Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
Quando conheci Daniela Fernandes Alarcon, em Brasília, em 2010, convidei-a para vir à aldeia tupinambá da Serra do Padeiro. Na época, estávamos organizando o nosso Seminário de Juventude, e propus que ela participasse. Daniela se encantou pelas paisagens, tomou banho de rio, comemos frutas do pé. Nessa visita, ela falou da possibilidade de realizar uma pesquisa aqui, com o meu povo, para estudar as retomadas de terras, caso nós aprovássemos. A sua proposta de trabalho foi discutida na aldeia, com as lideranças e os outros parentes, e aprovada. Depois, o projeto de pesquisa foi apresentado para a universidade. Nós nunca imaginaríamos a proporção e a repercussão que a sua pesquisa teria. Pensávamos que seria apenas mais um trabalho. Glicéria Tupinambá, no prefácio.
As mulheres negras são estereotipadas e subvalorizadas na historiografia do samba. Para fazer uma releitura da história que corrija esse viés, propõe-se a figura da ialodê, extraída da tradição afro-brasileira, como chave de leitura para deslocar os estereótipos das mulheres negras na historiografia e destacar sua ação protagônica no samba. O objetivo é compreender diferentes aspectos da participação das mulheres negras nesse campo da cultura midiática que é a música popular e o samba. Para tanto se analisam as disputas por hegemonia implícitas na historiografia da música popular e do samba; se apresenta uma biografia analítica de três sambistas negras (Leci Bandão, Alcione e Jovelina Pérola Negra); e se analisa a obra destas mulheres, a partir de aspectos de gênero e raça. Em conclusão, ao comparar o senso comum sobre o samba com uma leitura centrada na ialodê, desnaturalizam-se as versões correntes das origens do samba e de sua dinâmica na era da indústria cultural.
Qual é o sentido da liberdade? Ao longo de décadas de trabalho, a filósofa Angela Davis se dedica a analisar a questão que dá título a este livro e a propor caminhos para extinguir todas as formas de opressão que negam aos sujeitos liberdade política, cultural e sexual. Publicados pela primeira vez em português, os doze textos que compõem o livro foram palestras realizadas por Angela Davis entre 1994 e 2009 e abordam a relação entre neoliberalismo, racismo, opressões de gênero e classe e o fenômeno da expansão da indústria da punição (ou complexo industrial-prisional) nos Estados Unidos. É a partir dessa inter-relação que a autora analisa fatos históricos da sociedade estadunidense, como a guerra no Iraque, o 11 de Setembro, a eleição de Barack Obama, o movimento pelos direitos civis e a importância da luta coletiva – em especial das comunidades negras, LGBTQIA+ e de mulheres – para repensar e ampliar o sentido da liberdade. Apresentando o assunto de forma ágil e acessível, a autora explora a noção radical de liberdade como um esforço coletivo em prol de uma verdadeira democracia, que exige novas formas de pensar e ser. “Para Davis, a liberdade não é algo concedido pelo Estado na forma de lei, decreto ou norma; a liberdade é batalhada, é duramente disputada e transformadora, é um processo participativo que exige novas formas de pensar e de ser”, escreve Robin D. G. Kelly na apresentação.
