Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
Neste lançamento da Editora Fiocruz em coedição com a Unifesp, Alvaro (Carmen) Jarrín combina trabalho de campo etnográfico, pesquisa em arquivo e leituras da cultura popular, a fim de examinar as concepções vigentes de beleza no Brasil, sob a ótica conjunta da biopolítica foucaultiana e da teoria do afeto. O resultado de três anos de pesquisa é apresentado em seis capítulos originalmente publicados em língua inglesa, em obra contemplada pelos prêmios Marysa Navarro Book Prize (2018), do Conselho de Estudos Latino-Americanos da Nova Inglaterra (NECLAS, na sigla em inglês) e Michelle Rosaldo Book Prize (menção honrosa - 2019), da Associação por uma Antropologia Feminista (AFA, na sigla em inglês). Nos dois primeiros capítulos do livro, é delineada a estrutura que, segundo Jarrín, transformou a beleza numa tecnologia de biopoder no Brasil, o que envolve, do projeto de embranquecimento da nação, no início do século XX, à incorporação da cirurgia estética no SUS, nos anos de 1960.
A obra busca responder a algumas questões de ordem ética e prática que surgem dentro de uma instituição voltada para a atenção sanitária terciária, onde é comum surgirem conflitos dos mais variados tipos e origens. Desse modo, procura traduzir as experiências de profissionais que pesquisam e trabalham no campo da bioética. Os artigos reunidos na coletânea tratam de questões que dizem respeito ao início da vida humana, passando pela discussão de outros temas também relacionados com a bioética, como saúde pública, deontologia, assistência materno-infantil, reprodução humana, ética na pesquisa com seres humanos e animais, genética e era pós-genômica, cuidados em saúde da mulher e da criança, entre outros.
Assegurar à população os direitos constitucionais de alimentação e nutrição é ainda um grande desafio no Brasil, onde coexistem problemas nutricionais diversos, agravados durante a pandemia da Covid-19. Neste lançamento da Editora Fiocruz, as organizadoras Marly Marques da Cruz, Denise Cavalcante de Barros e Santuzza Arreguy Silva Vitorino reúnem uma rede de 28 pesquisadores e profissionais, com quem dividem a autoria de seis dos catorze capítulos, em que se evidencia o papel central da avaliação, etapa por vezes dispersa no ciclo da política pública - composta, ainda, por formulação, implementação e monitoramento. A obra, elaborada em duas partes, conjuga os aspectos conceitual e teórico com os metodológico e prático. A primeira seção, denominada “Fundamentos teóricos e metodológicos para a avaliação das políticas de alimentação e nutrição em saúde”, traz as bases teóricas e conceituais da avaliação. Já a segunda, “Produção de Conhecimento e Experiências Práticas de Avaliação no Campo da Alimentação e Nutrição em Saúde”, trata de experiências avaliativas inovadoras, como as abordagens colaborativas e participativas, cujos usos são ainda pouco comuns para o campo da alimentação e nutrição.
Este livro representa um projeto desafiador: o estudo de sequências genéticas repetidas que são capazes de se mover, tornando os genomas dinâmicos e flexíveis. Os elementos de transposição (TEs) têm a capacidade de se multiplicar e mudar de lugar no genoma, levar consigo genes, promover rearranjos cromossômicos e alterar a expressão de genes vizinhos. Trata-se de um dos tópicos mais instigantes na área da genética, que durante décadas não recebeu o devido reconhecimento. O livro surgiu de uma reunião de integrantes do grupo de pesquisa Elementos de Transposição como Agentes de Diversidade , do CNPq, que consideram indispensável disponibilizar a pesquisadores e estudantes informações que permitam compreender a dinâmica e a plasticidade dos genomas em decorrência da presença dos TEs. “O livro não esgota as inúmeras informações e implicações decorrentes da interação genoma-TE mas propicia aos leitores o contato atualizado e a compreensão dos principais temas relacionados à estrutura e funcionamento dessas sequências genéticas móveis e sua relação com a evolução dos organismos”, afirmam as organizadoras.
Durante anos, os estudos sobre a saúde da criança e da mulher estiveram vinculados a uma ótica que não as percebia como protagonistas das situações - a mulher era vista apenas como mãe e a criança tinha sua subjetividade ignorada. Caminhos do pensamento: epistemologia e método é o primeiro livro da Coleção Criança, Mulher e Saúde que traz ao debate algumas temáticas consideradas base de toda ação de pesquisa e desenvolvimento. A coletânea reúne autores que discutem a relação entre teoria e método, construção de conceitos e a possibilidade de aplicação da ciência na melhora da qualidade de vida. Tudo isso faz deste livro um excelente objeto de pesquisa, ideal para alunos dos cursos de graduação, pós-graduação e leitores interessados na inserção da criança e da mulher nos estudos sobre clínica médica, ciências sociais e humanas, ciências básicas e saúde coletiva.
