Considerado um dos pais da sociologia brasileira contemporânea, Guerreiro Ramos (1915-82) foi um dos pensadores de maior renome no país nos anos 1950 e 60. Foi também professor, ensaísta, servidor público, poeta, teórico da administração e político. Contraditório e polêmico, Guerreiro acabou sendo marginalizado e apagado do cânone das ciências sociais do Brasil por sua independência de pensamento e personalidade combativa. Negro sou é uma seleção de textos sobre a temática étnico-racial escritos pelo autor entre 1949 e 1973 — muitos inéditos em livro —, que contemplam sua complexa relação com a tese da democracia racial no país, a participação ativa no Teatro Experimental do Negro e seus estudos precursores sobre branquitude e decolonialidade.
É inegável a contribuição do livro de Ivo de Santana para a compreensão da mobilidade social de pessoas negras no setor público. Carlos Hasenbalg insistia na importância de realizarmos pesquisas nessa área, e o autor parece que ouviu o seu apelo, ao escrever um livro fundamental para a compreensão de dinâmicas sociais que caracterizam a mobilidade social dos negros no Brasil. O pioneirismo dessa obra contribui para minimizar a lacuna ainda existente nos estudos sobre a ascensão social dos negros, uma produção considerada pequena comparada aos estudos sobre as desigualdades raciais no país. O trabalho de Ivo é fundamentado em entrevistas realizadas com profissionais que exerciam postos de alta direção em instituições do serviço público com o intuito de entender as narrativas sobre os processos de mobilidade na perspectiva dos próprios agentes. Independente do êxito profissional dos entrevistados, que exercem as funções de diretor(a), superintendente, reitor(a), desembargador(a), juiz(a), corregedor(a), ou delegado(a), o autor mostra que eles são submetidos a práticas cotidianas racistas, ainda que tenham subvertido a lógica que delega aos negros os piores lugares na hierarquia social capitalista. O livro surpreende, ao apresentar narrativas que falam de indivíduos particulares, mas, ao mesmo tempo, falam de cada um/a de nós, e o próprio Ivo se coloca na condição de quem vivenciou similar processo de mobilidade, e como esta experiência foi determinante no processo da pesquisa.
Anarquismo e operariado no Brasil Quarta edição revista e ampliada de um livro fundamental para pesquisas na área de história do trabalho e no campo das culturas entre operários. O livro desenvolve uma discussão crítica das contradições e problemas da existência de uma política cultural anarquista no Brasil, e estuda a presença cultural do proletariado e das correntes libertárias no panorama literário pré-modernista da sociedade brasileira, mostrando os laços orgânicos entre a literatura social e o anarquismo.
Fundamentada em pesquisa sobre o aumento da inserção de adolescentes no universo do tráfico de drogas, esta obra oferece uma análise histórica sobre as razões que levam ao envolvimento dos jovens com o ´mercado de drogas´, especialmente no Rio de Janeiro. A proposta teve como diferencial o fato de ter sido elaborada com base no processo de avaliação do Sistema Aplicado de Proteção, cujo objetivo foi gerar condições socioeconômicas que impedissem a reincidência e favorecessem a reestruturação e o fortalecimento dos vínculos familiares de jovens que cumpriam medidas socioeducativas. A riqueza contida na experiência desses jovens é expressa nos vários depoimentos colhidos.
Baseando-se em reflexões sobre a infância Guarani, este livro dedica-se a pensar sobre o quanto processos de ensino e aprendizagens infantis, vivenciados fora da escola, podem contribuir para planejamentos docentes mais pautados em teorias indígenas do conhecimento. A partir de pesquisas realizadas junto a uma comunidade Mbya-Guarani na região central do Rio Grande do Sul, discute-se a ideia de campo da educação escolar indígena, pontuando as relações entre noção de pessoa, território, interculturalidade e gestão educacional.
Christina Sharpe desvenda, aqui, os vestígios das memórias negras escondidas numa história predominantemente branca. Por meio de poemas, de obras de arte, cinema e arquitetura, bem como de memórias individuais e familiares, a autora evoca os vestígios do sistema escravista na vida de pessoas negras e em toda uma sociedade moldada para desconfigurar seu sofrimento. Em diálogo com escritoras como Toni Morrison e Saidiya Hartman, Sharpe desenterra um passado colonialista ainda impregnado nas relações sociais, nos laços familiares e em nossa própria subjetividade. Ao evidenciar mecanismos de exclusão que perduram e servem de base para um sistema que lucra com os diversos tipos de violência contra corpos considerados desimportantes, Sharpe ressalta a urgência de um trabalho coletivo de vigília, lembrança e cuidado para a construção de um espaço que não reproduza estigmas e que permita o reconhecimento das feridas ainda abertas da escravização negra.
