O livro Corpo com deficiência em busca de reabilitação? A ótica das pessoas com deficiência física tem por objetivo principal discutir o que é Reabilitar. A reflexão sobre o tema considera os testemunhos de Nina, Sérgio e José Roberto, que ao relatarem suas histórias de vida e vivências nos serviços de reabilitação, nos provocam a questionar as premissas epistêmicas e éticas nas quais estão arquitetadas as práticas dessa área no campo da saúde. A proposta do texto é compreender o imaginário social que se tem sobre o corpo com deficiência na nossa sociedade, como a influência positivista e cartesiana se manifesta nas ações técnicas sobre o corpo com deficiência, na organização dos serviços e nos modelos assistenciais de reabilitação. Os depoimentos oferecem pistas valiosas para o rompimento com as propostas organicistas e reducionistas de reabilitação, apresentam sugestões na direção de abordagens que considerem o corpo com deficiência como dotado de desejo e de voz, que é afetado pelos bons e maus encontros, que está em relação com outros corpos e com o mundo de forma política, no sentido espinosano do termo. Trata-se de um livro para profissionais da saúde e da reabilitação, para educadores e para outras pessoas e profissionais que se interessem pelo tema.
A originalidade desta pesquisa está na abordagem do papel do corpo na organização da identidade na esfera da teoria de Wilhelm Reich. A teoria de Wilhelm Reich, embora consistente e densa, não apresenta um corpo teórico especificamente organizado no tema da identidade e da imagem corporal. Assim proponho uma leitura da teoria de Wilhelm Reich na perspectiva energética focando o corpo e a organização da identidade e da imagem corporal. Para poder pensar a organização ontogenética da identidade, a autora se volta para a tese de Wilhelm Reich sobre a interdependência entre a percepção e a consciência. O pensamento funcional, método de pesquisa utilizado por Wilhelm Reich, cuja lógica emerge da operação das funções conduz à compreensão da função do segmento ocular enquanto uma ponte entre a teoria e a pesquisa de campo. A imagem corporal funcionou como um instrumento abstrato e ao mesmo tempo concreto nos trabalhos de fotografia, do espelho e do desenho das figuras humanas aplicados no grupo das adolescentes.
Este livro foi escrito na forma de um manifesto, um convite a estudiosos/ as para pensarem nas implicações de conectar epistemologias e teorias decoloniais e pós-coloniais com discursos emancipatórios, teoria crítica e pedagogia crítica. A partir de históricas de uma identidade gay, dentro e fora dos espaços colonizadores, dentro e fora das universidades, este livro problematiza a formação médica em que determinados corpos importam e outros não, uma vez que sistematicamente se reproduz uma estrutura de violência para todos historicamente marginalizados, minorizados e violentados. Gustavo, Cláudio e Nelson, buscam a utopia da justiça social. Seus textos dialógicos modelam formas de práxis decolonizadoras que empoderam as pessoas ao honrar suas vozes, suas experiências e suas lutas por dignidade.
Corpos, territórios e feminismos finca os pés nos territórios que vêm sendo alvo de projetos extrativistas — terras habitadas por populações tradicionais, cujo modo de vida entra em conflito direto com as diretrizes capitalistas — para entender como os povos estão resistindo à despossessão. Por meio de uma pesquisa militante, as autoras puderam compreender que essa resistência é liderada sobretudo por mulheres. São elas que mais sofrem o impacto da devastação e, portanto, as que mais se dispõem a lutar contra o seu avanço.
Neste 13º título da Coleção Feminismos Plurais, a promotora de justiça Lívia Sant’Anna Vaz apresenta um estudo das cotas raciais no Brasil e do seu impacto no ensino superior e nos concursos públicos ao longo dos dez anos da legislação. A obra rememora o histórico de restrições impostas a pessoas negras no acesso à educação formal e promove a compreensão histórica do racismo e da resistência jurídica de reconhecê-lo como um dos elementos que estrutura as desigualdades brasileiras. Para além de apresentar os desafios para o aprimoramento das cotas raciais e os seus limites na concretização de justiça racial, a autora também salienta a importância dos mecanismos de controle para a garantia da eficácia dessa importante ação afirmativa para o povo negro.
Este livro compartilha saberes de um grupo de pesquisadores de meio ambiente, políticas públicas e economia, que acreditam que o princípio de ciência-cidadã esteja aqui incorporado, não apenas com o objetivo restrito de divulgação científica, mas de transformar todas as pessoas. O livro reúne reflexões dos pesquisadores do Grupo de Economia do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (GEMA-IE/UFRJ)Trata das relações entre a pandemia, políticas públicas, com foco na economia e meio ambiente, e nossa dívida social.
