Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
Não há mais como negar a importância e a imbricação entre ética e meio ambiente ou entre ética e ecologia. Nesse sentido, a obra pretende contribuir para suprir um déficit teórico relativamente ao mapeamento crítico das principais correntes ideológicas, políticas e filosóficas que procuram responder à pergunta central lançada no título: Qual o valor da natureza? Possuiria a natureza valor meramente instrumental para os seres humanos ou teria ela valor próprio, intrínseco?Essas perguntas formarão a "taxonomia" do debate moral relativo ao valor da natureza e deverão influenciar novas compreensões e novos olhares sobre o lugar que ocupamos no mundo e sobre o que estamos autorizados ou não a fazer com a natureza, afinal, tudo o que é humano é ecológico e tudo o que é ecológico é humano.
Levou Tempo Até Que Gunther Anders Conseguisse Escrever Sobre A Era Nuclear, Tamanho O Choque Que Sofreu Ao Ouvir, Pelo Rádio, A Notícia Do Bombardeio De Hiroshima, Em 6 De Agosto De 1945. Apenas No Início Dos Anos 1950 Consegui Dar O Primeiro Passo, Inseguro, Escreve. Mas Aquilo Que Consegui Produzir Não Passou De Uma Confissão De Minha Incapacidade; Não, Da Nossa Incapacidade De Ao Menos Imaginar Aquilo Que Nós Fizemos Ou Produzimos.
Geografia da autonomia nos permite estabelecer um diálogo-ponte entre as autonomias em Chiapas e muitos dos processos conduzidos pelos povos originários latino-americanos: de Cherán ao Wall Mapu, dos Purépecha aos Mapuche, passando pela Amazônia peruana e brasileira, pelos cabildos nasa e misak no sul da Colômbia e por uma quantidade incalculável de experiências nos mais remotos rincões do continente.
O Problema Central Dos Caminhos De Pesquisa Que Percorri Para Desembocar Nas Ideias Aqui Expostas, Próprio Do Subcampo Da Antropologia Chamado De Antropologia Política, É A Definição De Política. [.] Em Busca De Uma Definição Liberta De Pressupostos Ocidentais De Política Que Abrisse A Possibilidade De Compreensão E Tradução, Cheguei À Definição De Política Como Modo De Operar Coletivos Ou Conjuntos De Princípios E Procedimentos De Juntar E Separar Grupos.
A lógica do conjunto da economia mudou, resultado da revolução digital - tão profunda, a meu ver, como foi a Revolução Industrial mais de dois séculos atrás. É necessário ir além das análises de como o passado se deforma em diversos aspectos, e entender qual é a nova realidade que está surgindo, em termos sistêmicos. Estamos enfrentando um sistema muito mais perverso do que o capitalismo industrial, que era sem dúvida explorador, mas também produtivo. A desigualdade hoje se aprofunda de maneiramais acelerada, e com pouca base produtiva: é um sistema essencialmente extrativo que se dá à custa de uma destruição ambiental cada vez mais catastrófica.
Este livro é um exercício de "imaginação sociológica". Cusicanqui parte da já clássica noção de abigarrado, cunhada por René Zavaleta para descrever a sociedade boliviana como uma combinação de elementos desigual e contraditória, e propõe a ideia dech'ixi, oriunda do mundo indígena, como chave de compreensão de uma contemporaneidade latino-americana imersa em crises. "Por que temos sempre de estar nas disjuntivas de ser pura modernidade ou pura tradição?"
Em A vontade de mudar, bell hooks faz uma sentida declaração de amor aos homens - o que não significa que tenha se esquecido de tecer duras críticas à masculinidade hegemônica, analisando a fundo o abuso, a dominação e a violência exercidos pelos homens dentro e fora de casa. À diferença de outras investigações sobre o universo masculino, porém, aqui a autora considera que o xis da questão não está nos homens em si, e sim no patriarcado - ou melhor, no "patriarcado supremacista branco capitalista imperialista", que, claro, tem sido implementado pelos homens, mas é sustentado também por mulheres, com prejuízos a toda a sociedade.
