“24/7 anuncia um tempo sem tempo, um tempo sem demarcação material ou identificável, um tempo sem sequência nem recorrência”, afirma o autor. A disponibilidade para consumir, trabalhar, compartilhar, responder, 24 horas por dia, 7 dias por semana, parece ser a palavra de ordem da contemporaneidade. Jonathan Crary faz um panorama vertiginoso de um mundo cuja lógica não se prende mais a limites de tempo e espaço. Uma sociedade que funciona sob uma ordem que põe à prova até mesmo a necessidade de repouso do ser humano – a última fronteira ainda não ultrapassada pela ação do mercado.
O conteúdo deste livro, formatado de diferentes ensaios, representa o resultado parcial de uma pesquisa teórica que está sendo desenvolvida na Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia, desde 1999, sob orientação do coordenador Reginaldo de Souza Santos. O objetivo dessa pesquisa foi construir as fundamentações metodológicas e teóricas do conceito de um novo campo do conhecimento denominado de Administração Política. Com esse objetivo, iniciou-se a releitura remissiva dos autores considerados clássicos na área da Administração. As duas preocupações fundamentais para esta pesquisa foram, em primeiro lugar, fazer uma apreensão da discussão sobre a Administração como arte e como ciência, e, em segundo lugar, dar conta da discussão dos referidos autores acerca do objeto e do método de investigação no campo da Administração. Desse modo procurou-se ancorar essa abordagem nos economistas considerados rebeldes ou desgarrados da chamada economia convencional.
A obra se aprofunda nas investigações sobre as políticas públicas e a história das instituições estatais brasileiras. A abordagem inovadora do livro é ancorada na teoria dos campos de ação estratégica TCAE, escolha que, segundo o autor, viabilizou transformar o Estado e as políticas públicas em objeto da sociologia. Gustavo Margarites analisa as decisões e mecanismos que embasaram a trajetória de constituição da assistência social como campo de política pública, demonstrando como a formação da área derivou, principalmente, de interações no campo da previdência social, envolvendo, posteriormente, o campo da saúde.
Tudo para mostrar um novo potencial, aquele em que a natureza preservada está no centro da criação de valor econômico.
Zizek trata aqui de temas urgentes como migração em massa, terrorismo, a explosão do populismo de direita e o surgimento de novas políticas radicais. Todos expressam, cada um à sua maneira, os impasses do capitalismo global. Por isso, diz Zizek, a questão hoje é saber se devemos considerar o capitalismo inerente à natureza humana ou se há formas de impedir a sua reprodução infinita. E pergunta: é possível ir além do fracasso do socialismo e além da atual onda de raiva populista e começar mudanças radicais antes que o trem nos atinja?
Dois renomados especialistas em governo trazem uma contribuição original para o debate sobre as relações tensas entre técnica e política, e suas implicações para a construção de uma democracia sólida e vibrante. A tensão entre uma burocracia forte e independente e as disputas naturais da democracia está na chave da construção de um regime saudável e eficiente. Eis a tese central de A democracia equilibrista — políticos e burocratas no Brasil , de Pedro Abramovay e Gabriela Lotta. Numa linha de pesquisa pouco explorada em nosso debate atual, os autores revisitam temas como patrimonialismo, meritocracia e politização do judiciário e passam em revista algumas das grandes discussões de nossa experiência recente. Entre elas se destacam o Marco Civil da Internet, a política de drogas e o Estatuto dos Povos Indígenas. “A política é fundamental para promover a superação dos desafios históricos e construir uma democracia que enfrente seu passado de violência, não oprima as minorias e garanta a participação da sociedade nas decisões sobre os rumos do país. O livro A democracia equilibrista nos traz uma reflexão indispensável para quem luta por um Brasil justo.” — Luiz Inácio Lula da Silva “Aliando sólida pesquisa acadêmica e a experiência de quem passou pelo governo, Gabriela Lotta e Pedro Abramovay oferecem uma contribuição original e relevante para entendermos como buscar o equilíbrio instável em nossa construção democrática.” — Fernando Henrique Cardoso
A democracia impedida: o Brasil no século XXI, obra do cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, traz uma análise das etapas do processo que culminou com o impedimento da presidente Dilma Rousseff. O livro foi escrito ao longo de 2016, ano em que se viu a polarização de opiniões entre os que acreditam na legalidade do impeachment da ex-presidente e aqueles que estão convencidos de ter havido um golpe de Estado, entre eles o autor. Entre os pontos que fazem parte da obra estão o exame do comportamento dos eleitores às vésperas das eleições de 2014; a reeleição da presidente, as heranças do seu governo anterior e as insatisfações políticas com medidas no novo mandato; as comparações e distinções entre os eventos de 1964 e 2016; a democracia representativa, o golpe constitucional e o golpe parlamentar. 'O tema de que trata está na essência do cotidiano do cidadão de hoje'.
Inúmeras são as lições a serem retiradas desta pandemia de Covid-19, que virou nossas vidas de cabeça para baixo. A crise em que ora nos encontramos, sem precedentes nos últimos dois séculos, revela-se múltipla: econômica, filosófica, ideológica, social, política e ecológica. Assim, para evitar que as crianças de hoje sofram com a pandemia aos 10 anos, uma ditadura aos 20 e um desastre climático aos 30, o economista e escritor francês Jacques Attali propõe que passemos, sem demora, da economia da sobrevivência para a economia da vida.
A obra examina com profundidade e originalidade três crises que se sobrepõem na atual era do neoliberalismo: as crises na economia global (estagnação insidiosa, colapsos periódicos e volatilidade devida às finanças), na política contemporânea (o declínio da democracia, a ascensão do autoritarismo e de novas formas de fascismo) e na saúde humana (evidenciadas pela pandemia de Covid-19).
O livro é de leitura essencial para quem se propõem a analisar e compreender a complexidade dos processos que permeiam a formulação de políticas públicas no campo da saúde. A obra aborda o debate quanto ao papel dos atores chave nos processos de formulação de políticas, a importância da análise do contexto no qual determinada política é formulada e ainda apresenta a importância de que sejam consideradas as ideias e percepções que os autores chave imprimem ao desenho de uma nova política pública, no seu momento de formulação.
Neste livro seminal, Boaventura de Sousa Santos apresenta uma visão panorâmica das propostas epistemológicas e de teoria social crítica que viriam a aprofundar-se e a condensar-se posteriormente em outras publicações. Ele se propunha a lançar os fundamentos de uma nova cultura política que permitisse voltar a pensar e a desejar a transformação social e emancipatória, ou seja, o conjunto dos processos econômicos, sociais, políticos e culturais, tendo por objetivo transformar as relações de poder desigual em relações de autoridade partilhada nos seis espaços-tempo: o doméstico, o da produção, o do mercado, o da comunidade, o da cidadania e o mundial.
Este livro é uma reportagem capaz de fixar a fisionomia do crime no Brasil. Os autores obtiveram relatos inéditos de integrantes das facções e contam essa história sob um ângulo inédito e revelador. Geridas de dentro dos presídios, as facções criminosas se profissionalizaram. Quem assumiu a dianteira desse processo foi o PCC, responsável por um grau inédito de organização nos presídios brasileiros. Criada em 1993, meses após o Massacre do Carandiru, quando 111 presos foram mortos pela polícia, a facção passou a ditar as regras do crime nos presídios de São Paulo, impôs sua influência sobre outros estados e agora se internacionaliza a uma velocidade vertiginosa. Nunca essa realidade foi retratada com tintas tão fortes.
As chamadas “revoltas da indignação” que eclodiram pelo mundo na década de 2010 são marcos incontornáveis para se buscar compreender os dilemas dos sistemas democráticos na atualidade. Muito esforço de investigação e análise ainda precisa ser feito para identificar suas origens, dinâmicas e consequências históricas. Um fato, contudo, parece evidente: a dispersão dos movimentos que protagonizaram esses acontecimentos, mais do que a sua institucionalização, é o que se observa nos diferentes países que sentiram o chão tremer com as multidões nas ruas. O trabalho de Juliano Medeiros contém essa premissa e de forma arrojada joga luz sobre a excepcionalidade dos processos de institucionalização política decorrentes das revoltas, fazendo uma escolha dedicada à formulação das esquerdas e sua reorganização na América Latina. Uma nova esquerda teria surgido dessa experiência de contestação social perante a explosão da desigualdade, do desemprego e da violência de Estado no pós-2008, quando uma nova fase do capitalismo produziu uma profunda crise cujos prejuízos foram integralmente transferidos para as maiorias alijadas do poder.
As estratégias atuais, entenda-se, são aquelas que nos servem para lutar em um mundo de subjetividade neoliberal expandida, sem sujeito da história, sem programa e sem lugar de chegada determinado. Tecendo com os fios do ensaio, das análises políticas de conjuntura, da investigação militante e da filosofia — inclusive aquela que se faz com o corpo, em práticas sociais ou nas ruas —, Sztulwark analisa as coordenadas contemporâneas da política sul-americana enquanto derivações de um ciclo político aberto com a crise dos atores que representaram o neoliberalismo dos anos 1990 e a posterior chegada ao poder dos governos progressistas/populistas nos países da região.
Muitas são as disciplinas que têm se dedicado ao estudo das ações do Estado, sobretudo a partir dos anos 1980, quando começaram a ganhar fôlego as pesquisas sobre as políticas públicas. Não só diferentes disciplinas se voltaram para esse campo, como os estudos passaram a focar uma grande variedade de temas. Se, por um lado, a pluralidade de olhares contribui para o avanço das pesquisas, por outro, a dispersão disciplinar e temática indica um risco de fragmentação do campo. A necessidade de sistematizar os estudos na área, mas sem abrir mão de um panorama abrangente, motivou o lançamento desta coletânea, que propõe um diálogo entre ciência política, sociologia, administração pública, antropologia, direito, psicologia, demografia, história e relações internacionais.
Esta obra traz um retrato autêntico e crítico sobre os fatos ocorridos durante a pandemia da Covid, ainda em curso, especialmente no Brasil e nos Estados Unidos. Trata-se de um registro histórico do drama e do agravamento da situação da saúde das populações, acentuado pelas políticas neoliberais capitalistas, conjugando com as ferramentas utilizadas pela extrema direita mundial e reproduzidas a nível nacional pelo movimento bolsonarista. Bolzan é certeiro ao narrar e contextualizar os fatos ocorridos no Brasil desde a patética reunião ministerial de Jair Bolsonaro em 02/04/2020, passando pelo boicote à vacinação e ao uso de máscaras, além da alternância no poder de quatro ministros da saúde durante a pandemia. Similarmente, denuncia a tentativa de privatização da rede de atenção primária de saúde brasileira, em obediência ao capitalismo internacional. A pandemia ceifou a vida de milhares de pessoas. O sofrimento a que a população foi exposta alcançou limites inaceitáveis, agravado pelo governo protofascista bolsonarista. O autor não deixa escapar que a pandemia teve um maior impacto na população negra, historicamente racializada e oprimida. Racismo este, inerente ao modo de produção capitalista, o qual o legitimou e universalizou. Nesse sentido, o livro também evidencia como o sistema capitalista se utiliza do diversionismo negacionista para negar a exploração da mão de obra trabalhadora e a opressão contra mulheres, em nome de uma suposta liberdade individual e econômica. Isso resulta na manutenção de um sistema opressor, que nega a vida em prol do progresso financeiro de uma minoria economicamente favorecida.
As privatizações são eficientes? Empresas privadas são mais capazes de entregar um serviço de qualidade e acessível do que as estatais? Privatizações aumentam o custo? Na realidade, todas as formas de prestação têm seus méritos e suas falhas. Entender as condições adequadas para que cada uma funcione com eficácia é a chave. Prêmio Jabuti Acadêmico 2024 em Administração Pública e de Empresas, Ciências Contábeis e Turismo.
Nenhuma organização do século 21 acumula tanto poder de destruição quanto as corporações. São elas que estão no centro do novo livro de Nicholas Freudenberg, que se propõe a investigar as mais diferentes áreas para apontar como as grandes empresas se tornaram o maior problema de saúde pública dos nossos tempos. “As recentes mudanças no capitalismo precipitaram ou agravaram tanto os apocalipses de 2020 como os desastres mais lentos das últimas duas décadas”, diz o pesquisador da City University de Nova York. Em A que custo, Freudenberg propõe uma série de caminhos para repensar a nossa organização enquanto sociedade e para superarmos o
A partir da segunda metade do século XX, o capitalismo entrou em acelerada mutação e o corpo da mercadoria perdeu lugar para a imagem da mercadoria, interpelando o sujeito pelo desejo, não mais pela necessidade. O valor de uso deu lugar ao valor de gozo. Assim, os conglomerados monopolistas globais que se ocupam da comunicação, da exploração do olhar e da extração dos dados pessoais – e dos quais as mídias digitais são um combustível e uma extensão – se tornaram o centro do capitalismo, a aura mais fulgurante da Superindústria do Imaginário .
A partir de 1969, uma torre centenária — encravada no Presídio Tiradentes — foi o destino de dezenas de mulheres enclausuradas por motivação política durante a ditadura militar no Brasil. Em A Torre, a jornalista Luiza Villaméa apresenta um panorama de quem eram essas presas políticas e de como sobreviveram às terríveis condições que lhes foram impostas, mostrando como elas se organizavam no dia a dia, como se relacionavam entre si, com agentes da repressão e com pessoas do lado de fora — além de expor uma rotina que se contrapunha firmemente à brutalidade da situação. Numa prosa sensível à inteligência e à singularidade de cada uma das presas, a autora reconstitui o esforço dessas mulheres para criar um ambiente solidário e criativo que resistia, em tudo, à violência a que foram submetidas por um regime autoritário, composto basicamente por homens.
Partindo das concepções filosóficas distintas de Hannah Arendt e Hebert Marcuse, Maria Ribeiro do Valle nos oferece amplo subsídio para o aprofundamento da questão sobre o uso da violência para a transformação da sociedade. A autora busca os fundamentos epistemológicos que nortearam as reflexões de Arendt e Marcuse sobre contestação estudantil nos anos 1960.
A crise global não afeta a todos da mesma forma. As mutações do mundo do trabalho e as subjetividades dispostas a participar de novas formas de produção e consumo redesenham nosso presente. O que significa, então, repensar a possibilidade de um mundo liberado do capitalismo? No contexto de uma crise que marca os limites do pensamento neoliberal, os novos movimentos sociais – os excluídos, sem documentos, sem empregos, sem moradia, migrantes, indígenas – propõem iniciativas de baixo para cima. Baschet explicita as características mais complexas do capitalismo financeirizado e explora caminhos alternativos para a elaboração prática de novas formas de vida. Sem estabelecer um modelo universal para as experiências de autogestão, nem construir uma grande história para o futuro, o autor condena-as a se dissolverem em algo novo, reabrindo o horizonte de outros mundos possíveis.
O processo de transformação de uma sociedade permite duas possibilidades. Uma tem sido por meio de movimentos revolucionários que embora ensejem procedimentos rápidos no alcance dos propósitos, o saldo histórico termina, senão desaconselhando de todo essa via, pelo menos, recomenda cautela em sua adoção. Outra, mais de acordo com a ordem historicamente estabelecida, tem sido por meio de mudanças "consensuadas", porém, a lentidão na produção dos resultados é tão irritante que parece sugerir a ruptura como a única alternativa possível. Partindo deste pressuposto, o autor apresenta um plano político-administrativo para o tão almejado desenvolvimento brasileiro, perpassando por temáticas variadas como: administração pública; desenvolvimento econômico e social; democracia no Brasil;
Casos de confrontos entre marxistas e anarquistas são abundantes. Eventualmente, resgatam-se histórias de colaboração e convergência. Besancenot e Löwy vão além: querem, sob o signo da I Internacional, salientar a solidariedade histórica entre militantes anticapitalistas de todas as vertentes. Descrevendo a trajetória dos movimentos sociais da Comuna de Paris aos nossos dias, discutem ecossocialismo, planificação, federalismo, democracia direta e a relação sindicato/partido. Trata-se de uma obra sensível, entremeada pela esperança de que o futuro seja construído com cores vermelhas e negras.
Heller é conhecida entre nós como discípula de Georg Lukács. Intelectual empenhada na revisão do marxismo e filósofa dedicada a temáticas atuais – como pós-modernidade e ética -, a pesquisadora húngara fala da revolução em seu país no ano de 1956, de sua ligação com o mestre Lukács, da relação tumultuada com o Partido Comunista e de seu trabalho à frente da cátedra Hannah Arendt de Filosofia e Ciência Política, na New School for Social Research, em Nova Iorque.
Em Alguém disse totalitarismo? Cinco intervenções no (mau) uso de uma noção, Slavoj Žižek enfrenta o famigerado e pouco palatável tema do totalitarismo. Evitando ao mesmo tempo o polemismo barato e o detalhamento repetitivo, o filósofo esloveno envolve sua análise nos mais candentes impasses ideológicos do presente. Ao invés de apresentar uma crítica política das estruturas de exceção que constituem a administração totalitária, Žižek defende que a própria noção de “totalitarismo”, longe de ser um conceito teórico efetivo, é essencialmente um tapa buraco: “em vez de possibilitar nosso pensamento, forçando-nos a adquirir uma nova visão sobre a realidade histórica que ela descreve, ela nos desobriga de pensar, ou nos impede ativamente de pensar”.