O autor Leonardo Boff fala neste livro sobre a doença que, atualmente, assola a humanidade, e que está definindo, um novo rumo para nossa história. O coronavírus é um contra-ataque da Terra as agressões que vem sofrendo por danos causados pelo homem, mas o autor acredita que ainda há tempo.
Destaca-se na obra um mérito importante, o de posicionar-se de forma clara, aberta e entusiasmada sobre a necessidade da união de todos para o combate ao uso das drogas, sobretudo, o relacionado ao crack. Não interessa o partido que esteja no poder, desde que ele se mostre sensível e com competência para trazer benefícios às pessoas atingidas pelas consequências do uso da droga, louvando a iniciativa de empresas, da mídia e de indivíduos que se integram à campanha de combate às drogas.
A publicação deste livro sobre doenças raras envolvendo narrativas, memórias e trajetórias de cuidado com familiares de crianças e adolescentes com doenças raras constitui um passo importante nas pesquisas que a socióloga e psicóloga Martha Moreira vem desenvolvendo sobre condições crônicas complexas em saúde no Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz. A pesquisa tem o mérito de penetrar na trama das doenças raras a partir de diversos enfoques que consideram tanto a definição do tema, como as memórias e trajetórias de familiares e as pesquisas ações de apoio em desenvolvimento. Dados da Global Genes, organização internacional sem fins lucrativos, demonstram que existe aproximadamente 350 milhões de indivíduos no planeta que manifestam algum dos sete mil distintos tipos de doenças raras. Tais informações confirmam a importância de estudos que organizem as informações sobre as condições de vida e de cuidados destes indivíduos.
m “Cozinha é lugar de mulher?” Bianca Briguglio procura desmistificar o mundo da gastronomia como vem sendo apresentado na mídia hegemônica nos últimos anos. A representação glamourizada do trabalho em cozinhas, baseado na paixão e dedicação de resignados profissionais dispostos a tudo para obter sucesso e reconhecimento. O que a autora revela, baseada em sua pesquisa de doutorado e entrevistas com cozinheiros e cozinheiras, é um cotidiano atravessado por longas e duras jornadas de trabalho, baixos salários, informalidade, rotatividade e, em muitos casos, assédio moral e sexual. A partir de uma perspectiva sociológica que considera as relações de gênero, classe e raça/ etnia, a autora apresenta um panorama sobre a realidade dos profissionais de cozinhas que ultrapassa o ambiente de trabalho, relacionando-se ao trabalho doméstico, ao tempo dedicado à família, lazer e descanso. A extensão da jornada, assim como as condições de trabalho e a necessidade de realizar uma série de outras atividades para gerar renda, tem impacto decisivo sobre as relações pessoais e dentro das famílias, de maneira diferente para homens e mulheres, brancos e não brancos. A masculinização das cozinhas profissionais, um processo histórico que a autora investiga, desemboca em obstáculos e dificuldades adicionais para as mulheres neste segmento profissional, sobretudo as mulheres negras, que se deparam com o machismo e o racismo combinados.
De todos os humanos, o negro é o único cuja carne foi convertida em mercadoria. Aliás, negro e raça têm sido sinônimos no imaginário das sociedades europeias. Desde o século XVIII, constituíram ambos o subsolo inconfesso e muitas vezes negado a partir do qual se difundiu o projeto moderno de conhecimento e também de governo. Será possível que a relegação da Europa à categoria de mera província do mundo acarretará a extinção do racismo, com a dissolução de um de seus mais cruciais significantes, o negro? Ou, pelo contrário, uma vez desmantelada essa figura histórica, todos nós nos tornaremos os negros do novo racismo fabricado em escala global pelas políticas neoliberais e securitárias, pelas novas guerras de ocupação e predação e pelas práticas de zoneamento? Neste ensaio ao mesmo tempo erudito e iconoclasta, Achille Mbembe empreende uma reflexão crítica indispensável para responder à principal questão sobre o mundo contemporâneo: como pensar a diferença e a vida, o semelhante e o dessemelhante?
