Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
A Editora Fiocruz lança o livro Ciência e Saúde pela Vida: 125 anos de história da Fiocruz, obra coletiva que documenta, analisa e celebra os marcos históricos, científicos e sociais da instituição. Organizado por Dominichi Miranda de Sá, André Felipe Cândido da Silva, Tamara Rangel Vieira, Vanessa Pereira da Silva e Mello e Lorenna Ribeiro Zem El-Dine, o livro é composto por textos introdutórios e reúne 121 verbetes escritos por 83 autores, em sua maioria historiadores da ciência e da saúde, e oferece ao público uma leitura acessível, crítica e profundamente conectada com os desafios do país.
Coedição da PUC-Rio e Editora Fiocruz, o livro é resultado de anos de trabalho, estudos e da tese de doutorado de Pedro Muñoz. Esta obra original traz uma importante contribuição para o entendimento das relações entre os dois países numa perspectiva histórica transnacional, que tem como foco os entrelaçamentos e a circulação do conhecimento. Enriquecido por material levantado de fontes primárias no Brasil e na Alemanha, o estudo investigou as relações no campo da psiquiatria no período de 1900 a 1942, interrompidas pela Segunda Guerra Mundial. Neste período, circularam no Brasil os conceitos da psiquiatria, da neurologia e da psiquiatria genética alemãs – e o estudo mostra como e por quem foram apropriados. Ao enfocar o trânsito e a circulação dos cientistas em redes construídas em viagens, congressos, cursos e publicações, o autor inova, como descreve Cristiana Facchinetti na apresentação da obra. “A narrativa apresenta novos lances, outras perspectivas de leitura para uma história da psiquiatria, que ganha maior densidade ao discutir o crescimento do nazismo na Alemanha, a hegemonia das teorias degeneracionistas, biodeterministas e racialistas na medicina mental e suas repercussões e impasses para a psiquiatria brasileira”, afirma.
Cidades têm as suas mitologias. Têm o seu Olimpo e o seu Hades, o seu rol de deuses e demônios, os seus picos e os seus abismos, as suas histórias exemplares e os seus vexames, as suas zonas de indecisão entre fato e lenda. No acervo mitológico do Rio de Janeiro, o Carnaval de 1919 ocupa uma dessas zonas. Foi o primeiro carnaval depois do fim da Grande Guerra. Foi também o primeiro carnaval depois da voragem da Gripe Espanhola, a mais avassaladora pandemia a abater a cidade até então. Entre setembro e dezembro de 1918, a doença, inicialmente desprezada, infectou 600 mil pessoas e matou 15 mil – números aproximados, talvez subestimados, num universo de cerca de um milhão de habitantes. Foi um carnaval que, por décadas, povoou as memórias próprias e emprestadas de cronistas como Nelson Rodrigues, Mário Filho, Austregésilo de Athayde, Vina Centi e Carlos Heitor Cony – que nasceu em 1926. Foi um carnaval que passou à posteridade como de liberação e de alívio, de desejo e de vingança. Foi um carnaval puxado por pessoas que haviam visto a morte de perto: se não por terem dela escapado elas mesmas, por terem presenciado, no mínimo, a agonia de amigos e parentes. No auge, na Terça-Feira Gorda, o Carnaval de 1919 levou cerca de 400 mil pessoas ao Centro do Rio de Janeiro, de acordo com a estimativa um tanto livre do jornal A Noite. O que aquelas testemunhas e aqueles sobreviventes fizeram nas ruas – naquele e noutros dias? O que elas e eles imaginaram durante e depois da folia? Com uma pesquisa cuidadosa e inédita, David Butter reconstrói essa história em detalhes. Não há momento mais oportuno do que este 2022 para relembrarmos aqueles dias, feitos de sonho e de desgraça, de tristeza e de esperança. MOSTRAR MENOS
No ano do bicentenário da Independência do Brasil, o sociólogo Boaventura de Sousa Santos apresenta um conjunto de reflexões e tarefas para a “descolonização” real e material do Brasil. Descolonizar: abrindo a história do presente representa, para o escritor português, “um esforço no sentido de clarificar as convergências e divergências entre diferentes correntes que se reclamam de um pensamento pós-colonial”. “Um projeto tão urgente como infinito”, completa o autor no prefácio. Ao longo do século XX, os movimentos de libertação contra o colonialismo europeu e as lutas sociais contra o racismo conduziram à enorme expansão de estudos interdisciplinares pós-coloniais/descoloniais, que resultou em uma multiplicidade labiríntica de designações. Na primeira parte dessa obra Boaventura apresenta as diferenças teóricas entre essas denominações e segue com a apresentação de tarefas primordiais para o Brasil, assumidas por diferentes grupos sociais. Destaque para o fim da expropriação de terras indígenas, reforma agrária e trabalho com direitos, fim do sexismo enquanto degradação ontológica gêmea do racismo e mudança da condição de vítima dos grupos marginalizados à de resistente, e da condição de resistente à condição de protagonista da sua história.
