O Brasil e a nova ordem (desordem?) mundial retoma tema apresentado e analisado em profundidade na obra A nova ordem mundial em questão (José Olympio, 1993), que resultou de importante conferência internacional promovida sobre o assunto pelo Fórum Nacional em 1992. Decorridos quatorze anos, continua ainda inexistente uma ordem internacional instituída, em substituição a que predominou durante a Guerra Fria. E em meio às mesmas assimetrias entre os poderes econômico e político das nações, foi se abrindo espaço para a supremacia do capitalismo globalizado e para a consolidação de uma única superpotência militar, os Estados Unidos da América. Superpotência esta antes moderada e benevolente, praticante do soft power; agora radical e maniqueísta (opondo rigidamente o Bem ao Mal), fazendo uso quase pleno de seu hard power.
O cenário internacional encontra-se marcado por uma intensa disputa entre duas propostas de relacionamento entre as nações. De um lado, temos a ideia de um mundo unipolar comandado hegemonicamente pelos EUA. Uma espécie de governo mundial centrado em Washington. De outro lado, temos a proposição de mundo multipolar com vários centros soberanos de poder, fundamentado nos princípios da ONU. Frente a essa disputa, nenhuma neutralidade é possível. A todo momento e diante das questões mais cotidianas do relacionamento internacional, cada país e cada governante é chamado a se posicionar. As lutas por preservação e por conservação ambiental desenrolam-se neste cenário conturbado e são gravemente afetadas por ele.
A presente obra apresenta a visão particular do autor sobre o funcionamento do Mercosul e as peripécias da participação brasileira no processo sub-regional de integração nos últimos anos, condensadas numa coletânea de artigos, publicados ou não, na mídia do país. A abordagem do autor centra-se, basicamente, nos aspectos políticos, institucionais e operacionais que pautaram os problemas enfrentados pelo bloco para desenvolver o projeto de alcançar um mercado comum no sul do continente traçado pelo Tratado de Assunção de 1991.Temas como falhas de concepção, gargalos operacionais e, sobretudo, adoção de políticas erráticas de concepção ideológica equivocadas, provocaram acentuado retrocesso num projeto por si mesmo complexo.
Do encontro entre saúde e relações internacionais se originam os conceitos e práticas contemporâneos da saúde global e da diplomacia da saúde. Mas tal encontro só se estabeleceu em função do processo de globalização. A crise econômica sistêmica e global, expondo as brechas estruturais do capitalismo global, aprofundou as desigualdades preexistentes e, desde então, só vem se ampliando, com consequências sociais, econômicas e sanitárias gravíssimas, particularmente para os países pobres e para os pobres de todos os países. A crise abateu-se sobre os países da América Latina, e muitos progressos alcançados estão agora ameaçados, inclusive as conquistas no campo da saúde, que vem sendo profundamente afetada. Este livro procura explicar a saúde no cenário global; o que a molda social e economicamente; como o global dialoga com o regional e o local; como a governança global exerce impacto sobre a saúde; como transcorre a governança da saúde global; e que papel desempenha a diplomacia aplicada em prol de uma situação de saúde mais equitativa. A complexidade internacional tem colocado novos objetos e desafios sobre os quais os autores desta coletânea buscam refletir, na perspectiva da América Latina e Caribe: as desigualdades sociais e sanitárias profundas entre países e no interior destes; as crises humanitárias relacionadas com conflitos armados em diversas partes do mundo; as correntes migratórias na América Latina; as transformações nos padrões culturais que desafiam a visão do 'normal' em medicina e saúde pública; o comprometimento ambiental em escala planetária; e a proliferação de instituições multilaterais que incluem os problemas de saúde entre seus programas de cooperação, sem entretanto solucioná-los.
O autor mostra como os dois pensadores que protagonizam a sua pesquisa fazem parte da história e da consolidação da sociologia no Brasil. O pesquisador traz à tona “relações diplomáticas, instituições científicas, agências governamentais e organismos internacionais, círculos de políticos, intelectuais e cientistas sociais", segundo André Botelho, professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ao analisar a conjuntura das relações acadêmicas entre os dois personagens, Thiago Lopes mostra que o rural renasce como chave não apenas da modernização, mas também da democratização política no Brasil.