O envelhecimento da população é um fenômeno universal, sendo que nos países emergentes a velocidade desse processo é mais significativa. No Brasil, em 1950 a população de indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos representava 4,9% do total e a estimativa é que chegue a 23,6% em 2050. Essa população passará a depender cada vez mais de cuidadores e profissionais de Enfermagem para ajudá-la suas limitações físicas e emocionais. "Cuidados de Enfermagem em Geriatria" é ferramenta indispensável para os profissionais de Enfermagem que atuam e pretendem atuar no atendimento dessa população. Para que a assistência de Enfermagem ao idoso seja oferecida com qualidade isenta de imperícia, imprudência ou negligência, esses profissionais devem estar imbuídos de conhecimento científico e detalhado relativo aos cuidados adequados a serem oferecidos a esta clientela. Em virtude disso, o livro traz informações sobre as diversas patologias e os cuidados relacionados ao idoso, abordando desde o envelhecimento cutâneo; catarata e glaucoma; hipertensão arterial sistêmica; doença de Alzheimer; doença de Parkinson; perda de memória; síndrome demencial; acidente vascular encefálico; insuficiência cardíaca coronariana; doença pulmonar obstrutiva crônica; aterosclerose; nefropatia diabética; câncer de próstata; osteoporose e osteomalacia, até o cuidado em assistência ambulatorial para o idoso portador de DST, como a AIDS.
Esta obra se inscreve no campo de discussão sustentado pelo o Núcleo de Investigação das Subjetividades Contemporâneas (NISC-EMED-UFOP), grupo que se dedica a desenvolver ações de pesquisa e de extensão em torno de questões relacionadas às sexualidades e aos gêneros no contexto das práticas em saúde. Nela, relatos de experiências de cuidado voltado para pessoas trans no território mineiro refletem não só o compromisso das autoras e dos autores com o diálogo interdisciplinar nos processos de formação de profissionais de saúde, mas também o desejo de construção de realidades menos violentas nas quais as diferenças possam, de fato, circular.
Os temas da publicação priorizam a melhoria da qualidade de vida do idoso e estimulam a sua autonomia e independência, além de desenvolverem uma mentalidade preventiva no sentido de se evitarem danos à saúde do idoso. Os artigos contribuem para que o cuidador seja capaz de desenvolver ações de ajuda naquilo que o idoso não mais pode fazer por si com o maior sucesso possível. Tentar melhorar e garantir a qualidade de vida é também um dos principais objetivos deste livro. Os leitores terão à disposição, na realidade, um manual de consulta e leitura que os ajudará a resolver dúvidas de como se deve cuidar do idoso de uma maneira informal e voluntária ou formalmente por profissionais que executam atendimento e cuidado sob a forma de prestação de serviços.
É impossível ler bell hooks e não sair da zona de conforto. O estudo de sua obra pode acender em cada pessoa uma chama, uma disposição a correr o risco de imaginar possibilidades subjetivas e comunitárias para além do patriarcado capitalista supremacista branco, possibilidades de contato genuíno com a alteridade. Se esses sistemas interligados de opressão normatizam modos de vida automáticos e apáticos, reproduzindo lugares sociais já sedimentados, as provocações de hooks nos estimulam a assumir uma presença viva, criativa e apaixonada, almejando construir novos modelos de existência — e uma cultura fora da lei.
O livro Curar-se do álcool: antropologia de uma luta contra o alcoolismo, da antropóloga francesa Sylvie Fainzang, é uma contribuição significativa para os estudos do álcool e do alcoolismo. Fainzang empreende um estudo etnográfico da luta contra o alcoolismo travada por aquele movimento, caracterizado como uma verdadeira "cultura da abstinência", ou seja, um sistema de valores específicos relativos à gestão do alcoolismo para pessoas que se consideram doentes.
Nesta obra, a autora analisa a interlocução entre consumo patológico e consumo patogênico de álcool, tendo como campo de ação-pesquisa 12 anos de trabalho direto e 6 de labor indireto em uma empresa de petroquímica brasileira.
Este livro é resultado de um esforço para resgatar as ideias de Josué de Castro 75 anos depois da publicação de sua obra-prima, Geografia da fome, justamente num momento em que o país volta a enfrentar as formas mais graves da insegurança alimentar e nutricional. Em 26 artigos e uma linha do tempo, e em permanente diálogo com o intelectual pernambucano, Da fome à fome oferece um panorama multidisciplinar sobre esse flagelo na tentativa de responder a uma pergunta absurda: por que uma potência agropecuária mantém 33 milhões de pessoas sem comida na mesa enquanto exporta toneladas e mais toneladas de grãos e carnes todos os anos? Como se verá nestas páginas, a questão é essencialmente política. Por isso, Da fome à fome é leitura obrigatória para quem está estarrecido com a carestia brasileira do século xxi e deseja compreender o problema para além do discurso fácil e falacioso do agronegócio.
