Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
Em uma conferência dada em Montreal logo após a publicação de Vigiar e punir, Michel Foucault responde a uma pergunta que lhe foi feita: Existem “alternativas” para a prisão? Foucault duvida que a crescente imposição de condições restritivas fora do recinto prisional seja um sinal de ruptura com o encarceramento; na verdade, parece que o progressismo criminoso e o desenvolvimento de técnicas de vigilância caminham lado a lado. Portanto, não se trata tanto de inventar “alternativas”, mas de saber se se deseja difundir ou diminuir o controle social.
O primeiro contato com uma obra filosófica é um importante momento na vida de cada leitor, por isso a compreensão desta linha de estudos é considerada complexa. Seguir passo a passo as lições para se compreender o autor e suas idéias pode ser um grande trunfo para a compreensão e um estímulo a mais para a leitura. Ética, crítica e liberdade são três dos pilares que sustentam as teorias de Kant e este livro relata tudo isso de forma simples, mas, ainda assim, profunda.
Este livro conduz o leitor por um caminho nem sempre trilhado pelos admiradores de Marx. Ele aponta para aspectos de seu pensamento que muitas vezes permanecem na penumbra e, por isso, oferecem condições para as mais diversas e contraditórias interpretações. O autor se preocupa em demonstrar o valor da teoria de Marx para os dias atuais, defendendo a ideia de que a filosofia política e social de Marx ainda tem muito a nos ensinar, a despeito das mudanças sofridas pelo capitalismo nos últimos tempos.
Como podemos nos proteger de guerras nucleares, cataclismos ambientais e crises tecnológicas? O que fazer sobre a epidemia de fake news ou a ameaça do terrorismo? O que devemos ensinar aos nossos filhos? Em Sapiens, Yuval Noah Harari mostrou de onde viemos; em Homo Deus, para onde vamos. 21 lições para o século 21 explora o presente e nos conduz por uma fascinante jornada pelos assuntos prementes da atualidade. Seu novo livro trata sobre o desafio de manter o foco coletivo e individual em face a mudanças frequentes e desconcertantes. Seríamos ainda capazes de entender o mundo que criamos?
São já mais de cem anos desde as expedições científicas pelos grotões do Brasil adentro. Mudou a pesquisa em saúde desde esses tempos heroicos, e o conhecimento atual sobre as enfermidades do século passado. A reimpressão comemorativa do A Ciência a Cominho da Roça, além de permitir o acesso a um conjunto tão importante da memória da pesquisa no Brasil, relembra-nos que as grandes perguntas científicas na saúde aparecem na proximidade com o "povo da roça". Hoje, o compromisso social de produzir conhecimento e informação permanece na Fiocruz, tentamos olhar à esquerda e à direita do tempo enquanto avançamos.
O tema central do livro são as atividades de informação para o desenvolvimento do protagonismo social na memória social, na cidadania, e na atuação de arquivos, bibliotecas e museus. Promove o debate acerca da concepção, promoção e valorização do desse protagonismo, fundamentado no desenvolvimento de competências específicas das áreas que se interligam para atender aos novos tipos de necessidades informacionais da sociedade contemporânea.
Esta segunda parte do último seminário de Michel Foucault ministrado no Collège de France é tida como seu testamento. O curso termina no dia 28 de março de 1984 e ele morre três meses depois. É sua última meditação, sobre o "dizer-a-verdade" e a prática filosófica; o filósofo não é caracterizado por deter o saber, mas pela prática que se esforça em realizar: um estilo de vida.
O livro retrata a infância na produção literária de quatro importantes intelectuais latino-americanos: José Martí, Horacio Quiroga, Mário de Andrade e Clarice Lispector. Com base em uma diversificada gama de textos, selecionados de vários âmbitos do mundo impresso – revistas, jornais, textos pedagógicos, livros destinados a adultos, jovens e crianças –, a autora tece reflexões sobre como os intelectuais estudados utilizavam-se da infância para analisar as sociedades onde viviam, suas desigualdades e exclusões. A infância, em suas produções, torna-se presente também ao nível da linguagem, ao recapearem as palavras, fazendo surgir novos significados. Além da variedade documental, temos um estendido recorte temporal, pois a autora percorre desde as últimas décadas do século XIX até a década de 1970, oferecendo-nos uma visão ampla e detalhada de como a infância foi representada na produção literária latino-americana. Resultado de tese de doutorado defendida na Universidade de Princeton, originalmente publicada em espanhol em 2018, esta edição em português conta com um último capítulo inédito, no qual analisam-se as práticas culturais e as políticas públicas latino-americanas voltadas para a preservação e a manutenção da saúde na infância.
