Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
Autora de importantes obras que discutem os ataques ao meio ambiente por grandes empresas e o efeito desastroso de um mau uso do solo, a doutora em física quântica e ativista ambiental Vandana Shiva faz nesse livro uma volta a suas raízes, revendo uma trajetória que acabaria por definir os movimentos em que se engajou.
Com uma visão abrangente, Novaes explora diferentes práticas ecorrevolucionárias, aborda os cercamentos de terra ocorridos ao longo do século XX e XXI, traz como referência autores importantes como Karl Marx e István Mészáros e entrelaça a importância da educação agroecológica em um processo de transformação da sociedade: “A síntese resultante é única em sua fundamentação na luta pela própria terra, combinada com uma visão ampla da mudança ecológica e social revolucionária”, escreve John Bellamy Foster no prefácio da obra.
Sohn-Rethel desenvolve a tese ousada de que a análise marxiana da mercadoria é chave não só da crítica da economia política, mas também da origem histórica do próprio pensamento conceitual ocidental e da divisão entre “cabeça e mão” que dele decorre: “a separação entre trabalho intelectual e manual é tão imprescindível para a dominação da classe burguesa quanto a propriedade privada dos meios de produção.” Ao cunhar o conceito de “abstração real” e reposicionar as discussões sobre ciência, técnica e epistemologia no campo marxista, a obra de Sohn-Rethel apresenta fertilidade duradoura para a filosofia crítica contemporânea, inspirando autores como Slavoj Žižek, Anselm Jappe, Antonio Negri e Giorgio Agamben, entre outros.
Neste livro, Vladimir Safatle oferece uma interpretação original desse fenômeno de “estabilização na decomposição”. O filósofo propõe tirar as consequências da ideia de que nossas sociedades capitalistas avançadas conseguiram organizar-se a partir de uma racionalidade cínica. O resultado é uma obra que repensa as bases do que significa fazer crítica no século XXI. Afinal, se “cinismo” é o nome da decomposição de valores e critérios normativos que pareciam ser o saldo mais valioso de nossas expectativas modernas de racionalização social, então ele traz necessariamente consigo a falência de certa forma de crítica.
“O trabalho que estrutura o capital desestrutura a humanidade. Em contrapartida, o trabalho que desestrutura o capital pode efetivamente reorganizar e emancipar a humanidade.” É com essas palavras que o autor Ricardo Antunes sintetiza Os sentidos do trabalho, lançado originalmente em 1999. Referência nos estudos de sociologia do trabalho, o livro ganha edição comemorativa de 25 anos, com novos textos e nova capa.
Em determinadas intersecções de raça, gênero, classe, sexualidade, nacionalidade e religião a violência se faz mais presente e, muitas vezes, letal. Neste livro, o terceiro que tem como tema central a interseccionalidade, Patricia Hill Collins analisa casos reais de agressão contra grupos ou indivíduos específicos e cita ideias, ações e movimentos de resistência que surgiram como formas de combater o que se tornou um grande problema social.
Os líderes e as massas: escritos de 1921 a 1926, nova obra da coleção Escritos Gramscianos, reúne 34 textos redigidos por Antonio Gramsci entre 1921 e 1926, dos quais 29 são publicados pela primeira vez no Brasil. Os artigos apresentam uma fase do amadurecimento intelectual do pensador sardo e dão continuidade a suas ideias sobre a democracia dos conselhos e a nova ordem que deveria se traduzir na transformação das grandes massas populares.
Democracia para quem? reúne as palestras proferidas de 15 a 19 de outubro de 2019, por três intelectuais do movimento feminista – Angela Davis, Patricia Hill Collins e Silvia Federici –no âmbito do seminário internacional “Democracia em Colapso?”, promovido pelo Sesc São Paulo e pela Boitempo. No livro, é possível tomar contato com reflexões feitas pelas três autoras – referências globais em suas áreas de estudo e de atuação – sobre temas como capitalismo, racismo, desigualdade social, ecologia, entre outros.
