentos acadêmicos e suas experiências de vida para abrir novas possibilidades de debate. Assumindo o lugar de guardiãs dos saberes ancestrais, de lideranças políticas, de mulheres racializadas na sociedade, expõem em suas reflexões os muitos atravessamentos que a discussão em torno do que é ser mulher quilombola abarca.
Os lobos foram pintados com um pincel negro nos contos de fada e até hoje assustam meninas indefesas. Mas nem sempre eles foram vistos como criaturas terríveis e violentas. Na Grécia antiga e em Roma, o animal era o consorte de Artemis, a caçadora, e carinhosamente amamentava os heróis. A analista junguiana Clarissa Pinkola Estés acredita que na nossa sociedade as mulheres vêm sendo tratadas de uma forma semelhante. Ao investigar o esmagamento da natureza instintiva feminina, Clarissa descobriu a chave da sensação de impotência da mulher moderna. Seu livro, Mulheres que correm com os lobos, ficou durante um ano na lista de mais vendidos nos Estados Unidos. Abordando 19 mitos, lendas e contos de fada, como a história do patinho feio e do Barba-Azul, Estés mostra como a natureza instintiva da mulher foi sendo domesticada ao longo dos tempos, num processo que punia todas aquelas que se rebelavam. Segundo a analista, a exemplo das florestas virgens e dos animais silvestres, os instintos foram devastados e os ciclos naturais femininos transformados à força em ritmos artificiais para agradar aos outros. Mas sua energia vital, segundo ela, pode ser restaurada por escavações psíquico-arqueológicas nas ruínas do mundo subterrâneo. Até o ponto em que, emergindo das grossas camadas de condicionamento cultural, apareça a corajosa loba que vive em cada mulher. Clássico dos estudos sobre o sagrado feminino e o feminismo, o livro é o primeiro de uma série de longsellers da Rocco a ganhar edição com novo projeto gráfico e capa dura.
Combater as violências que inibem diversas formas de existência é um passo fundamental para a promoção do aprimoramento humano. Para isso, precisamos identificar e dar visibilidade às diversas formas de expressão da violência e dos efeitos por elas produzidos. Sabemos que este é um trabalho contínuo e que deverá acompanhar a trajetória da humanidade, identificando, a cada momento histórico, o modo como grupos hegemônicos se impõem a outros indivíduos e/ou grupos, negligenciando e/ou violando suas demandas. Ao enfocar em violências vivenciadas por mulheres na sociedade brasileira de hoje, buscamos realizar, evidentemente, uma parte minúscula desta tarefa, mas, nem por isso, menos urgente. Esperamos que esta pesquisa incentive outras mulheres, assim como também outros indivíduos e/ou grupos, a denunciarem as distintas formas de violência que cerceiam a construção de identidades plenas e a conquista de vidas realizadas. Nós, mulheres autoras deste livro apresentamos nossas violências vividas na pluralidade de nossas existências e de nossos saberes.
Nesta compilação de discursos e artigos, a ativista política Angela Davis apresenta um balanço de sua luta por uma mudança social progressista. Dividida em três eixos temáticos, "Sobre as mulheres e a busca por igualdade e paz", "Sobre problemas internacionais" e "Sobre educação e cultura", a obra aborda as mudanças políticas e sociais pelas quais o mundo passou nas últimas décadas em relação à igualdade racial, sexual e econômica. A autora traz dados históricos e estatísticos detalhados sobre as condições das mulheres, da classe trabalhadora e da população negra nos Estados Unidos durante o governo Reagan, mostrando como a política adotada naquela administração operou para enfraquecer esses grupos sociais. Mostra, ainda, as influências das políticas norte-americanas em países da América Central, da África e do Oriente Médio, destacando o impacto que tiveram para fortalecer um movimento econômico mundial de concentração de renda e enfraquecimento das lutas sociais em vários países do mundo. Ao mesmo tempo, ela faz reflexões importantes sobre a resistência representada pelos movimentos sociais e sobre o potencial de conscientização e contestação da educação e das artes, em especial a pintura, a fotografia e o blues. Por meio dessa reflexão, ela argumenta que a convergência dos diversos grupos, em diferentes países, em torno de interesses comuns é essencial para a construção de um mundo menos desigual.
Este livro tem como objetivo compreender, de diferentes perspectivas, o lugar das mulheres na ciência e na política, ontem e hoje. Investiga como elas foram e são invisibilizadas nesses espaços de poder, sobretudo no Brasil. E como vão, paulatina e arduamente, conquistando seu lugar (ainda desigual, mas maior do que no passado não tão distante). Analisa, também, o papel e a presença das mulheres na construção, na autonomização e na expansão do campo disciplinar da ciência política no Brasil e na América Latina, oferecendo uma contribuição preciosa para o conhecimento da história da disciplina, raramente contada a partir da experiência feminina.
Mulheres, raça e classe, de Angela Davis, é uma obra fundamental para se entender as nuances das opressões. Começar o livro tratando da escravidão e de seus efeitos, da forma pela qual a mulher negra foi desumanizada, nos dá a dimensão da impossibilidade de se pensar um projeto de nação que desconsidere a centralidade da questão racial, já que as sociedades escravocratas foram fundadas no racismo. Além disso, a autora mostra a necessidade da não hierarquização das opressões, ou seja, o quanto é preciso considerar a intersecção de raça, classe e gênero para possibilitar um novo modelo de sociedade.
Este livro expressa um momento da trajetória de um pensador e de seus colaboradores na inquietude da sua crítica à sociedade capitalista e também na busca incessante de experiências que apontem para a superação do capital. Henrique Tahan Novaes confronta, nessa obra, a Era da Barbárie e os embriões de trabalho emancipado que se projetam das lutas anticapitalistas, seja nas experiências de empresas recuperadas pelos trabalhadores, de trabalho associado, cooperativo e autogestionário, dos mutirões habitacionais, das lutas de outros movimentos sociais, como as lutas pela agroecologia etc. Talvez o eixo que perpassa os textos aqui reunidos seja a aposta na autogestão dos trabalhadores e na autonomia dos movimentos de luta anticapital como processos educativos de emancipação dos trabalhadores associados para a produção e reprodução dos meios de vida. Essa inquietação crítica que move o autor e seus colaboradores é, nos dias de hoje, imprescindível para fazer frente à barbárie que avança na atual crise estrutural do capital. - MAURÍCIO SARDÁ DE FARIA | UFRPE
Gilberto Velho (1945-2012) é uma referência na aproximação entre as ciências sociais portuguesas e brasileiras. Por meio de uma generosa e sistemática colaboração científica entre ambos os países, Gilberto Velho contribuiu, de forma única e incansável, para o desenvolvimento da sociologia e da antropologia urbana em língua portuguesa. Este livro reúne um conjunto de investigadores portugueses e brasileiros de diferentes gerações, tocados pelo impacto pessoal e intelectual de Gilberto Velho (1945-2012). Seus testemunhos pessoais e acadêmicos ajudam a compreender aspectos importantes de sua obra e da contribuição que deu à aproximação entre cientistas sociais brasileiros e portugueses.
