A globalização é um processo complexo. Não faz desaparecer simplesmente a diversidade de signos, representações, figuras, temperos e cheiros. A produção da unidade ou da monotonia do igual não é algo característico nem da natureza nem da cultura. À economia da evolução, que opera, vale dizer, também na cultura, pertence, ao contrário, a geração da diferença. A globalização segue um caminho dialetal, fazendo surgir dialetos. É problemática a ideia de uma diversidade cultural orientada pela proteção de espécies que só poderia ser alcançada por cercados artificiais. Seria infrutífera a pluralidade museológica ou etnográfica. À vivacidade de um processo de troca cultural pertence a proliferação, mas também o desaparecimento de determinadas formas de vida.
Levou Tempo Até Que Gunther Anders Conseguisse Escrever Sobre A Era Nuclear, Tamanho O Choque Que Sofreu Ao Ouvir, Pelo Rádio, A Notícia Do Bombardeio De Hiroshima, Em 6 De Agosto De 1945. Apenas No Início Dos Anos 1950 Consegui Dar O Primeiro Passo, Inseguro, Escreve. Mas Aquilo Que Consegui Produzir Não Passou De Uma Confissão De Minha Incapacidade; Não, Da Nossa Incapacidade De Ao Menos Imaginar Aquilo Que Nós Fizemos Ou Produzimos.
Em História da educação em perspectiva estão apresentados doze textos cuja autoria é de pesquisadores do país e do exterior que, em sua maioria, participaram como conferencistas e membros de mesas-redondas nas atividades do II Congresso de Pesquisa e Ensino em História da Educação em Minas Gerais (II COPEHE-MG), realizado em Uberlândia. As três seções que dividem o livro foram escritas por experientes professores e pesquisadores da área e apresentam, respectivamente, considerações e reflexões em torno do ensino e da pesquisa na área de história da educação; de análises teórico-metodológicas e fontes em história da educação; de balanços sobre o estado-da-arte da pesquisa e comunicação de novos resultados de investigações recentes na área da história da educação, especialmente em Minas Gerais. Os trabalhos apresentados nesta coletânea interessam sobretudo aos professores e pesquisadores em história da educação no país e no exterior, mas também aos historiadores da cultura e aos estudiosos das ciências humanas de modo geral.
Em 1981, no curso Malfazer, dizer verdadeiro, Michel Foucault trata da noção de governo pela verdade, introduzida em O nascimento da biopolítica e retomada em Do governo dos vivos.
Durante dezenas de milhares de anos os seres humanos viveram, em média, apenas 30 anos. O grande aumento de nossa expectativa de vida começou somente lá por 1750, no Ocidente. Água potável, saneamento básico, melhora na alimentação tiveram um impacto notável. Depois, vieram as vacinas. Em dois séculos nossa longevidade duplicou. De 1950 para cá, avanços na área médica e farmacêutica propiciaram um ganho médio de mais 25 anos de vida. Há quem ache que viveremos cada vez mais e melhor. Será? Problemas ambientais e comportamentais já estão causando doenças crônicas e provocam retrocessos na saúde humana. A pandemia de covid-19 não é resultado do acaso, mas uma ilustração das disfunções das sociedades humanas, principalmente de sua relação com o meio ambiente. Conhecer a trajetória da saúde humana e entender os atuais desafios é urgente para pensarmos o mundo que deixaremos às futuras gerações.
Nos últimos anos, os historiadores brasileiros das ciências médicas e da medicina de seu país têm produzido alguns dos estudos mais inovadores, sugestivos e provocadores nos campos da história urbana, cultural e social da América Latina. Entretanto, a maior parte desses estudos ainda se concentra na análise de instituições, períodos ou personagens es- pecíficos. Sendo assim, uma das principais virtudes do presente livro é oferecer uma clara e sólida visão de conjunto do complexo de- senvolvimento da história da saúde no Brasil, desde o fascinante período colonial até o revolucionário movimento das reformas sa- nitárias do século XX. Outra característica fundamental da obra é que os textos não só contextualizam os principais acontecimentos ocorridos em pe- ríodos-chave, prestando atenção às intera- ções transnacionais entre o Brasil e outros países, mas também apresentam o estado da arte sobre suas interpretações, assim como uma perspicaz reflexão sobre as fontes arqui- vísticas e as principais referências bibliográ- ficas que existem para conhecê-las. Não menos importante, e grande dife- rencial deste livro, é a apresentação de pers- pectivas panorâmicas acessíveis, profundas e concatenadas, além de atualizadas com os marcos teóricos e as temáticas da historiogra- fia internacional. Há que se destacar ainda o fato de que os editores e autores sejam autoridades reconhe- cidas na área abordada pela obra, com vasta experiência não só como pesquisadores, mas também como docentes, ou seja, comunica- dores dos resultados das melhores pesquisas. Por todos os elementos resenhados, este livro constitui uma referência obrigatória para os estudiosos da História da Saúde bra- sileira, uma ferramenta imprescindível para pesquisadores e uma leitura estimulante para todos os interessados em reconhecer a diver- sidade e a riqueza da cultura do Brasil.
A coletânea História da Saúde: diálogos para o século XXI apresenta abordagens e perspectivas que estão na pauta do dia da pesquisa histórica sobre saúde, medicina e doenças. Com temáticas diversificadas, o livro traz um panorama bastante interessante para quem deseja iniciar os estudos e pesquisas no campo da História da Saúde, bem como sistematiza discussões que interessam a pessoas já participantes desse segmento da disciplina histórica. Apostando em diálogos interdisciplinares com outras Ciências Sociais, a Ecologia, os Estudos Sociais das Ciências e áreas variadas da História, esta coletânea discute também como historiadoras e historiadores podem investigar uma área tão complexa e multidimensional como a saúde, a um só tempo campo, conceito e objeto de análise.
A oposição entre convivência e isolamento é intensificada pelo papel das novas tecnologias de comunicação e das redes sociais. Mas esse fenômeno é apenas o ponto de chegada de uma longa história que começa na Antiguidade, quando os pensadores já haviam posto a alternativa em seus termos: o homem é um “animal social”, mas não deixa de ser amante dos encantos bucólicos do isolamento. Solidão física e psicológica, solidão voluntária e aplicada como pena criminal, refúgio e maldição: este livro retraça em detalhe a história da dubiedade dessa condição humana.
A História das Ciências e da Saúde tem sido cada vez mais requisitada por diferentes sociedades para explicar as causas de determinados fenômenos vividos coletivamente (desastres ambientais, epidemias, discursos sociais que se alimentam de negacionismos e geram desinformação), assim como para auxiliar nas escolhas realizadas no presente e que indiquem um futuro melhor. Como tem sido produzido o conhecimento em História das Ciências e da Saúde que nos possibilita responder aos questionamentos provenientes desses anseios sociais? Quais temas estão em evidência? O que já foi escrito sobre esses assuntos? Quais fontes podem ser utilizadas? Respostas para essas e outras questões correlatas podem ser encontradas nesta obra.
Resultado de um cruzamento de olhares sobre o tema abrangente da infância na história brasileira, reúne historiadores, sociólogos e educadores sensíveis à consciência que vem aflorando sobre a condição das crianças e, sobretudo, atentos ao legado do passado na situação atual. Tais pesquisadores empenham-se em transformar as crianças em sujeitos históricos neste livro que trata dos pequenos viajantes nas embarcações do século XVI, dos curumins catequizados pelos jesuítas, das crianças escravas, da infância de ricos e pobres, dos garotos participantes da guerra do Paraguai, dos pequenos operários, dos menores criminosos dos primórdios da industrialização, de doces memórias da infância de brincadeiras, de crianças carentes e exploradas como mão-de-obra barata. Todos personagens que iluminam a história e constroem o presente.