Após mais de três décadas de sua produção original, o livro Festas populares no Brasil, de Lélia Gonzalez, chega às livrarias de todo o país pela editora Boitempo. Trata-se do único livro que a pensadora, acadêmica e militante do movimento negro brasileiro, publicou em vida exclusivamente como autora. Escrita em 1987, a obra apresenta registros fotográficos de festas populares do Brasil de norte a sul com textos informativos que apresentam as marcas da herança africana na cultura brasileira, a integração entre o profano e o sagrado e a reinvenção das tradições religiosas na formação do imaginário cultural brasileiro.
Icebergs à deriva: o trabalho nas plataformas digitais, nova obra da coleção Mundo do Trabalho organizada pelo sociólogo Ricardo Antunes, oferece um estudo profundo e multidisciplinar sobre o trabalho nas plataformas digitais e a expansão sem precedentes desse modelo, tanto no Brasil quanto no restante do mundo.
Em A força da não violência, Judith Butler percorre discussões da filosofia, da ciência política e da psicanálise para reavaliar o que chamamos de violência e não violência e o modo como essas duas expressões se tornam intercambiáveis quando colocadas a serviço, por exemplo, de uma perspectiva individualista das relações sociais ou de um Estado no exercício do biopoder. A obra, lançada originalmente em 2020, mostra como a ética da não violência deve estar conectada a uma luta política mais ampla pela igualdade social. A autora rastreia como a violência é, com frequência, atribuída àqueles que são mais expostos a seus efeitos letais. Para Butler, a condição-limite da manifestação da violência se revela quando certas vidas, uma vez perdidas, não são dignas de luto. Expondo os discursos por meio dos quais a desvalorização e a destruição da vida operam, Butler propõe a compreensão da não violência a partir da condição básica da interdependência entre os seres humanos e identifica a não violência como uma prática de resistência à destruição.
Após a consolidação da interseccionalidade como campo de investigação, é necessário que o conceito se torne uma teoria social crítica capaz de abordar problemas sociais contemporâneos e apontar as mudanças necessárias para solucioná-los. Em Bem mais que ideias, a socióloga Patricia Hill Collins apresenta um conjunto de ferramentas analíticas para impulsionar essa mudança.
Em seu novo livro, o psicanalista e professor do Instituto de Psicologia da USP Christian Dunker realiza uma abordagem original sobre o mal-estar, o sofrimento e o sintoma na sociedade brasileira. Unindo teoria social e psicanálise, o autor conclui que a privatização do espaço público transforma a própria vida em formas de condomínio, com seus regulamentos, síndicos, gestores e muros: o sonho brasileiro de consumo elevado a paradigma da forma de vida hegemônica no imaginário nacional. Não por acaso, o caminho escolhido na história brasileira é o de despolitizar o sofrimento, medicalizar o mal-estar e condominializar o sintoma , diz José Luiz Aidar Prado no texto de orelha.Mas os sonhos de condomínio fechado produzem monstros, e é sobre eles que este livro discorre. Com suas estratégias de nomeação e controle de todo tipo de mal-estar, o novo espírito do capitalismo nos impede de reconhecer a aspiração de liberdade presente em toda formação de sintoma. Fazendo um paralelo com a vida em forma de condomínio, Mal-estar, sofrimento e sintoma apresenta um novo sintoma social brasileiro, que sofre do mal que pretende erradicar.A obra, dividida em cinco partes, explora as diferenças na tríade mal-estar, sofrimento e sintoma para muito além da visão funcionalista descritiva das patologias mentais. Para o psicanalista, o sofrimento é indissociável de uma experiência que mobiliza sistemas sociais de valores, narrativas e expectativas fracassadas de reconhecimento. A partir dessa premissa, se aprofunda em como a experiência nacional e suas formas de sociabilidade fornecem quadros de circulação dos desejos e afetos, definindo especificidades das patologias mentais. Dunker se dedica a um impressionante esforço de recolocar o capítulo brasileiro da história da psicanálise no interior de um debate mais amplo a respeito das tensões de nosso processo recente de formação cultural , afirma o filósofo Vladimir Safatle, no prefácio do livro.O ato de diagnosticar tem se tornado uma das atividades mais valorizadas em nossa sociedade: desde as políticas públicas, o terceiro setor e a educação, até a recém-cultura dos coachings, mentorings e head hunters , nossas vidas têm sido cada vez mais pautadas por esse comportamento. No entanto, estabelecer um diagnóstico é também definir um pequeno estado de sítio, uma anomalia, uma desordem que será então objeto de ação clínica, mas também biopolítica. Nossa razão diagnóstica tem definido a fronteira entre mal-estar, sofrimento e sintoma sob a perspectiva de um capitalismo à brasileira. Repensá-la e rever a recepção da psicanálise no Brasil é propor a reconstrução de nossas formas de vida. Dunker o faz a partir de uma arqueologia da psicanálise brasileira em conjunção com uma retomada das teorias de brasilidade , conclui Aidar Prado.