Para fazer este livro, Yaguarê Yamã reuniu histórias que já conhecia a outras que ouviu de membros ilustres do povo Maraguá. E, mais uma vez, o autor cumpre de maneira simples e bela seu objetivo de mostrar a cultura indígnea para os não-índios moradores da cidade.
Movido pelo desejo de viver num mundo em que a pluralidade cultural, racial, étnica e social seja vista como um valor positivo, e não uma ameaça, Lázaro Ramos divide com o leitor suas reflexões sobre temas como ações afirmativas, gênero, família, empoderamento, afetividade e discriminação. Ainda que não seja uma biografia, em Na minha pele Lázaro compartilha episódios íntimos de sua vida e também suas dúvidas, descobertas e conquistas. Ao rejeitar qualquer tipo de segregação ou radicalismos, Lázaro nos fala da importância do diálogo. Não se pode abraçar a diferença pela diferença, mas lutar pela sua aceitação num mundo ainda tão cheio de preconceitos. Um livro sincero e revelador, que propõe uma mudança de conduta e nos convoca a ser mais vigilantes e atentos ao outro
Nos últimos milênios o ritmo da História tem variado conforme as regiões, climas e culturas. Mas tem sempre convivido com momentos de doença e saúde, com endemias, epidemias e agora pandemias. Momentos de crise, a desafinar as cordas, a desorganizar os ritmos cotidianos, a atravessar o samba, como diriam velhos frequentadores de rodas noturnas. Nesses momentos, questões como desigualdade e exclusão social; boatos, notícias inventadas e trocas de acusação; desprezo pelo conhecimento especializado e apego a soluções mágicas; crises econômicas e superações coletivas têm sido parte do movimento humano de reinvenção da vida. Este livro se propõe a apresentar e refletir sobre algumas dessas experiências, vividas por pessoas em tempos e lugares variados. Foram escritos por pessoas espalhadas por larga parte do território brasileiro; como bem mostra a composição de imagens da capa, da janela de sua casa cada autor, cada autora tem uma perspectiva diferente do mundo. É esta diversidade de pontos de vista, conteúdos, formações teóricas e vivências que forma a maior riqueza deste livro.
A presente obra, oriunda da pesquisa do pós-doutorado, realoca para o centro do debate da Saúde Mental, da Criminologia e dos Direitos Humanos a saúde mental das mulheres negras. A partir de uma atuação profissional mergulhada no tripé ensino, pesquisa e extensão buscou-se pela lógica da encruzilhada tecer uma análise teórica e prática que tenha como base o pensamento decolonial, antirracista e antimanicomial. Dessa maneira, objetivou-se apresentar a/o leitora/leitor a produção do sofrimento e do adoecimento psíquico materializada nos modos de vida e processos de subjetivação das mulheres negras brasileiras, a partir das experiências de mães de vítimas de violência armada. Na cena contemporânea, está ocorrendo a intensificação da psiquiatrização, psicologização, medicalização, patologização e farmacologização das particularidades e singularidades, reduzindo-se a experiência do sofrimento e/ou adoecimento psíquico como um problema individual. Assim, torna-se urgente identificarmos as expressões desse fenômeno na experiência de corpos e subjetividades periféricos e favelados. Nesse caminho, espera-se proporcionar inquietações e contribuições demonstrando que a aniquilação da população negra atravessa todas as dimensões da vida social, e aqui, destaca-se a saúde mental. Para isso torna-se necessário a ampliação do debate com diferentes saberes possibilitando desvelar as contradições basilares da sociedade brasileira. Portanto, é preciso fortalecer a luta antimanicomial para que seja radicalmente antirracista, decolonial e feminista e, assim, se afirme a liberdade, a emancipação e os direitos humanos.
Esta obra do célebre botânico italiano Stefano Mancuso faz das plantas protagonistas da política urbana. Cada capítulo é um artigo da constituição que o autor redige para a Nação das Plantas, expressão pela qual o leitor é convocado a reconhecer o mundo vegetal como uma comunidade compartilhada de indivíduos. O objetivo de Mancuso é claro: sensibilizar as pessoas aos pormenores da existência complexa e necessária das plantas, esses seres tão familiares como desconhecidos pela maior parte de nós, e com os quais, entretanto, compartilhamos o mesmo mundo e o mesmo destino.
Este livro é sobre prazer. É também sobre sofrimento. Mas mais importante, é um livro que trata de como encontrar o delicado equilíbrio entre os dois, e por que hoje em dia, mais do que nunca, encontrar o equilíbrio é essencial. Estamos vivendo em uma época de excessos, de acesso sem precedentes a estímulos de alta recompensa e alta dopamina: drogas, comida, notícias, jogos, compras, sexo, redes sociais. A variedade e a potência desses estímulos são impressionantes - assim como seu poder adictivo.
Neste livro, a Dra. Anna Lembke, autora do best-seller Nação dopamina , volta o seu olhar para as forças invisíveis que estão por trás da dependência em diversos medicamentos receitados todos os dias para jovens, adultos e crianças. Nos dias de hoje, a velocidade do mundo promove pílulas como soluções rápidas. Como se não bastasse, as grandes corporações farmacêuticas em conjunto com os planos de saúde se valem de uma burocracia que estimula o uso de comprimidos, a indicação de procedimentos muitas vezes protelatórios e a solução provisória dos problemas em vez de promover o bem-estar do paciente a longo prazo.
Gláucio Ary Dillon Soares analisa o homicídio numa perspectiva histórica e comparada: no Brasil e no mundo, através dos tempos. Utilizando diferentes pontos de vista teóricos e metodológicos, ele correlaciona essas mortes violentas com variáveis econômicas, culturais, demográficas e sociais: desenvolvimento econômico e social, urbanização, metropolização, favelas, migrações, densidade demográfica, idade, raça, gênero, estrutura da família, religião e religiosidade. A contribuição das políticas públicas, as teorias mais comuns e as questões metodológicas, inclusive a qualidade dos dados disponíveis, também passam pelo crivo analítico do autor.
Este livro gira em torno de coisas e não-coisas. Desenvolve tanto uma filosofia do smartphone quanto uma crítica da inteligência artificial a partir de uma nova perspectiva. Ao mesmo tempo, recupera a magia do sólido e do tangível e reflete sobre o silêncio que se perde no ruído da informação.
O livro reúne um conjunto diverso de estudos sobre diversidade sexual e de gênero, com uma seleção abrangente e inédita de trabalhos que marcam o conhecimento que se produziu sobre gênero e sexualidade nos últimos 20 anos nas ciências humanas, incluindo saúde coletiva, ciências sociais, direito, educação, psicologia e serviços sociais. Diante dos enfrentamentos colocados pelo cenário atual, os textos convidam à releitura das primeiras duas décadas deste século e apresentam uma abordagem acessível de temas que atingiram grande refinamento conceitual e analítico.
Muito tem sido enfatizado sobre a produção de conhecimento e saberes na dinâmica do cotidiano escolar, mas os sujeitos que a compõem, que dela participam e que possibilitam esta produção pouco espaço têm para se posicionarem. É esta intenção que este livro se propõe: divulgação das produções educativo-pedagógicas dos sujeitos deste cotidiano.