Vivemos, hoje, em um mundo interconectado, com muitas tecnologias de comunicação e informação, onde os seres humanos desenvolvem não apenas a sua existência concreta e cotidiana, mas também uma vida virtual oferecida pela Internet e outros recursos. Chegamos a este fascinante e complexo mundo – cujas paisagens mais recorrentes são habitadas por computadores, celulares, dispositivos eletrônicos e intermináveis fluxos de informação e comunicação– através de uma revolução digital que ocorreu há algumas décadas e que mostra a sua continuidade através de uma sempre acelerada renovação tecnológica. Como a Sociedade Digital interage com a História, seja esta compreendida como o próprio fluxo de processos e acontecimentos, seja esta a História elaborada pelos historiadores? Quais os novos desafios dos historiadores que vivem na sociedade digital e que precisam interagir com ela, valendo-se dos novos dispositivos e produzindo pesquisas históricas que serão lidas ou apreendidas audiovisualmente por vários tipos de públicos? Quais as novas tarefas sociais para os historiadores que convivem com esta sociedade que é ao mesmo tempo de informação e desinformação? Como lidar com as novas fontes e objetos históricos oferecidos pelo ciberespaço e pelas diversas redes sociais, ou com os novos meios de expressão proporcionados por plataformas como a do YouTube? Como utilizar, de maneira produtiva e séria, recursos como a Wikipédia? Como incorporar, por fim, novos aplicativos para aprimorar a pesquisa historiográfica? Este livro discute possíveis respostas para estas perguntas e muitas outras, esclarecendo as diversas relações possíveis entre a História e a Sociedade Digital.
A atitude descrente é um componente fundamental, original, necessário e, portanto, inevitável em qualquer sociedade. Por isso tem obrigatoriamente um conteúdo positivo, e não se reduz unicamente à não crença. [...] É uma posição que acarreta escolhas práticas e especulativas autônomas, que tem portanto sua especificidade e sua história.
A historiografia tradicional sobre a parte meridional da América lusa tinha como seu viés explicativo predominante a história militar e a história política tradicional, centrada nos homens ilustres e seus grandes feitos. Nesse contexto, pouca atenção era dada para a configuração da sociedade que surgiu com o avanço colonial dos séculos XVII e XVIII, fortemente marcado pelo escravismo e pela presença das populações indígenas. O conjunto de textos que compõem este livro pretende apresentar as contribuições mais representativas dos novos estudos realizados sobre o que aqui denominamos de Extremo Sul, conceito que abrange o atual território do Rio Grande do Sul, mas também a Colônia do Sacramento e Santa Catarina, durante a época moderna, anterior à formação dos Estados nacionais na América ibérica. Nos doze textos reunidos nesta obra, abriu-se espaço para a ação de sujeitos outrora pouco representados na escrita da história da América meridional. Neste livro, destacamos a participação de indígenas, africanos e seus descendentes escravizados, traficantes e contrabandistas, conquistadores e povoadores, lavradores e pequenos posseiros na construção dessa fronteira meridional.
Em História dos jovens no Brasil os autores dirigem seu olhar para o passado para melhor compreender nosso tempo e a sociedade de que somos parte, produto e testemunho. E nosso passado é fundamental: raízes, heranças e permanência estão lá. Não se pode imaginar que escravidão, repressão, ditadura, cultura de massas não tenham nada a ver com a contemporaneidade. Pelo contrário: eles demonstram que nossa “modernidade” é habitada pela recorrência não apenas de problemas e diagnósticos, mas também de soluções que nos foram legadas. Para entender e caminhar ao lado dos jovens de hoje, História dos jovens no Brasil propõe que ouçamos os jovens do passado.
História natural da religião é uma profunda reflexão sobre os princípios que dão origem à crença original e como o contexto histórico, cultural e social influencia e é influenciado pelas disposições morais e filosóficas do ser humano. O percurso de Hume leva ao entendimento de que "o bem e o mal se misturam e se confundem universalmente, assim como a felicidade e a miséria, a sabedoria e a loucura, a virtude e o vício".
O presente livro explora a vida interior da filosofia hegeliana na medida em que a ilumina a partir do fenômeno do poder. Ele não é um componente marginal do sistema hegeliano, mas sua constituição interna. Será tratado em toda sua complexidade, tanto em seu brilho quanto também em seus limites. A exploração do espírito hegeliano pela ótica do poder serve ao mesmo tempo a um outro experimento, a um outro ensaio. Ela tornará visíveis as formas do ser que, na contraluz do poder, não são capazes de aparecer.
A presença dos imigrantes espanhóis em São Paulo é um fenômeno numericamente importante, suplantado apenas pelos portugueses e italianos, mas não tem a mesma visibilidade que outros contingentes populacionais. Esta é uma questão que Marília Cánovas se propõe a elucidar neste livro, que inaugura a Coleção História das Migrações.
Neste ensaio, o jornalista e professor Eugênio Bucci reflete sobre a evolução de um conceito que nos desorienta e nos desconcerta: a incerteza. Como pensamos essa ideia incômoda? Como a representamos? Como podemos lidar com o incerto que faz parte central da nossa vida? O tema não é novo. No século XX, porém, virou uma obsessão de pensadores em campos diversos, da matemática à termodinâmica, da economia à política. O estudo da incerteza trouxe novos conhecimentos sobre o risco, e quem domina os artifícios para se safar dos riscos tende a ganhar mais dinheiro. O capitalista decifra as dissimulações do mercado traiçoeiro e fica mais rico. No século XXI, então, o negócio da incerteza orienta os destinos do mundo digital. As máquinas participam da gestão do dinheiro e das coisas públicas. Os algoritmos mapeiam intimidades e decifram o circuito secreto do desejo de cada indivíduo. O tempo e o espaço ficaram muito mais incertos para os seres humanos do que para as máquinas.
Este livro pretende inspirar os leitores a transformarem o processo de inclusão, comumente visto como um problema, em um desafio a ser criativamente abordado e superarem, assim, seus próprios obstáculos como educadores comprometidos com o processo de inclusão.
O grupo responsável por este trabalho e que vivenciou durante vinte anos, incialmente, a luta pelos ideias da Educação em Saúde, contou com a liderança de Vera Lucia Góes Pereira Lima, mas também com o apoio constante e incondicional de um grupo de profissionais - sociólogos, psicólogos, médicos, comunicadores e outros, sem os quais nada seria possível.
É um previlégio e uma honra escrever a introdução desse importante livro resume o percuso de 35 anos do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em saúde (INCQS). Junto com outros colegas, construímos essa bela história com muita luta, superando obstáculos, vivendo os altos e baixos das politícas de saúde pública, contribuindo para a estruturação do maior complexo de saúde pública da América Latina, a Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz. E fomos atuantes na criação e fortalecimento daquilo que é um dos " orgulhos de ser Fiocruz", a democracia interna: a perticipação livre e constante dos trabalhadores da Fundação no seu dia-a-dia e na realização do seu destino.