O nascimento da chamada Saúde Global e as relações criadas entre agentes globais e locais de saúde pública em regiões como a América Latina e o Caribe são abordados de forma totalmente inovadora. O autor, pesquisador pioneiro no estudo da América Latina como laboratório médico, partiu dos arquivos médicos nacionais da Costa Rica para investigar como foi a atuação da Fundação Rockefeller, organização de saúde internacional, em pequenos países da América Central e no Caribe, no início do século XX. A edição do livro em português tem novidades como informações sobre a atuação da Fundação Rockefeller no Brasil e um novo capítulo sobre o tratamento com óleo de quenopódio, o que causou muitas mortes, principalmente entre crianças, e as questões éticas decorrentes dessa decisão.
Um diálogo entre pesquisadores brasileiros e portugueses sobre arquitetura, urbanismo, patrimônio cultural e saúde no século 19, quando novos preceitos terapêuticos foram incorporados nas construções e adaptações de edifícios hospitalares. Esta é a proposta do livro Hospitais e Saúde no Oitocentos: diálogos entre Brasil e Portugal, organizado por Cybelle Salvador Miranda e Renato da Gama-Rosa Costa, parte da Coleção História e Saúde, da Editora Fiocruz. Os estudos ancoram-se no neoclassicismo e sua utilização nos hospitais construídos naquela época, tanto no Brasil (Rio de Janeiro e Belém), quanto em Portugal (Lisboa, Porto e Fafe). Essa concepção arquitetônica valoriza a ideia de progresso, asseio e racionalidade. Do ponto de vista formal, a materialização dos ideais de racionalidade e a construção de hospitais concorrem para se entender a transição de assistência adotada pelo Estado de base religiosa e o Estado laico, com exemplos no Brasil e também em Portugal.
A partir do estudo do sistema internacional contemporâneo, este livro mergulha na constituição histórica e na atuação dos atores políticos brasileiros no Mercosul. Inclui ainda um capítulo sobre os grupos de interesses no contencioso Brasil-Argentina do açúcar.
Nas Teias da Diplomacia resulta do trabalho conjunto de pesquisadores reunidos no Laboratório de História da Política Internacional Sul-americana. Voltado para o estudo da História das Relações Internacionais, o grupo parte de uma abordagem interdisciplinar que relaciona diversos agentes e processos históricos, de modo a romper com uma perspectiva institucional e estadocêntrica. Neste livro, ganham destaque as teias, redes, relações pessoais e articulações de agentes diplomáticos, moldadas em diferentes esferas que transpassam diretamente a política externa do Império Brasileiro. Além disso, o contexto de formação dos Estados ibero-americanos é pensado através de um enfoque que os articula e relaciona a política doméstica à esfera internacional. O livro se insere, portanto, na necessidade de aprofundamento dos estudos sobre as relações internacionais, a política externa e seus agentes no Brasil do Oitocentos.
A autora analisa o anti-semitismo deflagrado na II Guerra Mundial, esmiuçando seus agentes, motivos e desdobramentos, como o surgimento do sionismo e a criação do Estado de Israel, dando ênfase aos conflitos árabe-israelenses e ao colonialismo judeu na Palestina.
O Direito das Gentes, de Emer de Vattel, não é um clássico apenas para o campo de estudos das Relações Internacionais ou do Direito Internacional. À primeira vista, poderia parecer que um livro que trata do Direito seria, predominantemente, uma obra de conteúdo normativo, mas isso não ocorre.
Em o que o Tio Sam realmente quer, Noam Chomsky prossegue em sua análise política, econômica e social dos eventos mais importantes de nossos dias. Desta vez ele de carrega chumbo grosso sobre a política externa do governo de seu país. Chomsky disseca a Guerra Fria, o combate às drogas nos eu A e na América Latina, fala do Plano Marshall e da Doutrina Monroe, da Guerra do Vietnã, do caso Irã Contras. Ele demonstra como e por que Manuel Noriega e Sadam Hussein transformaram-se de homens de confiança de Washington nos vilões que a mídia e seus seguidores tanto adoram odiar. Comenta ainda o que realmente aconteceu na Nicarágua, na Guatemala, em ei Salvador, no Chile, no Brasil, nas Filipinas, no Haiti, no Panamá e em outros lugares por onde o Tio Sam passou com sua atuação desestabilizadora, além de traçar um quadro das perspectivas para o Leste Europeu. Em sua crítica contundente, Chomsky não poupa nem os ditadores, nem os políticos e militares corruptos, tampouco o exagerados politicamente corretos. Por fIm, o autor propõe métodos simples, porém reali tas e pragmáticos, de ação política civil para um futuro diferente - e melhor.