Neste ensaio, escrito seis meses após o início do genocídio israelense em Gaza, Andreas Malm discute o encontro, na Palestina, dos dois maiores problemas da humanidade, hoje: a guerra e a crise climática — uma história que, segundo o autor, não começou em 7 de outubro de 2023 (com os ataques da resistência palestina em território israelense), nem em 1967 (com a Guerra dos Seis Dias), nem em 1948 (com a Nakba e a fundação do Estado de Israel), mas em 1840, quando o maior navio a vapor (ou seja, movido à carvão) da marinha britânica enfrentou sua primeira campanha militar relevante, justamente bombardeando e destruindo a cidade de Akka, no litoral palestino, com enormes baixas civis.
Espiritualidade é a arte e o saber de contato e manejo desta dimensão que vai além das realidades habitualmente percebidas e, por isso, consideradas naturais. Torna homens e mulheres, de vida tão precária e limitada, abertos para o infinito, deixando-os insatisfeitos , contestadores e voltados para projetos inovadores. Durante toda a sua história, a medicina esteve intensamente ligada à espiritualidade. Mesmo na modernidade, em que a sua consideração e valorização foram proscritas do debate nos ambientes de pesquisa, exercício profissional e ensino da atenção à saúde, a espiritualidade continua importante na motivação e orientação de grande parte dos profissionais e doentes.
A ética protestante e o espírito do capitalismo aborda um problema, geralmente, de difícil apreensão:o condicionamento do surgimento de uma“disposição econômica” – do “ethos” de uma forma econômica – por determinados conteúdos de fé religiosos, e isso a partir do exemplo das relações do ethos econômico moderno com a ética racional do protestantismo ascético. Nesta edição, busca-se com a inclusão das“Anticríticas” e dos demais escritos sobre o protestantismo contribuir para o entendimento das suas principais teses e também para uma reconstrução da história da sua recepção.
A proliferação do igual é uma “plenitude na qual transluz ainda apenas o vazio”. A expulsão do outro traz um vazio adiposo da plenitude. Obscenos são a hipervisibilidade, a hipercomunicação, a hiperprodução, o hiperconsumo, que levam a uma rápida estagnação do igual. Obscena é a “ligação do igual com o igual”. A sedução é, em contrapartida, a “capacidade de arrancar o igual do igual”, deixá-lo fugir de si mesmo. O sujeito da sedução é o outro. (Da obra)
O objetivo deste livro, que se compõe de nove diálogos com alguns dos principais representantes da filosofia norte-americana contemporânea, é vencer as distâncias entre os pensadores dos EUA e os da Europa. As entrevistas realizadas pela filósofa italiana Giovanna Borradori com nove pensadores norte-americanos contemporâneos constituem uma excelente oportunidade para conhecer melhor o que eles pensam, qual é a sua formação e influências, como constroem o seu presente e quais são as suas principais indagações. Cada diálogo é uma verdadeira aula sobre uma vertente filosófica, com todas as suas potencialidades. Neste caderno de viagem pelo mundo das idéias, a entrevistadora motiva os filósofos a ultrapassarem os seus limites mentais e culturais, em diálogos profícuos sobre temas fundamentais como o pragmatismo, a filosofia analítica e a metafísica.