Abordagens multidisciplinares que integrem informação, educação, comunicação e saúde são relativamente recentes no Brasil. Mas demonstram grande potencial e têm contribuído para melhorias nos serviços de saúde. Uma significativa amostra de ações institucionais que apontam nessa direção está reunida neste livro. A coletânea explicita como informar, educar e comunicar constituem pilares para um efetivo engajamento em saúde. Nesse sentido, desempenham uma função política, relacionada aos direitos e interesses individuais e coletivos para a promoção da saúde. É nesse entrelaçamento entre as ciências sociais e as ciências da saúde que se localizam as contribuições do livro. Com enfoque ora mais instrumental, ora mais teórico, os capítulos da coletânea discutem estratégias ou políticas para implementar ações que favoreçam a saúde, de maneira participativa.
Este segundo livro da série traz dez artigos de ex-alunos da EPSJV sobre os seguintes temas: hanseníase, câncer de colo do útero, anorexia, psicologia na necrópsia, plantas medicinais, incesto, formação da concepção moderna de natureza, gerenciamento de informações e a literatura de Mario de Andrade.
Neste terceiro volume da série, a questão do trabalho é abordada sob diferentes aspectos em dois artigos que tratam do sofrimento do trabalho em enfermagem e da saúde do trabalhador no setor de quimioterapia. Problemas como anorexia nervosa em adolescentes, relações entre o cuidador familiar e o portador de doença de Alzheimer e até raiva humana transmitida por morcegos são temas de outros artigos.
Primeiro da série, este livro reúne oito artigos com temas que vão da caracterização da rubéola, neonatologia, clonagem e câncer do colo do útero até a relação entre manipulação e ideologia, o estudo de Álvares de Azevedo e a pós-modernidade e o infinito matemático, passando pela invetigação da violência na adolescência.
No quarto volume da série, a utilização da medicina alternativa no tratamento do câncer, tuberculose pulmonar, as contribuições que o prontuário do paciente podem dar para a gestão da saúde e a influência da propaganda de medicamentos no uso dos produtos farmacêuticos são temas de alguns dos textos.
Os 30 anos do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos) – unidade da Fiocruz que fabrica vacinas e testes para diagnóstico – são o mote deste livro, que oferece reflexões sobre a ciência e a tecnologia no país, com ênfase na biotecnologia e na inovação em saúde. Dividida em três partes – História e imunização no Brasil; Registros da memória: depoimentos sobre Biomanguinhos, e Dinâmica industrial e estratégias de inovação em vacinas –, a obra analisa a trajetória e os desafios de uma instituição que já contribuiu para a erradicação da poliomielite, controle do sarampo e da febre amarela e o enfrentamento da meningite, entre outras conquistas.
Com o intuito de desvendar alguns mitos e crenças da educação e trazer inovações para a realidade escolar, esta obra traz propostas concretas de mudança, atos primordiais, destinados àqueles que ousarem começar a criar alternativas à velha escola. Estamos chegando ao fim de um longo tempo, durante o qual se comprometeu o futuro de milhões de jovens. E com esse fim, o fim de uma certa maneira de entender e de fazer escola. Outro mundo já está sendo construído.
No contexto de reinvenção e redefinição das universidades brasileiras, o livro busca expressar a dinâmica do trabalho de formação interdisciplinar - possibilitada pela criação dos cursos de Bacharelado Interdisciplinar, uma nova modalidade de curso superior. Tratando-se do Bacharelado Interdisciplinar em Saúde, outras questões são enfrentadas, como a necessidade de articular o curso com o processo de Reforma Sanitária, que inclui a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e as crescentes exigências referentes às habilidades de recursos humanos. É a partir deste cenário que a obra oferece ao leitor possibilidades de caminhos e roteiros para a realização da formação multi-inter-transdisciplinar.
Parcialmente inspirada na desconstrução sem ser "descontrucionista" tal perspectiva procura levar em conta tudo aquilo que compõe a exterioridade dos processos de comunicação para usar um conceito David Wellbery. Não é um livro de crítica literária ou de teoria da literatura e menos ainda de "estudos culturais" no sentido hoje tão em voga da expressão. não "representa" mas antes concretiza uma perspectiva nova e incomum na análise dos fenômenos culturais.
As preleções da década de 1920 possuem todas um papel central na compreensão do projeto filosófico de Heidegger. Introdução à filosofia, porém, não é apenas uma entre outras preleções. O livro encerra em si uma riqueza temática que raramente se encontra mesmo nas obras de Heidegger. Exatamente por isso, sua leitura tende a promover naturalmente uma abertura de horizontes e perspectivas em relação ao pensamento heideggeriano. Além disso, o título do livro possui uma ambigüidade digna de nota. O livro não nos introduz na filosofia por meio da veiculação de um conjunto de informações que vão paulatinamente permitindo a reconstrução dos grandes problemas da história do pensamento filosófico. Introdução significa aqui convite à participação na vida da filosofia.
A revista Jacobin é uma voz destacada da esquerda mundial. Agora, em português, oferece um ponto de vista socialista sobre política, economia e cultura. Você pode adquirir o exemplar avulso ou dentro do nosso pacote de assinaturas com esta edição inclusa e a próxima que será lançada no primeiro semestre de 2022. “O ser humano vive da natureza. Isto significa que a natureza é seu corpo, com o qual ele precisa estar em processo contínuo para não morrer. Que a vida física e espiritual do ser humano está associada à natureza não tem outro sentido do que afirmar que a natureza está associada a si mesma, pois o ser humano é parte da natureza.” — KARL MARX
Rios poluídos, embriões congelados, robôs, organismos geneticamente modificados - como compreender esses "objetos" estranhos que invadem cada vez mais o nosso mundo? Eles concernem à esfera da natureza ou da cultura? Até algum tempo atrás, as coisas pareciam simples: a gestão da natureza cabia aos cientistas e a gestão da sociedade, aos políticos. Mas essa partilha tradicional já se mostrou impotente para dar conta da "proliferação dos híbridos"; daí o sentimento de desconforto que estes nos causam e com o qual a filosofia contemporânea tem sido incapaz de lidar. Em Jamais fomos modernos, Bruno Latour arrisca uma hipótese inovadora: e se tivermos errado o caminho? E se reconhecermos que nossa sociedade "moderna" nunca funcionou de acordo com a divisão que funda seus sistemas de representação, a distinção drástica entre natureza e cultura? Na prática, nunca deixamos de criar objetos híbridos, que pertencem à natureza e à cultura simultaneamente. Publicado na França em 1991 e traduzido para dezenas de idiomas, este livro-manifesto, que defende mudanças radicais em nossas formas de compreender o mundo, tornou-se rapidamente um marco do pensamento contemporâneo e continua a abrir novos horizontes em múltiplos campos do conhecimento, da ação e da política.
O objetivo da coletânea é possibilitar a difusão e a popularização da ciência e da tecnologia junto à sociedade, em geral, atividade fundamental para despertar o interesse por essa área, sobretudo dos jovens.
O objetivo da coletânea é possibilitar a difusão e a popularização da ciência e da tecnologia junto à sociedade, em geral, atividade fundamental para despertar o interesse por essa área, sobretudo dos jovens.
Escrita pelo cientista político alemão Michael Heinrich, um dos maiores especialistas na obra de Karl Marx, esta biografia em três volumes promete ser o trabalho definitivo para compreender, de forma integrada, a vida e a obra do filósofo alemão. Com a missão de completar as insuficiências comuns nas outras biografias disponíveis e, inclusive, corrigir seus erros factuais, Michael Heinrich também se dispôs a escrever com franqueza, escapando das armadilhas que levaram muitos autores anteriores a tratar o biografado de forma a fundamentar uma imagem já existente, deixando muitas vezes a impressão de que a intenção não era investigar Karl Marx, mas meramente reafirmar o que se conhecia dele. Para isso, Heinrich diferencia com exatidão o que é comprovado por fontes do que é apenas uma hipótese, ora mais, ora menos plausível. Neste primeiro volume, o autor investiga os anos iniciais de Marx, de sua infância aos anos de formação intelectual, em que doutorou-se na Universidade de Iena. Os dois volumes seguintes estão previstos para 2019 e 2020.