A obra se propõe a ampliar a reflexão de temas em saúde, fornecendo um panorama de conceitos e conteúdos para reafirmar a importância das narrativas no âmbito do trabalho e da educação em saúde coletiva. Em seis capítulos, eles apresentam aos leitores conceitos e informações essenciais para o entendimento da produção narrativa no campo da saúde coletiva. Logo no início, para fins de contextualização, é apresentada uma perspectiva histórica, conceitual e política da saúde coletiva. Em seguida, no segundo capítulo, é abordada a dimensão teórica da narrativa como ferramenta social.
Alimentação, nutrição, saúde e cultura se conectam nesta coletânea, que tem como objetivo apresentar a diversidade de discussões, linguagens e assuntos existentes em torno do comer. A obra reúne estudos de alguns autores nacionais, que se dedicam à análise do tema em vários sítios, buscando tratar sobre o “comer cotidiano”, condição íntima do ser humano que faz parte dos seus hábitos, desejos, culturas e subjetividades.
“Entranhas” é aquela parte do corpo humano essencial para sustentação da vida, mas que não é visível. Exatamente como acontece com aqueles que trabalham em silêncio, sem fazer muito alarde, a não ser em situações de crise, mas que são desconsiderados pelo discurso dominante na mídia e na cultura da elite. Este livro busca conciliar as discussões políticas e técnicas que envolvem a Atenção Primária, sem perder de vista as experiências vividas pelos profissionais, naquilo que elas têm de mais visceral, indo além das recomendações ou dos protocolos.
Nas Teias da Diplomacia resulta do trabalho conjunto de pesquisadores reunidos no Laboratório de História da Política Internacional Sul-americana. Voltado para o estudo da História das Relações Internacionais, o grupo parte de uma abordagem interdisciplinar que relaciona diversos agentes e processos históricos, de modo a romper com uma perspectiva institucional e estadocêntrica. Neste livro, ganham destaque as teias, redes, relações pessoais e articulações de agentes diplomáticos, moldadas em diferentes esferas que transpassam diretamente a política externa do Império Brasileiro. Além disso, o contexto de formação dos Estados ibero-americanos é pensado através de um enfoque que os articula e relaciona a política doméstica à esfera internacional. O livro se insere, portanto, na necessidade de aprofundamento dos estudos sobre as relações internacionais, a política externa e seus agentes no Brasil do Oitocentos.
Este volume, fruto do trabalho do Ambulatório de Seguimento do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), abrange, de forma interdisciplinar, diferentes áreas clínicas e do desenvolvimento infantil, para dar conta da complexidade dos cuidados necessários voltados às crianças nascidas pré-termo
«Neste ensaio, propus que as formas contemporâneas que subjugam a vida ao poder da morte (necropolítica) reconfiguram profundamente as relações entre resistência, sacrifício e terror. Tentei demonstrar que a noção de biopoder é insuficiente para dar conta das formas contemporâneas de submissão da vida ao poder da morte. Além disso, propus a noção de necropolítica e de necropoder para dar conta das várias maneiras pelas quais, em nosso mundo contemporâneo, as armas de fogo são dispostas com o objetivo de provocar a destruição máxima de pessoas e criar “mundos de morte”, formas únicas e novas de existência social, nas quais vastas populações são submetidas a condições de vida que lhes conferem o estatuto de “mortos-vivos”. Sublinhei igualmente algumas das topografias recalcadas de crueldade (plantation e colônia, em particular) e sugeri que o necropoder embaralha as fronteiras entre resistência e suicídio, sacrifício e redenção, mártir e liberdade.» — Achille Mbembe
Ana Fontes traz uma rica análise sobre empreendedorismo no Brasil através do compartilhamento de seus aprendizados ao longo da carreira como empreendedora social e fundadora da Rede Mulher Empreendedora. A autora mostra a potência da liderança feminina na prática, com insights sobre fatores de risco, dicas sobre gestão financeira e o reforço da importância da criação de redes de apoio. Este livro é uma rica fonte de estudos para empreendedoras iniciantes e experientes. Luiza Helena Trajano afirma no prefácio: “(...) a leitura deste livro é de grande importância para essas mulheres empreendedoras que precisam avançar cada vez mais, quebrando paradigmas no mundo dos negócios e do empreendedorismo.
O que significam a negritude e a identidade para as bases populares negras e para a militância do movimento negro? Por onde deve passar o discurso sobre essa identidade contrastiva do negro, cuja base seria a negritude? Passaria pela cor da pele e pelo corpo unicamente ou pela cultura e pela consciência do oprimido? A partir de questionamentos como esses, Kabengele Munanga debruça-se sobre a construção identitária do Brasil ao longo dos tempos, partindo do princípio de que o conceito de identidade recobre uma realidade muito mais complexa do que se pensa, englobando fatores históricos, psicológicos, linguísticos, culturais, político-ideológicos e raciais.
Nas últimas décadas, o debate sobre a questão racial no Brasil transitou do elogio à miscigenação e da ideia do país como exemplo de harmonia racial a uma intensa disputa, em que reconhecemos o racismo como elemento constitutivo da nação brasileira. De povo “pacífico e homogêneo”, nos percebemos hoje como uma sociedade plural, em que diferentes grupos lutam para serem reconhecidos como agentes da própria história e merecedores de direitos e igualdade. A trajetória do brasileiro-congolês Kabengele Munanga confunde-se com esse processo. Sua contribuição como acadêmico e ativista é indissociável da construção das políticas de ações afirmativas no ensino superior e da emergência de uma intelectualidade negra que ajudou a formar no Brasil. Este livro é uma homenagem ao professor, com textos emocionantes que abordam aspectos de sua vida e sua obra, e à sua atuação como intelectual e militante generoso, que agregou colegas, alunos e outros ativistas em aulas e conferências, inspirando-nos para a luta antirracista. Sua reflexão pioneira ajudou a desmistificar a natureza do racismo e trouxe a centralidade da África e dos afrodiaspóricos na construção do Brasil. Além disso, uniu os dois continentes, uma história que carrega dentro de si e que temos a oportunidade de conhecer nos textos que compõem este belo tributo. Luena Pereira
Considerado um dos pais da sociologia brasileira contemporânea, Guerreiro Ramos (1915-82) foi um dos pensadores de maior renome no país nos anos 1950 e 60. Foi também professor, ensaísta, servidor público, poeta, teórico da administração e político. Contraditório e polêmico, Guerreiro acabou sendo marginalizado e apagado do cânone das ciências sociais do Brasil por sua independência de pensamento e personalidade combativa. Negro sou é uma seleção de textos sobre a temática étnico-racial escritos pelo autor entre 1949 e 1973 — muitos inéditos em livro —, que contemplam sua complexa relação com a tese da democracia racial no país, a participação ativa no Teatro Experimental do Negro e seus estudos precursores sobre branquitude e decolonialidade.