Os assim chamados ‘doentes alcoólicos’ produzem continuamente falas sobre eles mesmos, não apenas porque o alcoolismo é um problema das sociedades contemporâneas, mas também porque as associações de ‘adictos’, tais como os Alcoólicos Anônimos (A.A.), são um fenômeno em franco desenvolvimento que, a cada dia, desafia as ciências sociais e médicas. A obra trata do modo como os integrantes de grupos de mútua ajuda de A.A. vivem e gerenciam a chamada doença alcoólica e como lutam contra as recaídas
Este livro caracteriza a violência, sobretudo o abuso sexual contra crianças e adolescentes. Identifica-se que a violência contra crianças e adolescentes acompanha a trajetória da humanidade desde os mais antigos registros. Inumeráveis são as formas pelas quais se expressa, adaptando-se às especificidades culturais e às possibilidades de cada momento histórico.
O que aconteceu com as mulheres no século XX e o que está acontecendo no XXI? Essas são questões que as autoras– pesquisadoras das áreas de História, Ciências Sociais, Educação e Direito, de todo o Brasil – respondem neste livro. Então, é uma obra de especialistas, feita para a universidade? Nada disso. Ou melhor, sim, mas não apenas. Destina-se a homens e mulheres que acreditam que compreender as relações sociais por meio da História contribui para melhorar o entendimento entre as pessoas. Estudantes, professores e pesquisadores se beneficiam de uma obra abrangente e atualizada sobre o assunto. Responsáveis por políticas públicas encontram aqui material para ajudar a executá-las. Ativistas, militantes de movimentos sociais, feministas e ONGs podem, com este livro, alicerçar melhor suas demandas. Jornalistas e profissionais das áreas do Direito, Saúde e Educação ganham subsídios para desenvolver com mais qualidade o seu trabalho. Um livro para todos os públicos.
"Neste livro o leitor encontrará uma extensa revisão bibliográfica de 2.477 textos publicados entre 2001 e 2013 (artigos, dissertações e teses) sobre violência e saúde. [...] O trabalho acompanha a construção intelectual do tema no Brasil e no mundo e realça pontos convergentes, divergentes, continuidades, rupturas e lacunas. Nele o leitor encontrará uma leitura crítica sobre um objeto construído progressivamente dentro do campo da saúde. A obra dá continuidade a duas revisões anteriores realizadas pelo mesmo grupo. A primeira ocorreu em 1990; a segunda, em 2003. Esta terceira revisão se mostra a mais aprofundada, vasta, complexa e analítica."
Este livro é uma importante contribuição para a produção de novos conhecimentos que estão transformando nossa compreensão do passado e do presente do Brasil. Como uma importante intervenção política dentro da academia, ele pode inspirar muitos outros trabalhos que podem nos contar ainda mais sobre a diversidade de experiências de pessoas LGBTQI+ em diversos momentos históricos e lugares do Brasil. Conhecimento é poder. Aprender e nos sentir conectados a uma infinidade de experiências que são semelhantes e diferentes das nossas pode nos ajudar a entender nosso lugar social. É uma conscientização que é também um instrumento de transformação social.
Este livro propicia aos pesquisadores e aos interessados em geral um estudo abrangente e cuidadoso sobre a polêmica questão da conjugalidade homossexual no Brasil contemporâneo. Trata-se, sem dúvida, de um trabalho valioso e oportuno: tomando como ponto de partida o Projeto de Lei Federal nº 1.151/1995, ele lança luz sobre as origens parlamentares e o desenvolvimento, no Congresso Nacional, dos debates sobre a regulação e o reconhecimento jurídico das uniões entre pessoas do mesmo sexo. Por meio de uma análise dos debates na Câmara dos Deputados, que abrange todas as fases pelas quais passou o projeto, o autor contextualiza a argumentação parlamentar em favor e em oposição ao projeto. Revela, além disso, como e por meio de quais atores foi conduzida ao Parlamento a voz da sociedade civil. Todo este quadro é acrescido da análise conceitual do pano-de-fundo donde brota toda essa disputa legislativa: a emergência de novas famílias que desafiam o heterocentrismo familiar, realidade que, ao mesmo tempo em que enfrenta posturas recorrentes de intolerância religiosa, depara-se com os discursos familistas acionados por muitos grupos homossexuais. Este trabalho sério e competente, portanto, não só vem em boa hora, como também oferece aos seus leitores material e reflexão sobre um dos temas mais recorrentes e polêmicos na luta pela afirmação da democracia, da diversidade e do pluralismo entre nós.