Esqueça o Antropoceno. As múltiplas intervenções climáticas que nos trouxeram à antessala do colapso não são resultado do fogo prometeico entregue a uma espécie piromaníaca. O aquecimento global é fruto de intervenções antropogênicas no clima, por certo - mas "perceber que as mudanças climáticas são 'antropogênicas' significa compreender que elas são sociogênicas", escreve Andreas Malm. E os combustíveis fósseis estão na base do desenvolvimento dos "negócios de sempre" do capitalismo industrial.
Em Caça às bruxas e capital, Silvia Federici sintetiza sua interpretação da guerra contra as mulheres iniciada pela perseguição às "bruxas" na transição do feudalismo para o capitalismo e atualizada periodicamente ao longo dos séculos, até os dias dehoje, pela incessante violência de gênero e pelos novos cercamentos resultantes do avanço do extrativismo e das políticas neoliberais.
O conflito Israel-Palestina não começou em 7 de outubro de 2023. Ao condenar os horrores perpetrados pelo Hamas, António Guterres, secretário-geral da ONU, lembrou ao mundo que os palestinos têm sido submetidos a “56 anos de uma ocupação sufocante”, desde a vitória israelense na guerra de 1967. Mas as raízes do conflito remontam a muito antes disso, mergulham mais fundo no passado, são anteriores a 1948, quando foi fundado o Estado de Israel.
Este Livro Nasce De Um Truco. O Autor, Chris Van Tulleken, Duvidou Da Hipótese Formulada Pelo Brasileiro Carlos Monteiro. O Médico Britânico Entendia Ser Inviável Que Um Grupo Específico De Produtos Alimentícios Os Ultraprocessados Pudesse Ser Responsabilizado Pela Explosão Global Dos Índices De Doenças Crônicas Não Transmissíveis. Gente Ultraprocessada É, Então, A História De Um Fracasso Pessoal Que Van Tulleken Compartilha Conosco, Com Transparência E Sem Mágoa.
Quando conheci Daniela Fernandes Alarcon, em Brasília, em 2010, convidei-a para vir à aldeia tupinambá da Serra do Padeiro. Na época, estávamos organizando o nosso Seminário de Juventude, e propus que ela participasse. Daniela se encantou pelas paisagens, tomou banho de rio, comemos frutas do pé. Nessa visita, ela falou da possibilidade de realizar uma pesquisa aqui, com o meu povo, para estudar as retomadas de terras, caso nós aprovássemos. A sua proposta de trabalho foi discutida na aldeia, com as lideranças e os outros parentes, e aprovada. Depois, o projeto de pesquisa foi apresentado para a universidade. Nós nunca imaginaríamos a proporção e a repercussão que a sua pesquisa teria. Pensávamos que seria apenas mais um trabalho. Glicéria Tupinambá, no prefácio.
Retorno ao ventre é um apelo a todos nós. Depois de terminar a leitura me vi relembrando as emoções que senti caminhando por essas páginas. A dor e o conforto, sempre a passos leves, mesmo num terreno muito espinhoso. Mas o que não faltou nessa estrada foram raízes fortes e profundas. Jr. Bellé não teve medo de mergulhar na terra. Sua poesia fala de passado, mas inextricavelmente de presente, já que o hoje está amarrado ao ontem, assim como a história do Sul do Brasil não se separa da história Kaingang. É necessário voltar.
Movidas a algoritmos que potencializam discursos de ódio e administradas por bilionários ultracapitalistas muito bem relacionados com a nata do conservadorismo internacional, as redes sociais se tornaram um jardim florido para a extrema direita - e um atoleiro para a esquerda - no Brasil e no mundo. A partir dessa constatação, que hoje em dia não é segredo para ninguém, Paolo Demuru se propõe corajosamente ao arriscado desafio de pensar e propor saídas que comecem por um uso diferente, mais sagaz, das plataformas digitais - já que, queiramos ou não, elas se tornaram o principal espaço de disputa ideológica e eleitoral da atualidade, e não podem ser ignoradas - e deságuem em estratégias de reencantamento com os ideais políticos realmente emancipatórios, sobretudo na dimensão off-line, longe das telas dos smartphones, tarefa da qual as forças progressistas já foram capazes antes de se tornarem tristes defensoras de uma ordem injusta e desigual.