Homens ou máquinas?, nova obra da coleção Escritos Gramscianos reúne 33 textos escritos por Antonio Gramsci entre 1916 e 1920, dos quais dezesseis são publicados pela primeira vez em língua portuguesa. Esta seleção traz artigos de grande importância para entender a particular concepção de Gramsci a respeito da luta de classes, e, mais em geral, para nos encaminhar dentro de anos dramáticos e que culminaram, posteriormente, na ascensão do fascismo na Europa. O problema que encontramos com mais continuidade nas reflexões e nos escritos de Gramsci entre 1916 e 1920 é o de libertar os “simples” da conjunção de heterodireções que impedem a subjetividade autônoma, a independência e a autossuficiência das massas populares. Pondo o tema da “Democracia operaria” como meio e fim das lutas para o socialismo, Gramsci desenvolveu a ideia da estreita relação entre produção e revolução como antítese da delegação passiva aos organismos burocráticos, correlacionando a experiência dos conselhos com o desenvolvimento da luta de classes na Europa. “Como amalgamar o presente e o futuro, satisfazendo as urgentes necessidades do presente e trabalhando efetivamente para criar e antecipar o porvir?”, escreve Gramsci no artigo Democracia operária, sintetizando as reflexões e empenho político que o cercaram durante os anos de 1916 e 1920.
Publicada originalmente em 2010, a obra vendeu mais de 600 mil exemplares e permaneceu na lista de mais vendidos do The New York Times por mais de 150 semanas. O livro desafiou a noção de que o governo Obama assinalava o advento de uma nova era pós-racial e teve um efeito explosivo na imprensa e no debate público estadunidense, acumulando prêmios e inspirando toda uma geração de movimentos sociais antirracistas. A nova segregação ganhou o NAACP Image Award de melhor não ficção em 2011. A edição brasileira tem apresentação de Ana Luiza Pinheiro Flauzina, orelha de Alessandra Devulsky, revisão técnica e notas Silvio Luiz de Almeida. Pedro Davoglio assina a tradução. O sistema de castas raciais nos EUA não foi superado, foi meramente redesenhado , diz a jurista. Ao analisar o sistema prisional dos EUA, Alexander fornece uma das mais eloquentes exposições de como opera o racismo estrutural e institucionalizado nas sociedades ocidentais contemporâneas. Para a autora, o encarceramento em massa se organiza por meio de uma lógica abrangente e bem disfarçada de controle social racializado e funciona de maneira semelhante ao sistema Jim Crow de segregação, abolido formalmente nos anos 1960 após o movimento por direitos civis nos Estados Unidos. Não é à toa que este país possui atualmente a maior população carcerária do mundo (com o Brasil pouco atrás, em 4º lugar, depois da China e da Rússia).
