Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
Os principais ditadores do século XX – homens como Hitler, Stalin e Mao – governaram por meio de repressão brutal. Muitos outros também impuseram ideologias oficiais e isolaram seus Estados do mundo exterior. Mas, nas últimas décadas, a face da ditadura mudou. Uma nova geração de homens-fortes bem-vestidos e versados em mídia tem redesenhado o governo autoritário para um mundo mais sofisticado e globalmente conectado. Em vez de julgamentos de fachada e campos de prisioneiros, esses líderes controlam seus cidadãos manipulando informações e falsificando procedimentos democráticos. Assim como os assessores políticos nas democracias, eles manipulam as notícias para obter apoio.
Este livro reúne antropólogos, sociólogos, cientistas políticos, economistas e profissionais de relações internacionais que nos ajudam a compreender o bolsonarismo como uma dupla chave, movimento e forma de governo, e quais são os impactos disso nas políticas públicas, na saúde das instituições e na vida da população brasileira. Nos textos que tratam do campo institucional, são analisadas as relações do governo com o Congresso Nacional, os partidos políticos, o Supremo Tribunal Federal e as novas dinâmicas federativas. Outro conjunto de textos analisa políticas públicas de atenção a saúde, educação, meio ambiente, segurança pública, distribuição de renda, direitos humanos e minorias, as reformas trabalhista e previdenciária, as políticas externa e econômica.
Neste livro, a Dra. Anna Lembke, autora do best-seller Nação dopamina , volta o seu olhar para as forças invisíveis que estão por trás da dependência em diversos medicamentos receitados todos os dias para jovens, adultos e crianças. Nos dias de hoje, a velocidade do mundo promove pílulas como soluções rápidas. Como se não bastasse, as grandes corporações farmacêuticas em conjunto com os planos de saúde se valem de uma burocracia que estimula o uso de comprimidos, a indicação de procedimentos muitas vezes protelatórios e a solução provisória dos problemas em vez de promover o bem-estar do paciente a longo prazo.
A partir da segunda metade do século XX, o capitalismo entrou em acelerada mutação e o corpo da mercadoria perdeu lugar para a imagem da mercadoria, interpelando o sujeito pelo desejo, não mais pela necessidade. O valor de uso deu lugar ao valor de gozo. Assim, os conglomerados monopolistas globais que se ocupam da comunicação, da exploração do olhar e da extração dos dados pessoais – e dos quais as mídias digitais são um combustível e uma extensão – se tornaram o centro do capitalismo, a aura mais fulgurante da Superindústria do Imaginário .
Tempo , quinto e último volume da coleção Parentalidade & Psicanálise, reúne textos que percorrem, de modo preciso e, por vezes, poético, os atravessamentos temporais que permeiam a experiência da parentalidade. Temas caros à psicanálise, como as transformações do corpo, a ausência de representação da morte, os tempos da constituição subjetiva e as separações, são abordados em sua relação com os desafios enfrentados no exercício das funções parentais no cenário contemporâneo, levando em conta noções como territorialidade e interseccionalidade. A leitura de cada capítulo reafirma a radical contraposição entre a ética psicanalítica e as pretensões de predição e garantia no cuidado com as próximas gerações.
O que significam a negritude e a identidade para as bases populares negras e para a militância do movimento negro? Por onde deve passar o discurso sobre essa identidade contrastiva do negro, cuja base seria a negritude? Passaria pela cor da pele e pelo corpo unicamente ou pela cultura e pela consciência do oprimido? A partir de questionamentos como esses, Kabengele Munanga debruça-se sobre a construção identitária do Brasil ao longo dos tempos, partindo do princípio de que o conceito de identidade recobre uma realidade muito mais complexa do que se pensa, englobando fatores históricos, psicológicos, linguísticos, culturais, político-ideológicos e raciais.
Vamos falar de relações raciais? Crônicas para debater o antirracismo , de Cidinha da Silva, é muito mais do que um simples livro. É uma obra colaborativa, gestada por diversas mãos que se uniram em meio aos desafios da pandemia para trazer à luz um material rico e provocativo.