De Mariana a Brumadinho, os últimos anos foram marcados por “acidentes” ambientais promovidos pela mineradora Vale S.A. O solo movediço da globalização, do sociólogo Thiago Aguiar, é resultado de uma ampla pesquisa sociológica, econômica e etnográfica, conduzida em dois países com forte presença da gigante mineradora, Brasil e Canadá. O autor foi a campo e conversou com trabalhadores, dirigentes sindicais, gestores e ex-gestores da empresa para mostrar as mudanças nas relações de trabalho ao longo dos anos, a reestruturação das operações da Vale no Canadá, após a compra da Inco em 2006, que levou à maior greve no setor privado daquele país em trinta anos, além das recentes transformações na estrutura de propriedade e na “governança corporativa” da Vale. Com consequências devastadoras para trabalhadores, comunidades e meio ambiente, o caso da Vale S.A. é um exemplo da desastrosa integração da economia brasileira ao capitalismo global nas primeiras décadas do século XXI. No livro, o autor narra em detalhes a complexa transformação da Vale, uma tradicional empresa estatal umbilicalmente associada ao ciclo industrializante do país, em uma grande corporação mundial na liderança da produção de minério de ferro e de níquel. “Neste livro, Thiago Aguiar nos oferece uma oportunidade ímpar para compreendermos catástrofes como as de Mariana e Brumadinho, e agirmos a fim de evitar que elas se repitam no futuro. De fato, o lado sombrio da globalização capitalista foi iluminado por esta obra politicamente radical e sociologicamente instigante. A urgente resposta da sociedade às ameaças trazidas para nossa existência pela financeirização capitalista se fortalece com livros como este. Lê-lo e debatê-lo são tarefas estratégicas para todos os que lutam por uma sociedade justa e ambientalmente sustentável”, escreve o professor Ruy Braga no prefácio da obra.
Nascer, crescer e adoecer são experiências inscritas em um determinado momento histórico e contexto social. E o adoecimento infantil vem, nas últimas décadas, sofrendo alterações: com os avanços tecnológicos e clínicos constituídos desde então, observa-se uma transição do perfil agudo para um perfil crônico, com longa duração e demandas de cuidados contínuos. Essa nova realidade impacta na vida das famílias, no cotidiano hospitalar, nas redes de serviços e nas políticas públicas. O livro pretende assim apresentar e discutir tais questões, instrumentalizando os profissionais que trabalham nesse segmento aos novos desafios postos pela realidade social.
Este livro mostra, sinteticamente, o que é o trabalho infantil e até que ponto ele é um instrumento de manutenção da pobreza. Apresenta esforços que vêm sendo feitos para combatê-lo e explica a importância de sua erradicação.
Aprofundar a discussão sobre os fundamentos do trabalho no Brasil contemporâneo, relacionando-a ao trabalho e à educação dos trabalhadores na área da saúde: esta é proposta do presente livro, que completa uma trilogia sobre trabalho, educação e saúde, junto com os títulos Fundamentos da Educação Escolar no Brasil Contemporâneo (2006) e Estado, Sociedade e Formação Profissional em Saúde (2008). Os três volumes têm como objetivo “elucidar o processo histórico que vem conformando o campo do trabalho, da educação e da saúde no Brasil segundo a perspectiva da luta de classes contemporânea, constituindo materiais que podem contribuir para a organização e o acúmulo de forças da classe trabalhadora”. A nova coletânea está organizada em cinco eixos temáticos: o trabalho no mundo contemporâneo, as mudanças no mundo do trabalho e seus impactos na área da saúde; os trabalhadores da saúde e seus desafios e lutas; o trabalho e a educação profissional em saúde; e a saúde do trabalhador e a saúde do trabalhador da saúde. Ao longo dos capítulos, apresenta-se o trabalho no mundo contemporâneo nos seus aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais, com aportes de conhecimentos da sociologia do trabalho, da história social, do serviço social, da saúde coletiva, da ergonomia e do trabalho e da educação em saúde. Destaca-se como “preocupação central a reflexão sobre o trabalho e a educação profissional em saúde no campo de lutas pela emancipação das formas e relações de exploração e dominação vigentes”.
Na coletânea de ensaios críticos reunidos em Olhares negros, bell hooks interroga narrativas e discute a respeito de formas alternativas de observar a negritude, a subjetividade das pessoas negras e a branquitude. Ela foca no espectador em especial, no modo como a experiência da negritude e das pessoas negras surge na literatura, na música, na televisão e, sobretudo, no cinema, e seu objetivo é criar uma intervenção radical na forma como nós falamos de raça e representação. Em suas palavras, os ensaios de Olhares negros se destinam a desafiar e inquietar, a subverter e serem disruptivos. Como podem atestar os estudantes, pesquisadores, ativistas, intelectuais e todos os outros leitores que se relacionaram com o livro desde sua primeira publicação, em 1992, é exatamente isso o que estes textos conseguem.