A obra de Frantz Fanon, psiquiatra e militante anticolonial marcou diversas gerações de ativistas de direitos civis e especialistas em estudos pós-coloniais. Conhecido pelos clássicos Pele negra, máscaras brancas (1952) e Os condenados da terra (1961), o autor deixou também uma significativa e menos conhecida obra ligada a sua experiência como psiquiatra. Os textos deste volume, inéditos em português e inacessíveis até pouco tempo em todo o mundo, tratam da relação entre alienação colonial e doenças mentais. Esta coletânea de textos propõe uma leitura política do hospital psiquiátrico, associando racismo e psiquiatria colonial: "Uma criança negra, normal, tendo crescido no seio de uma família normal, ficará anormal ao menor contato com o mundo branco", escreve Fanon. O livro reúne mais de 20 escritos de Fanon, entre artigos científicos, sua tese em psiquiatria, um curso e textos inéditos publicados no jornal interno do hospital de Blida-Joinville onde ele trabalhou entre 1953 e 1956.
Uma análise sócio-histórica da gênese de políticas de saúde na França. Os temas em debate incluem as políticas de luta contra o câncer e a Aids, e aquelas destinadas ao enfrentamento de problemas como as crianças ‘inadaptadas’ ou ‘anormais’, com ‘inteligência inferior’, e os jovens ‘delinquentes’, usuários de drogas. Embora os estudos de caso tratem da experiência francesa, a obra traz contribuições importantes para o leitor brasileiro, principalmente por conta dos aspectos universais que podem ser apreendidos a partir da leitura.
Desdobrando as análises de André Singer sobre o “lulismo”, o livro busca incorporar uma avaliação sobre o “ensaio desenvolvimentista” tentado pelo governo Dilma no marco do pós crise internacional de 2008 e oferecer uma interpretação original sobre o saldo do percurso lulista desde a vitória do PT nas eleições presidenciais de 2002 no contexto mais amplo da experiência modernizadora brasileira. Nas palavras da economista Leda Paulani, que assina o texto de orelha do livro, os ensaios aqui reunidos revelam que “o lulismo repetiu como farsa a tragédia do sonho desenvolvimentista anterior, que durou cinquenta anos e foi desfigurado pelo conservadorismo militar”.
Compreender o complexo processo de formação e desenvolvimento da consciência de classe é um dos desafios mais difíceis do marxismo, desde o clássico livro História e consciência de classe, de Lukács. Mauro Iasi tem sido, dentre nós, um estudioso do tema. Seu livro anterior – O dilema de Hamlet, o ser e o não ser da consciência – já demonstrava a sua forte capacidade analítica para uma melhor compreensão da questão. Seu novo livro, As metamorfoses da consciência de classe, dá continuidade a esse empreendimento, centrando seu novo estudo na trajetória da militância que dedicou toda uma vida para a construção do Partido dos Trabalhadores, para vê-lo desmoronar como um “partido da ordem” (Marx). A inteligência e a militância de Mauro Iasi o qualificam para ajudar nesse importante debate. - Ricardo Antunes – Unicamp.
O objetivo principal desse trabalho foi o de descrever como a organização do trabalho e as relações socioprofissionais se relacionam com a fragmentação da subjetividade de ocupantes de cargos gerenciais. Buscamos descrever a percepção dos gestores sobre a forma como o trabalho está organizado; sobre as relações socioprofissionais; os sentimentos dos gestores com relação ao ambiente de trabalho e, por fim, fez-se uma análise de como essas configurações do ambiente de trabalho afetam a constituição da subjetividade dos gestores.
As contribuições para este livro fazem um exame crítico de alguns desafios a enfrentarmos nos campos da equidade em saúde e nos sistemas de saúde. Ao mesmo tempo em que fornece uma visão resumida dos problemas da desigualdade em saúde em uma perspectiva global, reflete sobre a importância de examinar a comunidade e a cultura, particularmente a cultura nativa, na busca pela equidade. Também compara e contrasta abordagens neoliberais e igualitárias e o que elas significam para os sistemas de saúde. Explora as diferentes dimensões do acesso aos serviços de saúde e, no tocante à prestação desses serviços, analisa a disponibilidade de recursos humanos e a necessidade de redistribuí-los no nível global.
Esta Coletânea tem como escopo analítico duas balizas mestras que delimitam o seu conteúdo integral: de um lado, o domínio burguês da chamada nova direita e, de outro, a consequente degradação da soberania política. Por nova direita identifica um conjunto de princípios, ideias e práticas morais, resultante da fusão do neoliberalismo econômico com o neoconservadorismo político, social e cultural, a qual expressa um feroz ataque à democracia e à política social de cunho solidário. E por soberania política considera a prerrogativa dos Estados modernos de exercerem, como guardiões legítimos, o poder político que, atualmente, vem sendo expropriado por forças supraestatais globais a serviço do capital corporativo financeirizado. Composta de oito textos de autores brasileiros e estrangeiros, ela constitui produto final de pesquisa recente realizada no Grupo de Estudos Político-Sociais – POLITIZA, do Programa de Pós-Graduação em Política Social da Universidade de Brasília (UnB), e financiada com uma Bolsa 1-A de Produtividade em Pesquisa do CNPq. Para efeitos didáticos, divide-se em duas partes. A primeira contempla abordagens abrangentes, do ponto de vista geopolítico ou territorial, e mais genéricas no trato da temática de fundo. A segunda elege como lócus preferencial o contexto latino-americano, incluindo o Brasil. É nesta parte que propostas de mudanças e de estratégias de ação se fazem presentes, acompanhadas de avaliações endógenas e recomendações procedimentais no campo da luta política. Com a sua publicação o Grupo POLITIZA espera ter contribuído com esclarecimentos e estímulos à perseverança, sem tréguas, na resistência democrática.
Se, no início dos anos 2000, a falta de acesso a medicamentos constituía um grande obstáculo à promoção da saúde, hoje, essa realidade já apresenta importantes sinais de mudança. Um exemplo é o expressivo aumento do número de pessoas com HIV/Aids que têm acesso aos medicamentos de que necessitam, resultado de iniciativas nacionais e internacionais. E, na construção desta nova realidade, o Brasil teve papel diferenciado e decisivo. É o que defendem os autores desta coletânea. Segundo eles, “ao lutar diuturnamente pela implementação de políticas de garantia do acesso universal a medicamentos no território nacional, o Brasil pôde demonstrar, com suas experiências exitosas, que países em desenvolvimento eram capazes de promover esse acesso”
A política brasileira de HIV/Aids é tida como um exemplo de política pública bem-sucedida e reconhecida em todo o mundo. Ativismo Patrocinado pelo Estado: burocratas e movimentos sociais no Brasil democrático ajuda a compreender esse fenômeno, incluindo suas etapas, lutas, resistências, mobilizações e desafios. Escrito pela cientista política norte-americana Jessica A. J. Rich, o título é uma tradução - feita por Maria Lucia de Oliveira - de State-Sponsored Activism: Bureaucrats and Social Movements in Democratic Brazil, publicado em 2019 pela Cambridge University Press.
Esta obra parte de uma crítica às teorias organizacionais e da busca por alternativas ao modelo dominante de organização do trabalho capitalista. O objeto de estudo é o empreendimento autogestionário representado pela cooperativa, abordando o problema da manutenção da cooperação com o aumento do número de membros e o crescimento econômico. A pesquisa empreendeu uma concepção sistêmica e complexa do fenômeno da cooperação e do seu objeto de estudo, desenvolvendo uma discussão qualitativa, interpretativa e reflexiva de conceitos e teorias que ajudam a compreender a realidade cooperativa, interpretando o objeto na sua história, no seu devir e na sua prática. Trata-se, portanto, de uma concepção teórica sobre as possibilidades e limites desse tipo de organização. Cooperativas, como organizações humanas, passam por um processo evolutivo, sofrendo os problemas da administração e manutenção da democracia. Para enfrentar o processo degenerativo é preciso repensar a gestão cooperativa com base em teorias sistêmicas, reforçantes da auto-organização cooperativa. A discussão termina por conduzir a uma perspectiva do papel central da cooperação para a vida em sociedade, o que explica o fato de empreendimentos autogestionários continuarem emergindo mesmo em meio ao ambiente hostil que, paradoxalmente, se configurou em bases utilitárias, competitivas e individualistas. Ao contrário do que se disseminou, não somos apenas competitivos, somos também cooperativos e nosso conhecimento precisa ser urgentemente reconstruído.
Este livro se destina a profissionais, estudantes e pesquisadores que desejam realizar uma avaliação de políticas, programas ou práticas de saúde. O livro apresenta conceitos, abordagens e estratégias que resultam, em sua maioria, de métodos e técnicas testados pela autora e colaboradores ao longo dos últimos 20 anos em investigações avaliativas. Como o estudo da metodologia das avaliações não pode estar dissociado de investigações concretas, o livro traz variados exemplos, inclusive de articulação entre diferentes métodos: inquéritos populacionais, estudos ecológicos, estudos de caso, estimativas rápidas etc., além de técnicas de coleta de dados, como entrevistas estruturadas, entrevistas em profundidade, observação, análise documental etc.
Este livro pretende facilitar aos profissionais que atuam na área da saúde pública, e que vivenciam o SUS no dia a dia a complexidade a ela inerente, o entendimento das questões relativas à gestão do Sistema Único de Saúde. O conteúdo do livro trata da explicitação dos conceitos econômicos, notadamente os referentes à microeconomia e de sua transcrição à luz da saúde.
"Avaliação em Saúde: Bases Conceituais e Operacionais" são sistematizados modelos e matrizes operacionais, explicitados nos pressupostos teóricos de sua concepção multidisciplinar, devidamente apoiados na literatura nacional e internacional, explorando as vantagens, desafios e limites de sua aplicação em diversas áreas da avaliação em saúde.
Membros do Grupo de Pesquisa Interdisciplinar em Saúde da Universidade de Montreal, no Canadá, criaram um modelo para a avaliação das intervenções em saúde e o apresentaram pela primeira vez de forma completa em 2009, em um livro em francês. A publicação, dirigida especialmente a pesquisadores e gestores, foi traduzida para o português e lançada no Brasil pela Editora Fiocruz. O modelo de que trata o livro, desenvolvido há duas décadas, foi testado com sucesso em pesquisas avaliativas realizadas não só no Canadá, mas também em países da Europa, África e América do Sul, especialmente no Brasil. As indicações contidas no livro podem ser aplicadas para a avaliação de diferentes intervenções em saúde, como políticas, programas, organizações, tratamentos e tecnologias. Mas o modelo de avaliação proposto é suficientemente amplo e global para ser utilizado em outros campos tais como a educação, os serviços sociais ou a administração pública, para citar somente esses, sublinham os organizadores. Os capítulos detalham seis tipos de avaliação: análise estratégica; análise lógica; análise da produção; análise dos efeitos; análise econômica; e análise da implantação
O estímulo inicial para este livro veio de nossas atividades de formação em avaliação junto a profissionais de saúde. Sentíamos falta de um material que apresentasse a prática e o conhecimento acumulado de avaliadores – fossem eles da academia ou dos serviços – em uma linguagem fluida e dialógica, permitindo maior apropriação do tema por parte dos que nele se iniciavam. Muitas vezes, o valor atribuído a modelos complexos de avaliação e o apego à rigidez metodológica nos livros e artigos científicos já publicados afastam ou desviam essas pessoas de aspectos essenciais à avaliação. Deixa-se, por exemplo, de aproveitar um momento oportuno para realizar um processo avaliativo – no qual ele teria maior chance de influenciar uma ação – porque determinado grupo-controle não pôde ser formado ou determinada fonte de dados acessada, o que, em nossa visão, representa uma perda. Consideramos a avaliação uma estratégia que pode efetivamente melhorar a qualidade da prestação de serviços, tornando as ações de saúde mais racionais, mais pertinentes, e devendo, portanto, ser amplamente disseminada. Ao solicitar dos autores um texto pautado em sua prática concreta, pensamos em ajudar o leitor a aproximar-se de processos avaliativos reais e a desenvolvê-los sem tanto medo de errar, sem a expectativa ou o compromisso de os concluir com verdades imutáveis. O livro propõe-se a apresentar distintas abordagens e formas de avaliação para que o interessado no tema possa consultá-las, possivelmente de forma não sequencial, e construir imagens sobre como utilizá-las em sua prática cotidiana, promovendo um processo contínuo de aprimoramento de escolhas em benefício do usuário do sistema de saúde.
O livro “Bastidores. A articulação da Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito”, do Juiz Federal e antigo aluno da Faculdade, Ricardo Nascimento, é registro importante, detalhado, fidedigno e apaixonado.
Coletânea que vem preencher uma lacuna importante no âmbito dos programas voltados para o controle dos processos endêmicos. Ela cumpre três objetivos principais: pensar o papel social da avaliação; discutir os problemas envolvidos na aproximação da teoria à ação no processo avaliativo; e colaborar com a prática de profissionais em avaliação no desenvolvimento de projetos ou planos de avaliação com foco na melhoria das ações. Os capítulos apresentam estudos sobre programas de dengue, sífilis congênita, vigilância em saúde, HIV e tuberculose. Embora os estudos avaliativos apresentados não possam extrapolar seus resultados para outras realidades, compartilham com elas conceitos, fundamentos e questões, bem como fatores que facilitam ou dificultam as ações em saúde. O livro tem a preocupação de articular o discurso com a prática, a teoria com a ação, de modo a aproximar a produção acadêmica dos serviços de assistência à saúde. Propõe processos avaliativos não para gerar informações de forma burocrática, mas para compreender como e por que aqueles resultados são produzidos, tornando-os cada vez mais relevantes para melhorar os serviços estudados. E isso requer avaliações que contemplem tanto as perspectivas técnicas e normativas quanto a visão dos usuários. Dessa forma, os achados de um processo avaliativo podem, de fato, contribuir para a tomada de decisões, os ajustes necessários nos programas ou a busca de novas alternativas.
Este livro reúne trabalhos desenvolvidos sobre os temas relacionados às projeções do perfil epidemiológico do país e a organização e gestão dos serviços de saúde, com o objetivo de apoiar o planejamento e a prospecção estratégica do sistema de saúde em âmbito nacional. A abordagem de prospecção estratégica adotada pela iniciativa Brasil Saúde Amanhã pretende expandir a capacidade de compreensão em relação a temas e situações emergentes fundamentais para o planejamento em saúde de médio e longo prazo.
Este livro resume a pesquisa "BRASIL: NUNCA MAIS" iniciada em março de 1979 como uma investigação sigilosa no campo dos Direitos Humanos sob a Ditadura. É uma radiografia inédita da repressão política que se abateu sobre milhares de brasileiros considerados pelos militares como adversários do regime inaugurado em abril de 1964. É também a anatomia da resistência.
Este livro se destina, principalmente, a examinar o surgimento e o perecimento das teorias administrativas por meio do tempo, conforme as determinações econômico-sociais existentes. Com isto, se pretende estudar a Teoria Geral da Administração como ideologia, dentro do plano traçado e fundamentando-se em textos relevantes ao assunto.
Capitalismo em debate faz ao leitor o irrecusável convite de se juntar a uma conversa entre Nancy Fraser e Rahel Jaeggi. Construída de modo não ortodoxo, a obra se apresenta como um verdadeiro debate entre as filósofas em torno do contexto atual do capitalismo, levando em conta problemas econômicos, sociais, políticos e ambientais. Estruturada em quatro capítulos Conceitualizando o capitalismo, Historicizando o capitalismo, Criticando o capitalismo e, finalmente, Contestando o capitalismo
A crise do novo coronavírus foi, em muitos aspectos, sem precedentes. Não apenas pela rapidez com que uma doença foi capaz de se alastrar em escala planetária anunciando um futuro temerário para a época dos fluxos globais, mas sobretudo por conta das reações que suscitou. Assistimos a um bloqueio geral da economia mundial e à imposição de medidas de confinamento populacional em quase todo o planeta. Temendo por sua sobrevivência, o capitalismo global colocou-se em quarentena. Mas os acontecimentos atuais só podem ser compreendidos se inserirmos a crise do vírus no panorama mais amplo do processo de crise fundamental do capitalismo, sistema que agora se confronta com seus limites históricos, tanto internos (a desvalorização do valor) quanto externos (a ameaça de colapso ambiental). A quarentena autoimposta do capitalismo foi, para este, um mal necessário para continuar existindo. Mas esse remédio amargo pode ter um perigoso efeito colateral, tendo aumentado exponencialmente a montanha de dívidas impagáveis que ameaça desabar a qualquer instante. A avalanche nos arrastará, em sua queda abrupta? Ou teremos aprendido algo com o breve pause do sujeito automático?
Saúde para além da ausência de doenças contraria a ideia de que tudo é consumo, de que o mercado e suas filosofias são perspectiva para tudo: gestão pública, serviços de saúde e direitos sociais. O capitalismo em crise explora e mercantiliza os sistemas de saúde, suas políticas e sua porção humana — trabalhadores, trabalhadoras e a população. Este livro critica a economia política do capitalismo e suas implicações no sistema de saúde brasileiro. O Sistema Único de Saúde (SUS) e sua expansão é a garantia da saúde universal, integral e de qualidade; apesar da austeridade, panaceia de saída da crise estrutural do capitalismo financeirizado. O SUS é das poucas, mas mais eficazes, estratégias de defesa e inversão de jogo das quais dispomos. Este livro analisa o cenário corrente, as influências internacionais e abre caminhos críticos de defesa e expansão do maior sistema universal de saúde do mundo
O interesse do livro de Júlia Miranda volta-se para as "novas articulações" entre o religioso e o político, colocando novos desafios para o pesquisador que vão além das designadas relações entre Igreja e Estado, ou mesmo entre religião e política.