Interseções, diálogos e caminhos. Esses são os eixos condutores dos artigos que compõem esta coletânea, que expande a discussão apresentada no livro Vozes negras em comunicação: mídia, racismos, resistências, de 2019. Aqui, a leitora e o leitor terão a oportunidade de conhecer análises, reflexões e perspectivas que vão além do euroreferenciamento hegemônico no campo intelectual brasileiro. São vozes negras e antirracistas referenciadas nas experiências afro-brasileiras e afrodiaspóricas e que nos colocam diante de uma instigante produção de conhecimentos emancipatórios.
Esta publicação pode ser considerada uma autobiografia etnográfica, como a própria Zélia Amador de Deus nomeia sua escrita. Nos oito artigos aqui reunidos, a autora apresenta, por meio de uma produção teórica e politicamente posicionada, dimensões políticas, sociais e culturais que marcaram e marcam a história social e política brasileira ainda pouco conhecida. Os textos, escolhidos pela própria autora, representam o núcleo central do seu pensamento e da sua intervenção acadêmica e política dos anos 1990 até 2019. É o olhar sobre essa história produzido por uma mulher negra, ou uma mulher preta, como a própria Zélia faz questão de nomear a si mesma. Mas essa jamais será uma história individual. Ela faz parte de um coletivo, e é construída dessa maneira.
Este livro traz reflexões abrangentes para o futuro do país, abordando questões econômicas, políticas, ambientais e sociais no contexto atual do mundo. Os temas tratados estão na ordem do dia, como os desequilíbrios ambientais e climáticos, as tensões políticas e incertezas globais, a necessidade de modernização do Estado brasileiro, as agendas estratégicas que envolvem a produção de alimentos, a valorização da biodiversidade com inclusão social e o protagonismo dos povos originários.
Ao longo da vida, Freud publicou cinco grandes histórias clínicas, que se tornaram os casos paradigmáticos da clínica psicanalítica, tanto por seus sucessos quanto por seus impasses. Dora, Hans, Homem dos Ratos, Schreber e Homem dos Lobos são, ao mesmo tempo, nomes próprios de casos singulares e paradigmas das estruturas e dos tipos clínicos que eles indexam. Na escrita dessas histórias, sobressaem a escuta sensível do psicanalista atento ao detalhe e o talento inigualável do narrador que escrevia seus casos como romances. Foi o próprio Freud que insistiu na publicação conjunta desses cinco casos, reunidos pela primeira vez num único volume no Brasil, oferecendo ao leitor uma visão de conjunto dos mais célebres casos clínicos da psicanálise. No presente volume, a tradução buscou não apenas reimprimir e reeditar, em português do Brasil, os conteúdos apresentados por Freud, mas também adaptá-los para a realidade dos leitores brasileiros – especialistas ou não –, proporcionando-lhes uma visão tanto das superfícies textuais mais aparentes quanto, sempre que possível, das camadas internas, das entrelinhas, das pressuposições mais recônditas nos textos de Freud, indelevelmente marcados por um estilo que mescla o científico e o literário. Leitura indispensável tanto para psicanalistas quanto para aqueles que se interessam em conhecer como cada sujeito inventa formas de viver com seus sintomas e sofrimentos psíquicos.
Psicopatologia da vida cotidiana foi o primeiro sucesso editorial de Freud. Não à toa, pois nele o autor desvenda os mecanismos psíquicos de coisas que todos nós experimentamos em nossa vida cotidiana. Todos nós já passamos por situações embaraçosas nas quais esquecemos o nome de um conhecido, ou trocamos o nome de uma pessoa pelo de outra, ou esquecemos o que estávamos procurando, ou dizemos uma coisa querendo dizer outra, ou ainda quando nosso corpo se equivoca dessa ou daquela maneira. Neste delicioso livro, que contém cerca de 300 exemplos de sintomas sociais, Freud desvenda cuidadosamente os mecanismos inconscientes por trás de erros e equívocos aparentemente banais. Como resultado, o autor borra os limites entre o normal e o patológico, esvaziando a psicopatologia de qualquer conotação médica e aproximando, ao mesmo tempo, o inconsciente e nossa vida cotidiana. Além disso, como nada é por acaso, Freud investiga superstições e o determinismo de ações psíquicas aparentemente arbitrárias.