Qual é o sentido da liberdade? Ao longo de décadas de trabalho, a filósofa Angela Davis se dedica a analisar a questão que dá título a este livro e a propor caminhos para extinguir todas as formas de opressão que negam aos sujeitos liberdade política, cultural e sexual. Publicados pela primeira vez em português, os doze textos que compõem o livro foram palestras realizadas por Angela Davis entre 1994 e 2009 e abordam a relação entre neoliberalismo, racismo, opressões de gênero e classe e o fenômeno da expansão da indústria da punição (ou complexo industrial-prisional) nos Estados Unidos. É a partir dessa inter-relação que a autora analisa fatos históricos da sociedade estadunidense, como a guerra no Iraque, o 11 de Setembro, a eleição de Barack Obama, o movimento pelos direitos civis e a importância da luta coletiva – em especial das comunidades negras, LGBTQIA+ e de mulheres – para repensar e ampliar o sentido da liberdade. Apresentando o assunto de forma ágil e acessível, a autora explora a noção radical de liberdade como um esforço coletivo em prol de uma verdadeira democracia, que exige novas formas de pensar e ser. “Para Davis, a liberdade não é algo concedido pelo Estado na forma de lei, decreto ou norma; a liberdade é batalhada, é duramente disputada e transformadora, é um processo participativo que exige novas formas de pensar e de ser”, escreve Robin D. G. Kelly na apresentação.
Pensamento feminista negro, escrito pela socióloga Patricia Hill Collins em 1990, faz parte do cânone bibliográfico dos estudos de gênero e raça nos Estados Unidos. A autora mapeia os principais temas e ideias tratados por intelectuais e ativistas negras estadunidenses como Angela Davis, bell hooks, Alice Walker e Audre Lorde, e assim constrói um panorama do feminismo negro com referências de dentro e de fora da academia.Nesta obra intelectualmente rigorosa, Collins contempla tradições teóricas diversas, como a filosofia afrocêntrica, a teoria feminista, o pensamento social marxista, a teoria crítica e o pós-modernismo. E propõe importantes conceitos para compreender não apenas os mecanismos de opressão das mulheres negras, mas também como essas mulheres desenvolveram conhecimentos e estratégias para enfrentá-los. Sua escrita didática e de fácil compreensão faz de Pensamento feminista negro uma referência obrigatória tanto para especialistas quanto para leitoras e leitores leigos.A Boitempo lança esse marco dos estudos acadêmicos do feminismo negro, inédito em português, com um prefácio escrito pela autora especialmente para a edição brasileira. O texto de orelha é assinado por Nubia Regina Moreira e a quarta capa, por Djamila Ribeiro.
A Boitempo publica pela primeira vez no Brasil Uma autobiografia, de Angela Davis. Lançada originalmente em 1974, a obra é um retrato contundente das lutas sociais nos Estados Unidos durante os anos 1960 e 1970 pelo olhar de uma das maiores ativistas de nosso tempo. Davis, à época com 28 anos, narra a sua trajetória, da infância à carreira como professora universitária, interrompida por aquele que seria considerado um dos mais importantes julgamentos do século XX e que a colocaria, ao mesmo tempo, na condição de ícone dos movimentos negro e feminista e na lista das dez pessoas mais procuradas pelo FBI. A falsidade das acusações contra Davis, sua fuga, a prisão e o apoio que recebeu de pessoas de todo o mundo são comentados em detalhes por essa mulher que marcou a história mundial com sua voz e sua luta. Questionando a banalização da ideia de que “o pessoal é político”, Davis mostra como os eventos que culminaram na sua prisão estavam ligados não apenas a sua ação política individual, mas a toda uma estrutura criada para criminalizar o movimento negro nos Estados Unidos. Além de um exercício de autoconhecimento da autora em seus anos de cárcere, nesta obra encontramos uma profunda reflexão sobre a condição da população negra no sistema prisional estadunidense.
A Boitempo publica pela primeira vez no Brasil Uma autobiografia, de Angela Davis. Lançada originalmente em 1974, a obra é um retrato contundente das lutas sociais nos Estados Unidos durante os anos 1960 e 1970 pelo olhar de uma das maiores ativistas de nosso tempo. Davis, à época com 28 anos, narra a sua trajetória, da infância à carreira como professora universitária, interrompida por aquele que seria considerado um dos mais importantes julgamentos do século XX e que a colocaria, ao mesmo tempo, na condição de ícone dos movimentos negro e feminista e na lista das dez pessoas mais procuradas pelo FBI. A falsidade das acusações contra Davis, sua fuga, a prisão e o apoio que recebeu de pessoas de todo o mundo são comentados em detalhes por essa mulher que marcou a história mundial com sua voz e sua luta.Questionando a banalização da ideia de que o pessoal é político , Davis mostra como os eventos que culminaram na sua prisão estavam ligados não apenas a sua ação política individual, mas a toda uma estrutura criada para criminalizar o movimento negro nos Estados Unidos. Além de um exercício de autoconhecimento da autora em seus anos de cárcere, nesta obra encontramos uma profunda reflexão sobre a condição da população negra no sistema prisional estadunidense.