Por trás do fracasso israelense de 7 de outubro, está uma combinação de arrogância hi-tech, calcada na crença de que o aparato de vigilância é impenetrável, com uma cegueira fatal das agências de inteligência diante dos claros sinais de que o Hamas preparava um ataque em grande escala. O fato de Tel Aviv ter sitiado Gaza com um conjunto de cercas, drones e aparelhos de escuta sempre se amparou na ideia delirante de que, cedo ou tarde, os palestinos se conformariam com seu próprio aprisionamento.
O Brasil está entre os países que mais lincham no mundo. Nos últimos 60 anos, mais de um milhão de brasileiros participou de ações de justiçamento de rua. Neste livro oportuno e inquietante, o sociólogo José de Souza Martins busca, além dos motivos próximos, as raízes profundas dessa antiga prática, verdadeiro ritual de loucura coletiva.
A abordagem de um passado recente da alfabetização no país no livro Lourenço Filho e a alfabetização, de Estela Natalina Mantovani Bertoletti, contribui para o debate de problemas atuais das escolas públicas como os altos índices de evasão e repetências de alunos da primeira série do Ensino Fundamental.
Em maio de 2020, a Fundação Oswaldo Cruz completou 120 anos de existência em meio à maior emergência sanitária do último século. Mais um entre os tantos desafios atravessados pela instituição que, diante da pandemia causada pelo novo coronavírus, reforça a sua importância para a ciência, a inovação e as pesquisas em saúde pública no Brasil. Mesmo em um ano de inúmeras dificuldades e incertezas trazidas pela Covid-19, o aniversário da Fiocruz não passou em branco e, além de homenagens e ações de celebração, uma publicação especial sobre a sua história chega ao público em versão atualizada: a reimpressão comemorativa de Manguinhos do Sonho à Vida: a ciência na Belle Époque.
Esta é uma obra oportuna no início de mais um ciclo político-administrativo nos 5.564 municípios brasileiros. É recomendada a prefeitos e vereadores comprometidos com a afirmação da autonomia municipal e a qualificação da gestão pública e a todos os educadores e cidadãos que se empenham pela democratização da educação.
A Ciência Brasileira e o Regime Militar é uma inédita análise dos impactos do autoritarismo sobre a ciência e os cientistas depois do golpe de 1964. Baseado em extensa e competente pesquisa em múltiplos arquivos, o livro nos apresenta a história dos processos que levaram ao Massacre de Manguinhos no fatídico ano de 1970 cujos efeitos trágicos nos assombram até hoje. O livro de Daniel Elian é, também, uma advertência: não haverá desenvolvimento científico e tecnológico voltado para a solução dos problemas nacionais sem memória, liberdade e justiça. Em outras palavras, a defesa da ciência brasileira é inseparável da defesa da democracia. Gilberto Hochman (Pesquisador da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz)
Materialismo é um livro que desafia as ideias tradicionais sobre o materialismo e propõe uma visão ampla e complexa sobre a materialidade. Com linguagem envolvente e acessível, o autor apresenta uma perspectiva crítica e original que busca romper com os preconceitos e estereótipos comuns com relação ao materialismo, demonstrando como nossos corpos e atividades corporais são responsáveis por tornar o pensamento e a consciência possíveis.
Metodologia das ciências sociais se constitui num dos textos mais abstratos e, ao mesmo tempo, mais importantes. Eis que os grandes problemas da ciência se articulam através da discussão metodológica. É uma discussão metodológica, porém historicamente condicionada. O pensamento alemão, a partir do início do século XIX, enfrentou o positivismo através da Escola Histórica. A pesquisa histórica e sociológica, no âmbito das ciências sociais, ocupou a intelectualidade alemã por meio século, num debate aprofundado a respeito dos fundamentos do conhecimento histórico-social.
Nos últimos 30 anos, a história da medicina e da saúde na América Latina e no Caribe tornou-se um importante campo de pesquisa, parte de um grande florescimento mundial da história social e cultural da medicina e dos estudos nas áreas de ciência e tecnologia. Com tantos novos trabalhos históricos, há uma necessidade cada vez maior de se fazer um balanço e promover um diálogo nesse campo. Este livro, então, propõe uma abordagem histórica sobre a saúde pública, entrelaçada com a medicina, com a pesquisa médica e com temas sociomédicos, concentrando-se nas práticas de saúde inovadoras que têm sido realizadas, com tanta frequência, na América Latina.
Escrita pela historiadora Tamara Rangel Vieira, a obra é fruto da tese de doutorado defendida pela autora, em 2012, no Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz. O título evidencia como um conjunto de jovens médicos construiu em Goiás - estado então distante dos mais conceituados centros médicos e científicos do Brasil do século XX - uma comunidade médica de pesquisa e ensino capaz de dialogar com seus pares. O resultado disso foi, como mostra a autora, a fundação da Associação Médica de Goiás (AMG), a criação da Revista Goiana de Medicina e a inauguração da Faculdade de Medicina de Goiás, entre outros exemplos. Ao mesmo tempo, Tamara Vieira usa como analogia o clássico Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, para evidenciar a imagem pejorativa de sertão que foi atrelada ao estado de Goiás e discutir sobre a questão das desigualdades regionais.
Este trabalho ilustra plenamente os objetivos da Coleção Pensamento Político-Social mostrando que as relações, as instituições e os processos político-sociais não estão descolados das interpretações que recebem. Uma das originalidades deste livro reside na seleção desses intérpretes: são todos médicos localizados desde o século XIX até o XXI, presentes em vários lugares da sociedade brasileira. Temos, entre os autores analisados, um presidente da República, vários ministros de Estado, deputados estaduais e federais, diplomatas, fundadores e diretores de centros de estudo e pesquisa, reitores e professores universitários. Ainda, membros da Academia Brasileira de Letras, Academia de Ciências, Academia Nacional de Medicina, Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, Sociedade de Geografia, Associação Brasileira de Antropologia. As abordagens nos diferentes capítulos ressaltam ora o texto, ora o contexto dessas produções, mostrando como a discussão dos temas e dilemas opera na direção da construção do social. Como se pode ver são muitas as questões abordadas pelos médicos-intérpretes.
Analisar a identidade do mestrado profissional, especialmente no campo da saúde pública: este foi o desafio assumido pelos autores. Um desafio porque, segundo os pesquisadores, a identidade desses cursos ainda carece de precisão e, consequentemente, de legitimidade. A formação no mestrado profissional tem um compromisso com a experiência proveniente do mundo do trabalho. É necessária uma estrutura curricular diferenciada, que articule o ensino à aplicação profissional. Na prática, porém, essa integração e a inovação ainda encontram uma série de obstáculos.
Ao contrário dos críticos de Foucault, os colaboradores deste volume veem a abordagem filosófica não convencional de Foucault como uma força. ELes rejeitam a perspectiva segundo a qual o aspecto crítico da sua filosofia eclipsa o seu potencial positivo e emancipatório. CAda uma das três partes do livro ilustra como Foucault reconceitualiza um conceito filosófico-chave – poder, liberdade e subjetividade – e fornece exemplos de como essa reconceitualização facilita novas maneiras de pensar e agir que sejam capazes de se contrapor à opressão e à dominação.