Este Da pediatria à psicanálise, de Donald W. Winnicott, volta-se mais diretamente aos profissionais ligados ao cuidado de bebês e crianças: pediatras, enfermeiras/os e psicanalistas. Nesta reunião de artigos, que acompanha o percurso de Winnicott da pediatria à psiquiatria e ao nascente campo da psicanálise infantil, é possível observar o diálogo entre essas diferentes perspectivas tomando corpo nas ideias e na prática de Winnicott, e apreciar as diferentes modalidades de escuta que o psicanalista e pediatra foi concatenando ao longo de sua carreira. Winnicott passou a observar e a escutar as crianças que vinham a seu consultório não tanto com um estetoscópio como com a disposição para depreender de brincadeiras conflitos e angústias que não eram verbalizados.
A indústria do sexo é uma fonte inesgotável de drama lascivo para a grande mídia. Nos últimos anos, assistimos a um pânico generalizado em relação aos “distritos da luz vermelha online”, que supostamente seduzem mulheres jovens e vulneráveis para uma vida de degradação. A tendência atual de escrever e descrever experiências reais de trabalho sexual alimenta uma cultura obcecada pelo comportamento das profissionais do sexo. Raramente esses relatos temerosos vêm das próprias trabalhadoras, e nunca se desviam da posição – comum entre feministas e conservadoras – de que essa indústria deve ser abolida e as trabalhadoras devem ser resgatadas de sua condição. Dando uma de puta desmantela os mitos generalizados sobre o tema, critica ambas as condições dentro da indústria do sexo e sua criminalização, e argumenta que separar esse trabalho da economia “legítima” só prejudica aqueles que realizam trabalho sexual. Aqui as demandas das profissionais do sexo, por muito tempo relegadas às margens, ocupam o centro do palco: o trabalho do sexo também é trabalho, e os direitos das profissionais do sexo são direitos humanos.
Das Cores do Silêncio, primeiro lugar do Prêmio Arquivo Nacional de Pesquisa no ano de 1993, foi publicado pelo Arquivo Nacional em 1995, com uma segunda edição em 1998. O livro lançou novo olhar sobre a trama e o drama da Abolição e do Pós-Abolição, tendo por foco as aspirações de liberdade da última geração de africanos escravizados nas lavouras cafeeiras do Sudeste e de seus descendentes diretos. As fronteiras fluidas entre escravidão e liberdade, examinadas quase ao microscópio no trabalho, iluminam um processo específico de racialização pelo avesso, associado às primeiras definições do cidadão brasileiro como portador de direitos civis e políticos.
Mais de trezentos anos de escravidão legaram ao Brasil uma sociedade em que racismo se infiltra no cotidiano das maneiras mais perversas. Do lápis de pintar usado na escola aos termos com os quais as pessoas se auto definem, resultante da gama de tons que a mestiçagem - reconhecida ou não - produz, a beleza da cor e da diversidade só agora começa a ser notada.
Este livro trata da origem, do crescimento e das transformações de um segmento operário brasileiro que, pelo significado da sua produção no cenário nacional e internacional, tornou-se um caso exemplar das mudanças sociais e econômicas do país nos últimos 60 anos. A abordagem antropológica deste livro centra-se na ótica dos trabalhadores sobre todo esse período em que constroem e são construídos pela Vale. Narra passo a passo a origem, a constituição, o crescimento e a organização desse segmento de trabalhadores.
Uma das ensaístas e feministas mais relevantes da atualidade, Rebecca Solnit examina os principais temas que permeiam o debate contemporâneo — do assédio sexual à crise climática. Quem escreve as narrativas de nossos tempos? Em cada debate, uma batalha está sendo travada: de um lado, mulheres e pessoas não brancas, não binárias e não heterossexuais finalmente podem contar a história com sua própria voz; de outro, pessoas brancas — sobretudo do gênero masculino — se apegam às versões de sempre, que contribuem para manter seu poder e status quo. Em vinte ensaios atualíssimos, a autora de Os homens explicam tudo para mim e A mãe de todas as perguntas avalia essas discussões, por que elas importam e quais são os desafios que temos pela frente.