No ano do centenário de fundação do Partido Comunista Brasileiro (PCB) a Boitempo e a Fundação Astrojildo Pereira relançam um autor fundamental da nossa cultura: Astrojildo Pereira (1890-1965). Crítica impura é uma das cinco novas edições de obras lançadas em vida pelo fundador do PCB. Editado originalmente em 1963, Crítica impura foi o último livro publicado por Astrojildo. Seu conteúdo é uma reunião de textos publicados originalmente em diferentes jornais e revistas e selecionados para compor três eixos temáticos. A primeira parte é dedicada à literatura, com estudos sobre a vida e obra de autores como Machado de Assis, Eça de Queiroz, Monteiro Lobato, José Veríssimo e outros. Nesse momento, pode-se ver a produção que colocou Astrojildo entre os principais críticos literários brasileiros. A segunda aborda a China comunista na qual Astrojildo analisa uma série de relatos de viagens sobre o país asiático feitos durante os anos 1950 e 1960. Apresenta-se, então, um militante comunista atento ao processo revolucionário chinês que havia ocorrido há pouco. O último eixo tem como assunto comum as vinculações entre política e cultura, reunindo textos de intervenção pública que marcaram a trajetória política de Astrojildo em diversos debates centrais do Brasil da metade do século XX. A nova edição conta com uma nova padronização editorial e atualização gramatical. Foram incorporados novos textos buscando enriquecer a experiência de leitura. O prefácio é assinado pela jornalista Josélia Aguiar e a orelha pelo jornalista Paulo Roberto Pires. Tais especialistas conseguiram desvendar diversos aspectos fundamentais da relevância de Astrojildo para o mundo cultural brasileiro no século XX. Um texto de Leandro Konder (1936-2014) sobre a vida e a obra de Astrojildo Pereira foi incluído como anexo. Konder, que foi um amigo pessoal de Astrojildo, apresenta nesse raro texto, editado uma única vez, uma síntese da biografia do personagem, mas não só, destaca também aspectos de sua personalidade, demonstrando o conhecimento íntimo sobre seu objeto. Em outros termos, trata-se de um observador privilegiado.
Ninguém disse que seria fácil, do historiador e militante Valerio Arcary, reúne uma série de artigos escritos ao longo dos últimos anos, período marcado por consecutivas derrotas da esquerda, ascensão da extrema direita e perdas substantivas de direitos da classe trabalhadora. Em 42 artigos curtos, Arcary lança uma importante reflexão à militância socialista, muitas vezes presa às teorias, análises de conjuntura e trabalho analítico e conceitual. Sem se privar da relação com a teoria, os escritos focam outros aspectos da luta como o sentido humano, as relações entre as pessoas e suas contradições, a necessidade de se deixar de lado o individual ante o coletivo. Para o autor, o momento é de levantar tais questionamentos, especialmente diante da ampla vitória do capital e da extrema direita. “Na teia do ser social que constituímos e que nos constitui, avançamos muito na compreensão de suas determinações objetivas, mas nem sempre damos a devida atenção ao problema da subjetividade. Por isso este livro de Valerio Arcary parece-me tão importante. Precisamos conversar sobre a militância, sobre a sensação de isolamento que se segue a uma derrota, sobre o fracionalismo, o embrutecimento, a saúde mental, os valores que nos guiam, os preconceitos, o anti-intelectualismo. Precisamos conversar sobre nós e os outros, os adversários e os inimigos, a classe idealizada e as pessoas reais que compõem nossa classe”, afirma Mauro Luis Iasi no prefácio da obra.