Os organizadores desta obra, os historiadores reuniram artigos, ensaios e depoimentos de pesquisadores, militantes e contemporâneos do líder político, além de textos do próprio Marighella, até hoje de difícil acesso. Os artigos destacam a coragem pessoal, a capacidade de liderança, a integridade, a generosidade política e pessoal de Marighela, sem no estanto mistificá-lo, procurando sempre incorporar criticamente o seu legado político.
As entrevistas apresentam a contribuição desses intelectuais para o desenvolvimento de sua própria disciplina e, através desta, para um melhor entendimento das transformações ocorridas nas últimas décadas, assim como da maneira como elas afetam ou podem afetar nossas vidas.
É preciso soar o alarme: à medida que as democracias retrocedem e os cidadãos se tornam mais polarizados, as guerras civis se tornarão ainda mais generalizadas e durarão mais do que no passado. Uma milícia de extrema direita planeja sequestrar a governadora de Michigan e julgá-la por traição. Uma multidão armada de apoiadores de Trump e teóricos da conspiração invade o Capitólio dos Estados Unidos. São incidentes isolados? Ou é o começo de algo maior? Em Como as guerras civis começam , Barbara F. Walter, uma das maiores autoridades no mundo em violência política e terrorismo, examina o dramático aumento do extremismo global e soa o alarme ao argumentar que as guerras civis proliferam e são hoje o maior perigo para a paz mundial. “O equivalente de Como as democracias morrem para a guerra civil.” — The Washington Post “O argumento de Barbara Walter é assustador: muitas das condições que comumente precedem as guerras civis estão presentes hoje em lugares que nunca imaginaríamos.” — Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, autores de Como as democracias morrem “Como aqueles que alertaram sobre os perigos do aquecimento global décadas atrás, Walter tem uma mensagem grave que ignoramos por nossa conta e risco.” — David Remnick, The New Yorker
Danny Caine recorre a anos de experiência como dono de uma pequena livraria no interior dos Estados Unidos para compilar didaticamente inúmeras razões pelas quais não devemos comprar nada — muito menos livros — no crescente conglomerado empresarial de Jeff Bezos. Os argumentos fortes do autor dizem respeito não apenas à amazon, mas ao futuro das comunidades como um todo. Sem dúvida, quem continuar gastando dinheiro nesse monstro tecnológico após tomar contato com as reflexões de Caine tem o chip do capitalismo selvagem muito bem implantado e não mudará de atitude mesmo que o mundo esteja à beira do precipício.
Nos anos 90, com a edição da Lei nº 8.080, organizou-se o Sistema Único de Saúde, definido como o conjunto de ações e serviços públicos de saúde executados pelas três esferas de governo, de forma descentralizada, regionalizada e hierarquizada. Esse obra p
Wright norteia sua crítica ao capitalismo pelos conceitos de igualdade e justiça; democracia e liberdade; comunidade e solidariedade. Esses conceitos permitem a conexão entre noções abstratas em sua sociologia e sua experiência comunitária, com leitores, pesquisadores, estudantes e militantes. Não perde de vista a crítica da exploração e do poder econômico, além de destacar a destruição ambiental associada ao funcionamento do capitalismo. Como ser anticapitalista no século XXI? é um livro com forte ênfase no ativismo e na militância, pouco afeito a academicismos e voltado para os problemas reais da construção de uma alternativa anticapitalista hoje. Nele, o anticapitalismo é possível como uma defesa moral contra as injustiças e como uma instância prática e alternativa para um maior desabrochar de talentos humanos. Nos primeiros capítulos, Wright elabora um diagnóstico crítico do capitalismo para atender à proposta e ao título do livro; nos demais, ele apresenta propostas sobre o experimento que ele entende serem socialistas em nichos do sistema capitalista dominante. Com otimismo e clareza analítica, apresenta a viabilidade de arranjos institucionais alternativos. Baseado na compreensão híbrida dos modos de organizar a economia e a vida social, inova na conceituação e crítica da transformação social. A edição brasileira traz um prefácio de João Alexandre Peschanski, sociólogo que trabalhou com Wright no Departamento de Sociologia da Universidade de Wisconsin-Madison. Também completa a obra um posfácio escrito pelo eminente sociólogo Michael Burawoy, grande amigo de Wright, que rememora a biografia e as valiosas contribuições do autor do livro. Neste Como ser anticapitalista no século XXI?, um dos mais importantes pensadores das teorias sociais do mundo contemporâneo convida o leitor a transpor os caminhos pedregosos e, às vezes, proibitivos de obras desse teor, num texto fluído que surpreende por seu didatismo analítico e seu otimismo audaz.
Temos vivido de espasmo em espasmo, um espasmo se sobrepondo ao outro, como se vivêssemos numa eterna respiração de afogados que apenas por um instante conseguem subir à superfície. Neste livro, a premiada jornalista Eliane Brum recupera o que perdemos: o processo. A partir de seu ponto de vista sempre singular, ela aponta o que é ruptura, o que é continuidade. Narra as transformações de um país que acreditava ter finalmente chegado ao futuro, mas descobriu-se atolado no passado. Partindo das reportagens e artigos de opinião escritos nos últimos anos, especialmente para sua coluna no jornal El País, ela documenta não só as mudanças objetivas, mas também as subjetivas, às vezes mais determinantes - da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro operário a alcançar o poder, aos primeiros cem dias do governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro. Também analisa temas centrais para a compreensão das duas primeiras décadas deste século, como o crescimento dos evangélicos, o racismo estrutural, a violência que mata os mais pobres, os novos feminismos, a desmemória e o autoritarismo que nos espreita há mais tempo do que admitimos. E interpreta o Brasil a partir da violação da floresta por governos tanto de esquerda quanto de direita. A Amazônia é o "centro do mundo - e também deste livro.
Fala-se constantemente do neoliberalismo, atribuindo-lhe significados muito diferentes uns dos outros, numa espécie de in ação verbal descontrolada. Rubens Casara tem razão em escrever que “o significante ‘neoliberalismo’ é usado de tantas maneiras que acaba por se tornar uma espécie de conceito ‘guarda-chuva’, um nome vago e impreciso”. Tal imprecisão é uma fonte de erro no diagnóstico e também na resposta política ao fenômeno. Por conseguinte, qualquer trabalho acadêmico que vise de nir rigorosamente o neoliberalismo e colocá-lo de novo no centro da discussão é uma salvação pública. Esse é o caso do livro de Rubens Casara que estás prestes a ler. O autor oferece ao leitor brasileiro uma entrada extremamente clara em toda uma série de análises e pesquisas que compõem o que poderia ser chamado, para usar uma expressão inglesa, neoliberalism studies, que têm se desenvolvido há cerca de vinte anos em nível internacional. Esses estudos permitiram corrigir uma sequência de erros, como o que consiste em identificar o neoliberalismo com uma completa abstenção do Estado na vida econômica e social. O neoliberalismo não é, e nem pode ser, no plano da prática algo “anti-estado”, como proclamado por doutrinas que são mais ligadas ao libertarismo do que propriamente neoliberais. É preciso dar ao termo o sentido mais exato que está presente nos trabalhos de pesquisa inspirados pelas intuições de Michel Foucault: de um certo tipo de governo de indivíduos, que, por sua vez, exige um certo exercício de poder por meio de um Estado forte, autoritário, por vezes violento, que visa uma nova articulação entre as esferas pública e privada.
O objetivo central deste livro é verificar de que maneira a relação entre o aparelho militar e o sistema político no período de 1974 a 1999 afetou a consolidação da democracia do país. Este aspecto-chave foi desdobrado analiticamente em dois planos: o legal-institucional e a conjuntura política.
Publicação se dedica a desbravar as contradições relacionadas à economia política, comunicação, políticas públicas de saúde e educação, além da condição geral dos trabalhadores, aprofundadas em tempos da pandemia da Covid-19. Livro reúne artigos de professores e pesquisadores da Escola Politécnica e também das Universidades do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Federal Fluminense (UFF), Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Rio de Janeiro:
Este livro traz contribuição importante ao mergulhar, através de uma análise documental detalhada, em estratégias empresariais, suas relações com o público, e na complexa interação entre crise econômica, crise sanitária e o sistema de saúde brasileiro. Explora como o crescimento do setor privado, muitas vezes sustentado por subsídios, se interlaça e se contrapõe ao SUS. E assim avança o “universalismo privatizante”, se manifestando no crescimento da prestação privada de serviços. Não menos importante, discute ainda como essas dinâmicas reforçam as desigualdades no acesso à saúde, propondo uma reflexão essencial para o futuro das políticas públicas no Brasil.
Felipe Demier nos brinda com esta coletânea de textos pela qual afirma-se, mais uma vez, como um dos principais ensaístas políticos da nossa geração. Aqui, reúne crônicas sobre um período no qual, dramaticamente, o neofascismo no governo defronta-se com uma crise sanitária, econômica e social mundial de proporções inéditas. Nesses marcos, Demier reflete, com a mordacidade e a ironia que lhe são características, sobre estes dias tão estranhos. Nos lembra que, apesar de o futuro não ser mais como era antigamente, ainda podemos mudar o mundo. Desde que não permitamos que nos roubem a coragem. Para tanto, este livro é um enfático convite.
A obra resulta dos Colóquios de Celso Furtado. Objetiva-se contribuir para a promoção do debate nacional sobre Cultura e Desenvolvimento, visando construir um campo de reflexão em torno da economia política da cultura, tendo em vista a necessidade de incluir o tema na agenda do desenvolvimento brasileiro e, principalmente, na democratização da produção e acesso aos bens simbólicos no território nacional, abrindo os canais para a expansão da criatividade da sociedade.
Mesclando experiência do vivido e reflexão, e fundado em uma original comparação entre os processos de acerto de contas com as violências do apartheid sul-africano e da ditadura civil-militar brasileira, Edson Teles analisa o importante papel da memória e do perdão nas democracias contemporâneas.
Os principais ditadores do século XX – homens como Hitler, Stalin e Mao – governaram por meio de repressão brutal. Muitos outros também impuseram ideologias oficiais e isolaram seus Estados do mundo exterior. Mas, nas últimas décadas, a face da ditadura mudou. Uma nova geração de homens-fortes bem-vestidos e versados em mídia tem redesenhado o governo autoritário para um mundo mais sofisticado e globalmente conectado. Em vez de julgamentos de fachada e campos de prisioneiros, esses líderes controlam seus cidadãos manipulando informações e falsificando procedimentos democráticos. Assim como os assessores políticos nas democracias, eles manipulam as notícias para obter apoio.
Democracia para quem? reúne as palestras proferidas de 15 a 19 de outubro de 2019, por três intelectuais do movimento feminista – Angela Davis, Patricia Hill Collins e Silvia Federici –no âmbito do seminário internacional “Democracia em Colapso?”, promovido pelo Sesc São Paulo e pela Boitempo. No livro, é possível tomar contato com reflexões feitas pelas três autoras – referências globais em suas áreas de estudo e de atuação – sobre temas como capitalismo, racismo, desigualdade social, ecologia, entre outros.
Coletânea é fruto da Jornada Internacional Pré-ALAS na Saúde, realizada em 2013 na EPSJV, e traz artigos divididos em três temáticas: Estado, democracia e políticas públicas de saúde na América Latina; Democratização, mediação e sociabilidades na saúde no contexto latino-americano; e Construção do direito e sociabilidades em saúde.
Para os estudiosos do mundo agrário, os temas da sustentabilidade e do desenvolvimento são desafios constantes nas análises sobre territórios rurais em diversos países. Compreender essas unidades espaciais, suas relações e dimensões não é tarefa fácil para as pessoas envolvidas na pesquisa do tema. Estudando casos no Equador, África do Sul, Gana, Índia, China e Indonésia, Scoones apresenta uma abordagem dos meios de vida em comunidades rurais ampliada pela economia política. Discute, entre outros temas, a desigualdade, pobreza, direitos, trabalho decente, qualidade de vida, bem estar, desenvolvimento humano, empoderamento e classes sociais, o autor aprofunda o debate teórico e traz novas perspectivas para os estudos das comunidades rurais no Brasil.
No momento em que a economia capitalista mergulha numa das maiores crises de sua história e revela o fracasso dos modelos baseados na competição e na ditadura dos mercados, a economia solidária desponta como alternativa. Mas para ocupar o espaço, ela precisa ter consciência de seus limites atuais - e disposição para rompê-los.
Este livro é um resultado parcial do Projeto “Reflexo das políticas industriais e tecnológicas de saúde brasileiras na produção local e no fornecimento ao Sistema Único de Saúde (SUS)” apresentado à chamada MCTI/CNPq/CT-Saúde/MS/SCTIE/Decit nº 41/2013 Rede Nacional de Pesquisas sobre Política de Saúde. O Projeto é executado pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ), sob a coordenação de Lia Hasenclever, do Grupo de Economia da Inovação do IE/UFRJ, em parceria com Núcleo de Assistência Farmacêutica (NAF) da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp)/Fiocruz e Área de Política do Instituto de Estudos de Saúde Coletiva (Iesc) da UFRJ.
Descentralização das políticas sociais no Estado de São Paulo Marta Arretche e Vicente Rodriguez Dimensão fiscal da descentralização Fernando Ortega de Sousa Carneiro Política habitacional entre 1986 e 1994 Marta Arretche Descentralização da educação: a municipalização do ensino básico Vicente Rodriguez Descentralização da política de saúde Rosa Maria Marques Descentralização da política de assistência social Maria Helena de Castro Lima Limites e possibilidades da descentralização administrativa: o setor de saneamento básico Ricardo Araújo e Rubem Severian Loureiro.
Apresenta seis ensaios a respeito das transformações de ordem institucional e financeira que marcaram o processo de reestruturação dos setores de infra-estrutura, com foco no Estado de São Paulo. Os cinco primeiros ensaios discutem as especificidades da reestruturação ocorrida em cada um dos principais setores da infra-estrutura: energia elétrica, gás, telecomunicações, transportes e saneamento. Analisam-se as reformas institucionais pertinentes, os processos de privatização, a montagem das novas agências reguladoras e descentralização. No último ensaio, analisa-se a contribuição do programa de desestatização para o ajuste das contas públicas, o significado das transferências do Tesouro para as novas agências, a alienação de ativos e os processos de concessões.
Os ensaios reunidos na primeira parte do livro foram escritos nos anos que medeiam entre 1961 e 1965. Embora versando sobre temas diferentes, eles têm como elemento comum a preocupação com as mudanças estruturais que se verificam na economia quando se dá o desenvolvimento, formando assim um conjunto harmônico nas etapas da evolução do pensamento do autor Paul Singer, um dos grandes economistas da história recente de nosso país.
Carlos Lopes e Thomas Theisohn abordam neste livro o desenvolvimento de capacidades, tema que suscita debate sobre o lugar das agências internacionais, o modo pelo qual transferem recursos, equipamentos e assistem tecnicamente comunidades e países, com o objetivo de estimular o desenvolvimento econômico e social.
Diário em progresso é um relato pessoal do contexto político e social do Rio de Janeiro em 2013-2014. As Jornadas de Junho, os movimentos de ocupação e as ações de ativismo no Rio de Janeiro são alguns dos tópicos abordados neste livro, que dialoga com a ideia de “obra em progresso”, de trabalho em constante desenvolvimento.
Para que, no futuro desejado, conforme-se no Brasil um sistema de saúde universal, integral e equânime, o Estado deve ter um papel decisivo na articulação das duas dimensões da saúde: a social e a econômica. É o que defendem os autores deste livro. Um Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) frágil não atende às exigências de elevação da competitividade brasileira no cenário internacional. Mas não é só isso: essa fragilidade afeta sobremaneira a capacidade de resposta às necessidades sanitárias da população. Gostaríamos que esta publicação se configurasse, sobretudo, como um convite para o debate e para o fortalecimento deste campo científico, com um padrão de desenvolvimento que articule, ao mesmo tempo, o dinamismo econômico com os direitos sociais e a conformação de um Estado de bem-estar no Brasil, diz o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha, coordenador do livro. A publicação apresenta a dinâmica dos investimentos no complexo produtivo da saúde, no mundo e no Brasil, analisando seus diferentes subsistemas: de base química e biotecnológica; de base mecânica, eletrônica e de materiais; e de serviços de saúde. Ao final, traz uma síntese analítica e discute políticas para o desenvolvimento do CEIS.
A terceira edição de Direita e esquerda chega em meio a um cenário econômico global tumultuado por uma das piores crises financeiras do capitalismo. Quando de sua primeira edição, em 1999, Norberto Bobbio, um dos principais pensadores contemporâneos, deu uma resposta a quem preconizava que já não fazia sentido distinguir direita e esquerda, pois na globalização a análise dos problemas políticos e econômicos expandira-se para além das fronteiras dos Estados nacionais: “Parece-me ter ocorrido exatamente o contrário, ou seja, que a distinção não está morta e sepultada, mas mais viva do que nunca”.
A obra contém reflexões sobre a caracterização social da saúde, suas condicionantes e determinantes, assim como o papel do Sistema Único de Saúde (SUS) frente o conceito de saúde insculpido no artigo 196 da Constituição Federal. São abordados os temas da integralidade da assistência, o financiamento da saúde, a política do sangue e suas implicações éticas.