Democracia para quem? reúne as palestras proferidas de 15 a 19 de outubro de 2019, por três intelectuais do movimento feminista – Angela Davis, Patricia Hill Collins e Silvia Federici –no âmbito do seminário internacional “Democracia em Colapso?”, promovido pelo Sesc São Paulo e pela Boitempo. No livro, é possível tomar contato com reflexões feitas pelas três autoras – referências globais em suas áreas de estudo e de atuação – sobre temas como capitalismo, racismo, desigualdade social, ecologia, entre outros.
Comentário do Pe. Paiva (Raul Pache de Paiva, SJ) diretor de redação da revista Mensageiro do Coração de Jesus, uma publicação de Edições Loyola Numa sociedade em que a vida se prolonga e a família se fragiliza ou se desfaz, pensar eticamente a problemática do idoso como o faz o autor, pode ser de grande enriquecimento para os nossos professores, estudantes de filosofia, sacerdotes e religiosos, além dos que assumem, de um modo ou de outro, o cuidado dos idosos. O autor é professor doutor de Filosofia e fundador do departamento de Bio-ética da Universidade de Cleveland/USA. Pensar problemas, mesmo num círculo aparentemente restrito, como o será, sem dúvida, o dos leitores deste livro, é encaminhar, de algum modo, soluções. Mais informações sobre o livro Contra-capa Respeitar a autonomia de idosos incapacitados é uma questão ética muito importante para os provedores de cuidado de longo prazo. Neste livro, George Agich abandona cômodas abstrações para revelar as ameaças concretas à autonomia das pessoas nessa fase da vida, em que conflitos éticos, dilemas e tragédias são inevitáveis. Afirma o autor que conceitos liberais de autonomia e de direitos individuais são insuficientes, e oferece um conceito de autonomia que se equipara às realidades de cuidado de longo prazo. O livro expõe, portanto, uma estrutura de apoio para que enfermeiras possam desenvolver uma ética de cuidado de longo prazo dentro do ambiente complexo no qual muitos idosos dependentes se encontram. Publicado anteriormente como Autonomy and Long-term Care, esta edição considera trabalhos recentes e desenvolve as visões de George Agich sobre o significado da autonomia no mundo real. O autor escreve com paixão e interesse sobre o assunto, associando uma abordagem culta e fenomenológica à ética e identidade pessoal, com consciência das necessidades de idosos vulneráveis e seus enfermeiros. O livro é de grande interesse para bioéticos e profissionais da saúde.
Os resultados da pesquisa empírica da autora deslocam os sentidos e significados do sofrimento mental na infância, que muitas vezes, ficam restritos aos consultórios e serviços de saúde. O seu estudo busca compreender o fenômeno da depressão para além dos discursos médico e adulto, numa abordagem socioantropológica dos problemas mentais na infância. Texto extraído da apresentação de Aurea Ianni da Faculdade de Saúde Pública da USP.
Secas, inundações, escorregamento de terras, derramamento de óleo, rompimento de barragens e pandemia de Covid-19. Todos esses eventos fazem parte de um conjunto de desastres - causados pelos mais diversos fatores - enfrentados pela população brasileira. Desastres: velhos e novos desafios para a saúde coletiva, livro que integra a coleção Temas em Saúde, amplia os debates sobre essas ocorrências.
Fruto de quase uma década de pesquisa, Desejos digitais é uma obra sem precedentes. Inserida na sociologia digital, com ênfase nos estudos de sexualidade e gênero, a pesquisa de Richard Miskolci parte da construção do sujeito movido pelo desejo para analisar como a busca por parceiros sexuais (e/ou amorosos) na internet, mais precisamente entre homens, se insere no contexto social contemporâneo e com ele se relaciona. Influenciado principalmente pelas ideias de Eva Illouz, Eve K. Sedgwick, Judith Butler e Michel Foucault, Richard concentra sua pesquisa na primeira geração de homens que buscaram na internet uma forma de vivenciar o próprio desejo com mais segurança e discrição. Desejos digitais nos ajuda a compreender como a tecnologia tem transformado o ser humano e suscitado questões cada vez mais urgentes à sociologia e à psicanálise.
Partindo da análise de movimentos de protestos sociais contemporâneos, sobretudo brasileiros, e questionando a ideia de que a explicação do mundo do trabalho pela teoria marxista está superada, esta coletânea busca ampliar a compreensão das relações de classe e dos movimentos sociais, assinalando como, ao lado de movimentos sindicais organizados e atuantes, se constituem outras formas de participação e reivindicação que não se vinculam a essas entidades mas que se encontram em um contexto de luta de classes.