O corpo é um fio condutor que perpassa praticamente de ponta a ponta a obra de Michel Foucault. Neste livro, Arianna Sforzini busca analisar a relação entre a filosofia do seminal autor francês e a ideia de corpo, concentrando-se na evolução do pensamento foucaultiano em relação ao corpo ao longo de toda a sua trajetória, desde seus primeiros trabalhos até as obras finais, com destaque para "História da loucura", "Vigiar e punir" e "As palavras e as coisas".
Neste livro, Noam Chomsky fala sobre o poder de manipulação que a mídia exerce nos Estados democráticos modernos, os quais procuram fazer que o povo seja impedido de conduzir seus assuntos pessoais e que os canais de informação sejam estreita e rigidamente controlados. Ele diz como essa noção de Estado democrático se desenvolve e por que e como o problema da mídia e da desinformação se insere nesse contexto.
Miséria da filosofia é, no conjunto da obra de Marx, uma etapa de grande importância. É uma obra ao mesmo tempo de transição e de maturidade. Ela constitui, para ele, a primeira síntese entre uma filosofia metódica e uma economia política, ao mesmo tempo objetiva e concreta. Até então, Marx entendia essas duas disciplinas de forma separada. A experiência adquirida em Paris e Bruxelas, sua participação na organização do movimento operário francês e, além disso, suas primeiras ligações operárias internacionais e, sem dúvida, a reflexão sobre os erros de Proudhon, lhe permitem, pela primeira vez, apreender a realidade de forma mais completa e esclarecer outros aspectos ainda não tratados. O método marxista se revela apto a ser aplicado na vida real e na explicação da vida real.
Zygmunt Bauman cumpre aqui sua missão de sociólogo, esclarecendo como se deu a transição da modernidade e nos auxiliando a repensar os conceitos e esquemas cognitivos usados para descrever a experiência individual humana e sua história conjunta. É a essa tarefa que se dedica este livro. Analisando cinco conceitos básicos que organizam a vida em sociedade ― emancipação, individualidade, tempo/espaço, trabalho e comunidade ―, Bauman traça suas sucessivas formas e mudanças de significado. Modernidade líquida complementa e conclui a análise realizada pelo autor em Globalização: As consequências humanas e Em busca da política. Juntos, esses três volumes formam uma análise brilhante das condições cambiantes da vida social e política.
Apoiado em vasta bibliografia, além de atas e registros da câmara e textos da imprensa, o autor estuda o papel do higienismo sobre a saúde pública em São Paulo, no início do século 19. Analisa as implicações políticas à época, a influência do pensamento positivista e o crescimento da cidade em decorrência do café e da imigração, além de abordar os surtos de doenças como febre amarela e tuberculose. Um momento “em que a limpeza deixou de ser unicamente um elemento que denotava nobreza para assumir uma característica utilitária de preservação da saúde”. Mantovani expõe as ideias de autores ingleses, alemães, franceses e portugueses que influenciavam não apenas as concepções locais sobre saúde, mas também medidas político-administrativas adotadas pelos governos. Ele reflete sobre as relações entre autoridades públicas e os grupos populacionais – miseráveis, prostitutas, escravos – apontados como “culpados” pelo ambiente insalubre da cidade e pelas doenças que acometiam os paulistanos. Uma câmara municipal militarizada era responsável pela saúde pública, coagindo e castigando aqueles que ameaçavam o bem-estar do restante da população. “Curar era (e é) intervenção social, política e econômica”, diz o autor.
Nesta obra rigorosamente filosófica, Byung-Chul Han reflete, tomando como referência Kant, Heidegger, Lévinas e Canetti, entre outros, sobre a re-ação à morte para indagar a complexa tensão entre este conceito em relação aos de poder, identidade e transformação. Morte e alteridade se inspira na fenomenologia e na literatura contemporânea para contrapor as reações de ou a ênfase do eu ou o amor heróico na hora de encarar a morte. Além disso, mostra outra maneira de “ser para a morte” em um modo de tomar consciência da mortalidade que conduz à serenidade. Dessa maneira, tematiza-se uma experiência da finitude com a qual se aguça uma sensibilidade especial para o que não é o eu: a afabilidade.
Desdobramento natural da mostra de 30 painéis organizada para acompanhar o Congresso Internacional "Sinais de Jorge de Sena", em 1998, homenageia os artistas lusos que viveram e trabalharam no País, interagindo de forma marcante com a cultura nacional.
Este livro apresenta um conjunto de trabalhos que problematizam a sociedade contemporânea e a saúde. Mais especificamente, dialogam na interface da teoria social, saúde pública e as profundas mudanças sociais na atualidade. Essas questões são discutidas sob diferentes enfoques temáticos que, no livro, encontram-se organizados em quatro partes. A primeira, problematiza o mundo contemporâneo e os processos em saúde-doença, a segunda, resgata e discute o pensamento social em saúde no Brasil a partir dos anos de 1980 com a estruturação do campo da Saúde Coletiva, a terceira, aborda criticamente a produção do biológico e o social na saúde
Mulheres do Brasil – A história não contada resgata a história de mais de 200 mulheres das mais variadas épocas que tiveram suas biografias alteradas, deturpadas ou que simplesmente sequer apareceram nos registros convencionais. Depois de desmistificar as figuras dos imperadores D. Pedro I e d. Leopoldina, o escritor e pesquisador Paulo Rezzutti se dedica a mulheres conhecidas ou ignoradas pela história do Brasil: das guerreiras às vilãs, das mulheres do poder a artistas. Também ilumina trajetórias pouco conhecidas de indígenas e negras escravizadas e avança até os dias atuais, com mulheres como Marielle Franco, a vereadora carioca assassinada em março de 2018 por “ousar” não ser invisível. O livro chega num momento em que a discussão sobre o papel das mulheres na sociedade se intensifica, surpreendendo o leitor ao reapresentar acontecimentos da história do Brasil com as personagens femininas finalmente reinseridas nos papeis de destaque que lhes foram negados pela narrativa oficial.
Gilberto Velho (1945-2012) é uma referência na aproximação entre as ciências sociais portuguesas e brasileiras. Por meio de uma generosa e sistemática colaboração científica entre ambos os países, Gilberto Velho contribuiu, de forma única e incansável, para o desenvolvimento da sociologia e da antropologia urbana em língua portuguesa. Este livro reúne um conjunto de investigadores portugueses e brasileiros de diferentes gerações, tocados pelo impacto pessoal e intelectual de Gilberto Velho (1945-2012). Seus testemunhos pessoais e acadêmicos ajudam a compreender aspectos importantes de sua obra e da contribuição que deu à aproximação entre cientistas sociais brasileiros e portugueses.
Este livro gira em torno de coisas e não-coisas. Desenvolve tanto uma filosofia do smartphone quanto uma crítica da inteligência artificial a partir de uma nova perspectiva. Ao mesmo tempo, recupera a magia do sólido e do tangível e reflete sobre o silêncio que se perde no ruído da informação.
Muito tem sido enfatizado sobre a produção de conhecimento e saberes na dinâmica do cotidiano escolar, mas os sujeitos que a compõem, que dela participam e que possibilitam esta produção pouco espaço têm para se posicionarem. É esta intenção que este livro se propõe: divulgação das produções educativo-pedagógicas dos sujeitos deste cotidiano.