Em A força da não violência, Judith Butler percorre discussões da filosofia, da ciência política e da psicanálise para reavaliar o que chamamos de violência e não violência e o modo como essas duas expressões se tornam intercambiáveis quando colocadas a serviço, por exemplo, de uma perspectiva individualista das relações sociais ou de um Estado no exercício do biopoder. A obra, lançada originalmente em 2020, mostra como a ética da não violência deve estar conectada a uma luta política mais ampla pela igualdade social. A autora rastreia como a violência é, com frequência, atribuída àqueles que são mais expostos a seus efeitos letais. Para Butler, a condição-limite da manifestação da violência se revela quando certas vidas, uma vez perdidas, não são dignas de luto. Expondo os discursos por meio dos quais a desvalorização e a destruição da vida operam, Butler propõe a compreensão da não violência a partir da condição básica da interdependência entre os seres humanos e identifica a não violência como uma prática de resistência à destruição.
Estes ensaios se inspiram na abordagem CTS (ciência-tecnologia-sociedade) também conhecida como Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia (latinoamericana) e na Teoria Crítica da Tecnologia. Perseguem uma senda de pesquisa: a compreensão de um momento zero, constituinte, marcado pelo conhecimento sobre a interação teórico-práxis do trabalho mediado pelos objetos. Os sentidos deste momento de conversão do conhecimento em técnica são também práxis. Aqui falamos da ciência e técnica no sentido de tecnologia, que assume um duplo exercício de crítica e de reificação. Crítica diante de que (nem) toda técnica foi convertida em tecnologia (cientificizada), pois continua a ser obra de artifícies geniais cuja substância social (qualquer uma) vem ao mundo parida para resolver problemas práticos.
O tema central deste livro é o impacto da globalização neoliberal nas sociedades semiperiféricas e, especialmente, nas diferentes ciências sociais que produziram a identidade econômica, política, social e cultural dessas sociedades. As teorias e quadros analíticos desenvolvidos pelas ciências sociais tiveram como unidade de referência as sociedades nacionais. Não admira, pois, que a intensificação das interacções transnacionais e a consequente problematização das dicotomias em que assentava a teorização - tais como nacional/transnacional, endógeno/exógeno - tenham, por um lado, permanecido relativamente subteorizadas e tenham, por outro, submetido as teorias disponíveis a um questionamento crescentemente insistente. Por este duplo processo, entrámos num período de grande incerteza teórica, caracterizado pela subteorização dos fenómenos emergentes e pela obsolência das teorias existentes. É este o período em que nos encontramos.
Malária, sífilis, tuberculose, ebola, gripe, aids, sarampo e outros males que atacam a humanidade revelam muito mais da nossa história do que imaginamos. Os passos do homem ao longo das épocas, pelos continentes, o início da utilização de vestimentas, a convivência com diversos animais, o encontro com outros seres humanos: tudo isso pode ser desvendado agora com o estudo microscópico de vírus, bactérias e parasitas que cruzaram - e cruzam - o nosso caminho. Esses pequenos seres têm sido protagonistas centrais e narradores, não meros coadjuvantes, do processo histórico. Por meio do dna dos microrganismos, podemos saber quando e como as epidemias atuais se iniciaram e de que forma elas condicionaram a existência humana, dizimando populações, estimulando conflitos, infectando combatentes, promovendo êxodos, propiciando miscigenação, fortalecendo ou enfraquecendo povos.
Jacques Le Goff (1924-2014) examina neste livro, o último que escreveu, em 2013, o problema da periodização da história, tomando como base a fatia de tempo conhecida como “Idade Média”. Para ele, aquele período histórico foi muito mais longo e profícuo do que reza a historiografia tradicional, engloba os anos aclamados como Renascimento e se estende até meados do século 18.
O século XIX trouxe avanços tecnológicos e industriais em diversas áreas. Uma, porém, ficou para trás: a Medicina. Ao redor do planeta, a mortalidade infantil alcançava taxas altíssimas e a expectativa de vida era baixa. Doenças diversas castigavam a população. Mas o cenário mudou ao longo do século XX. Este livro narra, de forma deliciosa, como médicos e cientistas lançavam mão de criatividade, coragem e raciocínio lógico para tornar os progressos possíveis. Experimentos desumanos, antiéticos, acaso e sorte também contribuíram para descobertas inesperadas e revolucionárias. Essa novela, em que a mente humana foi uma das únicas ferramentas disponíveis, é contada pelos médicos Stefan Cunha Ujvari e Tarso Adoni em paralelo aos principais acontecimentos do século XX. Duas histórias inseparáveis, já que fatos históricos precipitaram descobertas médicas, e estas também influenciaram os rumos do século.