É inegável a contribuição do livro de Ivo de Santana para a compreensão da mobilidade social de pessoas negras no setor público. Carlos Hasenbalg insistia na importância de realizarmos pesquisas nessa área, e o autor parece que ouviu o seu apelo, ao escrever um livro fundamental para a compreensão de dinâmicas sociais que caracterizam a mobilidade social dos negros no Brasil. O pioneirismo dessa obra contribui para minimizar a lacuna ainda existente nos estudos sobre a ascensão social dos negros, uma produção considerada pequena comparada aos estudos sobre as desigualdades raciais no país. O trabalho de Ivo é fundamentado em entrevistas realizadas com profissionais que exerciam postos de alta direção em instituições do serviço público com o intuito de entender as narrativas sobre os processos de mobilidade na perspectiva dos próprios agentes. Independente do êxito profissional dos entrevistados, que exercem as funções de diretor(a), superintendente, reitor(a), desembargador(a), juiz(a), corregedor(a), ou delegado(a), o autor mostra que eles são submetidos a práticas cotidianas racistas, ainda que tenham subvertido a lógica que delega aos negros os piores lugares na hierarquia social capitalista. O livro surpreende, ao apresentar narrativas que falam de indivíduos particulares, mas, ao mesmo tempo, falam de cada um/a de nós, e o próprio Ivo se coloca na condição de quem vivenciou similar processo de mobilidade, e como esta experiência foi determinante no processo da pesquisa.
Anarquismo e operariado no Brasil Quarta edição revista e ampliada de um livro fundamental para pesquisas na área de história do trabalho e no campo das culturas entre operários. O livro desenvolve uma discussão crítica das contradições e problemas da existência de uma política cultural anarquista no Brasil, e estuda a presença cultural do proletariado e das correntes libertárias no panorama literário pré-modernista da sociedade brasileira, mostrando os laços orgânicos entre a literatura social e o anarquismo.
Baseado em um conjunto de práticas de gerenciamento do mal-estar – por exemplo, a individualização da culpa, o repúdio ao fracasso depressivo, o louvor maníaco do mérito e a criação de um estado de crises e reformulações, bem como de anomia e mudanças permanentes –, o neoliberalismo consegue extrair um a-mais de produtividade das pessoas. Neste livro, o leitor poderá acompanhar como o modo de produção neoliberal construiu uma nova forma de sofrimento que se entranhou em nossas vidas ao modo de uma moralidade indiscutível.
Este livro reúne em um único volume textos espalhados ao longo de mais de trinta anos de pesquisa clínica, que lançaram os fundamentos das estruturas clínicas freudianas: neurose, psicose e perversão. Os principais eixos da psicopatologia psicanalítica foram estabelecidos em um arco que se inicia no contexto da correspondência com Fließ, no fim do século XIX, até os célebres artigos sobre o masoquismo e o fetichismo, redigidos no entreguerras. Embora mais ou menos um século nos separe desses escritos, eles continuam contemporâneos.
Para Nietzsche, o tempo não só e dotado de realidade, mas a realidade é, em sua totalidade, temporal. Através da experiência do pensamento e dos sentidos, torna-se evidente que o vir-a-ser tem preponderância sobre a permanência enquanto a permanência é um resíduo psicológico projetado sobre a realidade, a mudança se impõe de forma premente. Mas não se trata tão somente de reerguer, sob uma ótica invertida, a antiga disputa entre ser e vir-a-ser. Pois se há apenas o vir-a-ser, deve-se a ele imputar caráter de ser, uma decisão pioneira que acena para um novo rumo nas discussões acerca do problema do ser.
Ninguém disse que seria fácil, do historiador e militante Valerio Arcary, reúne uma série de artigos escritos ao longo dos últimos anos, período marcado por consecutivas derrotas da esquerda, ascensão da extrema direita e perdas substantivas de direitos da classe trabalhadora. Em 42 artigos curtos, Arcary lança uma importante reflexão à militância socialista, muitas vezes presa às teorias, análises de conjuntura e trabalho analítico e conceitual. Sem se privar da relação com a teoria, os escritos focam outros aspectos da luta como o sentido humano, as relações entre as pessoas e suas contradições, a necessidade de se deixar de lado o individual ante o coletivo. Para o autor, o momento é de levantar tais questionamentos, especialmente diante da ampla vitória do capital e da extrema direita. “Na teia do ser social que constituímos e que nos constitui, avançamos muito na compreensão de suas determinações objetivas, mas nem sempre damos a devida atenção ao problema da subjetividade. Por isso este livro de Valerio Arcary parece-me tão importante. Precisamos conversar sobre a militância, sobre a sensação de isolamento que se segue a uma derrota, sobre o fracionalismo, o embrutecimento, a saúde mental, os valores que nos guiam, os preconceitos, o anti-intelectualismo. Precisamos conversar sobre nós e os outros, os adversários e os inimigos, a classe idealizada e as pessoas reais que compõem nossa classe”, afirma Mauro Luis Iasi no prefácio da obra.
O objetivo da coletânea é possibilitar a difusão e a popularização da ciência e da tecnologia junto à sociedade, em geral, atividade fundamental para despertar o interesse por essa área, sobretudo dos jovens.
Baseando-se em reflexões sobre a infância Guarani, este livro dedica-se a pensar sobre o quanto processos de ensino e aprendizagens infantis, vivenciados fora da escola, podem contribuir para planejamentos docentes mais pautados em teorias indígenas do conhecimento. A partir de pesquisas realizadas junto a uma comunidade Mbya-Guarani na região central do Rio Grande do Sul, discute-se a ideia de campo da educação escolar indígena, pontuando as relações entre noção de pessoa, território, interculturalidade e gestão educacional.
"Ninguém solta a mão de ninguém - manifesto afetivo de resistência e pelas liberdades" chega para discutir o momento que o país vive. Na obra, o leitor encontrará vinte e dois textos inéditos e uma reprodução que perpassam entre os mais diversos gêneros literários como poesia, prosa, ensaio, canção, crônica, charge e carta, e se dão as mãos em uma narrativa cujo fio condutor é o afeto, a resistência e a bandeira colorida das liberdades individuais. Organizado de forma independente pela editora Tainã Bispo, a obra reúne vinte e quatro nomes entre jornalistas, escritores, artistas e representantes dos movimentos negro e LGBTQ+ com a intenção de manter vivo o sentimento de coletivo da nação. "É um projeto independente e apartidário, que reflete sobre as diversas pontes que precisaremos (re)construir para enfrentar o obscurantismo, a burrice, a deselegância, a violência, os preconceitos e esse cheiro de mofo de assola o país", explica a editora. Entre os nomes de destaque da obra estão os jornalistas Juca Kfouri, Leonardo Sakamoto, Antonio Prata, a psicanalista Vera Iaconelli, o ex-Ministro de Estado da Educação Renato Janine Ribeiro, os escritores Julián Fuks e Alexey Dodsworth e a Anielle Franco, irmã de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro brutalmente assassinada em Março de 2018. As 192 páginas do livro que carrega a cor amarela predominante como um grito de alerta ainda apresentam ilustrações inéditas da artista Thereza Nardelli, que cedeu os direitos da arte para a publicação, e uma charge do cartunista convidado Junião. A cantora Ceumar também marca presença no livro com a canção "Por quantas vezes?", criada em parceria com o escritor Lauro Henriques Jr. Inspirada pela ilustração da tatuadora que viralizou nas redes sociais no dia 28 de outubro de 2018, a editora Tainã sentiu a necessidade de criar pontes entre pessoas que pudessem dar as mãos e fazer resistência com as palavras.
