Homens ou máquinas?, nova obra da coleção Escritos Gramscianos reúne 33 textos escritos por Antonio Gramsci entre 1916 e 1920, dos quais dezesseis são publicados pela primeira vez em língua portuguesa. Esta seleção traz artigos de grande importância para entender a particular concepção de Gramsci a respeito da luta de classes, e, mais em geral, para nos encaminhar dentro de anos dramáticos e que culminaram, posteriormente, na ascensão do fascismo na Europa. O problema que encontramos com mais continuidade nas reflexões e nos escritos de Gramsci entre 1916 e 1920 é o de libertar os “simples” da conjunção de heterodireções que impedem a subjetividade autônoma, a independência e a autossuficiência das massas populares. Pondo o tema da “Democracia operaria” como meio e fim das lutas para o socialismo, Gramsci desenvolveu a ideia da estreita relação entre produção e revolução como antítese da delegação passiva aos organismos burocráticos, correlacionando a experiência dos conselhos com o desenvolvimento da luta de classes na Europa. “Como amalgamar o presente e o futuro, satisfazendo as urgentes necessidades do presente e trabalhando efetivamente para criar e antecipar o porvir?”, escreve Gramsci no artigo Democracia operária, sintetizando as reflexões e empenho político que o cercaram durante os anos de 1916 e 1920.
Este livro traz reflexões abrangentes para o futuro do país, abordando questões econômicas, políticas, ambientais e sociais no contexto atual do mundo. Os temas tratados estão na ordem do dia, como os desequilíbrios ambientais e climáticos, as tensões políticas e incertezas globais, a necessidade de modernização do Estado brasileiro, as agendas estratégicas que envolvem a produção de alimentos, a valorização da biodiversidade com inclusão social e o protagonismo dos povos originários.
Em relação a políticas públicas, a sociedade contemporânea se comporta de duas maneiras distintas: pode ser mais esclarecida e participante, solicitando melhores resultados da gestão pública na solução de seus problemas, ou assiste estarrecida aos fatos que envolvem os desvios em torno da gestão pública. Entender como se articulam as variáveis, explícitas ou implícitas, na formulação, na execução e na avaliação das políticas públicas, é uma necessidade urgente. Este livro propõe olhar os acontecimentos recentes, da perspectiva do conhecimento de políticas públicas.
alford J. Mackinder foi educador, geógrafo, explorador, advogado, membro do Parlamento, economista e diplomata. Nasceu em Gainsborough, Lincolnshire, Inglaterra, em fevereiro de 1861. Filho de um médico, estudou ciências no Epsom College e Christ Church em Oxford. Ao concluir seu programa em Oxford, estudou direito em Londres, enquanto lecionava na Christ Church e também ajudava a liderar as incipientes extensões da Universidade em Bath, Manchester, Salisbury e outros lugares, onde lecionou e conduziu tutoriais sobre geografia física. Eleito para a Royal Geographic Society, ele apresentou um documento para a sociedade em janeiro de 1887, intitulado “Sobre o escopo e os métodos da geografia”. Mackinder era um homem de muitas partes. Após dez anos como diretor do Reading College, tornou-se Diretor da London School of Economics de 1903 a 1908. Membro do Parlamento entre 1910 e 1922, ele também foi presidente do Comitê Imperial de Navegação de 1920 a 1940, tornou-se conselheiro privado em 1925. Em 1904, Mackinder apresentou à Sociedade um documento intitulado “O Pivô Geográfico da História”, em que ele primeiro ofereceu a teoria da “Área Pivô”, uma designação para a área central da Eurásia, protegida das potências marítimas da época. Ele argumentou que o desenvolvimento do poder potencial dessa área poderia permitir que o poder continental que o controlava dominasse o mundo.