Este livro traz um estudo sobre as Comunidades Eclesiais de Base que emergiram no contexto latino-americano a partir dos princípios elaborados pela Teologia da Libertação. O livro nos possibilita um olhar mais alargado sobre um momento específico desse processo, quando o discurso das Comunidades Eclesiais de Base se desloca e passa a dar mais atenção a outros aspectos do cotidiano daquelas populações, particularmente das expressões culturais. A partir da análise da trajetória de cerca de 20 anos de uma Comunidade Eclesial de Base, do final dos anos 1990 até 2015, a autora nos revela toda a potência transformadora presente no papel assumido pelas lideranças seja na luta pela construção de casas como também na realização de festivais musicais e na luta pelos direitos dos jovens e adolescentes, através do engajamento nos Conselhos Tutelares.
Esta publicação traz pesquisas documentais e historiográficas sobre o processo histórico da presença das crianças negras na sociedade escravista na cidade de São Paulo no século XIX. Nela, o autor pesquisou diversas vertentes da vida, cotidiano e desenvolvimento das crianças escravizadas em convivência com sua família ou apenas com a sua mãe, pois os pais eram ausentes ou desconhecidos, conhecidos como ilegítimas; isso quando o destino delas não fosse a Roda dos Enjeitados e a caridade alheia. As crianças escravizadas enfrentavam muitas dificuldades de sobrevivência: deficiências de higiene na gestação, deficiência na amamentação materna e na alimentação e doenças na primeira infância, principal causa da alta mortalidade infantil. Caso sobrevivessem, essas crianças conviveriam com suas famílias nucleares e também com as famílias senhoriais, e em determinada época, elas começavam a executar serviços domésticos como mucamas e pajens e, quando crescessem, trabalhariam na lavoura. Na segunda metade do século XIX, após o fim do tráfico negreiro houve mudanças sociais significativas tanto para os escravizados como para seus filhos. Com a escassez, os senhores tiveram que revalorizar seus escravizados ladinos e nisto os cativos puderam ter seus direitos de alforrias mais concretizados, especialmente entre as mulheres negras e seus filhos e se tornavam mais raras as cenas as violências dos senhores contra as mães escravizadas, separando-as de seus filhos. Outra importante mudança foi à migração das famílias negras libertadas para as cidades. Lá, as crianças negras tiveram outras condições de vida, educação e trabalho, mais próximas da autonomia, porém enfrentariam as precariedades da educação e as poucas chances de ascensão social diante dos imigrantes europeus. Em 28 de Setembro de 1871 é promulgada da Lei do Ventre Livre, dando a condição de liberta todas as crianças negras nascidas após a vigência dessa lei, contudo, elas continuariam tuteladas pelos senhores e prestando-lhes serviços até a liberdade definitiva com a assinatura da Lei Aurea de 13 de Maio de 1888.
O leitor vai encontrar neste livro as razões para embasar suas críticas ou para refinar o uso das tecnologias da web. Uma discussão perspicaz e estimulante sobre as promessas da internet. Indo além da febre da multidão cibernética, Dreyfus, um celebrado escritor de filosofia e tecnologia, questiona se a internet pode realmente levar a humanidade a um novo nível de participação de modo a resolver os problemas da educação em massa.
Este livro tenta precisar algumas das diferenças gerais de organização social entre sociedades sem e com escrita e os processos de transição de uma para a outra. O autor confina sua atenção, sobretudo no antigo Oriente Médio, onde surgiu a escrita, e na África Ocidental contemporânea, onde o uso da escrita proliferou nas últimas décadas. Diferentes sistemas de escrita têm, naturalmente, diferentes implicações em sociedades diferentes e em momentos diversos. Mas há também importantes aspectos em comum entre certos contextos específicos, e foi para esses que o autor quis chamar a atenção.
Cada capítulo irá situar um cenário histórico e a luta atual na busca pela democracia. O autor e seus colaboradores buscaram distinguir a complexidade e as similaridades de classe, sem tirar o valor social de cada uma. E, a importância da democracia como um movimento coletivo, que têm consequências econômicas e ideológicas.