Nesta obra, Bobbio visita a obra seminal de Kelsen, influência constante de todo o seu pensamento político e jurídico. Nessa trajetória, temas centrais como o estabelecimento de um sistema legal internacional são devidamente abordados com as costumeiras originalidade e profundidade que sempre caracterizaram o mestre italiano.
(...) as palavras da lei, escrita, em geral, não são capazes de escrever, para cada situação concreta, os mecanismos que permitirão a proteção contra os fatores de risco cujo responsabilidade ainda não foi provada ou medida. O direito da seguridade social, portanto, extrema as características do direito contemporâneo. Esta é uma das razões pelas quais a obra de Arthur Bragança de Vasconcellos Weintraub e Juliano Sarmento Barra, Direito Sanitário Previdenciário e Trabalhista deve merecer uma leitura atenta, uma vez que nos apresenta um vasto panoramo do direito da seguridade social. Os autores tratam do tema com minúcia e precisão, oferecendo um roteiro seguro para o conhecimento e a compreensão das concepções jurídicas mais avançadas do nosso tempo.
“A linguagem poderia nos ferir se não fôssemos, de alguma forma, seres linguísticos, seres que necessitam da linguagem para existir?” Sensíveis às complexidades e à emergência das discussões sobre a liberdade de expressão e cultura do “cancelamento”, as reflexões que decorrem desta leitura são atuais, necessárias e fecundas. Preocupada com a necessidade de aumentar o poder de ação de dominados e subordinados, a autora problematiza algumas importantes questões que permeiam o debate sobre a criminalização do discurso de ódio.
Ao enfrentar a história da luta pela anistia política desde 1964 e da forma através da qual a ditadura projetou e implementou a ‘sua’ anistia em fins dos anos 1970, Renato Lemos apresenta uma totalidade relacional. A trajetória daqueles e daquelas que resistiram é indissociável da história da forma como a ditadura respondeu com brutalidade autocrática a essa resistência. Mas, também do processo através do qual a contrarrevolução preventiva logrou permanecer, mesmo após a mudança do regime, como lógica dirigente da dominação exercitada pela burguesia no território periférico e dependente em que se construiu o capitalismo no Brasil.
O PT se apresentava como um partido que lutava nas ruas e nas portas das fábricas, nas igrejas e nas universidades pregando ética e justiça social. No que ele se transformou após mais de uma década de exercício contínuo de poder?José de Souza Martins, um dos mais importantes cientistas sociais brasileiros, enfrenta essa questão com coragem e objetividade. O livro vai desvendando o PT por meio de textos que acompanham a trajetória do partido, do início aos dias de hoje. Livro esclarecedor, apaixonado e apaixonante. Leitura para quem quer de fato entender o que está acontecendo no Brasil.
As concepções capitalistas de progresso com crescimento sem limites da economia conduziram o planeta a uma crise ambiental sem precedentes. A ecologia política visa desconstruir essa racionalidade insustentável e impulsionar ações sociais para a construção de um futuro sustentável, reorientando o desenvolvimento das forças produtivas, recriando as formas de sociabilidade e reconfigurando as relações de poder. Esse pensamento tem ressonâncias no campo da produção e do conhecimento, da política e das práticas educativas. O ambientalismo radical confronta o poder hegemônico unificador do mercado como destino inelutável da humanidade e valoriza a diversidade cultural, os saberes tradicionais e os direitos humanos, fundando um pensamento emancipatório e uma ética política para renovar o sentido da vida e defender a preservação da natureza.
Uma abordagem otimista para a economia do século XXINessa obra, o Nobel de economia Jean Tirole estabelece uma nova agenda para o papel da economia na sociedade. Otimista e instrutiva, escrita para um público abrangente, trata-se de um manifesto apaixonado em defesa de um mundo no qual a economia se veja como uma força que pode e deve trabalhar para o bem comum, para o interesse geral, para melhorar o quinhão comum das sociedades e da humanidade. A fim de mostrar como isso é possível, Tirole discute vários assuntos que afetam o nosso cotidiano hoje: a crise financeira de 2008, mudanças climáticas, economia digital, desemprego, inovação, impostos, previdência...Com diversos exemplos concretos, ao longo de capítulos que podem ser lidos separadamente, Economia do bem comum é uma obra importante, apontada como um título que ficará entre os principais da área, ao lado de O capital no século XXI, de Piketty. Muito lúcida mesmo na abordagem de temas espinhosos, é uma aula elegante de economia, que irá atrair profissionais, estudantes, professores e interessados em domínios como economia, administração e negócios.
Organizado pelas catalãs Cristina Carrasco Bengoa e Carme Díaz Corral, o livro reúne artigos de pesquisadoras espanholas e latinoamericanas que discutem a economia pelo viés do gênero, por meio de uma crítica ao pensamento econômico hegemônico e a proposição de novas alternativas para romper com as violências e opressões perpertuadas contra as pessoas mais vulneráveis, principalmente as mulheres. Os textos trazem à tona reflexões sobre capitalismo exploratório e a problemática do trabalho pela perspectiva social, ambiental, urbana, micro e macroeconômica.
O processo eleitoral de 2022 foi um dos mais intensos e complicados das últimas décadas no país, em especial no que toca aos abusos de poder, à desinformação e ao desrespeito às regras do jogo democrático. Nesse período, pesquisadores do Observatório das Eleições – iniciativa que, desde 2018, produz análises sobre os processos eleitorais – dedicaram-se a compreender as questões que emergiram e a produzir artigos para que essas reflexões fossem compartilhadas com a sociedade brasileira. A partir desse movimento, nasceu o livro Eleições 2022 e a reconstrução da democracia no Brasil.
O livro reúne uma série de trabalhos de cientistas políticos sobre o tema opinião pública e seu impacto no comportamento político. Os autores compartilham o fato de todos terem sido influenciados pelo professor Marcus Figueiredo, um dos fundadores da moderna análise política do Brasil. A obra, organizada pelos professores e pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Alessandra Aldé e Felipe Borba, é também uma homenagem ao professor Marcus Figueiredo e ao seu legado para a organização da subdisciplina Comunicação Política no âmbito da ciência política brasileira. A publicação integra a Coleção Sociedade e Política, editada pelo Instituto de Estudos Sociais da UERJ em parceria com a Eduerj. A coleção é dedicada aos tema s cadentes da sociologia e da ciência política contemporânea.
Em busca da comunidade apresenta um rol de perspectivas teóricas criadas no chamado Sul global, com o intuito de superar uma "monocultura de saberes".Fabricio Pereira da Silva analisa o socialismo indo-americano de Mariátegui, os conceitos de negritude e de ubuntu, os socialismos africanos do século XX, a ideia de Bem Viver (sumak kawsay/suma qamaña) e a felicidade interna bruta do Butão. Ao "ilustrar a riqueza das propostas da periferia", o autor nos oferece recursos teóricos outros, capazes de fazer frente à "crise da modernidade, à crise do marxismo ocidental e dos projetos socialistas em chave modernista".
"Empresas Estatais e Federação" Federalismo no Brasil. A Série Examina no brasil a crise de nossa organização federativa, mapeando alternativas para a construção de um novo equilíbrio entre esferas de governo e unidades de federação..."
Ao longo do século XX, a Enfermagem profissional se desenvolveu e se institucionalizou no Brasil. A consolidação dessa e de outras profissões, vistas naquele momento como femininas, contou com a participação de mulheres que em muitos momentos empreenderam trajetórias pessoais e profissionais que até então lhes eram inacessíveis. Este livro narra histórias de algumas delas que, espalhadas pelo Brasil ou mesmo em formação no exterior, como poderá ser observado na leitura dos capítulos, subverteram expectativas de gênero e construíram um legado para as suas profissões.
Este livro nasceu com o propósito de que as diversas visões, experiências e competências compiladas nestes ensaios, ajudem líderes e designers organizacionais a expandir a consciência à complexidade e à diversidade do ambiente vigente, abraçando o contexto caótico do mundo, da sociedade e do mercado, e exercitando seu próprio pensamento convergente e divergente para renovar seu olhar sobre dores e problemas, vislumbrando possibilidades e soluções por uma Organização mais Consciente.
Em Estado e democracia: Uma introdução ao estudo da política , misto de guia para iniciantes e ensaio de interpretação do presente, os professores André Singer e Cicero Araujo e o pesquisador Leonardo Belinelli combinam a sua longa experiência de ensino da disciplina na Universidade de São Paulo e a investigação teórica. Entre o nascimento da política na Antiguidade clássica e o fantasma de um “totalitarismo neoliberal” nos dias correntes, os autores apresentam a origem do Estado moderno, o impacto do temido Leviatã, o clarão renovador das revoluções democráticas, o horror do regime totalitário dos anos 1930 e o igualitarismo do pós-guerra. Hoje, quando espectros regressivos voltam a apertar corações e mentes ao redor do mundo, é necessário concentração para pensar e discernimento para agir politicamente de modo a afastar os perigos que rondam ― e retomar o caminho da liberdade, da igualdade e da fraternidade, apontado mais de duzentos anos atrás.
O livro investiga a atuação do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) na década de 1980, quando este se abrigava no Partido dos Trabalhadores (PT) como tendência semiclandestina. A partir da fracassada tentativa de assalto a uma agência do Banco do Brasil em Salvador, o autor reconstrói a história da organização e de seus militantes para explicar as complexas relações que as esquerdas brasileiras estabeleciam com os partidos políticos, a sociedade e o Estado. Superando uma história política tradicional, de viés ideológico ou partidarizado, o autor se empenha em compreender e remontar o ponto de vista dos sujeitos dessa história, olhando com frequência para sua vida privada a fim de encontrar os princípios políticos que os inspiravam. O livro, assentado no campo da História Social, abastece importantes reflexões sobre os limites da redemocratização brasileira do pós-ditadura e convida o leitor a pensar sobre as consequências disso nos dias de hoje.
Democracia, eleições, descentralização, participação, financiamento, repartição, cooperação, pactuação: palavras que, cada vez mais, ocupam o espaço público e revelam a importância de estudos sobre o Estado brasileiro. Conhecê-lo é fundamental para que se desenhem e implementem políticas mais eficazes, justas e apropriadas aos nossos problemas. Variadas contribuições para que se cumpram tais objetivos estão reunidas nesta coletânea, cujos capítulos exploram e analisam de diversas maneiras as relações entre o sistema federativo e as políticas públicas. Com a devida espessura teórica, os artigos abordam a estrutura e o funcionamento do Estado brasileiro, assim como suas conexões com o sistema e as instituições políticas, e as consequências para a consolidação da democracia e da cidadania. Em um contexto de revalorização do planejamento governamental no Brasil e de ampliação da esfera pública no país, o livro se dirige tanto aos estudiosos da área quanto aos profissionais diretamente envolvidos com as ações do Estado.
Nas dezoito conversas publicadas, Guilherme Wisnik conduz, em diálogo com os diversos autores, reflexões potentes para um mundo em crise. O livro conta com ensaio fotográfico inédito de Tuca Vieira realizado em São Paulo durante a pandemia de Covid-19.
O comportamento humano pode ser explicado pela genética? A psicologia evolucionista vem disseminando argumentos genéticos para explicar fenômenos de todo tipo, e neste livro, a antropóloga Susan McKinnon faz uma crítica demolidora da ficção criada por essa área de conhecimento, que se pretende científica. Longe de ser um relato da evolução e das relações sociais com validade histórica e transcultural, a psicologia evolucionista é um exemplo impressionante de uma "ciência" que transforma a genética evolutiva em um mito das origens humanas. Retomando uma série de estudos antropológicos, a autora oferece uma crítica sustentada e acessível dos mitos da natureza humana fabricados por psicólogos evolucionistas que ganharam espaço no discurso midiático. Com uma escrita clara e assertiva, McKinnon argumenta que esse mito é moldado por valores econômicos neoliberais e se baseia em entendimentos etnocêntricos e conservadores de sexo, gênero, parentesco e relações sociais. McKinnon defende que as teorias da mente e da cultura formuladas por esses valores não dão conta nem da origem ou da história evolutiva, nem das variações e da diversidade contemporânea de organizações e de comportamentos sociais.
Está tudo aqui! E integra, com grande facilidade, duas perspectivas comumente mal dialogadas: política e administração, ou, como o título sugere, democracia e eficiência, visão prática e política.
O Prêmio Ser Humano Oswaldo Checchia, que homenageia um dos renomados fundadores da ABRH- Nacional e objetiva reconhecer e divulgar as melhores práticas e iniciativas na área de Gestão de Pessoas, está em sua 15¬ edição. Os resultados são surpreendentes, não só pela alta qualidade dos trabalhos como na diversidade dos temas abordados.
Um livro que "oferece um panorama das mudanças, tendências e desafios atuais para a gestão pública e para as políticas públicas. E mais: que identifica categorias de análise relevantes para se entender a configuração do Estado, a atuação do governo e suas consequências sobre a sociedade. Assim pode ser definida esta coletânea, cujos capítulos, apesar de suas singularidades, giram em torno de princípios comuns, como a reafirmação do Estado e de sua centralidade na produção de políticas públicas para o desenvolvimento, o bem-estar e a equidade. Outro tema comum, que perpassa todos os capítulos, é a necessidade de melhoria da gestão pública e de reestruturação das capacidades estatais. Entre elas, destaca-se a recuperação (ou construção) da capacidade regulatória e de coordenação dos diversos atores, públicos e privados, que participam da produção de serviços públicos, de modo a superar a fragmentação das ações públicas. Reunindo desde reflexões teóricas mais gerais até estudos empíricos e casos concretos, o livro demonstra como o campo das políticas públicas e o subcampo da gestão pública estão intrinsecamente conectados a desafios contemporâneos, como o enfrentamento da pobreza e da desigualdade, e a promoção de condições para o desenvolvimento sustentável.
Ricardo de Oliveira é, neste livro, autor e personagem. Como autor, brinda-nos com um volume em que apresenta, problematiza e "solucioniza" uma miríade de questões relacionadas à gestão pública. Consegue, como poucos, fazê-lo com um excepcional poder de síntese, e com abrangência e seletividade, sem excluir nada, mas focando no essencial e indo direto aos principais pontos. O texto fluido é um passeio pelo mundo da gestão pública: o autor defende o tema, enaltece sua importância e fala sobre o Estado e suas reformas, políticas públicas, a complexidade do contexto, conceitos de política de gestão pública e de gestão para resultados e suas ferramentas, profissionalização, planejamento, parcerias, regulação, atendimento, inovação, excelência, transformação, governo eletrônico, qualidade do gasto...
Este livro reúne antropólogos, sociólogos, cientistas políticos, economistas e profissionais de relações internacionais que nos ajudam a compreender o bolsonarismo como uma dupla chave, movimento e forma de governo, e quais são os impactos disso nas políticas públicas, na saúde das instituições e na vida da população brasileira. Nos textos que tratam do campo institucional, são analisadas as relações do governo com o Congresso Nacional, os partidos políticos, o Supremo Tribunal Federal e as novas dinâmicas federativas. Outro conjunto de textos analisa políticas públicas de atenção a saúde, educação, meio ambiente, segurança pública, distribuição de renda, direitos humanos e minorias, as reformas trabalhista e previdenciária, as políticas externa e econômica.
A presente obra política consiste em três textos distintos entre si em natureza e dimensão. O primeiro, que só mais tarde o filósofo intitularia 'Bastiat e Carey', foi escrito em um caderno datado de julho de 1857. O segundo, contendo o que seria uma projetada Introdução à sua obra de crítica à economia política, é de um caderno de cerca de trinta páginas, marcado com a letra M e redigido, ao que tudo indica, nos últimos dez dias de agosto de 1857. O terceiro manuscrito, e o mais extenso, compreende a obra póstuma de Marx que ficou conhecida como 'Esboços da crítica da economia política', ou simplesmente 'Grundrisse', conforme o título da edição alemã. Tal texto consiste em dois capítulos ('Capítulo do dinheiro' e 'Capítulo do capital') distribuídos em sete cadernos numerados de I a VII.
Homens ou máquinas?, nova obra da coleção Escritos Gramscianos reúne 33 textos escritos por Antonio Gramsci entre 1916 e 1920, dos quais dezesseis são publicados pela primeira vez em língua portuguesa. Esta seleção traz artigos de grande importância para entender a particular concepção de Gramsci a respeito da luta de classes, e, mais em geral, para nos encaminhar dentro de anos dramáticos e que culminaram, posteriormente, na ascensão do fascismo na Europa. O problema que encontramos com mais continuidade nas reflexões e nos escritos de Gramsci entre 1916 e 1920 é o de libertar os “simples” da conjunção de heterodireções que impedem a subjetividade autônoma, a independência e a autossuficiência das massas populares. Pondo o tema da “Democracia operaria” como meio e fim das lutas para o socialismo, Gramsci desenvolveu a ideia da estreita relação entre produção e revolução como antítese da delegação passiva aos organismos burocráticos, correlacionando a experiência dos conselhos com o desenvolvimento da luta de classes na Europa. “Como amalgamar o presente e o futuro, satisfazendo as urgentes necessidades do presente e trabalhando efetivamente para criar e antecipar o porvir?”, escreve Gramsci no artigo Democracia operária, sintetizando as reflexões e empenho político que o cercaram durante os anos de 1916 e 1920.