Mostrando diferentes facetas das transformações ocorridas no campo da reproducao humana, as reflexões e posicionamentoscr;itico mostram embates cujas redes entrelaçam direitos individuais e coletivos, direito de gerações futuras, benefícios e riscos, princípios éticos, legislações e aspectos culturais.
Essas apreciações marcam de alguma forma a passagem para o outro Lacan, outro daquele que se apresentava sob o signo inicial da palavra e da linguagem, o Lacan que se revela no fim de seus Escritos sob o nome de objeto a.(m3/23julh2014)
Esta obra inova por oferecer ao leitor diversos olhares sobre o tema ambiental unindo o direito ambiental às ciências da Terra. Destaca-se por incorporar a multi, a inter e a transdisciplinaridade necessárias para efetivação da legislação ambiental, a qual deve ser elaborada a partir do conhecimento e da assimilação dos conceitos das ciências da Terra. Seu pioneirismo está em articular os temas por meio de um conjunto de 24 capítulos de renomados autores, professores membros de grupos de pesquisa nacionais e internacionais, que demonstram e revelam a interconexão e a interdependência entre temas tão sinérgicos.
As pesquisas apresentam formulações econômicas, fundamentadas em dados, e análises empíricas que revelam a origem da discriminação racial no Brasil, abordam tópicos diversos que passam por temas como renda, mercado de trabalho, educação, saúde, desenvolvimento econômico e representação política, além de novas possibilidades de políticas públicas para a criação de uma sociedade mais justa e equitativa. Com novas contribuições e perspectivas para o entendimento das desigualdades raciais no Brasil e a apresentação da complexa relação entre economia e racismo, esta obra é essencial para estudantes, pesquisadores, formuladores de políticas e todas as pessoas interessadas em compreender e combater a persistente desigualdade racial que desafia o Brasil. Um problema que não pode mais ser ignorado.
Nos cursos da área de Ciências Agrárias, como Engenharia Agronômica, Zootecnia e Engenharia Florestal, o tema “nutrição de plantas” exerce um papel fundamental no conhecimento das funções dos nutrientes na vida das plantas e, consequentemente, na produção agrícola, na qualidade dos produtos colhidos e na relação com o ambiente. Em seu estudo, Renato de Mello Prado abrange, de forma didática, várias facetas do assunto, desde os primórdios até os dias atuais, incluindo bibliografia atualizada e relatos da experiência do autor. Avalia ainda, de forma objetiva, as perspectivas da Nutrição de Plantas para a produtividade agrícola de forma sustentável, considerando o ambiente como integrante do processo. Este livro surge, portanto, como uma importante publicação para alunos de graduação, pós-graduação e demais interessados no assunto. E contribui para o aprimoramento da cultura agrícola, buscando superar seus desafios e com vistas a um futuro mais coerente para o setor.
Os seis capítulos que compõem esta obra abordam de forma abrangente temas como crescimento e desenvolvimento, fisiologia digestiva do lactente, necessidades e recomendações nutricionais, aleitamento materno, alimentação complementar e alimentação de crianças não amamentadas. Este livro, cujas edições anteriores foram publicadas de forma independente pela autora, constitui suporte científico para profissionais de Saúde (nutricionistas, médicos e enfermeiros) que pretendem atualizar-se sobre avaliação e planejamento de práticas alimentares saudáveis na primeira infância, constituindo também um guia de orientação para pais e cuidadores.