As redes sociais são provavelmente o maior experimento coletivo da humanidade. Mas qual o impacto delas no mundo? São ferramentas que apenas refletem a natureza das pessoas, ou estimulam comportamentos extremistas? A partir dessas perguntas, o repórter investigativo Max Fisher disseca o funcionamento das grandes empresas de tecnologia, construindo um panorama estarrecedor e dando um alerta para que repensemos com urgência nossa relação com as redes.
Neste livro é traçado um breve panorama histórico sobre os modos como se desencadeiam os conflitos no campo no estado de Rondônia. Esses modos, como orienta o percurso, foram relevantes a fim de analisá-los à luz dos Direitos Humanos, da Constituição Federal de 1988 e do Direito à Terra conforme disposto no Estatuto da Terra (Lei n.º 4.504, de 30 de novembro de 1964); por fim, no Programa Terra Legal, implementado por meio do Decreto n.º 6.992/2009, que regulamenta a Lei n.º 11.952/2009, a qual dispõe sobre a regularização fundiária de terras públicas da União na Amazônia Legal. A fim de entender a relação entre a mídia e os movimentos sociais em defesa pela terra, elegeram-se três jornais eletrônicos de maior circulação no estado de Rondônia, com o objetivo de verificar se os discursos contribuem para a criminalização dos movimentos sociais, ao mesmo tempo que, pressupostamente, incitam e influenciam negativamente a população, criando uma imagem criminosa dos movimentos e de seus militantes e/ou integrantes por meio de veiculação de notícias tendenciosas. Isso significa dizer que a prática jornalística pode construir-se por um ajustamento progressivo e atuar pela invenção de um percurso que procura sua própria estabilidade e sua significação no confronto com as coerções evocadas, o que faz crer que os movimentos sociais, por exemplo, de lugar das classes populares, dos militantes, dos reivindicadores, dos defensores pela terra, podem ser noticiados como um conjunto heterogêneo de propostas ideológicas, mas que não se restringe a elas. Ao evocar os movimentos como o MST e a LCP como “terroristas, bandidos e cangaceiros”, os jornais em análise, por uma necessidade publicitária de oposição política à ideologia própria dos movimentos, evoca-os como “lugares do crime”, e não como movimentos em defesa do acesso à terra.
Uma equipe de sociólogos dedicou-se durante três anos a compreender as condições de produção das formas contemporâneas da miséria social. Aqui são lidas pequenas novelas, crônicas de uma assistente social abandonada num hospital, de um metalúrgico órfão da classe operária, de um direitista extremado dependente da família, de um diretor de escola que foi vítima da violência urbana, de um policial num bairro de periferia, e de tantos outros como eles.
Em 1836, uma multidão destruiu o cemitério do Campo Santo em Salvador. Inaugurado três dias antes, ele fora construído por uma empresa que obtivera do governo o monopólio dos enterros na cidade. Até aquela data, as pessoas eram enterradas nas igrejas, costume considerado essencial para a salvação das almas. A rebelião contra o cemitério foi feita por centenas de manifestantes em defesa de uma vida melhor no outro mundo. Para entender tão extraordinário episódio – que ficou conhecido como revolta da Cemiterada –, o historiador João José Reis realizou uma primorosa pesquisa, que revela, com riqueza de detalhes e acurada sensibilidade intelectual, as atitudes de nossos antepassados em relação à morte a aos mortos.