Este livro traz reflexões abrangentes para o futuro do país, abordando questões econômicas, políticas, ambientais e sociais no contexto atual do mundo. Os temas tratados estão na ordem do dia, como os desequilíbrios ambientais e climáticos, as tensões políticas e incertezas globais, a necessidade de modernização do Estado brasileiro, as agendas estratégicas que envolvem a produção de alimentos, a valorização da biodiversidade com inclusão social e o protagonismo dos povos originários.
Em relação a políticas públicas, a sociedade contemporânea se comporta de duas maneiras distintas: pode ser mais esclarecida e participante, solicitando melhores resultados da gestão pública na solução de seus problemas, ou assiste estarrecida aos fatos que envolvem os desvios em torno da gestão pública. Entender como se articulam as variáveis, explícitas ou implícitas, na formulação, na execução e na avaliação das políticas públicas, é uma necessidade urgente. Este livro propõe olhar os acontecimentos recentes, da perspectiva do conhecimento de políticas públicas.
alford J. Mackinder foi educador, geógrafo, explorador, advogado, membro do Parlamento, economista e diplomata. Nasceu em Gainsborough, Lincolnshire, Inglaterra, em fevereiro de 1861. Filho de um médico, estudou ciências no Epsom College e Christ Church em Oxford. Ao concluir seu programa em Oxford, estudou direito em Londres, enquanto lecionava na Christ Church e também ajudava a liderar as incipientes extensões da Universidade em Bath, Manchester, Salisbury e outros lugares, onde lecionou e conduziu tutoriais sobre geografia física. Eleito para a Royal Geographic Society, ele apresentou um documento para a sociedade em janeiro de 1887, intitulado “Sobre o escopo e os métodos da geografia”. Mackinder era um homem de muitas partes. Após dez anos como diretor do Reading College, tornou-se Diretor da London School of Economics de 1903 a 1908. Membro do Parlamento entre 1910 e 1922, ele também foi presidente do Comitê Imperial de Navegação de 1920 a 1940, tornou-se conselheiro privado em 1925. Em 1904, Mackinder apresentou à Sociedade um documento intitulado “O Pivô Geográfico da História”, em que ele primeiro ofereceu a teoria da “Área Pivô”, uma designação para a área central da Eurásia, protegida das potências marítimas da época. Ele argumentou que o desenvolvimento do poder potencial dessa área poderia permitir que o poder continental que o controlava dominasse o mundo.
Judicialização da Saúde – Regime Jurídico do SUS e Intervenção na Administração Pública discute o grande desafio a ser vencido pela nossa sociedade. Isso, em razão de sua emergência, fator de desequilíbrio nos dois pratos da balança, um ao se apropriar de verbas, outro a disponibilizar essas verbas para a Saúde. Hoje, no Brasil, há cidadãos que buscam acesso de medidas judiciais a remédios e procedimentos caríssimos, alguns ainda nem aprovados pelas autoridades sanitárias. Suas ações são fomentadas por organizações escusas, que sob o manto da pretensa ilicitude praticada pelo Estado auferem lucros impensáveis. Esse é o prato da balança que produz o desequilíbrio. O outro é a óbvia carência de nossa população, à míngua de atendimentos médicos, muitas vezes emergenciais, e cujo necessário financiamento foi sequestrado pela judicialização. O livro é muito atual, pois bem reflete a iniciativa do CNJ – Conselho Nacional de Justiça –, que muito oportunamente criou um grupo para orientar e oferecer aos juízes informações técnicas de modo a dar consistência às suas sentenças. Judicialização da Saúde – Regime Jurídico do SUS e Intervenção na Administração Pública apresenta 1 Autor, 15 capítulos, num total de 236 páginas.
Igual-Desigual poderia ser uma boa definição poética do atual momento em que vivemos, pela poderosa pena de Carlos Drumond de Andrade. É também uma obra que promove o encontro da Economia com a História, possibilitado a partir das redes de afeto acadêmicas que uniram, em grande medida, pesquisadores de várias instituições de pesquisa do Brasil e do mundo. É um encontro plural, interdisciplinar, igual e desigual por essência e intenção dos autores. Se há um tema comum, bem como a comunhão com o princípio iluminista de uma sociedade mais igual, os pontos de partida teórico- -analíticos são muito diferentes. O vasto grupo de autores inclui desde jovens pesquisadores, a professores eméritos já aposentados. Inclui em sua diversidade, velhos socialistas, sociais-democratas convictos bem como igualitaristas liberais. Este tema é amplo e complexo o suficiente para receber a contribuição desses múltiplos matizes. Militantes de gênero, de raça, de cor, de identidades, irmanados pela confiança no ser humano, em uma ciência crítica e na superação das nossas mazelas (atuais e pretéritas). À luz da Ciência Econômica e da História o livro descortina as muitas faces da desigualdade, agora em maior evidência pelos efeitos visíveis da pandemia. Ao promover o encontro da Economia com a História o livro pretende, então, oferecer indícios sobre os porquês que explicam o fato de que estávamos vivendo num mundo doente e sinalizar possíveis caminhos que propiciem uma busca por um novo equilíbrio com os desafios postos pela pandemia.
O livro traz 17 artigos de diversos autores e apresenta um panorama sobre a chamada “judicialização da saúde”, por meio dos novos mecanismos de acesso ao Judiciário, além de concentrar esforços para entender as causas das controvérsias jurídicas, formas de solução de conflitos e como essa tendência de judicialização crescente impacta na existência e sustentabilidade do setor.
Livro de fundamental importância em meio aos debates mais atuais do cenário sociopolítico nacional, Judicialização de Políticas Públicas no Brasil levanta debates e contribuições para "a compreensão dos processos pelos quais nosso sistema de justiça tornou-se um protagonista da política e das políticas, bem como de seus impactos sobre uma gama variada de direitos individuais e coletivos", afirma a professora titular de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP), Marta Arretche. A obra reúne 12 artigos de juristas e especialistas nos campos das ciências sociais e política e do direito, dialogando sobre temas como as bases institucionais dos processos de judicialização das políticas públicas no país, além de casos e desafios ligados à judicialização, englobando o direito à saúde e à moradia, questões de política habitacional e preservação ambiental, renda, assistência social, aborto, educação, igualdade de gênero e união homoafetiva. No time de renomados pesquisadores que compõem os estudos apresentados no livro estão Conrado Hübner Mendes, Fabiana Luci de Oliveira, Rogério Arantes, Luciana Gross Cunha e a organizadora, Vanessa Elias de Oliveira, doutora em Ciência Política pela USP e professora do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da Universidade Federal do ABC (PGPP/UFABC). Para o professor da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, Oscar Vilhena Vieira, a coletânea apresenta uma contribuição fundamental para melhor compreender o papel das agências de aplicação, impulsionadas por uma constituição de natureza transformadora, na determinação das políticas públicas no campo social.
Na interface entre a história sanitária, econômica e administrativa, a obra lança uma luz multifacetada sobre o desenvolvimento e as condições de produção na pecuária leiteira no Brasil. Para tanto, examina temas centrais da história da Primeira República Brasileira (1889-1930) e dos regimes desenvolvimentistas, às vezes democraticamente legitimados, às vezes autoritários, entre 1930 e 1964.
As manifestações de Junho de 2013 inauguraram uma sequência de eventos que destroçou os pactos institucionais. O período de instabilidade política e econômica que se seguiu aos protestos, sacudido pela Lava Jato e pelo impeachment de Dilma Rousseff, desembocou na eleição de Bolsonaro e na transformação completa da paisagem política nacional. Eis o processo que Marcos Nobre retraça, disseca e explica neste livro luminoso e contundente.
O sociólogo Rudá Ricci vem se dedicando, há alguns anos, ao exame daquilo que ele mesmo denominou de lulismo. O que vem a ser isso, exatamente? Para o autor, entre outras observações pertinentes que faz, o lulismo pode ser caracterizado como uma submissão de um partido político – no caso, o Partido dos Trabalhadores – aos objetivos de uma liderança nacional, representada por Luiz Inácio Lula da Silva. No plano da configuração das classes sociais, o lulismo significaria, a seu juízo, a ascensão de novos setores das camadas médias da população ao poder central do país. Guiado por um poderoso espírito crítico e um método de análise rigoroso, o sociólogo Rudá Ricci se debruça sobre a trajetória de Lula da Silva desde os tempos das greves do ABC paulista e dos movimentos sociais, fatos que contribuíram de forma decisiva para a criação do PT, ainda no início da década de 80. Prosseguindo em sua análise, ele se interroga sobre o papel do Partido dos Trabalhadores na oposição institucional e, sobretudo, como força governamental, a partir de janeiro de 2003. Porém, destaca que foi no segundo mandato, a partir de 2007, que o lulismo despontou como fenômeno. Na realidade, um fenômeno que finca raízes na tradição autoritária brasileira, que tende a colocar a liderança política acima das classes sociais e das instituições democráticas. Mas esse caminho – ao mesmo tempo modernizador e conservador – tem limites claros, uma vez que o desenvolvimento em curso no Brasil pode impedir, nos próximos anos, a continuidade de tal processo. Este livro já nasce como obra de referência e merece constar das estantes de todo brasileiro preocupado com os rumos futuros do país.
No final de fevereiro de 1848, foi publicado em Londres um pequeno panfleto que acabaria por se tornar o documento político mais importante de todos os tempos: o Manifesto Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels. Passado mais de um século e meio, a atualidade e o vigor deste texto continuam reconhecidos por intelectuais das mais diversas correntes de pensamento. A Boitempo Editorial utilizou, com alguns ajustes ortográficos, a tradução feita por Álvaro Pina a partir da edição alemã de 1890, prefaciada e anotada por Engels. O cotejo foi feito de forma minuciosa com as principais edições inglesa, francesa e italiana, confrontadas com duas edições brasileiras anteriores. Além do Manifesto Comunista em si, o volume traz ainda a reflexão de seis especialistas sobre as múltiplas facetas desta que é, ainda hoje, a obra política mais lida e difundida em todo o mundo. Com organização de Osvaldo Coggiola, o livro tem ensaios de Antonio Labriola, Jean Jaurès, Leon Trotsky, Harold Laski, Lucien Martin e James Petras. A edição compila ainda sete prefácios de Marx e Engels à obra, feitos em diferentes períodos.
Esta obra visa a proporcionar aos estudantes e profissionais das áreas de Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas noções fundamentais da estrutura do Estado e de seus elementos constitutivos. Trata-se de um estudo introdutório absolutamente necessário à compreensão do fenômeno político.A partir de uma abordagem extremamente didática, José Geraldo Brito Filomeno procede a uma síntese histórica dos diversos tipos de Estado e de sociedade, bem como discute as principais questões relativas à Teoria Geral do Estado aliada à Ciência Política, ao realizar uma acurada análise dos aspectos sociológicos, políticos e jurídicos do Estado, visando a explicar sua origem, estrutura, evolução, fundamentos e fins.Trata-se de obra indispensável, sobretudo em um momento em que nos meios acadêmicos as discussões sobre os conceitos de sociedade civil e sociedade política têm marcado presença.
Mais de trinta anos após a publicação das Memórias (1979), de Gregório Bezerra, o lendário ícone da resistência à ditadura militar é homenageado com o lançamento de sua autobiografia pela Boitempo Editorial, acrescida de fotografias e textos inéditos, e em um único volume. O livro conta com a contribuição decisiva de Jurandir Bezerra, filho de Gregório, que conservou a memória de seu pai; da historiadora Anita Prestes, filha de Olga Benário e Luiz Carlos Prestes, que assina a apresentação da nova edição; de Ferreira Gullar na quarta capa; e de Roberto Arrais no texto de orelha. Há também a inclusão de depoimentos de Oscar Niemeyer, Ziraldo, da advogada Mércia Albuquerque e do governador de Pernambuco (e neto de Miguel Arraes) Eduardo Campos, entre muitos outros.Em Memórias, o líder comunista repassa sua impressionante trajetória de vida e resgata um período rico da história política brasileira. O depoimento abrange o período entre seu nascimento (1900) até a libertação da prisão em troca do embaixador americano sequestrado, em 1969, e termina com sua chegada à União Soviética, onde permaneceria até a Anistia, em 1979. No exílio começou a escrever sua autobiografia.
Estudos mostram que o pentecostalismo é a força propulsora da expansão evangélica no país. Com base nessa realidade, em entrevistas com bispos, padres e pastores, no relatório da pesquisa Spirit and Power, realizada em dez países, e na pesquisa Sensus, do Obrvatório das Metrópoles, ambas publicadas em 2006, o autor trabalha o conceito de pentecostalização para explicar engajamento político-eleitoral dos evangélicos no Brasil.
O difundido retrato da suposta cordialidade brasileira, ilustrada pelos cenários carnavalescos ou pelo futebol, sistematicamente oculta a violência, latente ou explícita, do preconceito, da exclusão e da repressão sociais. A eficiência com que as elites ocultam essa face brutal de nossa sociedade exige um trabalho de rastreamento, de descobrimento de pistas que revelem o autoritarismo subjacente e forneçam uma interpretação mais justa. Os ensaios que compreendem este livro têm por objetivo justamente levar a cabo essa tarefa ao criticar a imagem e autoimagem da República.
As universidades brasileiras, institutos de pesquisa e mesmo os movimentos camponeses de nosso país têm pouca informação sobre as muitas e diferentes formas de organização de agricultores e de camponeses em escala internacional. Os autores deste livro realizam uma radiografia cuidadosa de praticamente toda as articulações internacionais dos mais variados setores sociais que atuam no campo, analisando sua composição regional, de classe e ideológica, suas relações com ONGs e instituições internacionais e como eles enfrentaram o neoliberalismo global.
A proposta deste livro não é a de encerrar a relação movimentos sociais-autonomias como a única relação teórica, analítica e política possível e como um campo de estudos próprio e isolado. Bem pelo contrário, buscamos provocar o diálogo de campos de estudos que supostamente não se conversam. Neste sentido, seja desde a mirada institucionalista, seja desde a marxista ou ainda a anarquista, o que é certo é que as discussões sobre as lutas sociais latino-americanas nunca cessaram e nem cessarão. No entanto, pensar tais lutas pela lente dos movimentos sociais por si só já não é tarefa exatamente dada; menos dada ainda é a tarefa de pensá-las através do par conceitual movimentos sociais-autonomias e suas relações com os Estados e o capital na região.
O presente livro aborda as complexas relações entre movimentos sociais e agentes e instituições do Estado no processo de formulação e implementação das políticas públicas ao longo dos governos Lula e Dilma Rousseff. A multiplicidade de enfoques das análises aqui presentes fornece uma robusta contribuição para o conhecimento sobre as interações – frutíferas, mas com enormes desafios – entre movimentos sociais e Estado na produção de políticas públicas, auxiliando os embates vindouros neste árduo processo de construção da democracia brasileira.
Baseado em um conjunto de práticas de gerenciamento do mal-estar – por exemplo, a individualização da culpa, o repúdio ao fracasso depressivo, o louvor maníaco do mérito e a criação de um estado de crises e reformulações, bem como de anomia e mudanças permanentes –, o neoliberalismo consegue extrair um a-mais de produtividade das pessoas. Neste livro, o leitor poderá acompanhar como o modo de produção neoliberal construiu uma nova forma de sofrimento que se entranhou em nossas vidas ao modo de uma moralidade indiscutível.
Ninguém disse que seria fácil, do historiador e militante Valerio Arcary, reúne uma série de artigos escritos ao longo dos últimos anos, período marcado por consecutivas derrotas da esquerda, ascensão da extrema direita e perdas substantivas de direitos da classe trabalhadora. Em 42 artigos curtos, Arcary lança uma importante reflexão à militância socialista, muitas vezes presa às teorias, análises de conjuntura e trabalho analítico e conceitual. Sem se privar da relação com a teoria, os escritos focam outros aspectos da luta como o sentido humano, as relações entre as pessoas e suas contradições, a necessidade de se deixar de lado o individual ante o coletivo. Para o autor, o momento é de levantar tais questionamentos, especialmente diante da ampla vitória do capital e da extrema direita. “Na teia do ser social que constituímos e que nos constitui, avançamos muito na compreensão de suas determinações objetivas, mas nem sempre damos a devida atenção ao problema da subjetividade. Por isso este livro de Valerio Arcary parece-me tão importante. Precisamos conversar sobre a militância, sobre a sensação de isolamento que se segue a uma derrota, sobre o fracionalismo, o embrutecimento, a saúde mental, os valores que nos guiam, os preconceitos, o anti-intelectualismo. Precisamos conversar sobre nós e os outros, os adversários e os inimigos, a classe idealizada e as pessoas reais que compõem nossa classe”, afirma Mauro Luis Iasi no prefácio da obra.