“Diário da Pandemia” reúne registros cotidianos de historiadores sobre a Covid-19 no Brasil e no exterior. Na forma de um diário coletivo, a crise sanitária planetária é analisada à luz da história. A coletânea procura demonstrar que não compreenderemos bem novas epidemias e pandemias sem trabalhos históricos, e, sobretudo, sem pesquisas transdisciplinares especialmente atentas às inter-relações entre sistemas naturais e sociais. As contribuições dos historiadores no livro também abordam hábitos de higiene; relações de gênero e étnico-raciais; biomedicina; saúde pública; meio ambiente; práticas de cuidados e cura; relações internacionais; os interesses dos diversos atores sociais; poder e política; economia e desigualdade; as interseções entre ciência e sociedade; medo, dor, sofrimento e defesa da vida. Há temas de maior interesse e urgência aos habitantes do mundo de hoje?
Dicionários, em geral, apresentam uma variedade enorme de dados dispersos em inúmeras obras. Este volume pretende disponibilizar um conjunto de saberes que possa dar suporte para professores, graduandos, mestrandos e doutorandos de história e áreas afins. Os verbetes foram selecionados a partir de três dimensões da produção do conhecimento histórico sobre o ensino de história: suas relações com a teoria, métodos e historiografia; o diálogo e a produção relativa ao currículo; e, por fim, as ações, atividades e conhecimentos relativos à aprendizagem. Os 38 verbetes reunidos na obra pretendem ser fonte de pesquisa de grande utilidade aos interessados e praticantes do ensino de história.
Quais as doenças que afligiam índios e europeus nos primeiros séculos do Brasil? Como os nativos se defendiam de males até então desconhecidos por eles, como gripe e sarampo? A pesquisadora e médica Cristina Gurgel nos mostra um capítulo importante da História do Brasil, o encontro (e desencontro) de duas culturas sob a ótica das doenças e dos males que afetaram seus habitantes.Ao contrário do que se propaga, a autora defende a ideia de que os princípios terapêuticos básicos da medicina indígena e europeia tinham muito em comum. Ambos os povos possuíam uma concepção da doença como uma invasora, sendo, portanto, necessário forçar sua saída do organismo. Para que isso ocorresse, empregavam-se cerimônias e substâncias que diferiram conforme a cultura e a disponibilidade e qualidade de matérias-primas medicamentosas.
Doenças têm o poder de alterar o andamento do processo histórico? A resposta é positiva para o autor deste livro, o médico infectologista Guido Carlos Levi, com décadas de experiência no serviço público e privado.Uma vez por mês, oito médicos se reúnem para jantar e conversar. Além da profissão, eles compartilham a paixão pela História, em particular pelo estudo de doenças que influenciaram no desencadeamento e na evolução de acontecimentos históricos. O tema dos encontros: de que modo doenças como varíola, tifo, escorbuto, cólera alteraram o destino de povos e nações?
O objetivo da coletânea é possibilitar a difusão e a popularização da ciência e da tecnologia junto à sociedade, em geral, atividade fundamental para despertar o interesse por essa área, sobretudo dos jovens.
Em 1998, o historiador Sidney Aguilar Filho dava uma aula sobre o nazismo alemão para uma turma de ensino médio quando uma aluna mencionou haver centenas de tijolos estampados com a suástica, o símbolo nazista, na fazenda de sua família. Esta informação despertou a curiosidade do historiador e desencadeou sua pesquisa, a qual revelou que empresários ligados ao integralismo e ao nazismo removeram 50 meninos órfãos do Rio de Janeiro/RJ para a Campina do Monte Alegre/SP na primeira metade do século 20. Entre integralistas e nazistas apresenta a história dos anos 1920, 1930 e 1940 explicando como o Brasil absorveu e aceitou as teorias de eugenia e de pureza racial a ponto de incluí-las na Constituição de 1934. A trajetória da pesquisa reforça ainda mais as teses de que os conceitos de “supremacia branca” e as tentativas de “branqueamento da população” marcaram nossa sociedade, sendo o racismo e – mais ainda – a negação do mesmo ainda perenes.
"O ar pela sua parte, com os efeitos do seu calor, causa diversas enfermidades. A porção mais espirituosa do sangue, todos os dias se dissipa, sai pela transpiração pelo suor e pela ourina. O que fica no corpo é um sangue seco, térreo e espesso; donde procedem as melancolias, as lepras, os vômitos pretos, as câmaras de sangue, as febres ardentes etc". No fim do século 18, a importância dada à influência dos fenômenos atmosféricos sobre a biologia levou o naturalista baiano Alexandre Rodrigues Ferreira a descrever detalhadamente a capital, Vila Bela – isto, antes mesmo de analisar as enfermidades reinantes na capitania do Mato Grosso -, no livro Enfermidades Endêmicas da Capitania de Mato Grosso. A obra foi resultado de sua expedição entre 1783 e 1792, período em que foi vítima de tais doenças e observou, em profundidade, as riquezas e costumes locais, atendendo à determinação da Coroa portuguesa. Esse material possibilitou inúmeras abordagens para a história das ciências, como se destaca na introdução desta nova versão organizada pela historiadora Ângela Pôrto, da Casa de Oswaldo Cruz (COC), à qual foram acrescidos três estudos, os quais circunstanciam e ilustram o texto de Ferreira, além de um glossário, produzido pela professora Edméa Souto de Lima, para auxílio à compreensão do texto.