Esta obra não é um livro de história. É um ensaio histórico-sociológico que pretende colocar na mesa dos debates uma tese sobre o lugar e o papel da mineração moderno-colonial na posterior configuração do projeto civilizatório hegemônico, que dá forma à vida social contemporânea. Nossa tese afirma, de maneira simples, que a mineração moderno-colonial foi o detonante fundamental do Capitaloceno. Aqui se procura demonstrar como esse tipo histórico de exploração das "riquezas" minerais da Terra, nascido do empreendimento da invasão e da conquista colonial do "Novo Mundo", desencadeou e motorizou toda uma série de grandes deslocamentos geológicos e antropológicos que desembocaram na grande crise ecológico-civilizatória que hoje paira sobre nossa Mãe Terra e, especificamente, sobre nossa comunidade biológica, os humanos.
O interior do Brasil tem sido objeto da cobiça de colonialistas internos e externos desde a Conquista. Ainda hoje, grileiros continuam a roubar terras na Amazônia, substituindo a floresta por gado e soja para exportação. Mas os povos indígenas e os posseiros resistem. E uma forma de resistência tem sido o combate à produção destrutiva por meio da instalação de reservas agroextrativistas, que reproduzem a vida através da extração duradoura da borracha ou da castanha-do-brasil, entre outras dádivas da natureza. Desde Chico Mendes, assassinado em 1988, há muitos exemplos de resistência popular contra a depredação da Amazônia.
Por trás do fracasso israelense de 7 de outubro, está uma combinação de arrogância hi-tech, calcada na crença de que o aparato de vigilância é impenetrável, com uma cegueira fatal das agências de inteligência diante dos claros sinais de que o Hamas preparava um ataque em grande escala. O fato de Tel Aviv ter sitiado Gaza com um conjunto de cercas, drones e aparelhos de escuta sempre se amparou na ideia delirante de que, cedo ou tarde, os palestinos se conformariam com seu próprio aprisionamento.
Instigados pelo boom das commodities, governos progressistas que chegavam ao poder na América Latina no início do século XXI enxergaram na intensificação da exploração de bens naturais com vistas à exportação uma forma eficaz de enfrentar a crise econômica, e de enfim alcançar o sempre distante objetivo de desenvolvimento de suas respectivas nações. Como nos mostra a socióloga argentina Maristella Svampa neste livro, a consequente intensificação da espoliação da natureza demandada por esse modo de produção logo fez com que, em nome do “progresso” e do “desenvolvimento nacional”, esses mesmos governos não titubeassem em violar direitos humanos e em pôr em risco patrimônios ecológicos.
Alguns assuntos, ainda que passem anos ou décadas, não saem do noticiário. Nem do imaginário. Cuba é um deles. Desde que um bando de barbudos deu início à luta armada que levaria ao sucesso da Revolução Cubana em 1959, a ilha é motivo de debates apaixonados. Entre a utopia e o cansaço busca romper com essa tradição: não a do debate, mas a das paixões. Os 22 textos aqui reunidos complexificam os principais tópicos de discussão sobre a realidade cubana. Homossexualidade, religião, racismo, protestos políticos, participação popular, as Forças Armadas, as reformas econômicas e monetárias, a imigração, as relações com Washington, a nova Constituição, a juventude.
Em busca da comunidade apresenta um rol de perspectivas teóricas criadas no chamado Sul global, com o intuito de superar uma "monocultura de saberes".Fabricio Pereira da Silva analisa o socialismo indo-americano de Mariátegui, os conceitos de negritude e de ubuntu, os socialismos africanos do século XX, a ideia de Bem Viver (sumak kawsay/suma qamaña) e a felicidade interna bruta do Butão. Ao "ilustrar a riqueza das propostas da periferia", o autor nos oferece recursos teóricos outros, capazes de fazer frente à "crise da modernidade, à crise do marxismo ocidental e dos projetos socialistas em chave modernista".