Uma homenagem ao pesquisador e à sua trajetória. Adolpho Lutz foi o precursor das modernas campanhas sanitárias e dos estudos epidemiológicos envolvendo, sobretudo, o cólera, a febre tifoide, a peste bubônica e a febre amarela. Para compor a obra, os organizadores recuperaram o arquivo pessoal do cientista e de sua filha, a bióloga Bertha Lutz. Prêmio Jabuti 2005: 2º lugar na Categoria Ciências Naturais e Ciências da Saúde (obra completa) Prêmio Alexandre Rodrigues Ferreira 2005 (Sociedade Brasileira de Zoologia): Menção Honrosa na Categoria Livro (obra completa)
A gestação, o parto e o pós-parto vivenciados por mulheres adeptas da religião Daime é a principal investigação de O Parto na Luz do Daime: corpo e reprodução entre mulheres na vila Irineu Serra, título da coleção Antropologia e Saúde. Escrita pela antropóloga Juliana Barretto, a obra é fruto da tese de doutorado defendida pela autora, em 2019, no Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O título entrelaça a cultura do daime no Acre e a assistência ao parto de mulheres “oasqueiras”, que fazem uso da Ayahuasca – bebida produzida a partir da combinação de ervas psicoativas da Amazônia, que também pode ser chamada de daime – no ritual da crença adotada.
A seca é apenas um evento climático de origem natural ou também é um desastre social, que tem forte impacto na saúde, no bem-estar e no desenvolvimento humano? Esse é um dos principais pontos de Seca Silenciosa, Saúde Invisível: um desastre naturalizado no Semiárido do Brasil, obra escrita pelas pesquisadoras Aderita Ricarda Martins de Sena e Tais de Moura Ariza Alpino, que abordam questões específicas do evento climático de seca, com ênfase no Semiárido do Brasil (SAB). Durante as pesquisas, as autoras observaram os efeitos da seca sobre a sociedade e sobre os determinantes da saúde, considerando os contextos do desenvolvimento sustentável ambiental, econômico e social. Organizado em sete capítulos, o título reafirma a importância de se priorizar o tema e contribui ainda para o desenvolvimento de ações concretas que permitirão gerir os impactos da seca sobre a saúde da população do SAB. “Este volume configura-se como um alicerce que pode subsidiar a mobilização e o engajamento do Sistema Único de Saúde, em suas esferas federal, estadual e municipal”, diz Eliane Lima e Silva, pesquisadora do Laboratório de Geografia, Ambiente e Saúde da Unb, na orelha do livro.
O livro apresenta o Samu, situando seu protagonismo como primeiro componente implantado da política de redes assistenciais, e discute seu funcionamento e abrangência nacional. “Foi, sem dúvidas, um componente que teve muita aceitabilidade por parte da população e dos gestores, mudando a forma de atender urgências no Brasil”, ressaltam as autoras. Esse atendimento pré-hospitalar foi ampliado com a criação das UPAs e das salas de estabilização. Segundo as médicas, a UPA foi um componente vital para a ampliação do acesso, mas sua implantação foi controversa: “A falta de planejamento gerou uma competição com a APS (Atenção Primária à Saúde) e com o próprio hospital, como ilustrado pelo desastroso fenômeno de internação na UPA”, explicam.
Em coedição com a Editora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a obra é fruto do projeto de pesquisa “Do Hospício de Pedro II ao Hospício Nacional de Alienados: Cem Anos de Histórias (1841-1944)” – desenvolvido entre 2015 e 2018, no Departamento de Pesquisa em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) e financiado pelo Edital do Programa de Excelência em Pesquisa (Proep-Fiocruz-CNPq). Foram reunidas neste livro as contribuições mais recentes de pesquisas que têm como tema comum a história do Hospício Nacional de Alienados (HNA), primeiro hospício especializado para alienados do país. O lançamento se soma aos títulos que abordam o Hospício Nacional de Alienados (HNA) e revisita a história do hospício com base na análise de novas fontes e perguntas. Também se utiliza de variadas e renovadas perspectivas teóricas e metodológicas mais recentes. “Como os próprios coordenadores do livro indicam, a emblemática instituição brasileira já tem sido objeto de numerosos estudos, mas, neste caso, as contribuições tanto metodológicas como de conteúdo fazem deste livro coletivo um produto novo e original”, reafirma Rafael Huertas, professor no Instituto de História (IH) do Centro de Ciências Humanas y Sociales do Consejo Superior de Investigaciones Científica (CSIC) de Madrid, no prefácio do livro.