A forma como se prestava apoio ou patrocínio privado à ciência no Brasil na primeira metade do século vinte é exibida neste livro, tomando-se como exemplo específico a relação do industrial Guilherme Guinle com o médico e cientista Carlos Chagas e as ações que dela resultaram. A construção dos hospitais para sifilíticos e para cancerosos, na década de 1920, no Rio de Janeiro – onde suas ações estão diretamente relacionadas à política de saúde pública, na gestão de Carlos Chagas à frente do Departamento Nacional de Saúde Pública – e o apoio aos projetos desenvolvidos por Evandro Chagas, Carlos Chagas Filho e Walter Oswaldo Cruz, ainda com forte vinculação aos ideais do “nacionalismo sanitário” defendido por Carlos Chagas são notáveis. A obra explora os caminhos que permitiram que o mecenato e a filantropia de Guilherme Guinle à ciência e à saúde acontecessem no Rio de Janeiro do período que abrange 1920 a 1940, contribuindo para mudanças e avanços nessas áreas.
A obra investiga as experiências de quatro importantes e renomados educadores brasileiros na Faculdade de Educação (Teachers College) da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, nas primeiras décadas do século 20. O livro é um desdobramento da premiada pesquisa de doutorado desenvolvida pela historiadora Ana Cristina Rocha no Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz (PPGHCS/COC/Fiocruz). Ganhadora de dois títulos no Prêmio Capes de Tese 2017 (tese vencedora na área de História e prêmio da Comissão Fulbright Brasil), a autora analisa o modo como Anísio Teixeira, Noemy Silveira Rudolfer, Isaías Alves e Lourenço Filho aproveitaram essa experiência de estudos na instituição, localizada em Nova York. Publicado em coedição com a Editora PUC-Rio, o título revela como as experiências dos educadores refletiram em suas práticas profissionais quando retornaram ao Brasil. Dessa forma, a pesquisa dialoga tanto com as perspectivas teóricas dos intelectuais brasileiros a partir de suas passagens pelo Teachers College, como também a forma como essas ideias foram utilizadas pelos quatro quando trabalharam em serviços de educação, nos anos 1930, especialmente no Distrito Federal e em São Paulo. Para além das trocas de ideias e intercâmbios entre pensadores do Brasil e dos Estados Unidos, esses educadores vislumbravam soluções para a modernização do país através da educação que, mesmo iniciadas no início do século 20, são um grande desafio para o nosso sistema educacional até os dias atuais. O volume mostra como, a partir desses deslocamentos institucionais, mas também culturais, econômicos e políticos, cada intelectual desenvolveu um papel importante na educação brasileira: Anísio Teixeira e Lourenço Filho articularam um projeto nacional de formação de professores; já Noemy Rudolfer e Isaías Alves trabalharam com testes de inteligência, trazendo a psicologia educacional para o debate nacional. Como destaca o texto de qua
Eugenia: ontem e hoje analisa a história da eugenia e suas permanências na sociedade atual. Ao explorar como ideias e práticas eugenistas se mantêm por meio de formas contemporâneas de exclusão, como o racismo, a misoginia e a homofobia , o livro propõe uma reflexão crítica sobre as desigualdades que ainda estruturam o mundo em que vivemos.
Levou Tempo Até Que Gunther Anders Conseguisse Escrever Sobre A Era Nuclear, Tamanho O Choque Que Sofreu Ao Ouvir, Pelo Rádio, A Notícia Do Bombardeio De Hiroshima, Em 6 De Agosto De 1945. Apenas No Início Dos Anos 1950 Consegui Dar O Primeiro Passo, Inseguro, Escreve. Mas Aquilo Que Consegui Produzir Não Passou De Uma Confissão De Minha Incapacidade; Não, Da Nossa Incapacidade De Ao Menos Imaginar Aquilo Que Nós Fizemos Ou Produzimos.
Durante dezenas de milhares de anos os seres humanos viveram, em média, apenas 30 anos. O grande aumento de nossa expectativa de vida começou somente lá por 1750, no Ocidente. Água potável, saneamento básico, melhora na alimentação tiveram um impacto notável. Depois, vieram as vacinas. Em dois séculos nossa longevidade duplicou. De 1950 para cá, avanços na área médica e farmacêutica propiciaram um ganho médio de mais 25 anos de vida. Há quem ache que viveremos cada vez mais e melhor. Será? Problemas ambientais e comportamentais já estão causando doenças crônicas e provocam retrocessos na saúde humana. A pandemia de covid-19 não é resultado do acaso, mas uma ilustração das disfunções das sociedades humanas, principalmente de sua relação com o meio ambiente. Conhecer a trajetória da saúde humana e entender os atuais desafios é urgente para pensarmos o mundo que deixaremos às futuras gerações.
Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.