Há um antes e um depois na história da psicanálise. O divisor de águas é justamente o Além do princípio de prazer, o ensaio mais fascinante e mais desconcertante da obra de Freud. Nele, são introduzidos conceitos que marcaram época, como Eros e pulsão de morte. Numa argumentação vertiginosa, Freud analisa experiências aparentemente desconexas, como o jogo de uma criança pequena de lançar objetos longe e às vezes recuperá-los, os sonhos traumáticos de neuróticos de guerra, ou a impressão de estarmos repetindo cegamente um destino que nos escapa, etc. Esses fenômenos são analisados minuciosamente por Freud e culminam com a revisão de um dos fundamentos teóricos mais centrais da psicanálise, a primazia do princípio de prazer como regulador do funcionamento psíquico. Esta é a primeira edição crítica bilíngue de um texto de Freud no Brasil. Em 1995, foram encontrados dois manuscritos inéditos do texto, um deles contendo apenas seis capítulos. Descobrimos, desconcertados, que antes mesmo de formular os conceitos de Eros e de pulsão de morte, Freud já havia cruzado o limiar para além do princípio de prazer. Assim como a edição crítica alemã, publicada pela primeira vez em 2013, a presente edição traz todas as seis variantes do texto, apresentadas de forma simples e intuitiva. Acompanha ainda um extenso dossiê intitulado “Para ler o Além do princípio de prazer”, que contém um dicionário de autores e obras citadas, abordando as fontes psicanalíticas, filosóficas, científicas e literárias mencionadas por Freud.
O que a Psicanálise tem a dizer sobre a arte, a literatura e os artistas? Ou, por outro lado: em que medida o que aprendemos com a arte, com a literatura e com os artistas pode nos abrir caminhos na clínica psicanalítica? Que aproximações podemos fazer entre o trabalho do artista e o do psicanalista? Em que eles se distanciam? Tem a arte o poder de atenuar o sofrimento psíquico? Possui o artista uma melhor disposição para sublimar? Os textos reunidos nesta coletânea constituem a quase totalidade das incursões de Freud nesses domínios e contêm os principais elementos para responder a essas indagações. Mas qual o estatuto dessas incursões? É como leigo que o criador da Psicanálise investiga os processos criativos do poeta ou enfrenta o problema clássico do estatuto da “catarse”? É por puro diletantismo que ele aborda uma lembrança de infância de Leonardo da Vinci ou uma de Goethe? O que dizer da cuidadosa leitura do mármore, atenta aos detalhes quase imperceptíveis do Moisés de Michelangelo e dos paradoxos da sublimação nele implicados? Por que razões Freud recorre a Shakespeare quando se trata de abordar as metamorfoses do desejo e as modificações da imagem da mãe ao longo da vida, ou a Dostoiévski quando aborda os mecanismos de atenuação e ocultamento do desejo de morte do pai? O que as diferenças entre o chiste, o cômico e o humor nos ensinam sobre o Supereu? Completam a coletânea um dos mais belos textos de Freud, que narra um passeio em companhia do poeta Rainer Maria Rilke e de Lou Andreas-Salomé e, ainda, o discurso proferido quando recebeu o Prêmio Goethe.
Talvez seja uma novidade para muitos que este primeiro livro escrito e publicado por Freud permanecia inédito até hoje no Brasil. A frequente justificativa para a sua exclusão das obras ditas completas de Freud seria o seu alegado teor mais neurológico do que psicanalítico.Entretanto, mesmo tendo sido escrito antes da cunhagem do termo Psicanálise, sabemos hoje que Sobre a concepção das afasias: Um estudo crítico é uma obra fundamental para a compreensão dos escritos posteriores. Sobretudo se pensarmos o quanto a fundamental relação entre o psiquismo e a linguagem pauta o pensamento freudiano, vemos aqui o itinerário de alguém que abandona as concepções hegemônicas do localizacionismo defendidas por seus mestres, tornando-se o cofundador de uma concepção dinâmica tanto do psiquismo quanto da linguagem em suas funções e disfunções.Um psicanalista, que lida cotidianamente com a fala dos pacientes, que pratica o método que foi apelidado por uma paciente como talking cure, não pode ser indiferente ao fato de que o primeiro texto importante do criador da psicanálise, datado de 1891, anterior, portanto, à sua teoria do aparelho psíquico, proponha literalmente um aparelho de linguagem.A obra integra a coleção Obras Incompletas de Sigmund Freud, que pretende não apenas oferecer uma nova tradução, direta do alemão e atenta ao uso dos conceitos pela comunidade psicanalítica brasileira, mas oferecer uma nova maneira de organizar e de tratar os textos. Um convite para que o leitor desconfie do caráter apaziguador que o adjetivo “completas” comporta.