Para Nietzsche, o tempo não só e dotado de realidade, mas a realidade é, em sua totalidade, temporal. Através da experiência do pensamento e dos sentidos, torna-se evidente que o vir-a-ser tem preponderância sobre a permanência enquanto a permanência é um resíduo psicológico projetado sobre a realidade, a mudança se impõe de forma premente. Mas não se trata tão somente de reerguer, sob uma ótica invertida, a antiga disputa entre ser e vir-a-ser. Pois se há apenas o vir-a-ser, deve-se a ele imputar caráter de ser, uma decisão pioneira que acena para um novo rumo nas discussões acerca do problema do ser.
Arrastamo-nos por trás da mídia digital, que, aquém da decisão consciente, transforma decisivamente nosso comportamento, nossa percepção, nossa sensação, nosso pensamento, nossa vida em conjunto. Um enxame digital! Embriagamos-nos hoje em dia da mídia digital, sem que possamos avaliar inteiramente as consequências dessa embriaguez. Essa cegueira e a estupidez simultânea a ela constituem a crise atual.
Em 2014 completei quatro décadas de docência e lancei este livro com o título Pensatas pedagógicas, quando quis comemorar-me revigorando quarenta reflexões (contando a chegada e a partida), para ajudar a cogitar um pouco mais sobre várias das nossas agonias e muitas das nossas alegrias. Agora, em 2018, para uma nova edição mais ampliada (como eu!) e com capa reformulada, acrescentei mais quatro pensatas e resolvi inverter a ordem no título, preferindo Nós e a escola: agonias e alegrias.
O historiador israelense Yuval Noah Harari examina os dilemas da encruzilhada histórica provocada pela pandemia do novo coronavírus nos artigos e entrevistas reunidos nesta coletânea inédita. Publicados originalmente em veículos como a revista Time e os jornais Financial Times e The Guardian, eles exploram temas como a disputa ideológica entre isolacionismo nacionalista e cooperação global, o risco da ascensão de estados totalitários na esteira das novas tecnologias de monitoramento em massa e os possíveis impactos do vírus na concepção contemporânea da morte. Harari desenvolve seus argumentos com a clareza de visão e de estilo que o consagrou, entrelaçando os caminhos e descaminhos da humanidade entre passado, presente e futuro. A boa notícia, ele ressalta, é que a maior parte do planeta concorda em concentrar os esforços nos avanços científicos em busca da cura e de uma vacina para o covid-19 - porém isso acontecerá apenas se a cooperação entre as nações for a prioridade dos líderes atuais.
Os meios de comunicação de massa revolucionaram nossa forma de estar no mundo. Desde a imprensa até a internet, passando pelo rádio e pela televisão, a mídia transformou os fluxos de informações e produziu novos rituais da vida diária. Na política, a influência midiática é particularmente sensível, não apenas no Brasil, mas no mundo todo. Como, então, a mídia influencia os políticos, que moldam seu discurso e ações de acordo com a cobertura midiática que pretendem obter? Como o público, por seu lado, age e reage a partir das representações do mundo que recebe da mídia? Este livro oferece respostas para essas e outras questões, focando o jornalismo e seu impacto social; em particular, seu impacto sobre as formas do conflito político no Brasil contemporâneo.
A História pode e precisa ser defendida. Especialmente agora, quando as mentiras ganham uma dimensão maior, com fake news sendo vomitadas por atacado, de forma organizada. Querem mudar a História por meio do negacionismo, recusando-se a admitir fatos indiscutíveis. Atentados contra os cidadãos, a ciência, a natureza, a educação são perpetrados a toda hora. Nós, historiadores e professores de História, somos solicitados a dar respostas. E, o melhor de tudo, é que as temos. O livro "Novos combates pela História" é essencial para historiadores, professores e demais amantes da História.
Nessa pesquisa, o professor da UFRJ Rodrigo Borba encontrou um flagrante descompasso entre o que os serviços de saúde entendem como transexualidade e as variadas formas como as pessoas transexuais efetivamente vivenciam suas identidades no cotidiano. Como consequência, persistem obstáculos discursivos para uma atenção integral e humanizada à saúde de sujeitos transexuais.
Antropólogos e Missionários, à primeira vista, parecem trilhar caminhos distintos, se não opostos: enquanto os primeiros são vistos como aqueles que procuram compreender uma determinada sociedade a partir de sua lógica interna, os outros, ao colocarem em prática o projeto expansionista da fé cristã, são pensados como agentes que procuram influenciar diretamente a visão de mundo dos habitantes das regiões onde atuam.
Esta é uma nova edição, cuidadosamente editada, revista e bastante ampliada de uma obra clássica. O cativeiro da terra foi revisitado por seu autor, José de Souza Martins, que incorporou novos textos, atualizou a discussão sobre as questões tratadas e, ainda, acrescentou um novo ensaio fotográfico. O livro conta com um palpitante prefácio elaborado especialmente para esta edição. O cativeiro da terra é a matriz estrutural e histórica da sociedade que somos hoje. Ele condenou a nossa modernidade e a nossa entrada no mundo capitalista a uma modalidade de coerção do trabalho. Aí encontramos a explicação de nossa lentidão histórica e a postergação da ascensão social dos condenados à servidão. Uma leitura emocionante, uma obra fundamental para todos os que, de fato, querem entender o Brasil.
A obra traz como fio condutor o conceito de cultura de Celso Furtado. O autor reitera que o objetivo não é fazer uma arqueologia das categorias de análise de Furtado, mas apresentar uma leitura sistemática de boa parte da sua produção com foco no conceito desenvolvido por ele que define a sua posição na história do pensamento econômico e social.
Resultado de estudo que o autor vem desenvolvendo há alguns anos, tendo inicialmente por objeto as representações sociais do corpo e da morte. O ponto de partida histórico arbitrado pelo autor - "porque qualquer recorte é arbitrário" - é a Idade Média, por vários motivos, entre os quais: por ser uma etapa histórica contra a qual as mentalidades e sensibilidades capitalistas se definem; por ser o ´outro específico´ da civilização moderna e contemporânea, oferecendo, portanto, excelente material para pensar, indagar sobre, rever, contrastar e relativizar concepções e supostas verdades sobre o corpo.
Rituais podem ser definidos como técnicas simbólicas de encasamento. Transformam o estar-no-mundo em um estar-em-casa. Fazem do mundo um local confiável. São no tempo o que uma habitação é no espaço. Fazem o tempo se tornar habitável. Sim, fazem-no viável como uma casa. Ordenam o tempo, mobiliam-no. Os rituais não assinalam, no presente ensaio, um local saudosismo. Servem, ao contrário, como contraponto perante o qual nosso presente se delineia de modo mais nítido.
“Chega de doutrinação marxista, basta de Paulo Freire!” Era comum encontrar frases assim nas manifestações contra o governo Dilma Rousseff, em 2015. Com a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições de 2018, as críticas a Freire ganharam reforço contundente. O educador, perfil biográfico de Paulo Freire, traz sobriedade a esse debate contaminado pela polarização ideológica; recupera a experiência exitosa de alfabetização em Angicos, no Rio Grande do Norte, às vésperas do golpe de 1964; e conta em detalhe a perseguição que Freire sofreu dos militares.
O livro trata dos encontros entre o antropólogo Anthony Leeds, os jovens voluntários da agência norte-americana de cooperação técnica Peace Corps no Brasil, dentre as quais, Elizabeth Plotkin, depois Leeds, os estudantes do então recém-inaugurado Programa de Antropologia Social do Museu Nacional e os moradores das favelas do Rio de Janeiro, notadamente o Jacarezinho, na década de 1960. Com Elizabeth, posteriormente, Anthony Leeds irá escrever A Sociologia do Brasil Urbano, que se tornará um clássico da etnografia urbana brasileira. Essas convergências tiveram papel fundamental na construção dos estudos urbanos no Rio de Janeiro. Oriundo de produção acadêmica consagrada em 2020 pelo Prêmio Oswaldo Cruz de Teses, na categoria Ciências Sociais e Humanas, a obra teve como um de suas fontes principais, o acervo, hoje aberto à consulta, doado por Elizabeth Leeds ao Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz (COC/Fiocruz), como notas de campo, cartas e outros documentos.