Vivemos uma crise global e múltipla de enormes proporções política, social, econômica, ecológica, ideológica e ética. O crime ecossocial no Vale do Rio Doce, em novembro de 2015, perpetrado por mineradoras transnacionais com a cumplicidade e omissão de instâncias estatais nacionais e regionais, numa aliança típica dos nossos tempos, tornou-se a advertência mais dramática da podridão do sistema capitalista predador que determina nossas vidas.Depois de alguns anos de relativo otimismo no Brasil e na América do Sul, fica evidente mais do que nunca que as sociedades do Norte e do Sul globais estão irremediavelmente interligadas e precisam de profundas transformações políticas e ecológicas muito além do acordo climático de Paris que, mesmo sendo uma resposta insuficiente às múltiplas pressões dos movimentos pela justiça climática, poderia significar um passo na direção correta.Na América do Sul, saltam à vista as limitações dos governos ‘progressistas’ que, fortalecendo o papel do Estado na economia, avançaram numa distribuição mais equitativa da renda das commodities sem, no entanto, questionar mais profundamente o conceito hegemônico de ‘desenvolvimento’, vaca sagrada até para grande parte da esquerda mundial. Essas limitações, nos anos iniciais das ‘revoluções’ democráticas na Venezuela, Bolívia e Equador, e das vitórias eleitorais de candidatos de centro-esquerda no Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai e Peru, não eram descartadas por observadores mais prudentes. (...) Gerhard Dilger
Marx se dedica à compreensão das categorias que constituem a articulação interna da sociedade burguesa e analisa o capital em sua relação direta com a exploração da força de trabalho assalariado. A Inglaterra, localização clássica da força de trabalho industrial, serve de ilustração para sua exposição teórica. Assim como na tradução dos Grundrisse, esse volume substitui o tradicional uso da expressão 'mais valia' por 'mais valor'.
Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, foi dos primeiros a enfrentar esse desafio de reinventar o desenvolvimento quando em maio de 1993 juntou-se ao pequeno grupo que se aglutinou em torno do então Ministro da Fazenda, e hoje Presidente da República, para montar o que viria a ser o Plano Real. Vários anos se passaram, e muitas idéias se tornaram projetos concretos produzindo mudanças importantes na economia do país. Neste volume, o leitor terá uma combinação incomum entre reflexão teórica na fronteira e inteligência política para a formulação de estratégias de ação objetiva.
O livro O Desejo do Desejo do Outro: Politicanálise do Movimento Sanitário Brasileiro é uma obra filosófica, científica e literária. Zé Carlos ao realizar a “politicanálise” do Movimento Sanitário faz um recorrido histórico que reconhece esse Movimento como um acontecimento especial, produtor de novas epistemologias, várias, ainda que tenham uma única denominação: Saúde Coletiva.
Este livro contem um conjunto de textos que envolve uma discussão sobre planejamento de saude. Onde amplia o conceito de planificação em saude com a definição de politicas, diretrizes e estratégias para o desenvolvimento e a adequação de vários componentes do sistema, quais sejam, gestão, financiamento, organização dos serviços e infra-estrutura de recursos (físicos, humanos e materiais).
Desde a recessão econômica de 2008, e mais recentemente com a pandemia do coronavírus, as certezas que ditaram por décadas o capitalismo ocidental foram postas em xeque. A crise do projeto neoliberal gerou, à direita e à esquerda, clamores pela volta do Estado intervencionista como contrapeso entre a coletividade e o caos desatado pelo capital globalizado. O neoestatismo é o novo normal político. Essa é a ideia central defendida em O Grande Recuo.
Quais foram as contribuições de Karl Marx ao que chamamos hoje de ecossocialismo. O pensador alemão analisava a relação entre homem e natureza. É possível construir o socialismo em planeta arrasado A obra do filósofo Kohei Saito, além de ser uma contribuição essencial para os debates sobre a contradição entre um sistema capitalista e a preservação da natureza, é um minucioso estudo da evolução dos trabalhos de Marx em relação ao tema homem e natureza. Saito apresenta ao leitor o caminho traçado por Marx para abandonar a ideia de que a produtividade agrícola poderia aumentar indefinidamente no socialismo. “Se em 1844 Marx demonstrava preocupação com a cisão entre ser humano e natureza impulsionada pelo capitalismo, em 1865 escrevia a Engels sobre seu interesse em química e fertilidade do solo. A partir dessa análise, Marx nos entrega elementos para a discussão de ruptura metabólica que nos permite questionar os limites ecológicos do sistema capitalista e, ao mesmo tempo, criticar os impactos da agricultura em larga escala”, diz Sabrina Fernandes no prefácio da obra. O trabalho de Saito não tem como objetivo afirmar que toda e qualquer análise de Marx partia de uma visão ecossocialista e sim servir de ferramenta às contribuições feitas por ele à época. O princípio do ecossocialismo de Karl Marx existe porque ‘o socialismo de Marx prevê uma luta ecológica contra o capital’. Se entendermos ecossocialismo sob essa luz, a verdade é que nem todo socialismo é ecossocialismo, mas seria um avanço se fosse, pontua Fernandes.
O objetivo principal desse trabalho foi o de descrever como a organização do trabalho e as relações socioprofissionais se relacionam com a fragmentação da subjetividade de ocupantes de cargos gerenciais.
A metodologia de apoio criada e utilizada por Tarsila para lidar com a judicialização no caso Jundiaí é absolutamente original. Tarsila captou a essência do método de apoio, a saber, o necessário ativismo técnico e político para enfrentamento e prevenção de iniquidades existentes no SUS e na vida em geral. A autora demonstra, prova, que, mesmo em um país desigual e elitista como o Brasil, as coisas podem ir melhor. Com esforço e persistência e projeto, as instituições podem funcionar de maneira justa e democrática. Basta proceder à maneira de Tarsila e de sua equipe. Não há como não se comover com esse livro. Há muito que se aprender com sua leitura.
Autor do best-seller As Cruzadas vistas pelos árabes revisita o século XX e demonstra, neste livro altamente oportuno, como as civilizações se lançaram à deriva e se encontram, agora, diante de um iminente naufrágio. Os Estados Unidos, embora continuem sendo a única superpotência, estão perdendo toda a autoridade moral. A Europa, que ofereceu aos seus povos e ao resto da humanidade o projeto mais ambicioso e reconfortante do nosso tempo - a União Europeia -, está desmoronando. O mundo árabe-muçulmano mergulha numa crise profunda, agravada por um islamismo cada vez mais radical. As tensões identitárias, em grande parte fomentadas pelas ondas nacionalistas, nunca foram tão exacerbadas.
A mais completa investigação sobre as origens do patrimônio político e financeiro de Jair Bolsonaro e sua família. Resultado de mais de três anos de apuração, O Negócio do Jair: A história proibida do clã Bolsonaro desvenda o passado secreto da família que hoje comanda o Brasil. A jornalista Juliana Dal Piva parte do escândalo das rachadinhas exposto pelo caso Queiroz, a partir de dezembro de 2018, para contar uma história que remonta à entrada de Jair Bolsonaro na política na década de 1990. No centro do passado que o clã tenta abafar, está um esquema de corrupção conhecido entre os participantes como o “Negócio do Jair”. O arranjo ocorria nos gabinetes funcionais ocupados pela família de Bolsonaro em seus mandatos políticos, seja de vereador, deputado estadual ou federal, e envolvia seus três filhos mais velhos, as duas ex-esposas e a atual, amigos, familiares — muitos deles atuando como funcionários fantasmas —, além de advogados e milicianos. Com base em depoimentos exclusivos, cópias sigilosas dos autos judiciais, mais de cinquenta entrevistas, mil páginas em documentos, vídeos e gravações de áudio, a autora demonstra como, à sombra dos grandes esquemas partidários, o clã acumulou milhões de reais e construiu o projeto político autoritário e regressivo que conduziria o chefe da família ao posto mais alto da República.
No primeiro volume de sua trilogia O país dos privilégios , Bruno Carazza enfrenta os meandros do corporativismo estatal para desnudar as regalias e benesses no topo das carreiras do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. A partir da análise das folhas de pagamento de tribunais, ministérios, parlamentos e Forças Armadas, entre outras instituições do Estado brasileiro, o autor revela as estratégias mobilizadas na defesa e promoção de interesses privados destoantes da realidade socioeconômica do país. A despeito das frequentes polêmicas na mídia e na Justiça, a força política dos verdadeiros “donos do poder” continua sendo o principal obstáculo para a implementação de uma reforma administrativa capaz de acabar com os inúmeros benefícios do serviço público. Baseado em sólida pesquisa e dados abrangentes, Carazza narra muitas histórias de quem conhece os bastidores do poder e apresenta possíveis soluções para as distorções entre remuneração e produtividade nos altos escalões do Estado.
"Direitas", "novas direitas", "onda conservadora", "fascismo", "reacionarismo", "neoconservadorismo" são algumas expressões que tentam conceituar e dar sentido a um fenômeno que é protagonista nos cenários nacional e internacional de hoje, após seguidas vitórias dessas forças dentro do processo democrático. Trump, Brexit e a popularidade de Bolsonaro integram as dinâmicas das direitas que a coletânea busca aprofundar a partir de ensaios escritos por grandes pensadores da atualidade. Tendo como foco central o avanço dos movimentos de direita, os textos analisam sob as mais diversas perspectivas o surgimento e a manutenção do regime de ódio dentro do campo político. Luis Felipe Miguel abre o livro apresentando os três eixos da extrema-direita brasileira: o libertarianismo, o fundamentalismo religioso e o revival do anticomunismo. Silvio Almeida continua o raciocínio discorrendo sobre a distinção entre o conservadorismo clássico e o neoconservadorismo atual, para o qual a democracia não passa de um detalhe incômodo. Carapanã tenta responder à pergunta de como chegamos a este cenário de recessão democrática analisando os ataques ao Estado na América Latina e no Brasil. Flávio Henrique Calheiros Casimiro trabalha a cronologia da reorganização do pensamento e da ação política das direitas brasileiras, buscando suas raízes nos anos 1980. Camila Rocha questiona a caracterização das novas direitas brasileiras como militância ou como resultado do financiamento de organizações que articulam think tanks globalmente. Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco analisam as transformações da juventude periférica, que migrou da esperança frustrada para o ódio bolsonarista na última década. Ferréz também traça um retrato das periferias e do reacionarismo contido nelas, com uma linguagem forte e poética. Rubens Casara escreve sobre a direita jurídica de tradição antidemocrática, marcada por uma herança colonial e escravocrata. Edson Teles reflete sobre a militarização da polít
Após escrever um artigo intitulado “O sistema e o antissistema”, em que mostrava preocupação com o crescimento da extrema-direita no mundo, Boaventura de Sousa Santos foi contatado por sua amiga Helena Silvestre dizendo que havia lido o texto e que tinha sobre o tema uma opinião muito diferente. Incitada por Boaventura a escrever sobre o assunto, ela de imediato aceitou. Pensando ainda em uma terceira perspectiva, Boaventura convidou Ailton Krenak para a empreitada. Temos, assim, neste livro três miniensaios distintos sobre o mesmo tema geral, escritos a partir de diferentes contextos sociais, políticos e culturais, por autores de diferentes gerações, com diferentes identidades e histórias de vida, mas irmanados na mesma luta por uma sociedade mais justa, mais igualitária e mais respeitadora da diversidade e da diferença.
Referência obrigatória nos estudos sobre o presidencialismo pós-1988 no país, Sérgio Abranches desvela as debilidades da ordem liberal-democrática e aponta possíveis soluções para sua superação. Na última década, a democracia liberal e as liberdades cidadãs sofreram numerosos retrocessos. Da eleição de Donald Trump à ascensão do bolsonarismo, da vitória do Brexit ao colapso dos partidos social-democratas, uma sucessão veloz de mudanças inesperadas alimentou a onda populista que varreu o planeta, potencializada por crises econômicas, ódios políticos e tensões raciais. A polarização ideológica, a insegurança e o medo, agravados pelas incertezas do presente e pela desesperança no futuro, se propagaram com a rapidez vertiginosa do crescimento da ciberesfera. O estado de direito se converteu no alvo preferencial de líderes oportunistas que souberam aproveitar a conjuntura de frustrações generalizadas e desigualdades agudas. Em O tempo dos governantes incidentais, Sérgio Abranches reflete sobre a saúde precária da soberania popular no Brasil e no mundo. O autor do célebre conceito de presidencialismo de coalizão propõe alternativas para a sobrevivência das instituições democráticas, únicos remédios eficazes contra tiranias e ditaduras. Cover design or artwork by Lacaz, Thiago
Epidemiologista premiado e professor universitário, David Michaels trabalhou por anos no governo dos Estados Unidos e participou dos bastidores da regulamentação do uso de diversos produtos e compostos químicos — da sílica ao diesel, passando pelos opioides. Neste livro, o autor apresenta uma série escandalosa de histórias absurdas: toda uma prática da indústria para atrasar ou mesmo evitar legislações que protejam o público dos itens perigosos que ela coloca em circulação. Da manipulação de dados à encomenda de pesquisas que necessariamente devem apresentar os resultados desejados pelos fabricantes, Michaels expõe os negócios escusos de corporações que, em nome do lucro imediato, criaram um mecanismo de defesa apoiado em negacionismo e ciência fraudulenta, contestando estudos sérios e produzindo incertezas para se isentar da responsabilidade por mortes, adoecimentos e danos ao meio ambiente causados por suas mercadorias.
O neoliberalismo está se fragmentando, mas o que surgirá entre seus cacos? A principal teórica política feminista do século XXI, Nancy Fraser, disseca a atual crise do neoliberalismo e argumenta como poderíamos arrancar novos futuros de suas ruínas. O colapso político, ecológico, econômico e social global – simbolizado pela eleição de Trump, Bolsonaro e outros governantes de extrema-direita que dizem ser antiestablishment, embora façam parte dele – destruiu a fé de que o capitalismo neoliberal pode beneficiar a maioria do povo dentro da democracia. Fraser explora como essa fé foi construída no final do século XX, equilibrando dois princípios centrais: reconhecimento (quem merece direitos) e distribuição (quem merece renda). Quando eles começam a se desgastar com as sucessivas crises nas primeiras décadas do século, novas formas de populismo surgem à esquerda, para os 99%, e à direita, para o 1%. Fraser argumenta que esses são sintomas da maior crise de hegemonia do neoliberalismo, um momento em que, como Gramsci disse, “o velho está morrendo e o novo não pode nascer”. O livro é acompanhado de uma belíssima entrevista do editor da revista Jacobin, Bhaskar Sunkara, com Fraser, que argumenta termos a oportunidade de transformar o populismo progressista em uma força social emancipatória, podendo, assim, reivindicar uma nova hegemonia.
Milton Blay, em seu O vírus e a farsa populista, nos convida a refletir sobre a opção que se apresenta diante da humanidade entre o caminho curto e longo e o caminho longo e curto. O negacionismo, o ultranacionalismo, o ódio, o fanatismo, o populismo, a ditadura parecem ser veredas mais velozes do que ensinar diversidade para nossos filhos, mas é um caminho curto e longo. Fortalecer uma sociedade em que as diferenças são percebidas como oportunidades de aprendizado é muito complexo, mas é um caminho longo e curto. Blay nos lembra, de maneira culta e atualíssima, que não existem atalhos na obsessão por um mundo democrático, plural e livre.
Odeio os indiferentes é uma coletânea de artigos escritos ao longo de 1917 pelo então jovem jornalista italiano Antonio Gramsci 1891-1937. Os textos escolhidos foram publicados nos jornais socialistas Il Grido del Popolo O grito do povo e Avanti! [Avante!] e no folhetim La Città Futura, da Federação Juvenil Socialista, que, escrito inteiramente por Gramsci, contém o artigo que dá título à obra. Grande parte dos textos selecionados é inédita em português. Seguindo a linha cronológica do conturbado ano de 1917, a coletânea apresenta as divergências sobre socialismo e revolução entre Gramsci e o Partido Socialista Italiano, o PSI, do qual o filósofo era membro; perpassa os acontecimentos da Revolução Russa; traz análises sobre os bolcheviques e seu líder, Vladimir I. Lênin; expõe críticas e diagnósticos sobre a Primeira Guerra Mundial; e oferece previsões sobre os rumos do socialismo italiano. Além dos artigos, o volume traz todo um aparato crítico elaborado pelos tradutores: texto de apresentação, notas de rodapé e cronologia da vida e da obra do pensador marxista.
Na última década, com o crescimento da extrema-direita em boa parte do mundo, o sentimento do ódio adquiriu uma nova centralidade, substituindo o pacto civilizatório e instituindo a necropolítica em formas de racismo, violência patriarcal, sexismo e classicismo. No entanto, o ódio é também uma complexa constelação afetiva que atravessa desejos emancipatórios, criativos e potentes presentes em nossas sociedades e insurgentes através dos discursos e práticas contemporâneas manifestas nos movimentos negro, periféricos, indígena, feminista, entre outros. Distinguindo ambas as formas contemporâneas do ódio, encontram-se nesta edição duas leituras complementares, que se iluminam mutuamente, de Ana Kiffer e Gabriel Giorgi, compondo um diálogo entre as diferentes lutas, gestos e escritas que se inscrevem através do ódio no cenário político contemporâneo.
O livro que o leitor tem em mãos é bem mais que a prova de que a esquerda séria haverá de resistir. Nestes 20 corajosos ensaios, não se encontra o rebaixamento da inteligência que é próprio da Oposição de Direita: aqui se contempla a informação veraz, a indicação dos desafios a enfrentar e a análise criteriosa de múltiplos problemas e dimensões da realidade brasileira, análise que funda a crítica político-social e a defesa clara de posições que expressam os interesses da massa dos trabalhadores brasileiros." (Fragmento do texto da orelha, por José Paulo Netto, Professor Emérito (ESS/UFRJ) "Os textos aqui reunidos não fazem concessões rasas e conjunturais ao governismo e à oposição de direita, demonstrando o enraizamento do pensamento e das práticas reacionárias nos poderes de Estado e na sociedade brasileira em múltiplas dimensões, após anos de neoliberalismo e contrarreformismo. Trata-se de uma crítica radical, no seu sentido mais profundo: ir à raiz das questões postas, na perspectiva de fornecer argumentos para a luta social que pretende recompor um projeto de esquerda no Brasil." (Fragmento do texto da quarta capa, por Elaine Rossetti Behring (FSS/UERJ)
Este livro examina a doutrina de filósofos revolucionários, como referencial teórico obrigatório para as correntes do anarquismo que associam a revolta individual e de massa contra o Estado a um projeto de gestão coletiva e voluntária da produção social.