No ano do bicentenário da Independência do Brasil, o sociólogo Boaventura de Sousa Santos apresenta um conjunto de reflexões e tarefas para a “descolonização” real e material do Brasil. Descolonizar: abrindo a história do presente representa, para o escritor português, “um esforço no sentido de clarificar as convergências e divergências entre diferentes correntes que se reclamam de um pensamento pós-colonial”. “Um projeto tão urgente como infinito”, completa o autor no prefácio. Ao longo do século XX, os movimentos de libertação contra o colonialismo europeu e as lutas sociais contra o racismo conduziram à enorme expansão de estudos interdisciplinares pós-coloniais/descoloniais, que resultou em uma multiplicidade labiríntica de designações. Na primeira parte dessa obra Boaventura apresenta as diferenças teóricas entre essas denominações e segue com a apresentação de tarefas primordiais para o Brasil, assumidas por diferentes grupos sociais. Destaque para o fim da expropriação de terras indígenas, reforma agrária e trabalho com direitos, fim do sexismo enquanto degradação ontológica gêmea do racismo e mudança da condição de vítima dos grupos marginalizados à de resistente, e da condição de resistente à condição de protagonista da sua história.
Os dilemas que se apresentam no âmbito da educação de crianças e adolescentes só não têm sido maiores do que o ritmo das mudanças a que somos submetidos. Quando começamos a compreender determinado fenômeno, outro surge, trazendo novos desafios e dúvidas, e nos exigindo rever e pensar estratégias para promover o desenvolvimento integral dos mais jovens. A educadora Alcione Marques e o psiquiatra da infância e da adolescência Gustavo M. Estanislau discutem neste livro, na interlocução de suas especialidades, os dilemas que são hoje mais relevantes e frequentes na educação, ilustrados com casos reais, comentados por eles ou por especialistas convidados. Questões como autoridade, autonomia, sexualidade, impactos da tecnologia, bullying, comportamentos autodestrutivos, altas habilidades, abuso de substâncias e saúde mental são discutidas aqui sob diferentes pontos de vista, não com o intuito de se achar uma resposta, mas sim de ampliar o debate e nortear condutas. Uma leitura indispensável para educadores, pais e todos aqueles que se preocupam com o futuro da educação.
Que mundo é este? é um trabalho de interpretação do fenômeno da pandemia no qual a filósofa Judith Butler opera a partir de seus próprios conceitos para analisar as formas de segregação impostas pela covid-19, valendo-se de seu próprio arcabouço teórico, já constituído ao longo de sua obra, justamente como instrumento de crítica a existência dessas formas de segregação. É necessariamente um livro sobre ética e política que dá continuidade – não sem nos surpreender – aos temas que emergiram de modo mais perceptível em sua obra. Para abordar o aspecto trágico da pandemia, Butler trata de destruição ambiental, pobreza, racismo, desigualdades globais, violência social – inclusive a violência contra mulheres e pessoas LGBTQI+. Na pergunta que dá título do livro está a expressão de espanto e indignação, motores de propulsão de quem ainda pensa e aposta que outro fim do mundo é possível.
Neste ensaio, o jornalista e professor Eugênio Bucci reflete sobre a evolução de um conceito que nos desorienta e nos desconcerta: a incerteza. Como pensamos essa ideia incômoda? Como a representamos? Como podemos lidar com o incerto que faz parte central da nossa vida? O tema não é novo. No século XX, porém, virou uma obsessão de pensadores em campos diversos, da matemática à termodinâmica, da economia à política. O estudo da incerteza trouxe novos conhecimentos sobre o risco, e quem domina os artifícios para se safar dos riscos tende a ganhar mais dinheiro. O capitalista decifra as dissimulações do mercado traiçoeiro e fica mais rico. No século XXI, então, o negócio da incerteza orienta os destinos do mundo digital. As máquinas participam da gestão do dinheiro e das coisas públicas. Os algoritmos mapeiam intimidades e decifram o circuito secreto do desejo de cada indivíduo. O tempo e o espaço ficaram muito mais incertos para os seres humanos do que para as máquinas.