Arrastamo-nos por trás da mídia digital, que, aquém da decisão consciente, transforma decisivamente nosso comportamento, nossa percepção, nossa sensação, nosso pensamento, nossa vida em conjunto. Um enxame digital! Embriagamos-nos hoje em dia da mídia digital, sem que possamos avaliar inteiramente as consequências dessa embriaguez. Essa cegueira e a estupidez simultânea a ela constituem a crise atual.
Christina Sharpe desvenda, aqui, os vestígios das memórias negras escondidas numa história predominantemente branca. Por meio de poemas, de obras de arte, cinema e arquitetura, bem como de memórias individuais e familiares, a autora evoca os vestígios do sistema escravista na vida de pessoas negras e em toda uma sociedade moldada para desconfigurar seu sofrimento. Em diálogo com escritoras como Toni Morrison e Saidiya Hartman, Sharpe desenterra um passado colonialista ainda impregnado nas relações sociais, nos laços familiares e em nossa própria subjetividade. Ao evidenciar mecanismos de exclusão que perduram e servem de base para um sistema que lucra com os diversos tipos de violência contra corpos considerados desimportantes, Sharpe ressalta a urgência de um trabalho coletivo de vigília, lembrança e cuidado para a construção de um espaço que não reproduza estigmas e que permita o reconhecimento das feridas ainda abertas da escravização negra.
Propiciar ao leitor uma compreensão do que é o mundo acadêmico e saber como elaborar trabalhos científicos é o intuito desta obra. Ela traz, em volume único, de forma objetiva, recheada de exemplos e atividades complementares, as normas e técnicas estabelecidas pela ABNT e pela vida acadêmica. Dividida em duas partes, apresenta na primeira, orientações relacionadas à organização da vida acadêmica, tais como técnicas de leitura, de sublinhar, de fichar, de resumir, de fazer citações e referências. E na segunda parte orienta como devem ser produzidos os trabalhos disciplinares e/ou interdisciplinares, projetos de pesquisa, monografias e artigos.
Em 2014 completei quatro décadas de docência e lancei este livro com o título Pensatas pedagógicas, quando quis comemorar-me revigorando quarenta reflexões (contando a chegada e a partida), para ajudar a cogitar um pouco mais sobre várias das nossas agonias e muitas das nossas alegrias. Agora, em 2018, para uma nova edição mais ampliada (como eu!) e com capa reformulada, acrescentei mais quatro pensatas e resolvi inverter a ordem no título, preferindo Nós e a escola: agonias e alegrias.
Os assim chamados ‘doentes alcoólicos’ produzem continuamente falas sobre eles mesmos, não apenas porque o alcoolismo é um problema das sociedades contemporâneas, mas também porque as associações de ‘adictos’, tais como os Alcoólicos Anônimos (A.A.), são um fenômeno em franco desenvolvimento que, a cada dia, desafia as ciências sociais e médicas. A obra trata do modo como os integrantes de grupos de mútua ajuda de A.A. vivem e gerenciam a chamada doença alcoólica e como lutam contra as recaídas
Na nota introdutória deste volume, James Baldwin, aos 31 anos, se dá conta do momento mais importante de sua formação, quando se viu obrigado a perceber que a linha do seu passado não levava à Europa, e sim à África. Foi então que ele se deparou com uma revelação chocante: Shakespeare, Bach e Rembrandt não eram criações “realmente minhas, não abrigavam minha história; seria inútil procurar nelas algum reflexo de mim. Eu era um intruso; aquele legado não era meu”. Publicada originalmente em 1955, esta reunião de ensaios escritos entre as décadas de 1940 e 1950 é a primeira obra de não ficção do autor de O quarto de Giovanni. O que mais impressiona nesses testemunhos ― narrados com inteligência, sensibilidade e estilo extraordinário ― é sua atualidade. Ao usar como matéria-prima sua própria experiência para refletir sobre o que representa ser um escritor negro e homossexual nos Estados Unidos, seu país de origem, e em Paris, cidade onde viveu por muitos anos, Baldwin oferece um poderoso e urgente depoimento sobre direitos civis. O volume inclui o prefácio à edição de 1984, assinado por Edward P. Jones, posfácios de Teju Cole e Paulo Roberto Pires e um alentado “Sobre o autor”, por Marcio Macedo.
O historiador israelense Yuval Noah Harari examina os dilemas da encruzilhada histórica provocada pela pandemia do novo coronavírus nos artigos e entrevistas reunidos nesta coletânea inédita. Publicados originalmente em veículos como a revista Time e os jornais Financial Times e The Guardian, eles exploram temas como a disputa ideológica entre isolacionismo nacionalista e cooperação global, o risco da ascensão de estados totalitários na esteira das novas tecnologias de monitoramento em massa e os possíveis impactos do vírus na concepção contemporânea da morte. Harari desenvolve seus argumentos com a clareza de visão e de estilo que o consagrou, entrelaçando os caminhos e descaminhos da humanidade entre passado, presente e futuro. A boa notícia, ele ressalta, é que a maior parte do planeta concorda em concentrar os esforços nos avanços científicos em busca da cura e de uma vacina para o covid-19 - porém isso acontecerá apenas se a cooperação entre as nações for a prioridade dos líderes atuais.
Os meios de comunicação de massa revolucionaram nossa forma de estar no mundo. Desde a imprensa até a internet, passando pelo rádio e pela televisão, a mídia transformou os fluxos de informações e produziu novos rituais da vida diária. Na política, a influência midiática é particularmente sensível, não apenas no Brasil, mas no mundo todo. Como, então, a mídia influencia os políticos, que moldam seu discurso e ações de acordo com a cobertura midiática que pretendem obter? Como o público, por seu lado, age e reage a partir das representações do mundo que recebe da mídia? Este livro oferece respostas para essas e outras questões, focando o jornalismo e seu impacto social; em particular, seu impacto sobre as formas do conflito político no Brasil contemporâneo.
Este livro caracteriza a violência, sobretudo o abuso sexual contra crianças e adolescentes. Identifica-se que a violência contra crianças e adolescentes acompanha a trajetória da humanidade desde os mais antigos registros. Inumeráveis são as formas pelas quais se expressa, adaptando-se às especificidades culturais e às possibilidades de cada momento histórico.
O que aconteceu com as mulheres no século XX e o que está acontecendo no XXI? Essas são questões que as autoras– pesquisadoras das áreas de História, Ciências Sociais, Educação e Direito, de todo o Brasil – respondem neste livro. Então, é uma obra de especialistas, feita para a universidade? Nada disso. Ou melhor, sim, mas não apenas. Destina-se a homens e mulheres que acreditam que compreender as relações sociais por meio da História contribui para melhorar o entendimento entre as pessoas. Estudantes, professores e pesquisadores se beneficiam de uma obra abrangente e atualizada sobre o assunto. Responsáveis por políticas públicas encontram aqui material para ajudar a executá-las. Ativistas, militantes de movimentos sociais, feministas e ONGs podem, com este livro, alicerçar melhor suas demandas. Jornalistas e profissionais das áreas do Direito, Saúde e Educação ganham subsídios para desenvolver com mais qualidade o seu trabalho. Um livro para todos os públicos.