“Uma mentira pode dar a volta ao mundo no mesmo tempo que a verdade leva para calçar seus sapatos.” Mark Twain Aos olhos dos seus eleitores, as *deficiências* dos líderes populistas se transformam em qualidades , sua inexperiência demonstra que não pertencem ao círculo da “velha política”, e sua incompetência é uma garantia da sua autenticidade. As tensões que causam em nível internacional são vistas como mostras de sua independência, e as fake News , marca inequívoca de sua propaganda, evidenciam sua liberdade de pensamento. No mundo de Donald Trump, Boris Johnson, Matteo Salvini e Jair Bolsonaro , cada dia traz sua própria gafe, sua própria polêmica, seu próprio golpe brilhante.
Os líderes e as massas: escritos de 1921 a 1926, nova obra da coleção Escritos Gramscianos, reúne 34 textos redigidos por Antonio Gramsci entre 1921 e 1926, dos quais 29 são publicados pela primeira vez no Brasil. Os artigos apresentam uma fase do amadurecimento intelectual do pensador sardo e dão continuidade a suas ideias sobre a democracia dos conselhos e a nova ordem que deveria se traduzir na transformação das grandes massas populares.
A obra “Pandemia no Brasil: Fatos, falhas… e atos”, do sociólogo Gustavo Gumiero, ajuda o leitor a entender os dois primeiros anos de covid-19 no país. O autor traça um retrato da pandemia, desde o início de 2020, quando os primeiros casos foram registrados no Brasil. Com um olhar crítico, Gumiero elenca os fatos e analisa as ações realizadas e, mais ainda, as que deixaram de ser colocadas em prática e que culminaram no grande número de mortes pela doença em território nacional. É uma obra essencial para quem deseja compreender e refletir sobre esse momento ímpar da história.
Ao propor um balanço histórico sobre a problemática do desenvolvimento nacional, assim como a da condição subdesenvolvida brasileira, o professor João Paulo nos brinda com um corajoso livro que articula, a um só tempo, a crise mundial civilizatória e a perpetuação do nosso passado bárbaro, em que a utopia industrialista fora apenas um interregno. A obra deste autor também é prenhe de bravura, porque ressuscita um gênero historiográfico praticamente extinto, considerado academicamente ultrapassado, que é o ensaio. O estilo exige capacidade de síntese, com um sentido que não se constitui mero exercício diletante, mas, aquele que se compromete com uma causa política, o que amplia o rigor da análise e exige tomar partido. Em se tratando de um objeto tão disputado retoricamente, e ao mesmo tempo tão distante da realidade atual que é o desenvolvimento como promessa de bem-estar, o livro se mostra audacioso. A leitura radical e profunda da “anatomia da crise”, como forma societária da humanidade em catástrofe, e sua expressão neocolonial no Brasil, faz o autor defender uma tese agonizantemente necessária: a fuga das armadilhas desenvolvimentistas, visto que se impõe a própria urgência de superação do modo de produção capitalista. Esta leitura é, portanto, imprescindível! - Fábio Campos (Professor do Instituto de Economia da Unicamp).
A participação da comunidade na saúde é uma obra que trata de cidadania, do papel de cada cidadão em prol do bem comum e sobre como atuar em sociedade para que a vida coletiva e individual possa ser a melhor possível. Esta é uma obra de grande relevância social e deve estar na mesa de trabalho de todos que se dedicam a buscar uma saúde de mais qualidade e uma sociedade mais justa, harmônica e solidária.
Junho de 2013 representa uma ruptura e a data transformou-se em um marco de mudança do paradigma da participação social até então vigente. A multidão tomou as ruas e novíssimos atores entraram em cena, como o MPL – Movimento Passe Livre. A democracia passou a ser tensionada e os órgãos institucionais e partidários questionados. Desde então a política toma as ruas via o ativismo digital, que convoca e organiza grandes manifestações. O tema da participação social tem dupla dimensão de abrangência: na sociedade civil e na sociedade política/estatal. O livro faz um mapeamento dos grupos e movimentos que atuam no cenário brasileiro desde a década de 1960, com destaque para 1968 e os movimentos populares na década de 1970 e início dos anos de 1980. Após o período de redemocratização e a implementação da Carta Constitucional de 1988 analisam-se as políticas e espaços participativos institucionais, o crescimento dos movimentos identitários no espaço urbano, em questões de gênero, etnia e raça, e a proliferação de movimentos rurais.
O livro traz uma importante reflexão em torno de temas sobre política, planejamento e gestão em saúde, especialmente, aborda sobre a vigilância e a qualidade dos serviços hemoterápicos. Organizada em sete capítulos, a obra analisa desde questões históricas sobre ações de planejamento do Sistema Único de Saúde (SUS) aos seus desafios em proposições voltadas para a Política de Sangue e o fortalecimento da Hemorrede. Debate ainda, sobre as metodologias empregadas nos cursos sobre Planejamento e Gestão em Saúde. Assim, apresenta sobre as experiência...s da implementação do projeto Planeja Sangue, ...realizado em 2015, a partir da cooperação entre o Instituto de Saúde Coletiva (ISC) e a coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados. Portanto busca contribui com a reflexão de tais políticas buscando inovações para o fortalecimento das Hemorredes estaduais.
Como utilizar recursos finitos e, muitas vezes, escassos? De que modo redistribuir os bens e aumentar o acesso a eles? Essas escolhas e decisões fazem parte do dia a dia dos gestores e profissionais da saúde. E é a eles – assim como aos pesquisadores, estudantes e todos aqueles que se preocupam com os rumos da saúde do país – que se dirige este livro. Os autores contam a evolução histórica do planejamento em saúde na América Latina e no Brasil. Colocam lado a lado os temas clássicos e os dilemas contemporâneos, que exigem releituras e respostas atualizadas. Discutem um novo paradigma, baseado em Habermas, que tem sido denominado comunicativo ou intersubjetivo.
Diferentes enfoques oriundos do serviço social, da arquitetura, da sociologia e da antropologia tratam de habitação popular e trabalho social. A ênfase dos estudos recai sobre o papel das políticas públicas e, sobretudo, o do assistente social nas ações de intervenção urbanística.
"Política e religião sempre andaram juntas: na Pré-história, na Antiguidade, desde sempre e até hoje, mesmo que sob formas não tão evidentes." "O cotidiano saturado de políticas permeadas pelas guerras culturais tem vocação beligerante contínua." "Seja lá o que for a ‘verdade’, ela nunca interessou à democracia na construção cotidiana do poder." "O homem comum não se preocupa muito com liberdade de expressão e troca facilmente qualquer regime por uma janta melhor. É um fetiche achar que o homem comum ama a democracia." "A política no cotidiano é a colonização deste por aquela. Aviso que a consciência desse processo pode causar mal-estar em quem decidir segui-lo até o fim. Esse processo pode ser de algum modo libertador, como toda forma de expectativa superada sempre é. Só se pode refletir a sério acerca da política sem alimentar qualquer expectativa com relação a ela. Pensar sobre a política do cotidiano é olhar de perto como distintas formas de poder se espalham e inundam o mundo para além das próprias instituições políticas e seus profissionais, e não apenas pensar no cotidiano como um dia atrás do outro." - Luiz Felipe Pondé
Este não é mais um livro sobre política, é sim um livro para pensar a política e nos fazer lembrar que somos indispensáveis para que ela funcione. O entendimento da política como característica da vida humana tem se desgastado e isso faz com que se entenda a política como algo a ser evitado.
Dedicada ao campo da análise das políticas de saúde em Mato Grosso esta obra tem como objetivo oferecer à comunidade da saúde pública e ao público em geral a divulgação de textos até então restritos a poucos pesquisadores ou especialistas da área. A característica comum aos textos é sua produção no âmbito acadêmico da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a qual pertence ou pertenceu a maioria dos autores, seja como técnicos, professores ou pesquisadores associados.
Analisar o contexto e a dinâmica da política de saúde brasileira, com ênfase nos anos 2000, é a proposta desta coletânea. O livro traz uma síntese da política de saúde contemporânea e apresenta perspectivas para o futuro. Ainda que com base em perspectivas teóricas e recortes empíricos distintos, os capítulos caracterizam-se pela valorização da dimensão histórica e a consideração da multiplicidade de fatores – econômicos, políticos e sociais – que influenciam a formulação e a implementação das políticas setoriais. O livro está organizado em três partes: contexto, caminhos e processos. A primeira discute as relações entre desenvolvimento, atuação do Estado nas políticas sociais e na saúde, e a dinâmica dos mercados em saúde no Brasil no período recente. O planejamento, o modelo regulatório, o financiamento, a atenção primária à saúde, a gestão do trabalho e da educação em saúde estão entre os temas analisados na segunda parte. Aborda-se ainda a dinâmica da agenda federal da saúde, com destaque para a condução de diferentes políticas, como o Brasil Sorridente, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e a Farmácia Popular. A terceira parte abrange os processos de interação entre atores relevantes para a construção das políticas nacionais de saúde: as relações intergovernamentais, particularmente na descentralização e regionalização; as relações entre Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Saúde e movimentos sociais, associadas a iniciativas de fortalecimento da gestão participativa na saúde; a atuação do Legislativo e suas relações com o Executivo na definição da política setorial.
Políticas de Saúde Pública - Interação dos atores sociais, 2ª edição, revista e atualizada, assenta-se nas seguintes propostas: Estabelecer legislação que regule o modus operandi do sistema único de saúde - SUS Criar meios e fins para atendimento ágil e eficaz da população, sobre tudo a mais pobre. Exigir do estado a continuidade de políticas públicas de saúde Exigir do estado meios para fiscalizar ensino medico de qualidade como também qualificar e reciclar a população medica. criar formas de adequação das dotações orçamentarias destinado a saúde( provisão, manutenção, equipamentos, disponibilidade de medicamentos e instalações apropriadas e condizentes nas instituições da saúde, visando a excelência do atendimento médico).
Este livro descreve e compara as principais políticas públicas implementadas na Argentina e no Brasil no período 2003-2020, em diferentes áreas. Inclui uma análise das principais políticas de: educação, social, saúde, trabalhista, fiscal, cambial, industrial, inovação tecnológica, regulação, agrícola, energia e meio ambiente. Se identificam também os instrumentos políticos que ajudaram a resolver diferentes problemas em cada país e se alinham às experiências aprendidas. Além disso, são identificados os problemas ainda não resolvidos em cada área e os principais desafios de políticas públicas a serem enfrentados no futuro imediato.
A obra é resultado de parte da produção do Grupo de Trabalho em Políticas Públicas da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs). Os autores examinam conceitos e modelos teóricos, sumariam o conhecimento produzido no Bras
Políticas Públicas estuda o desenvolvimento institucional e o impacto das políticas públicas na área social nas últimas três décadas. Mostra a importância dessas políticas para a melhoria da qualidade de vida nas cidades, e critica as propostas que desde pelo menos fins da década de 1980 buscam diminuir o papel do Estado na área social.
O livro apresenta importantes aproximações na perspectiva de superação da dicotomia objetividade e subjetividade, estrutura e sujeito que tem sido um desafio no âmbito da formação e da intervenção profissional. Reconhece-se cada vez mais a necessidade dar visibilidade ao chão social onde (re) criam lutas sociais no reconhecimento da cidadania estabelecendo nexos intelectivos das vivencias dos sujeitos sociais, a pratica profissional e as analises macrocóspicas. O primeiro bloco aborda as políticas sociais latino-americanas, as modificações dos objetivos da Política de Assistência Social. Seguindo o itinerário das políticas públicas no enlace com sujeitos sociais, os três artigos subsequentes destacam: a família, a mulher, a criança e o adolescente. No segundo bloco enfatiza a subjetividade e a questão social na prática profissional, os movimentos sociais a luz da concepção de sujeitos sociais coletivos, a judicialização da saúde, os dilemas da ressocialização na sociedade capitalista e as vivencias das mulheres portadoras de HIV.
Com o desenvolvimento dos sistemas de proteção social, o conceito de política social se tornou indissociável da noção de cidadania que incorpora os direitos sociais e se materializa por meio de políticas públicas. Sua amplitude, seu conteúdo e sua natureza constituem hoje um aspecto fundamental da ação estatal e objeto de disputas políticas profundas que se expressam nos diferentes formatos que a cidadania social assume histórica e geograficamente. Essa ampliação do escopo das políticas sociais ao longo do tempo não significa, porém, uma evolução progressiva em direção a maior e melhor proteção social.
Reúne alguns dos principais nomes da área de planejamento em saúde no país e apresenta um conjunto rico e diversificado de reflexões teórico-metodológicas, o que resulta em contribuições fundamentais para o incremento da área. Questões como desenvolvimento de estudos e formação de pesquisadores também estão presentes. Dividida em três partes, a coletânea analisa os desafios metodológicos em pesquisas do campo da saúde coletiva; aborda a questão da multidisciplinaridade e de como os estudos em saúde coletiva têm dialogado com outras áreas de conhecimento (como a história, a ciência política, a filosofia, a sociologia, entre outras); e traz reflexões sobre questões tais como o lugar da saúde nas relações internacionais, a promoção da saúde, a produção acadêmica relacionada à gestão do trabalho e da educação em saúde e, por fim, o acesso a medicamentos.
Os movimentos sociais trazem novas questões à sociedade e aos intelectuais. Como funcionam, quais sãos seus objetivos e demandas? Este livro busca respondê-las ao discutir, a partir da Psicologia Política, as práticas de vários movimentos, como: o MST, a Parada LGBT, as Jornadas de Junho, o movimento guerrilheiro, o terrorismo, as políticas sociais e a lesbianidade na mídia.
O livro Ponto-final, de Marcos Nobre, faz uma análise sóbria, cristalina e quente do terremoto político que tomou conta do Brasil. Nos últimos anos, Marcos Nobre se consolidou como um dos analistas políticos mais agudos do país. Seus artigos e entrevistas, publicados de forma regular em diversos veículos da imprensa, iluminam a realidade brasileira com doses generosas de clareza e complexidade. Neste livro, essas qualidades saltam à vista. A pandemia, segundo o autor, acentuou o traço decisivo do governo Bolsonaro: a política de guerra, em que o adversário político se torna um inimigo a ser exterminado. Em sua cruzada autoritária, o atual governante visa nada menos que a destruição da democracia. Como foi possível a eleição de um líder assim? Que tipo de governo ele conduziu até a chegada da Covid-19? O que a pandemia significou para a maneira de fazer política que ele instaurou? Com lucidez e sobriedade, Nobre responde a essas e outras questões. Seu texto é um chamado ao diálogo. "A raiva desmensurada que desperta o escárnio presidencial pela vida precisa encontrar a sua devida canalização institucional democrática", lembra o autor. É preciso encontrar um modo de sair do impasse. Insistir na intolerância contra seus apoiadores é aceitar o desejo de morte que fundamenta o discurso do presidente. E isso apenas fortalece a cultura bolsonarista.
O PT foi o grande vencedor de eleições presidenciais da Nova República, produziu seu líder mais popular e, de certa forma, representa as vitórias e derrotas do Brasil no período. Talvez por isso, também tenha virado o bode expiatório dos defeitos do sistema para parte do público brasileiro. Com prosa brilhante e argumentação rigorosa, o sociólogo Celso Rocha de Barros passa a limpo meio século da história nacional e reconstrói a trajetória da mais amada e mais odiada de nossas agremiações políticas. Para além de esmiuçar as idiossincrasias da legenda, PT, uma história joga luz sobre as possibilidades e os limites da experiência da sociedade brasileira, uma democracia de alta desigualdade, com viés conservador.
Erika Porceli Alaniz demonstra de forma brilhante, e com base num exaustivo levantamento de dados, que a qualificação para a empresa de autogestão é condição para a sua sobrevivência, uma vez que os trabalhadores, ao responderem pela gestão da fábrica, necessitam capacitar-se nos conteúdos que envolvem decisões de cunho administrativo, econômico e político.
Este livro vai na veia de uma das maiores contradições políticas de nossos tempos: diante de um governo que se abre e impulsiona o avanço do agronegócio no Brasil, o movimento social de maior peso em nossa história, cujo objeto de disputa é justo […] o direito a terra, trabalho e liberdade, se esmaece, freia suas intervenções e se vê enredado numa política de conciliação entre inconciliáveis. […] um livro que mapeia o que sempre fomos desde a colonização e o que sempre seremos sob as regras desse projeto societário baseado na ordem do capital, desigual e excludente por natureza […] que traça os nossos retrocessos no avanço, o nosso atraso na modernidade, ou o atraso que a modernidade é. Que nos mostra com clareza e argúcia que a acumulação primitiva é permanente num mundo em que acumular é a regra. Que, por vias indiretas, nos faz notar que a estratégia de encapsulamento e cooptação dos movimentos organizados, ao provocar certo apagamento da perspectiva progressista e, sobretudo, dos tensionamentos políticos por ela engendrados, encaminha o cenário para um recrudescimento do ultraconservadorismo, como, de fato, muito rapidamente se verificou no Brasil. MARISA AMARAL - UFU.