O valor da informação é um estudo inédito e provocador que examina três grandes processos em curso na sociedade capitalista contemporânea: a apropriação do conhecimento pelos direitos de propriedade intelectual, a geração de valor por trabalho não pago dos usuários nas plataformas e redes sociais da internet e a produção e apropriação de rendas informacionais por meio do espetáculo audiovisual, com foco nos grandes campeonatos de futebol. Com a ótica da teoria marxiana do valor-trabalho aplicada à teoria da informação, os autores apresentam temas extremamente atuais e com o mérito de unir uma teoria tradicional e consagrada a práticas absolutamente modernas – um tema já tratado de forma esparsa por outros autores, mas pela primeira vez reunido de forma consistente e aprofundada numa única publicação. Entre outras considerações, é colocada uma questão central para reflexão: a informação é uma mercadoria? Nos três eixos da obra, são expostos os grandes conglomerados empresariais, suportados pelo capital financeiro, que comandam o trabalho de artistas, cientistas e mesmo da sociedade em geral, por meio da apropriação do mais-valor que geram graças à constante troca de informações. “Hoje em dia, não há como negar que a informação foi reduzida a mercadoria e, assim, entendida acriticamente pelo senso comum. Também avançou, nos últimos trinta ou quarenta anos, no conjunto do mundo capitalista, um amplo processo de privatização dos serviços públicos. Nas últimas quatro ou cinco décadas, o capital veio fazendo da informação o alfa e o ômega de suas relações de produção e consumo”, comentam os autores na introdução da obra.
A saúde de mulheres e crianças tem sido considerada prioridade para as políticas públicas com o objetivo de promover que esta população alcance, por meio do cuidado em saúde, as melhores condições de vida. São objetivos específicos centrais das políticas para esses grupos a redução da mortalidade materna, infantil e neonatal e o desenvolvimento de ações que garantam as boas práticas clínicas e minimizem as desigualdades regionais. Diferentes iniciativas têm se somado para alcançar melhores resultados e melhor qualidade da atenção a esse público. Este livro busca contribuir com essas iniciativas e para isso conta com olhares de diferentes atores envolvidos na construção de melhor atenção à saúde de mulheres e crianças. São profissionais do fazer da assistência que oportunizam reflexões importantes ao campo acadêmico e da gestão sobre a saúde de mulheres e crianças.
Esta obra fornece um amplo panorama dos debates e dilemas sobre o tema. Em seu cerne há duas indagações: a que interesses deve responder a oferta de auxílios a crianças diagnosticadas como autistas e suas famílias? O objetivo maior não deveria ser explorar e desenvolver o mais plenamente possível as potencialidades de tais crianças, em todos os sentidos? As questões permeiam a análise de duas instituições de atendimento a crianças autistas, que representam duas concepções a respeito do autismo, a comportamental e a psicanalítica. A autora também investiga os caminhos que levam a um ou outro tipo de atendimento, destacando o papel fundamental e decisivo do olhar que cada envolvido nesse universo – pais, professores e profissionais da área da saúde - dirige ao portador de autismo.
Esta obra faz uma reconstituição inédita do histórico da luta pela eliminação da queima da palha da cana-de-açúcar no estado de São Paulo, procurando abarcar todos os seus enfrentamentos.
Dos 23 policiais brasileiros entrevistados em profundidade para este estudo seminal, 14 eram perpetradores diretos de tortura e assassinato durante as três décadas que incluíram o regime militar de 1964-1985. Estes "operários da violência" e os membros do grupo de "facilitadores de atrocidades" (que supostamente não participaram diretamente na violência) ajudam a responder às perguntas que assombram o mundo de hoje: por que e como homens comuns são transformados em torturadores e assassinos do Estado? Como os perpetradores de atrocidades explicam e justificam sua violência? Qual é o impacto das suas ações assassinas para eles mesmos, para suas vítimas e para a sociedade? Dos 23 policiais brasileiros entrevistados em profundidade para este estudo seminal, 14 eram perpetradores diretos de tortura e assassinato durante as três décadas que incluíram o regime militar de 1964-1985. Estes "operários da violência" e os membros do grupo de "facilitadores de atrocidades" (que supostamente não participaram diretamente na violência) ajudam a responder às perguntas que assombram o mundo de hoje: por que e como homens comuns são transformados em torturadores e assassinos do Estado? Como os perpetradores de atrocidades explicam e justificam sua violência? Qual é o impacto das suas ações assassinas para eles mesmos, para suas vítimas e para a sociedade?