Este curso de Michel Foucault, ministrado em 1983 no Collège de France, é particularmente interessante porque os temas abordados não foram publicados em nenhum estudo durante sua vida. Qual governo de si deve ser o fundamento e o limite ao governo dos outros? A partir desta questão, Foucault se situa em relação à herança filosófica e problematiza o status da sua própria fala.
O livro O jogo como prática de saúde é resultado de estudos iniciados em 2009 que buscaram articular três campos do conhecimento: a saúde, a comunicação e os jogos. Marcelo Simão de Vasconcellos, Flávia Garcia de Carvalho e Inesita Soares de Araújo nos trazem uma proposta inovadora: valorizar os jogos como prática humana e social e considerar seu potencial criativo para integrá-los às práticas de saúde. O ineditismo fez do livro o primeiro da coleção Fazer Saúde, que vem se somar às outras sete da Editora Fiocruz Antropologia e Saúde; Bioética e Saúde; Criança, Mulher e Saúde; História e Saúde; Loucura e Civilização; Saúde dos Povos Indígenas; e Temas em Saúde. Os autores privilegiam a análise dos jogos digitais, amplamente disseminados nas sociedades contemporâneas, mas pouco estudados além de duas categorias a de jogos educativos e a de instrumento de divulgação científica. Para isso, descrevem e discutem experiências como o uso de newgames sobre epidemias; os jogos voltados para grupos que vivenciam doenças de difícil abordagem, como crianças com Síndrome de Down ou autismo; e outros desenvolvidos pra pessoas idosas com o objetivo de reduzir o risco de Alzheimer. A discussão vai além do uso terapêutico dos jogos: trata da sua inserção em contextos sociais e culturais mais amplos e do envolvimento na experiência lúdica de grupos de referência.
O percurso do processo de luto é marcado por idas e vindas - dias melhores, dias piores -, em que cada sujeito está tentando descobrir o que fazer com a perda, a falta e o vazio. Neste livro, Carla Rodrigues aborda o problema do luto, tema que passou a tomar como central na filosofia política de Butler, deslocando-o de categoria clínica para categoria ético-política, sem abrir mão da interlocução com a psicanálise. Estão reunidos aqui textos elaborados entre 2018 e 2020 e organizados em três partes: “Por que Judith Butler”, “Luto e despossessão” e “Encontros feministas”.
A compreensão dos saberes produzidos, articulados e sistematizados pelo Movimento Negro e de Mulheres Negras tem a capacidade de subverter a teoria educacional, construir a pedagogia das ausências e das emergências, repensar a escola, descolonizar os currículos e dar visibilidade às vivências e práticas dos sujeitos. Ela poderá nos levar ao necessário movimento de descolonização do conhecimento. Este trabalho tem como tese principal o papel do Movimento Negro brasileiro como educador, produtor de saberes emancipatórios e um sistematizador de conhecimentos sobre a questão racial no Brasil. Saberes transformados em reivindicações, das quais várias se tornaram políticas de Estado nas primeiras décadas do século XXI.
De Leonardo Da Vinci a John Dee e Comenius, de George Eliot a Oliver Sacks e Susan Sontag, os polímatas moveram as fronteiras do conhecimento de inúmeras maneiras. Mas a história pode ser cruel para estudiosos com tais interesses enciclopédicos. Com muita frequência, esses indivíduos são lembrados apenas por uma parte de suas valiosas realizações. Neste relato envolvente e erudito, Peter Burke defende uma visão mais global. Identificando quinhentos polímatas ocidentais, Burke explora seus estudos abrangentes e mostra como a ascensão desses intelectuais correspondeu a um rápido crescimento do conhecimento nas eras da invenção da impressão, da descoberta do Novo Mundo e da Revolução Científica. Só mais recentemente é que a aceleração do conhecimento levou a uma maior especialização e a um ambiente que dá menos apoio a acadêmicos e cientistas de amplo espectro. Abordando desde a Renascença até os dias atuais, Burke muda nossa compreensão dessa notável espécie de intelectual.
O atual quadro insatisfatório da educação brasileira é resultado de um longo histórico de descaso e de decisões equivocadas, que cobram um preço alto ao país até hoje. Este é o argumento principal deste livro, que busca explicar, em linguagem acessível a um público amplo, como, desde a Independência, a despeito de generosas promessas em discursos e leis, foi sendo construído nosso atraso em relação a países desenvolvidos, ou mesmo frente a algumas nações vizinhas. Também analisa alguns tópicos do atual debate público à luz desse passado, tais como o financiamento, a cultura da repetência, a baixa aprendizagem e as imensas desigualdades que continuam marcando a educação brasileira.
"A justiça, ou ainda, a injustiça, não nos deixa indiferentes. Muitas vezes não estamos de acordo sobre o que é justo ou injusto. Isso é um fato. Como pode acontecer que distintas pessoas ou grupos se enfrentem, cada um acredita sinceramente que está agindo em nome da justiça? Quem está errado? Será que casa um deles pressupõe um significado diferente para a palavra justiça?"
Ainda existe em relação ao conceito de poder um caos teórico. Opõe-se à evidência do seu fenômeno uma obscuridade completa de seu conceito. Para alguns, significa opressão. Para outros, um elemento construtivo da comunicação. As representações jurídica, política e sociológica do poder se contrapõem umas às outras de maneira irreconciliável. O poder é ora associado à liberdade, ora à coerção. Para uns, baseia-se na ação conjunta. Para outros, tem relação com a luta. Os primeiros marcam uma diferença forte entre poder e violência. Para outros, a violência não é outra coisa senão uma forma intensiva de poder. Ele ora é associado com o direito, ora com o arbítrio. Tendo em vista essa confusão teórica, é preciso encontrar um conceito móvel que possa unificar as representações divergentes. A ser formulada fica também uma forma fundamental de poder que, pelo deslocamento de elementos estruturais internos, gere diferentes formas de aparência. Este livro se orienta por essa diretriz teórica. Desse modo, poderá ser chamado poder qualquer poder que se baseie no fato de não sabermos muito bem do que se trata.
Implantado em 1998 no ensino fundamental da rede estadual, o regime de progressão continuada visava solucionar problemas educacionais do Brasil como a repetência e a evasão escolar. Com o projeto de prover ao aluno reforços, além dos modelos de recuperação paralela e recuperação intensiva, este regime acabava por tentar resolver a questão do acesso à escola sem se preocupar com a qualidade efetiva do ensino.
A obra analisa as influências extra-sociais que geram o suicídio e a natureza das causas sociais, a maneira pela qual produzem seus efeitos e suas relações com as situações individuais que acompanham os diferentes tipos de suicídios. Mostra ainda em que consiste o elemento social do suicídio, ou seja, a tendência coletiva - suas relações com os outros fatos sociais e por que meios é possível agir sobre ela.
O Trabalho de Cuidar e Educar: Gênero, saber e poder traz aos leitores as reflexões sobre o trabalho de cuidado e de educação de crianças na esfera pública, desempenhado por professoras, monitoras e um monitor de creche. As diferenciações nas trajetórias de trabalho e de formação trazem repercussões nos saberes e nas relações de poder construídas por elas ao longo do tempo. Como categorias centrais estão as relações de gênero, a divisão sexual do trabalho e as relações de poder.