Reatando um fio interrompido: a relação universidade-movimentos sociais na América Latina” se aproxima da inspiração do movimento reformista de Córdoba (1918) ao olhar para atuação de pesquisadores(as)-extensionistas nas fábricas recuperadas, na agroecologia e na habitação popular. Ao mesmo tempo, o livro de Henrique Tahan Novaes se distancia da extensão universitária assistencialista e autoritária que impõe às classes populares uma forma de compreender o mundo e de desenvolver ciência e tecnologia. Este livro é parte do esforço do autor de encontrar, em meio aos escombros, as possibilidades de construção de alternativas tecnológicas para uma possível e desejável sociedade para além do capital.
À medida que a democracia brasileira enfrenta uma crise de legitimidade, crescem as divisões políticas entre cidadãos católicos, evangélicos e não religiosos. O que causou a polarização religiosa na política brasileira? A política religiosa fortalece ou enfraquece a democracia? Religião e a democracia brasileira – Dos bancos das igrejas para as urnas usa anedotas envolventes e se baseia em uma riqueza de dados de pesquisas e experimentos de pesquisa com clérigos, cidadãos e legisladores, para explicar as causas e consequências das “guerras culturais” do Brasil. Embora os partidos políticos criem conflitos de guerra cultural em democracias estabelecidas, no fraco sistema partidário do Brasil, os líderes religiosos, em vez disso, geram divisões. O clero alavanca a política legislativa e eleitoral estrategicamente para promover seus próprios objetivos teológicos e ajudar seus grupos religiosos a competir. No processo, eles geralmente lideram políticos e congregados. Em última análise, a política religiosa empurra a política brasileira para a direita e fragmenta ainda mais os partidos. No entanto, Religião e a democracia brasileira também demonstra que a política liderada pelo clero estabiliza a democracia brasileira e aumenta a representação.
A coletânea de artigos deste livro, fruto da heterogeneidade de inserção dos seus autores no campo da saúde pública, busca refletir sobre o acesso das pessoas em situação de rua aos serviços de saúde bem como da abrangência social que o enfrentamento do crack, álcool e outras drogas por parte de populações em situação de vulnerabilidade social exige. A compreensão dos determinantes sociais e das políticas públicas que configuram esta realidade, a par com o conhecimento da sua face epidemiológica e organizacional, em especial dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) é a contribuição maior trazida pela sistematização e debate das experiências dos Consultórios na Rua apresentados nesse livro
A revolução digital está causando impactos tão profundos sobre a humanidade quanto em outra era causou a Revolução Industrial. O que chamamos de capitalismo tem as suas raízes na industrialização, que envolveu transformações nas técnicas e nas relações sociais de produção, com o trabalho assalariado e o lucro do capitalista, além de um marco jurídico centrado na propriedade privada dos meios de produção. Com a revolução digital ,que envolve uma expansão radical das tecnologias, bem como a generalização da economia imaterial, a conectividade global, o dinheiro virtual e o trabalho precário, a própria base da sociedade capitalista se desloca. Em particular, a apropriação do produto social por minorias ricas, porém improdutivas, já não exige geração de emprego e produção de bens e serviços na mesma escala; ela passa pela intermediação do dinheiro, do conhecimento, das comunicações e das informações privadas. Onde a fábrica imperava, hoje temos as plataformas em escala planetária, que exploram não só as pessoas — através do endividamento, por exemplo, mas também as próprias empresas produtivas, por meio dos dividendos pagos a acionistas ausentes (absentee owners). O presente estudo se concentra precisamente nas transformações ocorridas naquilo que chamamos de modo de produção capitalista. A atividade industrial permanece, sem dúvida, como permaneceu a atividade agrícola diante da Revolução Industrial; mas o eixo de dominação e controle já não está nas mãos dos capitães da indústria, e sim nas de gigantes financeiros como BlackRock, de plataformas de comunicação como Alphabet (Google), de ferramentas de manipulação como Meta (Facebook), de intermediários comerciais como Amazon.(...)
Com um enfoque atualizado e preciso sobre o tema, o título é "fruto da produção híbrida de uma migrante boliviana e trabalhadora do Sistema Único de Saúde e de uma pesquisadora de alto nível no fascinante campo da saúde global". As pesquisadoras abordam a situação atual da mobilidade humana no mundo e da imigração no Brasil, a saúde como um direito humano para as comunidades de migrantes e refugiados, além de resumos sobre as experiência realizadas na Secretaria de Saúde do município de São Paulo, que contemplou rodas de conversas e sensibilização entre gestores e trabalhadores da saúde em unidades com grande fluxo de migrantes internacionais.
Esta obra é um retorno à teoria da democracia e à crítica da economia política de Rosa Luxemburgo, com descobertas reveladoras. A razão antidogmática da autora tem permitido a abertura de caminhos críticos, avessos à ortodoxia, e, dentre eles, o primeiro percorrido aqui discute a relação entre capitalismo e dominação política. Apreensiva com os riscos de autoritarismo na Rússia revolucionária, Luxemburgo reflete sobre a relevância da democracia no socialismo. Com isso, levanta questões sobre a participação de baixa intensidade do Estado burguês e a necessidade de alargar as instituições à maioria popular, como condição de mudança social. O segundo caminho desvela a complexidade da teoria luxemburguista da acumulação do capital. Para a autora, a dinâmica capitalista sempre esbarra em limites que bloqueiam a possibilidade de efetivação do mais valor criado. Para superá-los, recorre a espaços não capitalistas que, violentamente tomados, podem realizar a mais-valia por completo. Nos textos aqui apresentados, diferentes gerações se confrontam com essas duas discussões; ora são críticas, ora entusiastas. O resultado é um reexame consistente que mostra a importância de Luxemburgo para entender as violências do capitalismo, hoje escancaradas entre nós. Nascida de um experimento didático às vésperas do novo autoritarismo brasileiro, esta obra transbordou para análises experimentadas. Uma reunião que reconhece a força de Luxemburgo para o pensamento e lutas sociais. Conforme o chamado de Eduardo Galeano, o sapato de Rosa foi recolhido. E que ele continue a ser recolhido cada vez mais.
Esta obra foi concebida como um diálogo entre as problemáticas que ocorrem no Quebec e aquelas que preocupam o Brasil. Ela apresenta um panorama das questões de saúde dos dois países e às quais todos os países devem responder para que, no século XXI, cada cidadão possa ter acesso aos tratamentos quando deles precisar, e para que a saúde pública seja levada em conta nas políticas públicas.
Cuidadoso trabalho de pesquisa histórica e sofisticada e inovadora abordagem sociológica que esquadrinha as ações da Divisão Sanitária Internacional da Fundação Rockefeller no Brasil, em particular na sua efetiva articulação com os serviços sanitários estaduais, na formação de escolas de saúde pública, na organização de serviços de saúde e na formação profissional ao longo da primeira metade do século XX. Tendo São Paulo como principal foco, a obra também ilumina a trajetória profissional de Geraldo Horácio de Paula Souza, importante sanitarista nacional. A narrativa e interpretação da autora têm implicações muito mais abrangentes do que as instituições e personagens que analisa.
Saúde e previdência: estudos de política social é um trabalho de pesquisa acerca de uma importante área do desenvolvimento social no Brasil, analisada em sua evolução histórica, desde os anos trinta até o presente momento, em que a capitalização de medicina e o sistema previdenciário surgem como grandes temas no debate nacional.
Promove uma reflexão coletiva, envolvendo profissionais especializados de várias áreas, registrando e divulgando os resultados do Seminário de Saúde, Previdência e Assistência Social, realizado pela Fundação Getúlio Vargas.
Uma crÌtica rigorosa quanto –s condiÁies do setor da saËde, identificando os esforÁos adequados para o amadurecimento das polÌticas pËblicas de saËde junto ao fortalecimento das condiÁies de cidadania.
O título do livro 'Sintomas Mórbidos: A encruzilhada da esquerda brasileira', escrito pela socióloga, feminista e uma das youtubers mais radicais à esquerda nas redes, Sabrina Fernandes, remete ao interregno pensado pelo revolucionário italiano Antonio Gramsci na famosa passagem do seu Cadernos do Cárcere: “o velho está morrendo e o novo não pode nascer; neste interregno, uma grande variedade de sintomas mórbidos aparece”. Isso se encaixa como uma luva no Brasil contemporâneo depois do verdadeiro terremoto político causado pelas manifestações de Junho de 2013 e seus ecos. O equilíbrio desequilibrado que sustentava a frágil democracia liberal brasileira, aparentemente, se desfez. Como consequência, temos um perturbador entretempo: de fragmentação das esquerdas e ascensão da extrema-direita — sobre o qual Sabrina Fernandes disserta, por uma perspectiva marxista, apresentando a noção crise de práxis como uma chave para o entendimento do que se passa, ao passo que possibilita (e mira!) na superação da pós-política e da ultrapolítica e na construção de uma utopia concreta e realizável, fator crucial na revolução necessária do nosso porvir.
A autora nos instiga a compreender o processo de construção do Sistema Único de Assistência Social, a partir das relações estabelecidas entre os sujeitos coletivos, o Estado e o partido político. A originalidade da obra está na apreensão do sistema como resultante dessas interações. O livro apresenta três chaves analíticas que contribuem para o estudo das relações socioestatais: a triangulação entre Estado, partido e movimento como atores relevantes para a construção e implementação da política de Assistência Social; os projetos políticos em disputa e compartilhados entre os sujeitos; a identificação de um movimento social na Assistência Social, marcado pela múltipla filiação política.
Comentários à Lei Orgânica da Saúde, depois de 15 anos fora das estantes, é quase uma nova obra pelas mudanças havidas que acompanharam as da lei n. 8.080, de 1990, nove vezes modificada, além das emendas constitucionais que incidiram sobre o artigo 198 da Constituição e da lei complementar n. 141, de 2012. O presente livro renovado em conceitos, compreensão jurídica de institutos do Direito Sanitário, como o da integralidade assistencial, a participação complementar do setor privado ao SUS, a natureza jurídica das ações e serviços de saúde, as emendas parlamentares impositivas, a capacidade judiciária dos conselhos de saúde e ainda aspectos da judicialização da saúde, são temas abordados nesta edição ampliada e renovada.
“Uma das contribuições mais importantes deste livro é a proposta de refundação da esquerda, a partir de um programa efetivamente antissistêmico: democracia direta, gestão coletiva dos recursos públicos, de sistemas de crédito e do patrimônio ecológico, confisco de aparelhos produtivos para serem geridos pelos próprios trabalhadores, salário máximo, restrição do direito à propriedade privada. Só uma esquerda que não tem medo de dizer seu próprio nome, que assume a luta de classes e se identifica com o proletariado como sujeito político com força revolucionária – principal tese da teoria marxista da revolução – será capaz de superar os impasses aos quais nos levou um “reformismo fraco”, que confundiu política com gestão.
Constata-se que a saúde pública passa por tempos turbulentos há muitos anos e a desordem não foi interrompida, quando a temática diz respeito ao seu financiamento. Essa situação exige que se mantenham acesas algumas indagações gerais. Como explicar a existência de impasses no financiamento do SUS? Por que em mais de vinte anos se assistiu a permanência de impasses para financiar uma política pública universal, como a saúde no país? O entendimento sobre os constrangimentos que tem o financiamento da saúde, no desenvolvimento do SUS, é estudado à luz do modo de atuação da dinâmica do capital, sob o comando do capital financeiro, de forma mais precisa, do capital portador de juros, e o seu movimento de pressão sobre a política social em todo o mundo.
Este livro de José Maurício Domingues apresenta uma investigação de fôlego, densa e rigorosa, sobre a configuração da modernidade política, em seus componentes imaginários e institucionais, e de seus desdobramentos, reais e virtuais, que hoje nos atravessam. Sem abstrair dos graves desafios que abalam a existência contemporânea, Domingues desenvolve uma análise acurada dos fundamentos jurídico-políticos e filosóficos da vida política moderna, com o objetivo de compor um diagnóstico do tempo presente – no qual se destacam a crescente oligarquização das estruturas políticas, o liberalismo e o fortalecimento do Estado – que permita a abertura de novas perspectivas de mudança e emancipação social.
Raúl Zibechi é um dos mais importantes pesquisadores das lutas sociais na América Latina, e sua obra expressa uma tradição fundamental do pensamento radical da região, vivamente conectada e vinculada aos territórios e movimentos coletivos. Apesar de sua imensa relevância, apenas uma parte bastante diminuta de sua obra encontra-se publicada em português. A presente coletânea pretende contribuir para começar a sanar essa lacuna editorial no Brasil, mas também fazer reverberar um tipo de intervenção que retoma a hipótese autonomista das lutas, para seguir pensando e caminhando com aquelas e aqueles que resistem em um continente conflagrado pela guerra permanente contra os povos. Não é como intelectual ou ilustre teórico de vanguarda que este escritor, militante e jornalista uruguaio se mostra àqueles que se deparam com seus textos e intervenções. Zibechi nos surge, antes de tudo, por meio dos movimentos que acompanha, por sua cumplicidade junto aos que lutam e pensam com os pés na terra. Trata-se de uma postura que se reflete na forma de seus textos, marcados por uma linguagem direta e aberta, sem academicismos e comprometida com a circulação das questões conforme são formuladas nos contextos em que surgem.
Este livro sério e fascinante sobre a teoria da dependência é uma ótima alternativa às comemorações ufanistas do bicentenário da primeira “transição transada” (expressão de Florestan Fernandes) da história deste país. O leitor é incentivado a caminhar pelas trilhas da teoria da dependência, trajetória que só adquire inteligibilidade quando vista em suas distintas inserções nas lutas anti-imperialistas. Nesta odisseia teórico-política, destacam-se Ruy Mauro Marini, Theotônio dos Santos e Vânia Bambirra. Rodrigo Castelo faz análises brilhantes dos aparelhos de hegemonia, inclusive em universidades de ponta, que foram, no Brasil e em outros países, fundamentais para os diversos momentos do desenvolvimentismo e também para os avanços e recuos da teoria da dependência. Lúcio Flávio Rodrigues de Almeida - PUC SP
Bilionários não deveriam existir. É o que defende o senador norte-americano Bernie Sanders, que, nadando contra a corrente do que ele chama de supercapitalismo, tem dedicado seus anos na política a lutar pela democracia e contra a esmagadora desigualdade de renda que atinge os Estados Unidos. Em Tudo bem ficar com raiva do capitalismo , livro escrito em colaboração com o jornalista John Nichols, Sanders discute como o sistema supercapitalista, alimentado pela ganância descontrolada e rigorosamente comprometido com o lucro, não funciona mais para a nova geração ― e deve ser superado. Ao explorar temas caros à sua trajetória política, como a necessidade de se criar um sistema de saúde público, a gratuidade das faculdades e universidades públicas e o combate às mudanças climáticas, o senador faz um elaborado relato sobre as ações realizadas durante a campanha eleitoral de 2020 contra Donald Trump e a importância da participação de diferentes grupos sociais para a derrota do conservadorismo.
A história da desigualdade de Pedro Ferreira de Souza é uma história dos ricos. Faz sentido olhar para o topo: uma parte imensa da renda está lá. Por essa razão, toda flutuação na renda dos ricos tem um peso desproporcional na evolução da distribuição total. Quando a concentração é muito alta, os ricos conduzem a dança. Conduzem, mas não ditam como deve ser o baile. Este livro encaixa uma peça importante no quebra-cabeças da história econômica brasileira. Com ele, aprendemos sobre quem ganhou mais e quem ganhou menos em quase um século de desenvolvimento. Trata-se do resultado de um trabalho cauteloso, que envolveu uma coleta de dados atenta, selecionou as informações mais precisas e usou as melhores ferramentas, a fim de apresentar a série histórica mais longa e completa sobre a desigualdade no Brasil.
A cuidadosa seleção dos verbetes, sua esmerada tradução e um esclarecedor texto introdutório tornam este um volume indispensável para estudiosos de Filosofia, de Política e de História, e para aqueles que desejam conhecer um pouco melhor o pensamento de uma época que marcou indelevelmente a história cultural do Ocidente.
Considerado seu livro mais inflamado e pessoal, é uma leitura incontornável no campo do pensamento contemporâneo. Do subtítulo – Os poderes do luto e da violência –, o leitor desta pequena obra-prima da filosofia política pode depreender que há um fio condutor que vem atravessando as formulações de Butler desde seus primeiros livros: distribuição desigual do luto público, direito ao luto, vidas enlutáveis, luto como elemento fundamental de constituição de um sentimento de comunidade que se oponha ao individualismo, entre outros. Esses elementos, já presentes em obras anteriores de Butler, tornam-se aqui centrais para um debate tão atual quanto necessário no Brasil de hoje, cujas formas de violência reproduzem os mecanismos que, como percebe Butler, constituem o poder e a violência de tornar certas vidas, sempre as mesmas vidas, precárias.
Derivado de um projeto multicêntrico de pesquisa (CNPq, MCTIC e Decit/SCTIE/MS), o livro desvela vários aspectos centrais do CIS no Brasil, o mais dinâmico componente entre os que compõem a complexa política de saúde brasileira no âmbito público.