"Neste livro o leitor encontrará uma extensa revisão bibliográfica de 2.477 textos publicados entre 2001 e 2013 (artigos, dissertações e teses) sobre violência e saúde. [...] O trabalho acompanha a construção intelectual do tema no Brasil e no mundo e realça pontos convergentes, divergentes, continuidades, rupturas e lacunas. Nele o leitor encontrará uma leitura crítica sobre um objeto construído progressivamente dentro do campo da saúde. A obra dá continuidade a duas revisões anteriores realizadas pelo mesmo grupo. A primeira ocorreu em 1990; a segunda, em 2003. Esta terceira revisão se mostra a mais aprofundada, vasta, complexa e analítica."
Este livro reúne reflexões sobre o papel da universidade na formação de novos modelos em diversas áreas do conhecimento. Contando com a participação de diversos professores universitários muitos com percursos relevantes também fora da universidade - como o prêmio Nobel de física Steven Chu - discorre sobre o passado das ciências e seus possíveis caminhos.
Este livro é uma importante contribuição para a produção de novos conhecimentos que estão transformando nossa compreensão do passado e do presente do Brasil. Como uma importante intervenção política dentro da academia, ele pode inspirar muitos outros trabalhos que podem nos contar ainda mais sobre a diversidade de experiências de pessoas LGBTQI+ em diversos momentos históricos e lugares do Brasil. Conhecimento é poder. Aprender e nos sentir conectados a uma infinidade de experiências que são semelhantes e diferentes das nossas pode nos ajudar a entender nosso lugar social. É uma conscientização que é também um instrumento de transformação social.
Este livro propicia aos pesquisadores e aos interessados em geral um estudo abrangente e cuidadoso sobre a polêmica questão da conjugalidade homossexual no Brasil contemporâneo. Trata-se, sem dúvida, de um trabalho valioso e oportuno: tomando como ponto de partida o Projeto de Lei Federal nº 1.151/1995, ele lança luz sobre as origens parlamentares e o desenvolvimento, no Congresso Nacional, dos debates sobre a regulação e o reconhecimento jurídico das uniões entre pessoas do mesmo sexo. Por meio de uma análise dos debates na Câmara dos Deputados, que abrange todas as fases pelas quais passou o projeto, o autor contextualiza a argumentação parlamentar em favor e em oposição ao projeto. Revela, além disso, como e por meio de quais atores foi conduzida ao Parlamento a voz da sociedade civil. Todo este quadro é acrescido da análise conceitual do pano-de-fundo donde brota toda essa disputa legislativa: a emergência de novas famílias que desafiam o heterocentrismo familiar, realidade que, ao mesmo tempo em que enfrenta posturas recorrentes de intolerância religiosa, depara-se com os discursos familistas acionados por muitos grupos homossexuais. Este trabalho sério e competente, portanto, não só vem em boa hora, como também oferece aos seus leitores material e reflexão sobre um dos temas mais recorrentes e polêmicos na luta pela afirmação da democracia, da diversidade e do pluralismo entre nós.
Mostrando diferentes facetas das transformações ocorridas no campo da reproducao humana, as reflexões e posicionamentoscr;itico mostram embates cujas redes entrelaçam direitos individuais e coletivos, direito de gerações futuras, benefícios e riscos, princípios éticos, legislações e aspectos culturais.
O livro apresenta - Parte I - Medicina e reprodução- das regras de puericultura às novas tecnologias reprodutivas. Capítulo 1 - O processo de medicalização Capítulo 2 - Intervenção médica na reprodução humana. Parte II - Uma nova medicina da reprodução. Capítulo 3 - Reprodução assistida Capítulo 4 - Reprodução assistida- práticas e resultados. Parte III - Reprodução assistida no Brasil. Capítulo 5 - Introdução da reprodução assistida no Brasil Capítulo 6 - Prática na reprodução assistida no B r asil. Parte IV - Efeitos sociais da reprodução assistida. Capítulo 7 - Remediar a ausência de filhos- do social ao tecnológico Capítulo 8 - Construção do debate ético em torno da reprodução assistida Considerações finais.
A História pode e precisa ser defendida. Especialmente agora, quando as mentiras ganham uma dimensão maior, com fake news sendo vomitadas por atacado, de forma organizada. Querem mudar a História por meio do negacionismo, recusando-se a admitir fatos indiscutíveis. Atentados contra os cidadãos, a ciência, a natureza, a educação são perpetrados a toda hora. Nós, historiadores e professores de História, somos solicitados a dar respostas. E, o melhor de tudo, é que as temos. O livro "Novos combates pela História" é essencial para historiadores, professores e demais amantes da História.
O presente livro traz reflexões sobre os efeitos da modernização do trabalho e os novos modelos de gestão e gerenciamento do trabalho, especificamente, no cotidiano do trabalho na Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil, dentro do modelo da Estratégia Saúde da Família. Para além disso, o texto traz um conjunto de debates sobre: as mudanças no mundo do trabalho na contemporaneidade; a reconfiguração da Política Nacional da Atenção Básica no Brasil; os dilemas do trabalho na Atenção Primária à Saúde no contexto da pandemia da covid-19. Dessa forma, esta obra dialoga com a vertente de estudos do trabalho, da Saúde Coletiva e da temática sobre a reestruturação produtiva na saúde, trazendo referenciais teóricos da Sociologia do trabalho, da psicodinâmica do trabalho e da psicossociologia do trabalho. A base empírica das análises se dá a partir do estudo de caso ampliado, na perspectiva de Michael Burawoy, das percepções dos profissionais de saúde de uma equipe da Estratégia Saúde da Família a respeito do trabalho na Reforma da Atenção Primária à Saúde (2009-2016) do município do Rio de Janeiro. Ademais, em diálogo com o paradigma indiciário de Carlo Ginzburg, também, traz atualizações das Políticas Nacionais da Atenção Básica e as repercussões da pandemia de COVID-19 sobre as condições de trabalho na APS no Brasil. Sendo assim, esta é uma obra que almeja auxiliar na reflexão crítica sobre os rumos que estão sendo tomados para a APS e para o Sistema Único de Saúde (SUS), no período histórico recente do país, bem como reforçar a centralidade do trabalho na saúde em diálogo com os princípios democráticos que fundaram o SUS, em 1988.
Essas apreciações marcam de alguma forma a passagem para o outro Lacan, outro daquele que se apresentava sob o signo inicial da palavra e da linguagem, o Lacan que se revela no fim de seus Escritos sob o nome de objeto a.(m3/23julh2014)
Em 2021, estamos sob tempos sombrios, de retrocessos sociais e políticos, e também na saúde mental. Este livro parte da análise da conjuntura, crua e dura, reconhecendo as perdas e riscos, mas não “está tudo dominado”. A realidade tem contradições e brechas para resistir e até mesmo avançar. Esse é o objeto desse livro, mostrando projetos inovadores em saúde mental e luta antimanicomial. Parte da Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência (“Disabilidades”) da ONU, que no Brasil tem o mesmo status da Constituição Federal; das novas diretrizes da ONU e da Organização Mundial de Saúde; e dos avanços dos movimentos de direitos humanos e de usuários(as) de outros países, com novas ideias e práticas de protagonismo e direitos de usuários(as) e familiares.