Planejado para atender aos cursos de graduação e pós-graduação de Nutrição, Enfermagem, Medicina e áreas afins, Nutrição e Saúde da Criança contempla assuntos fundamentais sobre o bem-estar infantil em suas diversas fases e nuances. A obra divide-se em 43 capítulos, organizados em sete partes, as quais abordam a avaliação dietética; a Nutrição fetal e do lactente; a obesidade e as alterações cardiometabólicas; a avaliação nutricional e bioquímica; as doenças carenciais, infecciosas e parasitárias; a educação nutricional e para a Saúde; e a Nutrição em Saúde pública. Além dos tradicionais pontos mencionados em livros de Saúde e Nutrição infantil, incluíram-se temas importantes atualmente, como padrões alimentares, determinantes ambientais do comportamento alimentar, interações fármaco-nutrientes, obesidade como doença inflamatória, citocinas como marcador inflamatório, microbiota intestinal, probióticos e Saúde, (Nutri)genética e (Nutri)epigenética, entre outros. Para discorrer sobre esses tópicos, foram convidados mais de 100 colaboradores. Os autores são pesquisadores, professores e profissionais da Saúde, de diversas instituições e regiões do Brasil ? alguns com experiências internacionais (Moçambique e Portugal) ?, com reconhecido know-how em seus campos de atuação. Esta obra contribuirá bastante para a qualificação de estudantes de ensino superior e profissionais da Saúde comprometidos com um atendimento de excelência à Criança. É referência certa para aqueles que sabem que uma boa Nutrição na infância oferece menos chances de adolescentes, adultos e idosos propensos a doenças.
Esta obra tem como objetivo fornecer um panorama integrado das características em sistemas de produção e consumo de recursos alimentares para populações. Entre os temas abordados estão: As perdas de alimentos em cadeias produtivas e os problemas relacionados ao controle de qualidade e às condições higiênico-sanitárias, incluindo alimentos que têm sido alvo de fraude; Os requerimentos nutricionais e sua relação com diferentes tipos de alimentos, como funcionais, nutracêuticos e suplementos dietéticos; As políticas públicas de alimentação, nutrição e prevenção de doenças, além das práticas de marketing e rotulagem de alimentos; Os impactos ambientais da produção de alimentos, os alimentos orgânicos e as dietas sustentáveis.
O papel da Nutrição na promoção da saúde em coletividades tem sido alvo de investigação em diversas vertentes, particularmente na identificação de padrões de saúde e doenças em diferentes grupos etários em nível populacional. O interesse pela associação entre dimensões físicas, bioquímicas e fisiológicas da Nutrição Humana tem resultado em variados instrumentos de mensuração, assim como tipologias para classificação das características nutricionais dos indivíduos no contexto do sistema de saúde. Nutrição em Saúde Coletiva – Ações para a Promoção da Saúde busca sintetizar um conjunto de evidencias derivadas de pesquisas científicas de interesse do público em geral, especialmente quem esteja interessado nas conexões entre Nutrição e saúde no contexto de coletividades. A aplicabilidade dos indicadores descritos nos capítulos ultrapassa a atuação específica em Nutrição, provendo apoio na seleção de estratégias terapêuticas aos profissionais de saúde no tratamento de seus pacientes, assim como propondo medidas de interesse em estudos populacionais a pesquisadores com interesse na área. No contexto profissional, indicadores relacionados com os aspectos nutricionais do indivíduo apresentam ampla aplicação no diagnóstico e no prognóstico de saúde de pacientes (no âmbito de serviços de saúde) e comunidades (no âmbito da vigilância epidemiológica para promoção da saúde). No contexto da formação de recursos humanos, espera-se que o conteúdo apresentado nesta obra contribua para uma atuação holística em ambiente clínico, em saúde pública, na pesquisa e na gestão de sistemas de saúde.
Neste livro, Gyorgy Scrinis nos brinda com lentes que oferecem elementos interpretativos muito potentes para modificarmos profundamente a maneira como temos lidado com a temática da alimentação e nutrição. Esses elementos, abordados de forma criativa e inovadora, nos ajudam a responder perguntas fundamentais sobre a questão alimentar no contexto contemporâneo, entre elas: quais interesses públicos são comprometidos e quais interesses privados são beneficiados com este paradigma? Em que medida ele contribui para a manutenção de assimetrias de poder que impedem a garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada para todos e todas e que dificultam processos emancipatórios da sociedade? Que aspectos da alimentação ficam desconsiderados, invisibilizados ou reduzidos nesta abordagem e quais as implicações disso na perspectiva das políticas públicas? Quais as implicações das abordagens presentes nesse paradigma para a relação das pessoas com a comida e com seu corpo?
O Aprendizado da Sexualidade: reprodução e trajetórias sociais de jovens brasileiros descortina amplo repertório de possibilidades e constrangimentos da vida juvenil no Brasil. Ao contrário do que pensa o senso comum, tão afeito a fórmulas auto-evidentes, o “problema” da gravidez na adolescência é, ao mesmo tempo, mais simples e mais complexo. Mais simples, porque parte de sua magnitude resulta de pré-conceitos sobre como deve se dar a transição para a vida adulta, forjados por idealizações morais e de classe que pouco têm a ver com as experiências e dilemas da juventude. Com sensibilidade e desprendimento a GRAVAD acercou-se dessa realidade, encontrando cenário heterogêneo o bastante para ser capaz de identificar, em cada nicho social, os desafios mais cruciais a serem superados nessa etapa da vida.