Ao estudar o Renascimento inglês, Pedro Rocha de Oliveira escancarou um fato extremamente atual: o de que a modernidade - que se confunde com o capitalismo, a acumulação primitiva e o progresso - é uma engrenagem que obrigatoriamente precisa de uma população periférica, externa ou interna, que é descartável, isto é, matável. O "populacho" está fora do acordo oligárquico que define uma democracia - que pertence aos experts, aos proprietários, os quais detêm o monopólio da racionalidade.
A vida dos africanos não se limitou à escravização e à destruição de suas formas anteriores de organização social. Ultrapassada a experiência marcante da travessia do Atlântico, milhões de vidas foram reinventadas mesmo sob condições terrivelmente adversas. Novas devoções, formações familiares, línguas, novos alimentos: tudo estava por ser feito nas diferentes formas de resistência mobilizadas para a sobrevivência. E sobreviver era a maior resistência, sem mencionar que o aprendizado da narrativa da própria história em moldes compreensíveis aos interlocutores que se pretendia alcançar era uma prova inegável de vitalidade. […] O autor não se deixou intimidar pela fonte inusitada no ambiente dos historiadores profissionais no Brasil e encarou assuntos sobre os quais autores abalizados pareciam já haver dito tudo, como é o caso dos significados da liberdade para quem os construiu. Enfrentar esses desafios são a prova de maturidade intelectual que Rafael nos dá. Se essa prova serve para habilitá-lo no ofício, o livro também traz ao leitor uma escrita fina, bem construída e prazerosa. Os maus escritores que me perdoem, mas escrever bem é tarefa da qual o historiador não deve descuidar. Leitor, adentre sem medo, que o livro é bonito demais!
O amor foi de fato ridicularizado — não apenas a mensagem para “amar seus inimigos”, da revolução não violenta encabeçada por Martin Luther King, mas também a mensagem de construir amor-próprio, autoestima saudável e comunidades amorosas. Como a busca por poder subsumia a busca por libertação na luta antirracista, havia pouca ou nenhuma discussão sobre o propósito e o significado do amor na experiência negra, do amor na luta pela libertação. O abandono de um discurso sobre o amor, de estratégias para criar uma base de autoestima e autovalorização que reforçasse as lutas pela autodeterminação, proporcionou o enfraquecimento de todos os nossos esforços para criar uma sociedade na qual a negritude pudesse ser amada por pessoas negras, por todo mundo. A difamação do amor na experiência negra, em todas as classes sociais, tornou-se terreno fértil para o niilismo, para o desespero, para a violência terrorista contínua e o oportunismo predatório. Isso tirou de muitas pessoas negras a ação positiva necessária se quisermos nos autorrealizar coletivamente e ser autodeterminados. Muitos dos ganhos materiais gerados pela luta militante antirracista têm tido pouco impacto positivo na psique e na alma de pessoas negras, pois a revolução interior, que é a fundação sobre a qual construímos o amor-próprio e o amor pelos outros, não aconteceu [...]
Em 1964, Paulo Freire foi preso duas vezes pelo 4o Exército. Na primeira, em 16 de junho (aniversário de sua esposa, Elza), foi levado de casa por dois soldados e permaneceu com paradeiro desconhecido por cerca de 24 horas. Oficiais chegaram a negar que Freire estivesse detido, mesmo com sua família tendo testemunhado a prisão. Depois, admitiram que ele estava encarcerado na Segunda Companhia da Guardas do Recife. […] Freire ficou preso por mais de setenta dias, entre junho e setembro de 1964, na Segunda Companhia da Guardas do Recife e na Cadeia de Olinda. Amargou o começo da prisão numa cela solitária, com apenas 60 centímetros de largura e 1,7 metro de comprimento, com “paredes de cimento áspero, [que] não dava para encostar o corpo” , como lembraria mais tarde. […]
Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.