Esta obra inova por oferecer ao leitor diversos olhares sobre o tema ambiental unindo o direito ambiental às ciências da Terra. Destaca-se por incorporar a multi, a inter e a transdisciplinaridade necessárias para efetivação da legislação ambiental, a qual deve ser elaborada a partir do conhecimento e da assimilação dos conceitos das ciências da Terra. Seu pioneirismo está em articular os temas por meio de um conjunto de 24 capítulos de renomados autores, professores membros de grupos de pesquisa nacionais e internacionais, que demonstram e revelam a interconexão e a interdependência entre temas tão sinérgicos.
As pesquisas apresentam formulações econômicas, fundamentadas em dados, e análises empíricas que revelam a origem da discriminação racial no Brasil, abordam tópicos diversos que passam por temas como renda, mercado de trabalho, educação, saúde, desenvolvimento econômico e representação política, além de novas possibilidades de políticas públicas para a criação de uma sociedade mais justa e equitativa. Com novas contribuições e perspectivas para o entendimento das desigualdades raciais no Brasil e a apresentação da complexa relação entre economia e racismo, esta obra é essencial para estudantes, pesquisadores, formuladores de políticas e todas as pessoas interessadas em compreender e combater a persistente desigualdade racial que desafia o Brasil. Um problema que não pode mais ser ignorado.
"Nutrição Clínica - Obstetrícia e Pediatria", escrito por Nutricionistas com larga experiência tanto no ensino, pesquisas e na atenção às Gestantes e Crianças nas enfermarias, ambulatórios e em outros serviços. O livro enriquecerá bastante aos leitores e trará excelente suporte aos Nutricionistas, Obstetras e Pediatras e a todos os interessados nesse assunto.
Nos cursos da área de Ciências Agrárias, como Engenharia Agronômica, Zootecnia e Engenharia Florestal, o tema “nutrição de plantas” exerce um papel fundamental no conhecimento das funções dos nutrientes na vida das plantas e, consequentemente, na produção agrícola, na qualidade dos produtos colhidos e na relação com o ambiente. Em seu estudo, Renato de Mello Prado abrange, de forma didática, várias facetas do assunto, desde os primórdios até os dias atuais, incluindo bibliografia atualizada e relatos da experiência do autor. Avalia ainda, de forma objetiva, as perspectivas da Nutrição de Plantas para a produtividade agrícola de forma sustentável, considerando o ambiente como integrante do processo. Este livro surge, portanto, como uma importante publicação para alunos de graduação, pós-graduação e demais interessados no assunto. E contribui para o aprimoramento da cultura agrícola, buscando superar seus desafios e com vistas a um futuro mais coerente para o setor.
Os seis capítulos que compõem esta obra abordam de forma abrangente temas como crescimento e desenvolvimento, fisiologia digestiva do lactente, necessidades e recomendações nutricionais, aleitamento materno, alimentação complementar e alimentação de crianças não amamentadas. Este livro, cujas edições anteriores foram publicadas de forma independente pela autora, constitui suporte científico para profissionais de Saúde (nutricionistas, médicos e enfermeiros) que pretendem atualizar-se sobre avaliação e planejamento de práticas alimentares saudáveis na primeira infância, constituindo também um guia de orientação para pais e cuidadores.
Planejado para atender aos cursos de graduação e pós-graduação de Nutrição, Enfermagem, Medicina e áreas afins, Nutrição e Saúde da Criança contempla assuntos fundamentais sobre o bem-estar infantil em suas diversas fases e nuances. A obra divide-se em 43 capítulos, organizados em sete partes, as quais abordam a avaliação dietética; a Nutrição fetal e do lactente; a obesidade e as alterações cardiometabólicas; a avaliação nutricional e bioquímica; as doenças carenciais, infecciosas e parasitárias; a educação nutricional e para a Saúde; e a Nutrição em Saúde pública. Além dos tradicionais pontos mencionados em livros de Saúde e Nutrição infantil, incluíram-se temas importantes atualmente, como padrões alimentares, determinantes ambientais do comportamento alimentar, interações fármaco-nutrientes, obesidade como doença inflamatória, citocinas como marcador inflamatório, microbiota intestinal, probióticos e Saúde, (Nutri)genética e (Nutri)epigenética, entre outros. Para discorrer sobre esses tópicos, foram convidados mais de 100 colaboradores. Os autores são pesquisadores, professores e profissionais da Saúde, de diversas instituições e regiões do Brasil ? alguns com experiências internacionais (Moçambique e Portugal) ?, com reconhecido know-how em seus campos de atuação. Esta obra contribuirá bastante para a qualificação de estudantes de ensino superior e profissionais da Saúde comprometidos com um atendimento de excelência à Criança. É referência certa para aqueles que sabem que uma boa Nutrição na infância oferece menos chances de adolescentes, adultos e idosos propensos a doenças.
Esta obra tem como objetivo fornecer um panorama integrado das características em sistemas de produção e consumo de recursos alimentares para populações. Entre os temas abordados estão: As perdas de alimentos em cadeias produtivas e os problemas relacionados ao controle de qualidade e às condições higiênico-sanitárias, incluindo alimentos que têm sido alvo de fraude; Os requerimentos nutricionais e sua relação com diferentes tipos de alimentos, como funcionais, nutracêuticos e suplementos dietéticos; As políticas públicas de alimentação, nutrição e prevenção de doenças, além das práticas de marketing e rotulagem de alimentos; Os impactos ambientais da produção de alimentos, os alimentos orgânicos e as dietas sustentáveis.
O papel da Nutrição na promoção da saúde em coletividades tem sido alvo de investigação em diversas vertentes, particularmente na identificação de padrões de saúde e doenças em diferentes grupos etários em nível populacional. O interesse pela associação entre dimensões físicas, bioquímicas e fisiológicas da Nutrição Humana tem resultado em variados instrumentos de mensuração, assim como tipologias para classificação das características nutricionais dos indivíduos no contexto do sistema de saúde. Nutrição em Saúde Coletiva – Ações para a Promoção da Saúde busca sintetizar um conjunto de evidencias derivadas de pesquisas científicas de interesse do público em geral, especialmente quem esteja interessado nas conexões entre Nutrição e saúde no contexto de coletividades. A aplicabilidade dos indicadores descritos nos capítulos ultrapassa a atuação específica em Nutrição, provendo apoio na seleção de estratégias terapêuticas aos profissionais de saúde no tratamento de seus pacientes, assim como propondo medidas de interesse em estudos populacionais a pesquisadores com interesse na área. No contexto profissional, indicadores relacionados com os aspectos nutricionais do indivíduo apresentam ampla aplicação no diagnóstico e no prognóstico de saúde de pacientes (no âmbito de serviços de saúde) e comunidades (no âmbito da vigilância epidemiológica para promoção da saúde). No contexto da formação de recursos humanos, espera-se que o conteúdo apresentado nesta obra contribua para uma atuação holística em ambiente clínico, em saúde pública, na pesquisa e na gestão de sistemas de saúde.