Alenka Zupancic, levanta uma questão que não é somente sobre “sexo”, mas também sobre o “é” (enquanto flexão do verbo “ser”), entrelaçando os problemas da sexualidade aos limites da ontologia. Mas o que o “sexo”, uma categoria considerada tão baixa e tão explicitamente carnal, tem a ver com o elevado e abstrato problema filosófico do “ser”? É essa pergunta que este livro tenta responder, servindo-se da psicanálise para evidenciar que o sexo coloca um impasse para a própria ontologia, ao localizar o “sexual” como uma pedra no caminho do “ser”. A obra, percorrendo a interface entre psicanálise e filosofia, propõe pensar a ontologia sem reduzi-la nem a puro simbólico (como algumas vertentes dos estudos de gênero parecem fazer) nem a puro real (como ocorreria em epistemologias realistas contemporâneas).
O processo eleitoral de 2022 foi um dos mais intensos e complicados das últimas décadas no país, em especial no que toca aos abusos de poder, à desinformação e ao desrespeito às regras do jogo democrático. Nesse período, pesquisadores do Observatório das Eleições – iniciativa que, desde 2018, produz análises sobre os processos eleitorais – dedicaram-se a compreender as questões que emergiram e a produzir artigos para que essas reflexões fossem compartilhadas com a sociedade brasileira. A partir desse movimento, nasceu o livro Eleições 2022 e a reconstrução da democracia no Brasil.
Num texto que toma como ponto de partida as fontes coevas e, pormenor importante, exclusivamente árabes, Amin Maalouf constrói uma história das cruzadas vista de uma perspetiva a que raramente temos acesso, pois só nos foram dadas a ler as histórias das cruzadas do ponto de vista ocidental. Como afirmou Alain Decaux: "Interessa comprovar que as versões orientais e ocidentais não coincidem de todo. Nós escrevemos a nossa própria visão; durante esse tempo, eles escreveram a deles. É por isso que esta nova história das cruzadas não se parece com nenhuma outra." Texto cativante, que mescla o tom da crónica contemporânea com a mestria estilística do autor, As Cruzadas Vistas pelos Árabes apresenta-nos uma perspetiva que não é habitual, mas não menos empolgante.
O quarto volume da coleção Parentalidade & Psicanálise traz para a discussão o corpo, tema crucial para se entender como o laço social cria as condições de constituição dos sujeitos por meio dos entrelaçamentos entre pulsão e linguagem. O corpo não é uma entidade passiva a ser disciplinada, controlada ou educada, mas sim lugar de reconhecimento e construção. Quando consideramos o corpo não apenas como um universal biológico, mas também como marcado, ético e singular, ele convoca uma nova atitude de cuidado e consideração. É essa atitude que os autores desta obra enfrentam ao pensar as transformações na arte e no engenho da criação de filhos. Neste volume, é analisado o trabalho psíquico de pais e filhos para fazer corpo próprio e para deixar fazer corpo próprio , permitindo-o falar como um sujeito. Além disso, há uma reflexão sobre o lugar do corpo da mulher e do corpo das pessoas negras nos discursos que circundam os temas da maternidade e da paternidade.
Fruto de quase uma década de pesquisa, Desejos digitais é uma obra sem precedentes. Inserida na sociologia digital, com ênfase nos estudos de sexualidade e gênero, a pesquisa de Richard Miskolci parte da construção do sujeito movido pelo desejo para analisar como a busca por parceiros sexuais (e/ou amorosos) na internet, mais precisamente entre homens, se insere no contexto social contemporâneo e com ele se relaciona. Influenciado principalmente pelas ideias de Eva Illouz, Eve K. Sedgwick, Judith Butler e Michel Foucault, Richard concentra sua pesquisa na primeira geração de homens que buscaram na internet uma forma de vivenciar o próprio desejo com mais segurança e discrição. Desejos digitais nos ajuda a compreender como a tecnologia tem transformado o ser humano e suscitado questões cada vez mais urgentes à sociologia e à psicanálise.
Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.