Velhices LGBT+, um coletivo de existências. Quem são essas pessoas, onde elas estão e como vivem? Quem tem direito às velhices LGBT+? Quando criamos o projeto deste livro, a proposta foi ouvir os relatos dessas pessoas “invisíveis”, na contramão do apagamento social imposto a elas. Entendemos que suas vivências vão muito além de histórias do passado. Elas são presentes e futuras.
Este livro trata de um fenômeno conhecido como 'casal grávido', nome sugestivo de uma visão de tornar comum ao homem e à mulher a experiência de preparar a chegada de uma criança. Mais que um modismo, o tema revela as transformações profundas pelas quais passou a concepção de casal nas camadas médias, em particular com a expectativa de reduzir diferenças de gênero e aproximar o homem do universo feminino. Tania Salem analisa de modo surpreendente os sonhos do igualitarismo.
O contrato racial é uma das obras pioneiras , e mais importantes, de um vasto campo de pesquisas e produção intelectual que vem se consolidando sob a rubrica de teoria racial crítica (critical race theory). De forma ágil e precisa, Mills analisa um seleto grupo de expoentes da teoria do contrato social clássico (Hobbes, Locke, Rousseau e Kant) a fim de demonstrar que o Iluminismo, bússola moral e cognitiva da modernidade ocidental, é a face filosófica de uma política identitária branca. Lançada originalmente em 1997, a obra tem desde então ensejado uma profunda revisão nos modos de se conceber o surgimento do Estado, da democracia e da esfera pública nas sociedades modernas. Não por acaso, as teses de Mills influenciaram decisivamente intelectuais como Sueli Carneiro, Lia Vainer Schucman e Denise Ferreira da Silva, cujas obras têm possibilitado a construção de um novo marco interpretativo acerca do lugar das relações raciais na formação do Brasil.
O corpo recusado é uma narrativa pessoal escrita em linguagem corajosa e direta. Aos 70 anos de idade, Luiz Cecilio revisita o duro caminho para assumir-se gay, tudo complicado por uma infecção pelo HIV no final da década de 1980. Ao desafiar o trocadilho “AIDS, essa porra mata” com seu grito de guerra “Não vou morrer dessa porra!”, ele se arma para travar as batalhas de um homem que, aos 40 anos, decidiu que ainda não era hora de morrer. A obra constrói um retrato dos seus encontros amorosos e sexuais com outros homens, num longo processo de “ocupação” do corpo recusado, o que tem se estendido até o envelhecimento.
Quais são as definições, teorias e controvérsias sobre o trabalho do cuidado no século XXI em um mundo com acelerada tendência de envelhecimento de suas populações? Em O cuidado: teorias e práticas, socióloga Helena Hirata apresenta um estudo sobre o cuidado com os idosos, composto de análises realizadas em três países: Brasil, França e Japão. Para além das diferenças no método, alguns aspectos se mostram bastante similares, como o fato de haver uma esmagadora maioria de profissionais mulheres, em especial de minorias étnicas e raciais, ao lado da desvalorização da profissão, que, mesmo com o constante aumento de demanda, é ainda marginalizada. Com pesquisas no plano macroestrutural e também em campo, apoiadas por entrevistas com as profissionais nos três diferentes países, a autora traz a crise do cuidado nas suas diferentes dimensões e desigualdades entre os países do Norte e do Sul e a luta das mulheres pela valorização desse trabalho, tanto no reconhecimento simbólico quanto no aspecto monetário. Dividido em quatro partes, o livro começa apresentando as implicações do cuidado nos dias de hoje, suas teorias, definições e controvérsias. Em seguida, exibe os resultados e análises de uma pesquisa comparativa sobre o trabalho do cuidado e as características da profissão nos três países. O impacto da globalização e das migrações no desenvolvimento do trabalho do cuidado é o tema abordado no terceiro capítulo, seguido pelo quarto bloco, que traça a trajetória das atividades dessas cuidadoras, suas condições de trabalho, inovações no cuidado e o papel da saúde no trabalho.
Essa obra sobre o "curso da ação", apresenta uma teoria e uma metodologia da análise do trabalho e, potencialmente, de toda prática, isto é, de toda atividade à qual se pode atribuir uma significação individual e social.