O mundo passou por transformações nos últimos três séculos. O comportamento humano bom ou mau sempre existirá, porém, hoje, com o avanço da tecnologia, o oculto se torna transparente, visto e conhecido dos povos. Esse conhecimento deve-se à evolução dos meios de comunicação. Esta é responsável por fazer o mundo e as pessoas mais próximas conhecedores dos acontecimentos ocorridos nos quatro cantos do planeta. Assim, hoje, em questões de segundos, tem-se ciência de fatos ocorrentes na China, na África, na Europa ou na América Latina. Nesse diapasão as sociedades aprendem como efetivar tratamento humanitário - isto é, direitos humanos - e representar o ser humano como a espécie mais importante na Terra, porquanto constitui o elemento que comanda e é comandado pelas regras, pelas leis e direitos. Não adianta falar em tudo isso se não se promover e classificar o ser humano como o sujeito necessário para a realização do convívio de relações sociais, razão pela qual se torna a figura preocupante da Sociologia. Esta ciência estuda no indivíduo seu comportamento, seu relacionamento, sua comunicabilidade, sua integração com outras pessoas, enfim, a influência exercida na interação com outros seres. A interação e a comunicação fazem nascer nas pessoas a vontade de se unir, formar grupo, organização ou entidade com vistas à realização de propósitos em prol de uma comunidade, de uma cidade, de um país e, até mesmo, de diversos países. Nessa direção estão as ONGs internacionais, formadas por pessoas de diversas partes do mundo, mas unidas e harmônicas porque tocam e cantam a mesma melodia - a de servir à humanidade, sem preconceito, mas com o interesse de efetivar o bem comum, defender os menos favorecidos da sociedade. Trilham, assim, nesse caminho fértil, com vistas à felicidade de todos os povos e à paz; pregam, ainda, a tolerância, a compreensão, o bem-estar comum das sociedades, a igualdade e as liberdades. O lema dessas organizações é construir um mundo melhor, sem discrimi
Os temas do associativismo e do mutualismo – uma das manifestações associativas – têm ganhado crescente interesse nos últimos anos e já contam com uma produção, em forma de dissertações, teses, artigos e livros, relevante. Os seus nove capítulos reúnem contribuições de alguns dos pesquisadores dessas temáticas, que cobrem um período de mais de um século e abordam experiências associativas em diferentes partes do Brasil. Os textos dos capítulos foram previamente apresentados em versões preliminares em um seminário reunindo todos os autores, e com isso foram beneficiados pelas sugestões surgidas da discussão coletiva. Antes desta versão final, os textos passaram ainda pela revisão dos organizadores da coletânea, que lhes acrescentaram novas sugestões. As sucessivas de lapidações das diversas contribuições assegurou a qualidade do conjunto, e esta coletânea certamente trará um avanço importante aos estudos sobre o associativismo.
Discutir os múltiplos fatores que envolvem os acidentes e problemas de saúde causados por animais peçonhentos, especialmente entre as populações mais vulneráveis. Com esse objetivo, a Editora Fiocruz lança Os Animais Peçonhentos na Saúde Pública , título que integra a coleção Temas em saúde. Segundo os autores, o livro começou a ser pensado durante suas andanças pelo interior do estado do Rio de Janeiro, estudando o aumento dos casos de picadas por escorpiões. "Essas experiencias no território reforçaram duas preocupações: a necessidade de apropriação pelas políticas públicas dos saberes e modos de viver das populações expostas ao risco de acidentes e a necessidade de reorganização das estratégias e ações voltadas para esses problemas de saúde", afirma o biólogo Claudio Maurício.
Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.