A obra, formada por 12 artigos, trata de temas contemporâneos e pontuais como o novo universitário que vem se inserindo na UFBA, ou seja, o aluno de origem popular, e a opinião dos estudantes com relação ao Bacharelado Institucional (BI) desta Universidade. A relação da juventude com a política, a maternidade durante o período universitário, e a questão da evasão na educação superior são alguns dos assuntos também abordados.
A lógica do conjunto da economia mudou, resultado da revolução digital - tão profunda, a meu ver, como foi a Revolução Industrial mais de dois séculos atrás. É necessário ir além das análises de como o passado se deforma em diversos aspectos, e entender qual é a nova realidade que está surgindo, em termos sistêmicos. Estamos enfrentando um sistema muito mais perverso do que o capitalismo industrial, que era sem dúvida explorador, mas também produtivo. A desigualdade hoje se aprofunda de maneiramais acelerada, e com pouca base produtiva: é um sistema essencialmente extrativo que se dá à custa de uma destruição ambiental cada vez mais catastrófica.
Quem é índio no Brasil? Qual a sua situação no país? Que relação ele estabelece com o meio ambiente? Quais são as diferenças entre os índios de 1500 e os de hoje? Como eles vivem, que língua falam e onde vivem? Eles são brasileiros? Sim, eles são brasileiros natos e originários. E estão espalhados em todos os estados do país. O antropólogo e ex-presidente da Funai Mércio Pereira Gomes responde a essas e muitas outras perguntas sobre os primeiros habitantes destas terras. Em um livro completo e atualizado, o autor mostra quem são os povos indígenas que aqui habitam, quais são as políticas indigenistas desde a colonização, revela os interesses econômicos que desafiam os índios e rebate o discurso comum ao enfatizar o ponto de vista do índio. Valendo-se de informações preciosas para analisar e interpretar a questão do índio no Brasil, a obra revela como chegamos a uma reversão histórica na demografia indígena. Ou seja, a população indígena deixou de diminuir, como ocorria desde 1500, e está aumentando. Isso não significa, porém, que os obstáculos foram todos superados. O texto discute a história, o presente e os desafios para o futuro dos índios no Brasil.
Este livro reúne ensaios de Judith Butler, escritos ao longo de duas décadas, que detalham suas reflexões sobre os papéis das paixões na formação do sujeito. Com base em seus primeiros trabalhos sobre o desejo hegeliano e suas reflexões subsequentes sobre a vida psíquica de poder e a possibilidade de relatar a si mesmo, Butler mostra, em diferentes contextos filosóficos, como o eu que busca constituir-se já se encontra afetado e formado contra sua vontade pelos poderes sociais e do discurso. A autora lança luz sobre o desejo de viver, a prática e o perigo do luto, o amor e os modos despossessão, abordando questões-chave sobre gênero, sexualidade e raça sob diversas análises. Tomados em conjunto, estes ensaios seguem o rastro do desenvolvimento das ideias de Butler sobre as relações éticas.
A autora retoma um tema recorrente da vida social, o da construção ideológica do mito, através da figura de Oswaldo Cruz, em quem realidade e imaginário se misturam de maneira inextricável. Conduz-nos ao momento em que, morto, Oswaldo Cruz passa a vivenciar um processo de mitificação, de canonização, e de sua transformação em totem da tribo dos médicos sanitaristas.
Abordando uma modalidade bem específica da formação de trabalhadores em saúde mental, a Residência Multiprofissional, o título reúne discussões trazidas por discentes e docentes da pós-graduação oferecida pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, com debates científicos, teóricos e práticos relevantes quanto a produção de avanços no cuidado em saúde mental.
Uma viagem pelo conceito de tempo, permeada por desafios e questionamentos, na tentativa de refletir sobre este instigante e intangível enigma. Fruto de uma aprofundada pesquisa e de sua própria vivência como médico psiquiatra, professor de psicologia e filósofo, o autor apresenta um ensaio em que dialogam filosofia, psicologia, ciência, literatura e outros campos do saber.
Para fazer brotar a esperançaEm Pedagogia da esperança, de 1992, Paulo Freire faz uma reflexão sobre a Pedagogia do oprimido, um reencontro com ela, com suas vivências em quase três décadas nos mais diferentes cantos do mundo. O livro, atual e imprescindível, conta ainda com a colaboração de Ana Maria Araújo Freire, através de notas explicativas.
O livro tem como propósito, à luz dos pressupostos da Teoria da Ação Comunicativa de Jürgen Habermas compreender a racionalidade atual da Pedagogia, bem como apresentar argumentos para a construção de uma outra racionalidade com vistas a uma nova identidade pedagógica centrada na razão comunicativa numa perspectiva que cunhamos da Pedagogia do Entendimento Intersubjetivo.
Pedagogia do oprimido , escrito entre 1964 e 1968, quando Paulo Freire estava exilado no Chile, foi proibido pela ditadura civil-militar do Brasil, onde permaneceu inédito até 1974. Ancorado em situações concretas, este livro desvela as relações que sustentam uma ordem injusta, responsável pela violência dos opressores e pelo medo da liberdade que os oprimidos sentem. É um livro radical, sobre o conhecer solidário, a vocação ontológica, o amor, o diálogo, a esperança e a humildade. Aborda a luta pela desalienação, pelo trabalho livre, pela afirmação dos seres humanos como pessoas, e não coisas.
“Pedagoginga, Autonomia e Mocambagem" se harmoniza a algumas esferas importantíssimas: a atenção filosófica, histórica e contextualizada sobre o que se convencionou chamar de culturas negras; a implementação consistente do ensino de história e de cultura destas matrizes de fontes africanas e de cabeças, pés e mãos pretas; o sonho suado de um movimento de educação popular autônomo nas periferias de São Paulo nesse começo do século 21. Allan da Rosa apresenta e discute elementos fundamentais de nossa cultura, a partir de referenciais filosóficos e epistêmicos constitutivos de nossas linhagens, pilares, desafios e também contradições. E com essa perspectiva convida o leitor a refletir a respeito do fazer educativo. Assim, o autor apresenta uma nova proposta pedagógica, nova porém trançada a estéticas e fundamentos ancestrais, o que implica a autonomia de educadores e estudantes, bem como o compromisso genuíno com a cultura afro-brasileira. Eis um livro de reflexões, dúvidas, lâminas e ninhos sobre uma prática de anos em Educação Popular que tem como mote a experiência de organizar e concretizar cursos independentes nas nossas periferias de São Paulo, focados na vivência negra de ontem, do futuro, de hoje e a de tantas linhas, espirais e novelos do tempo que tecemos. O livro integra a Coleção Insurgências, que nasce com o objetivo de partilhar e fazer girar reflexões e práticas comprometidas com formas diversas de pensar o mundo, as relações, os modos de aprender e de ensinar.
O presente livro condensa uma fase muito importante da obra de Vigotski. Embora seu tema central seja a relação entre pensamento e linguagem, ele trata, no nível mais profundo, da apresentação de uma teoria extremamente original e bem fundamentada do desenvolvimento intelectual.
Pascal, escritor e filósofo de gênio, é também um extraordinário pensador político. Seu pensamento é talvez o mais necessário em nossa época, por ser o mais lúcido, o mais desiludido, o mais desesperado, e não obstante sem concessão alguma ao niilismo ou à tentação - às vezes tão forte! - do recolhimento individualista ou apolítico.