O decênio decisivo reúne, com grande rigor científico, uma quantidade imensa de dados que estão na fronteira do conhecimento acerca dos impactos das mudanças climáticas sobre a vida na Terra, apontando o futuro excruciante que virá caso não rompamos com os pilares do capitalismo contemporâneo, e elencando as possibilidades de ação imediata para evitar que a catástrofe seja ainda maior. Da leitura, depreende-se que o momento presente é o mais crucial de nossa história como espécie, pois é agora que decidiremos, coletivamente, as chances de sobrevivência do projeto humano.
Ao explorar as possibilidades e dificuldades do exercício do poliamor, este livro desenvolve uma crítica contundente ao sistema monogâmico — Ao explorar as possibilidades e dificuldades do exercício do poliamor, este livro desenvolve uma crítica contundente ao sistema monogâmico — “ferramenta de construção do sujeito ensimesmado, fechado em si mesmo” — e à sua prática impositiva e obrigatória, que inviabiliza o aparecimento de outras formas de existir e se relacionar. O desafio poliamoroso é também um vigoroso exercício de escrita, um laboratório para pensar mundos possíveis, alternativos ao atual — tão competitivo, tão desvelado por hierarquias e exclusividades.
Em O desejo dos outros, Hanna Limulja oferece uma porta de entrada ao mundo yanomami através dos seus sonhos. Com o que sonham? O que significa sonhar e por que é importante? Entre os Yanomami, os sonhos não são desejos inconscientes do sujeito, como descreve a psicanálise: sonhar é habitar outros mundos, deparar com outros seres e, nesses encontros, mobilizar-se pelo desejo dos outros.
Fruto de pesquisas desenvolvidas há pelo menos cinco anos, O desejo pelas travestis brasileiras é uma obra inovadora. Localizada no entrecruzamento dos Porn Studies (Estudos pornô) com a sociologia digital, a pesquisa de Dionys Melo dos Santos busca pensar de maneira crítica, mas sem se deixar levar por valores morais ou religiosos, o papel da pornografia na sociedade contemporânea. O autor busca, a partir do corpo das atrizes/performers travestis e transsexuais, evidenciar as relações de abjeção e desejo provocadas por tais sujeitos, cristalizada no alto consumo desse tipo de conteúdo seja no cinema da boca do lixo paulistana, ou, nos sites de distribuição pornográfica gratuita disponíveis na internet.
O design de habitats ecológicos faz parte da coleção “4 Keys – Chaves para comunidades sustentáveis em todo o planeta”, que dá suporte ao currículo do programa Design em Sustentabilidade (EDE), desenvolvido pelo Gaia Education. O livro apresenta uma investigação eloquente dos limites do crescimento econômico e uma abordagem positiva para os problemas decorrentes de mudanças climáticas, destruição de habitats, crescimento populacional e esgotamento de recursos. Não se trata de um livro teórico, mas sim de uma antologia de soluções apresentadas por experts em diferentes áreas do conhecimento ao redor do mundo.
A floresta amazônica cobre mais de cinco milhões de quilômetros quadrados, entre os territórios de nove nações diferentes. Representa mais da metade da floresta tropical remanescente do planeta. Está realmente em perigo? Que passos são necessários para salvá-la? Para entender o futuro da Amazônia, é preciso saber como sua história foi forjada: nas épocas das grandes populações pré-colombianas, na "corrida do ouro" de conquistadores, nos séculos de escravidão, nos esquemas dos ditadores militares do Brasil nas décadas de 1960 e 1970 e nas novas economias globalizadas, nas quais a soja e a carne bovina brasileiras agora dominam, enquanto o mercado de créditos de carbono aumenta o valor da floresta em pé. Susanna Hecht e Alexander Cockburn mostram em detalhes convincentes o panorama de destruição, analisando muitos fatos no calor da hora, e também põem em relevo o extraordinário ímpeto dos defensores daquele ecossistema, bem como o surgimento de novos mercados ambientais. Passando por fatos marcantes dessa luta pela preservação da floresta, a exemplo do assassinato de Chico Mendes, este livro contribui substancialmente para atualizar e organizar o conhecimento disponível para o grande público a respeito das reais condições atuais da floresta, da miríade de desafios restantes e dos luzes que se veem no horizonte.
Como e porque estamos perdendo a biodiversidade O conhecimento da riqueza biológica, seu potencial de uso, suas formas de manejo e até mesmo sua definição exigem cada vez mais diálogos entre os vários setores da sociedade.