Aliando sensibilidade, análise e engajamento, a premiada jornalista Fabiana Moraes articula críticas, propostas e reflexões sobre as relações discursivas do jornalismo com grupos sociais historicamente oprimidos. A autora dá lugar central à pauta, a coluna vertebral da notícia, que reflete e produz olhares sobre as coisas do mundo, situada em um contexto atravessado por hierarquias de gênero, raça, classe social e origem geográfica. Reconhecendo o campo jornalístico como partícipe de narrativas que transformam diferenças em desigualdades, Fabiana investiga caminhos de ruptura com os modos colonizados pelos quais o jornalismo atua desde o século 19; e defende o jornalismo de subjetividade, propondo uma prática reflexiva que possibilite melhores encontros com as alteridades e que jogue luz sobre violências naturalizadas como o racismo, a misoginia e as muitas formas de outrofobia. Em um esforço para aproximar teoria e prática, o livro apresenta três reportagens de Fabiana publicadas no Jornal do Commercio do Recife: "A vida é Nelson" (2012); "Ave Maria" (2013); e "Casa grande & senzala" (2013). A autora se propõe a analisar os trabalhos uma década após sua publicação original, fazendo uma autocrítica e narrando com proximidade afetiva os bastidores dessas reportagens.
Um registro de educadores e pesquisadores de diversos países sobre a trajetória do Patrono da Educação brasileira, Paulo Freire Pedagogia da libertação em Paulo Freire foi publicado originalmente durante as comemorações do 30º ano de publicação de Pedagogia do oprimido.
Que outra forma poderíamos encontrar de "produzir, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens" senão fazendo-os mergulhar na própria história e, aplicando o critério do "clássico", permitir-lhes vivenciar os momentos mais significativos dessa verdadeira aventura temporal humana?
Esta publicação reúne trabalhos realizados ao longo de quatro décadas sobre temas que, direta ou indiretamente, focalizam a qualidade do ensino na escola pública. Os estudos reunidos não têm a intenção de recobrir o tema da qualidade do ensino em toda a sua complexidade. Propõem-se, comente, colocar em discussão as questões de qualidade vinculadas ao processo de extensão das oportunidades educacionais às classes populares.
A publicação é resultado do projeto de pesquisa ‘A educação profissional em saúde no Brasil e nos países do Mercosul: perspectivas e limites para a formação integral de trabalhadores face aos desafios das políticas de saúde’, desenvolvido na EPSJV entre 2007 e 2009. O objetivo da pesquisa era identificar e analisar a oferta quantitativa e qualitativa de educação profissional em saúde no Brasil e nos países do Mercosul.
é nos limites, nos extremos da realidade social, que a indagação do cientista se torna fecunda. A explicação sociológica é incompleta e pobre se não passa pela mediação do insignificante. O relevante está no ínfimo, na vida cotidiana fragmentária e aparentemente sem sentido. Este livro, escrito por um dos mais importantes sociólogos brasileiros contemporâneos, trata da vida social, do imaginário e da visão de mundo do homem simples e cotidiano.
O mito de Erisícton nos fala de um rei que se devorou porque nada satisfaria sua fome, punição divina por ultrajar a natureza. A partir dessa metáfora potente, Anselm Jappe analisa o que chama de pulsão de morte do capitalismo: uma explosão de violência extrema gerada pela perda de sentido e pela negação dos limites, características de uma sociedade regida pela mercantilização. Para tanto, Jappe propõe retomar o diálogo com a tradição psicanalítica e desistir da ideia, forjada pela razão moderna, de que o sujeito é um indivíduo livre e autônomo; ao contrário, é fruto da internalização das restrições impostas pelo capitalismo e portador de uma combinação letal entre narcisismo e fetichismo da mercadoria. Neste contexto, desenredar os infinitos fios da meada que leva os indivíduos a colaborar em diversos graus com o sistema que os oprime seria a palavra de ordem para uma verdadeira mutação antropológica, capaz de reinventar a felicidade, livre das categorias capitalistas
Byung-Chul Han mostra que a sociedade disciplinar e repressora do século XX descrita por Michel Foucault perde espaço para uma nova forma de organização coercitiva: a violência neuronal. As pessoas se cobram cada vez mais para apresentar resultados - tornando elas mesmas vigilantes e carrascas de suas ações. Em uma época onde poderíamos trabalhar menos e ganhar mais, a ideologia da positividade opera uma inversão perversa: nos submetemos a trabalhar mais e a receber menos. Essa onda do eu consigo e do yes, we can tem gerado um aumento significativo de doenças como depressão, transtornos de personalidade, síndromes como hiperatividade e burnout. Este livro transcende o campo filosófico e pode ajudar educadores, psicólogos e gestores a entender os novos
Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.