O livro dá seguimento ao primeiro volume da obra, dedicado ao século XIX e à primeira metade do XX, escrito com Denis Guedes Jogas Junior e lançado em 2020. Neste segundo volume, Benchimol e Peixoto analisam os fatores biológicos, sociais e ambientais responsáveis pela ocorrência da doença na Amazônia desde os anos 1960 até o século XXI, dando reconhecimento a cientistas e sanitaristas que tiveram papel fundamental nas pesquisas sobre essa e outras endemias, que ocorreram em ambientes alterados por fazendas de gado, madeireiras, garimpos, grileiros e empreendimentos de grande porte como Carajás, Projeto Jari e a rodovia Transamazônica. Apresentados na época como projetos de modernização da Amazônia, os empreendimentos causaram graves danos às populações indígenas e ao meio ambiente, pondo em risco o planeta inteiro.
Escrita pela historiadora Tamara Rangel Vieira, a obra é fruto da tese de doutorado defendida pela autora, em 2012, no Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz. O título evidencia como um conjunto de jovens médicos construiu em Goiás - estado então distante dos mais conceituados centros médicos e científicos do Brasil do século XX - uma comunidade médica de pesquisa e ensino capaz de dialogar com seus pares. O resultado disso foi, como mostra a autora, a fundação da Associação Médica de Goiás (AMG), a criação da Revista Goiana de Medicina e a inauguração da Faculdade de Medicina de Goiás, entre outros exemplos. Ao mesmo tempo, Tamara Vieira usa como analogia o clássico Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, para evidenciar a imagem pejorativa de sertão que foi atrelada ao estado de Goiás e discutir sobre a questão das desigualdades regionais.
O trabalho de muitos pesquisadores não se restringe ao laboratório. Aqueles que estudam zoonoses – doenças transmitidas por animais – estão entre os que costumam ir a campo. Suas atividades podem incluir expedições a campo para a captura de animais silvestres e coleta de amostras biológicas. No imaginário, algo associado ao senso de aventura. Na prática, tarefa fundamental à pesquisa e à vigilância ambiental e epidemiológica, exercida por profissionais continuamente expostos ao risco de infecção por bactérias, vírus e outros parasitas transmitidos por animais. Contribuir para a capacitação desses profissionais é o objetivo deste livro. A coletânea apresenta e discute diversos aspectos importantes para evitar acidentes e assegurar a proteção do profissional e do ambiente no trabalho de campo com animais, bem como os procedimentos necessários antes e depois da expedição.
Este livro é o resultado de uma ampla pesquisa socioantropológica sobre as representações populares e as experiências com a hipertensão arterial sistêmica. A autora entrevistou homens e mulheres hipertensos diagnosticados há mais de um ano, com idades entre 50 e 65 anos, clientela de uma unidade de Saúde da Família na cidade de Amparo, no estado de São Paulo. A análise foi sensível às especificidades do modo de vida, das diferenças de gênero, idade e religião, atentando sempre para a maneira como os entrevistados cotidianamente refletem, lidam e atuam diante do adoecimento. O estudo foi realizado por meio de entrevistas conduzidas mediante roteiro, complementadas com observações e extensa investigação de documentos e bibliografia. Análises de conteúdo, das narrativas e estudos de caso foram utilizados. A autora também ouviu os agentes comunitários de saúde, pertencentes à equipe de Saúde da Família do local estudado. Ela descreve as características socioeconômicas, demográficas e educacionais da clientela e desses profissionais, conferindo especial atenção à forma como atendem e se relacionam com os pacientes.
Em nossos modernos CTIs, a morte, antes vista como acontecimento irrevogável, passa mais claramente à ordem dos processos, cuja duração, intensidade e conseqüências são administradas ou reguladas segundo critérios e valores muitas vezes não explicitados. Mediante um estudo de caso, a autora aborda a organização social dos centros de tratamento intensivo; os dramas éticos envolvendo profissionais da saúde, pacientes e familiares; e, finalmente, a emergência de um novo especialista, o intensivista.
Estudo que trata da triste e desafiadora experiência de combate à mortalidade infantil no nordeste brasileiro, especificamente no estado do Ceará. Seus capítulos versam sobre a teoria, a metodologia, os cuidados clínicos e a ação comunitária e estão fundamentados na antropologia médica, que tem guiado os programas de atenção à saúde infantil nesse estado brasileiro. A obra conta ainda com farto material etnográfico coletado pela autora ao longo de décadas, relacionado a mães e filhos pobres, mortes de crianças, luto materno, ambientes fragmentados e predatórios e intervenções capazes de aumentar a sobrevivência infantil.
Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.