O valor da informação é um estudo inédito e provocador que examina três grandes processos em curso na sociedade capitalista contemporânea: a apropriação do conhecimento pelos direitos de propriedade intelectual, a geração de valor por trabalho não pago dos usuários nas plataformas e redes sociais da internet e a produção e apropriação de rendas informacionais por meio do espetáculo audiovisual, com foco nos grandes campeonatos de futebol. Com a ótica da teoria marxiana do valor-trabalho aplicada à teoria da informação, os autores apresentam temas extremamente atuais e com o mérito de unir uma teoria tradicional e consagrada a práticas absolutamente modernas – um tema já tratado de forma esparsa por outros autores, mas pela primeira vez reunido de forma consistente e aprofundada numa única publicação. Entre outras considerações, é colocada uma questão central para reflexão: a informação é uma mercadoria? Nos três eixos da obra, são expostos os grandes conglomerados empresariais, suportados pelo capital financeiro, que comandam o trabalho de artistas, cientistas e mesmo da sociedade em geral, por meio da apropriação do mais-valor que geram graças à constante troca de informações. “Hoje em dia, não há como negar que a informação foi reduzida a mercadoria e, assim, entendida acriticamente pelo senso comum. Também avançou, nos últimos trinta ou quarenta anos, no conjunto do mundo capitalista, um amplo processo de privatização dos serviços públicos. Nas últimas quatro ou cinco décadas, o capital veio fazendo da informação o alfa e o ômega de suas relações de produção e consumo”, comentam os autores na introdução da obra.
De que forma a pandemia agravou as já abissais desigualdades sociais no Brasil, na América Latina e no mundo? Como o capital se comporta diante de uma crise sanitária dessa magnitude? É possível afirmar que a brutal expansão da covid-19 tem preferência de classe, gênero, raça e etnia? Nesta obra, o professor de sociologia do trabalho Ricardo Antunes apresenta diversos textos escritos nos últimos anos que conceituam o atual estágio do desenvolvimento capitalista, em especial no que se refere aos novos modos de sujeição do trabalho. Seu foco principal é interpretar de que forma a pandemia e a gestão Jair Bolsonaro vêm determinar um capitalismo já em crise. Antunes destrincha diversos temas como a relação da pandemia com as reformas trabalhistas feitas nas últimas décadas, o aumento do desemprego, a constante precarização do trabalho e o afrouxamento dos vínculos empregatícios. Retomando o léxico e uma série de descobertas expostos em seus livros anteriores, o autor nos oferece uma análise da conjuntura em que nos encontramos, com seus vieses de raça, classe, gênero etc., sob o pano de fundo de uma análise marxista dos rumos do capitalismo contemporâneo. Escrito sob o calor dos fatos narrados, sem esconder a indignação crítica de que se alimenta, este livro é uma oportunidade de conhecer as grandes linhas do pensamento de um de nossos maiores intérpretes do mundo do trabalho, aplicado quase em tempo real a nosso sombrio dia a dia. No melhor estilo da prosa dialética, comparecem aqui os terríveis suplícios a que é submetida a classe trabalhadora contemporânea, mas também a visão de um futuro melhor que só pelas mãos dela pode ser construído.
Mais de trinta anos após a publicação das Memórias (1979), de Gregório Bezerra, o lendário ícone da resistência à ditadura militar é homenageado com o lançamento de sua autobiografia pela Boitempo Editorial, acrescida de fotografias e textos inéditos, e em um único volume. O livro conta com a contribuição decisiva de Jurandir Bezerra, filho de Gregório, que conservou a memória de seu pai; da historiadora Anita Prestes, filha de Olga Benário e Luiz Carlos Prestes, que assina a apresentação da nova edição; de Ferreira Gullar na quarta capa; e de Roberto Arrais no texto de orelha. Há também a inclusão de depoimentos de Oscar Niemeyer, Ziraldo, da advogada Mércia Albuquerque e do governador de Pernambuco (e neto de Miguel Arraes) Eduardo Campos, entre muitos outros.Em Memórias, o líder comunista repassa sua impressionante trajetória de vida e resgata um período rico da história política brasileira. O depoimento abrange o período entre seu nascimento (1900) até a libertação da prisão em troca do embaixador americano sequestrado, em 1969, e termina com sua chegada à União Soviética, onde permaneceria até a Anistia, em 1979. No exílio começou a escrever sua autobiografia.
Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.