Estima-se que os países em desenvolvimento absorverão de 75% a 80% dos custos relacionados a danos causados pela mudança climática. Essa nações não podem ignorar a mudança climática, nem agir de forma isolada. Assim, são urgentes medidas para reduzir a vulnerabilidade e fixar as baes da transição para o crescimento econômico com baixa emissão de carbono.
Este livro analisa o desenvolvimento sustentável do seu surgimento até o momento atual que tem na Agenda 2030 sua aposta mais ambiciosa e que resultou de um acordo com 193 Estados-membros da ONU. O livro apresenta os pontos centrais da Agenda e como eles se relacionam com a evolução e consolidação dos entendimentos sobre desenvolvimento sustentável. Também discute a sua adequação à realidade brasileira. É uma leitura imprescindível para quem deseja participar dessa grande transformação.
Este livro chega ao Brasil em um momento particularmente fecundo para o enfrentamento dos muitos problemas que Butler aponta: esta tem sido uma época especialmente desfavorável para mulheres, homossexuais, lésbicas e pessoas trans, com índices de violência impressionantes. Autora incontornável no que diz respeito às reflexões sobre formas de segregação, Butler está “desfazendo” o conceito de gênero como único e exclusivo recorte para análise das injúrias e violações a que as chamadas “pessoas dissidentes de gênero” são submetidas.
Paixão, namoro, casamento, fertilização in vitro, gravidez de gêmeos, parto. Se você leu Mama (2019), livro de estreia de Marcela Tiboni, já conhece a história de amor vivida por Mel e Marcela. Mas o que acontece depois que as duas mães chegam da maternidade com os bebês recém-nascidos? Este livro parte do nascimento de Bernardo e Iolanda para narrar o cotidiano da família, dos primeiros dias dos bebês até o desmame – tudo isso vivido em meio a uma pandemia. E mais: divididas em décadas, narrativas paralelas resgatam memórias da infância, adolescência e juventude da autora. Em Desmama, Marcela Tiboni reafirma sua escolha de viver a maternidade de forma aberta e inclusiva, quebrando mais uma vez o tabu da maternidade homoafetiva para contar a história de seu maternar ao lado de outra mulher.
Esta obra evoca uma discussão sobre as desigualdades, as iniquidades e a violência social entranhadas na realidade brasileira e expressas na situação de encarceramento. A questão da saúde é analisada em conjunto com o contexto social dos presos e as condições ambientais do encarceramento. Por meio de entrevistas, pesquisas, avaliações e observações, os autores buscam compreender o funcionamento do sistema prisional do Rio de Janeiro. A coletânea apresenta as condições sociais e de saúde dos presos e discute de que forma o ambiente das unidades prisionais impacta a saúde e a qualidade de vida dos detentos. Mostra, ainda, que o antes, o durante e o depois da prisão estão entrelaçados. Há “uma linha de continuidade entre o fora e o dentro da prisão, tanto nas condições sociais como no que afeta direta e indiretamente a saúde física e mental dos detentos, de seus familiares e até de seu entorno comunitário além de se evidenciarem ações que poderiam contribuir para que a vida no cárcere não fosse apenas castigo, dor e perpetuação da exclusão social”, afirma a socióloga Julita Lemgruber, responsável pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes. “A leitura deste livro passa a ser obrigatória para todos os que atuam no sistema, militam em direitos humanos e apostam na construção da democracia brasileira.”, completa, no texto da quarta capa do livro. O objetivo é que promotores, integrantes da Defensoria Pública, gestores e demais profissionais envolvidos com o sistema prisional encontrem neste livro conhecimentos que contribuam para sua atuação.
Nos ensinaram a obedecer. Nos ensinaram a obedecer sem nunca nos perguntar se concordávamos com as regras ou se desejávamos qualquer coisa relacionada a elas. Nos ensinaram a abolir nossos desejos para sermos respeitadas. A pautar nosso valor pelo olhar do outro. A nos largar pelo caminho para construir e cuidar a vida dos que nos rodeiam. Nesse caminho imposto, não sobra nada nosso. Não sobra a gente. Para interromper esse percurso, é preciso desobedecer às regras, as que não foram criadas nem pelas mulheres, muito menos para as mulheres. Em Desobediência, Iana Villela, uma “desobedecedora” de regras, navega por fatos cotidianos e nos leva a refletir sobre o papel da mulher na sociedade contemporânea.