Em sua segunda edição, revisada e ampliada, Nutrição em Saúde Pública complementa as bases teóricas e científicas abordadas na publicação anterior, mantendo os diferentes métodos de avaliação de coletividades. Ademais, discorre sobre as doenças associadas a carências, excessos e erros alimentares mediante a discussão das políticas públicas, da gestão e do papel do profissional de saúde, especialmente o nutricionista, levantando os desafios para a área no terceiro milênio. Bioestatística, atuação dos Inquéritos Nacionais, formação de hábitos alimentares, prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, segurança alimentar e nutricional e aspectos nutricionais em populações geriátricas são alguns dos temas desta nova edição.
Neste livro, Gyorgy Scrinis nos brinda com lentes que oferecem elementos interpretativos muito potentes para modificarmos profundamente a maneira como temos lidado com a temática da alimentação e nutrição. Esses elementos, abordados de forma criativa e inovadora, nos ajudam a responder perguntas fundamentais sobre a questão alimentar no contexto contemporâneo, entre elas: quais interesses públicos são comprometidos e quais interesses privados são beneficiados com este paradigma? Em que medida ele contribui para a manutenção de assimetrias de poder que impedem a garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada para todos e todas e que dificultam processos emancipatórios da sociedade? Que aspectos da alimentação ficam desconsiderados, invisibilizados ou reduzidos nesta abordagem e quais as implicações disso na perspectiva das políticas públicas? Quais as implicações das abordagens presentes nesse paradigma para a relação das pessoas com a comida e com seu corpo?
Nessa pesquisa, o professor da UFRJ Rodrigo Borba encontrou um flagrante descompasso entre o que os serviços de saúde entendem como transexualidade e as variadas formas como as pessoas transexuais efetivamente vivenciam suas identidades no cotidiano. Como consequência, persistem obstáculos discursivos para uma atenção integral e humanizada à saúde de sujeitos transexuais.
Em meados da década de 1940, a psiquiatra Nise da Silveira organizou ateliês de pintura e modelagem com os pacientes do Centro Psiquiátrico Pedro II. A produção desses ateliês – hoje acervo do Museu de Imagens do Inconsciente – chamou a atenção de cientistas e intelectuais da época. O interesse suscitado pelas obras não se restringia à sua utilidade no tratamento psiquiátrico: elas também exemplificavam um novo conceito de qualidade estética e, ainda, assumiam papel central num debate político mais amplo, sobre o lugar do louco e da loucura na sociedade. É com esse pano de fundo que se desenrolam as análises do livro, dividido em três capítulos.
Antropólogos e Missionários, à primeira vista, parecem trilhar caminhos distintos, se não opostos: enquanto os primeiros são vistos como aqueles que procuram compreender uma determinada sociedade a partir de sua lógica interna, os outros, ao colocarem em prática o projeto expansionista da fé cristã, são pensados como agentes que procuram influenciar diretamente a visão de mundo dos habitantes das regiões onde atuam.
Seria possível imaginar uma radical reforma do Estado brasileiro a ponto de assegurar às políticas públicas um funcionamento com importante grau de autonomia em relação ao poder executivo e ao mercado? Para Nilton, este objetivo não somente seria realizável — ele demonstra que, em alguma medida, experiências de cogestão já vêm acontecendo no SUS —, como ainda se constituiria em alternativa à esquizofrenia do debate contemporâneo polarizado entre privatização e petrificação de uma administração pública autoritária, burocratizada e patrimonialista.
O Apoio Paideia & Suas Rodas, é o resultado do trabalho de diversos atores do campo da saúde coletiva, seja na gestão, no trabalho interprofissional, na clínica ou na formação em saúde. São contextos bastante heterogêneos, mas em todos eles mira-se o mesmo horizonte: fortalecer a capacidade de crítica e de reflexão dos sujeitos; possibilitar o diálogo e a explicitação de diferenças de interesse, de valores e de projetos.
Vivemos uma crise global e múltipla de enormes proporções política, social, econômica, ecológica, ideológica e ética. O crime ecossocial no Vale do Rio Doce, em novembro de 2015, perpetrado por mineradoras transnacionais com a cumplicidade e omissão de instâncias estatais nacionais e regionais, numa aliança típica dos nossos tempos, tornou-se a advertência mais dramática da podridão do sistema capitalista predador que determina nossas vidas.Depois de alguns anos de relativo otimismo no Brasil e na América do Sul, fica evidente mais do que nunca que as sociedades do Norte e do Sul globais estão irremediavelmente interligadas e precisam de profundas transformações políticas e ecológicas muito além do acordo climático de Paris que, mesmo sendo uma resposta insuficiente às múltiplas pressões dos movimentos pela justiça climática, poderia significar um passo na direção correta.Na América do Sul, saltam à vista as limitações dos governos ‘progressistas’ que, fortalecendo o papel do Estado na economia, avançaram numa distribuição mais equitativa da renda das commodities sem, no entanto, questionar mais profundamente o conceito hegemônico de ‘desenvolvimento’, vaca sagrada até para grande parte da esquerda mundial. Essas limitações, nos anos iniciais das ‘revoluções’ democráticas na Venezuela, Bolívia e Equador, e das vitórias eleitorais de candidatos de centro-esquerda no Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai e Peru, não eram descartadas por observadores mais prudentes. (...) Gerhard Dilger
Velhices LGBT+, um coletivo de existências. Quem são essas pessoas, onde elas estão e como vivem? Quem tem direito às velhices LGBT+? Quando criamos o projeto deste livro, a proposta foi ouvir os relatos dessas pessoas “invisíveis”, na contramão do apagamento social imposto a elas. Entendemos que suas vivências vão muito além de histórias do passado. Elas são presentes e futuras.
Este livro aborda algumas experiências do percurso profissional da autora na clínica da terapia ocupacional, mais especificamente no atendimento às pessoas com doenças, lesões neurológicas ou que sofreram acidentes com consequências no sistema neurológico. Embora a obra traga cenas de atendimentos de crianças, as discussões sobre a terapia ocupacional também são decorrentes da prática clínica com pessoas em outros momentos do ciclo da vida, sendo descritas situações vivenciadas com adolescentes, adultos e idosos.
Marx se dedica à compreensão das categorias que constituem a articulação interna da sociedade burguesa e analisa o capital em sua relação direta com a exploração da força de trabalho assalariado. A Inglaterra, localização clássica da força de trabalho industrial, serve de ilustração para sua exposição teórica. Assim como na tradução dos Grundrisse, esse volume substitui o tradicional uso da expressão 'mais valia' por 'mais valor'.
O vovô Carlos é um barato! Sempre que vão visitá-lo, seus netos pedem que ele conte uma história. Só que dessa vez ele vai contar uma história diferente. Nada de princesas ou dragões! A história de hoje aconteceu de verdade, não faz tanto tempo assim e continua se repetindo em muitos lugares do mundo... A história da luta dos trabalhadores.