Neste livro, são analisados conceitos sobre a saúde global sempre levando-se em conta que o olhar histórico é fundamental para compreender os desafios das políticas de saúde. O termo saúde global costuma ser usado em resposta a eventos novos, como epidemias internacionais que atingem países ricos e pobres. Mas, afinal, saúde global e saúde internacional são ou não diferentes? O professor e pesquisador Marcos Cueto não se dedica a encerrar o debate, mas sim a estudar os termos saúde internacional e saúde global, investigando a trajetória de mudanças e continuidades das agências e programas internacionais envolvidos com a saúde da população durante o período de 1850 a 2010. Para ele, “este livro expressa a esperança de que o estudo da história da saúde global seja de utilidade para os encarregados da elaboração de políticas públicas e para os estudiosos dos sistemas de saúde em todos os países, auxiliando-os no controle das doenças alimentadas pela pobreza”.
No âmbito da saúde, evidencia-se a necessidade de novas abordagens que levem em conta a relação do local com o global/universal. Composta por processos muito dinâmicos no tempo e no espaço, e pautada por valores como ética, justiça e solidariedade, a saúde global é um campo com grande potencial de crescimento e cada vez mais atrai a atenção de instituições acadêmicas. Este livro descreve o surgimento desse campo de estudos e apresenta algumas definições do termo saúde global; contextualiza a saúde ambiental global e discute os problemas ecológicos de maior vulto enfrentados pela humanidade; enfoca alguns dos determinantes sociais das doenças não transmissíveis; mostra que as doenças infecciosas ainda constituem questões relevantes e urgentes no âmbito mundial; e aborda algumas questões socioambientais e de saúde transfronteiriças no nosso continente. O livro, portanto, apresenta as bases formadoras da saúde global e busca despertar interesse e vocações para o campo, onde os atores da área da saúde devem atuar em conjunto com as próprias comunidades e com profissionais de outros setores, como direito, agricultura, meio ambiente, engenharia, diplomacia, sociologia, antropologia, geografia e comunicação. “Argumenta-se a favor de compromisso com todos no mundo, em relações não assimétricas, em que o conhecimento e a cultura de todos os povos tenham contribuições válidas, que possam se somar na construção da saúde global, como ciência emergente”, afirma a autora.
Este livro discute o aparecimento histórico dos chamados movimentos antiglobalização na cena política contemporânea utilizando, sobretudo, os referenciais teóricos de Jacques Rancière e Hannah Arendt. O percurso do texto busca relacionar este fenômeno a diferentes sentidos atribuídos à ideia de política, e, também, à transformação do contexto mundial que ocorreu a partir da década de 1990. A exposição aborda a trajetória política destes movimentos na sua ação crítica sobre instituições internacionais como FMI, a OMC, o Banco Mundial e o G8, buscando explicitar também alguns de seus principais debates internos. São exploradas as potencialidades de efetiva criação de cenas de dissenso, bem como as possibilidades existentes de ruptura interna.
A questão dos refugiados tem ganhado holofotes pelo mundo inteiro, mas o preconceito, a xenofobia, as fake news e o medo frequentemente atrapalham a discussão. Para auxiliar na compreensão desse tema tão complexo e combater a desinformação, as jornalistas Aryane Cararo e Duda Porto de Souza reuniram histórias de vida emocionantes, de pessoas de mais de quinze nacionalidades, que vieram para o nosso país pelos mais variados motivos -- desde dificuldades financeiras até perseguição baseada em raça, religião, nacionalidade, orientação sexual, identidade de gênero ou opinião política --, todas em busca de um lugar onde pudessem de fato viver. Com uma linguagem acessível, a obra também traça um panorama histórico do refúgio no Brasil e no mundo, apresentando conceitos e dados, e traz infográficos sobre os principais conflitos que geraram esses fluxos migratórios. O resultado é um material humano e sensível, que dá voz a quem precisa ser ouvido e celebra as diferenças que tornam nossa nação tão plural.
Investiga os efeitos da violência sobre os brasileiros e seus vizinhos nas fronteiras entre Brasil, Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai e aborda questões importantes, como as estratégias de saúde para a redução dos danos associados ao uso de drogas e o debate em torno da discriminação e legalização das drogas ilícitas.