Judicialização da Saúde – Regime Jurídico do SUS e Intervenção na Administração Pública discute o grande desafio a ser vencido pela nossa sociedade. Isso, em razão de sua emergência, fator de desequilíbrio nos dois pratos da balança, um ao se apropriar de verbas, outro a disponibilizar essas verbas para a Saúde. Hoje, no Brasil, há cidadãos que buscam acesso de medidas judiciais a remédios e procedimentos caríssimos, alguns ainda nem aprovados pelas autoridades sanitárias. Suas ações são fomentadas por organizações escusas, que sob o manto da pretensa ilicitude praticada pelo Estado auferem lucros impensáveis. Esse é o prato da balança que produz o desequilíbrio. O outro é a óbvia carência de nossa população, à míngua de atendimentos médicos, muitas vezes emergenciais, e cujo necessário financiamento foi sequestrado pela judicialização. O livro é muito atual, pois bem reflete a iniciativa do CNJ – Conselho Nacional de Justiça –, que muito oportunamente criou um grupo para orientar e oferecer aos juízes informações técnicas de modo a dar consistência às suas sentenças. Judicialização da Saúde – Regime Jurídico do SUS e Intervenção na Administração Pública apresenta 1 Autor, 15 capítulos, num total de 236 páginas.
Igual-Desigual poderia ser uma boa definição poética do atual momento em que vivemos, pela poderosa pena de Carlos Drumond de Andrade. É também uma obra que promove o encontro da Economia com a História, possibilitado a partir das redes de afeto acadêmicas que uniram, em grande medida, pesquisadores de várias instituições de pesquisa do Brasil e do mundo. É um encontro plural, interdisciplinar, igual e desigual por essência e intenção dos autores. Se há um tema comum, bem como a comunhão com o princípio iluminista de uma sociedade mais igual, os pontos de partida teórico- -analíticos são muito diferentes. O vasto grupo de autores inclui desde jovens pesquisadores, a professores eméritos já aposentados. Inclui em sua diversidade, velhos socialistas, sociais-democratas convictos bem como igualitaristas liberais. Este tema é amplo e complexo o suficiente para receber a contribuição desses múltiplos matizes. Militantes de gênero, de raça, de cor, de identidades, irmanados pela confiança no ser humano, em uma ciência crítica e na superação das nossas mazelas (atuais e pretéritas). À luz da Ciência Econômica e da História o livro descortina as muitas faces da desigualdade, agora em maior evidência pelos efeitos visíveis da pandemia. Ao promover o encontro da Economia com a História o livro pretende, então, oferecer indícios sobre os porquês que explicam o fato de que estávamos vivendo num mundo doente e sinalizar possíveis caminhos que propiciem uma busca por um novo equilíbrio com os desafios postos pela pandemia.
O livro traz 17 artigos de diversos autores e apresenta um panorama sobre a chamada “judicialização da saúde”, por meio dos novos mecanismos de acesso ao Judiciário, além de concentrar esforços para entender as causas das controvérsias jurídicas, formas de solução de conflitos e como essa tendência de judicialização crescente impacta na existência e sustentabilidade do setor.
Livro de fundamental importância em meio aos debates mais atuais do cenário sociopolítico nacional, Judicialização de Políticas Públicas no Brasil levanta debates e contribuições para "a compreensão dos processos pelos quais nosso sistema de justiça tornou-se um protagonista da política e das políticas, bem como de seus impactos sobre uma gama variada de direitos individuais e coletivos", afirma a professora titular de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP), Marta Arretche. A obra reúne 12 artigos de juristas e especialistas nos campos das ciências sociais e política e do direito, dialogando sobre temas como as bases institucionais dos processos de judicialização das políticas públicas no país, além de casos e desafios ligados à judicialização, englobando o direito à saúde e à moradia, questões de política habitacional e preservação ambiental, renda, assistência social, aborto, educação, igualdade de gênero e união homoafetiva. No time de renomados pesquisadores que compõem os estudos apresentados no livro estão Conrado Hübner Mendes, Fabiana Luci de Oliveira, Rogério Arantes, Luciana Gross Cunha e a organizadora, Vanessa Elias de Oliveira, doutora em Ciência Política pela USP e professora do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da Universidade Federal do ABC (PGPP/UFABC). Para o professor da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, Oscar Vilhena Vieira, a coletânea apresenta uma contribuição fundamental para melhor compreender o papel das agências de aplicação, impulsionadas por uma constituição de natureza transformadora, na determinação das políticas públicas no campo social.
Na interface entre a história sanitária, econômica e administrativa, a obra lança uma luz multifacetada sobre o desenvolvimento e as condições de produção na pecuária leiteira no Brasil. Para tanto, examina temas centrais da história da Primeira República Brasileira (1889-1930) e dos regimes desenvolvimentistas, às vezes democraticamente legitimados, às vezes autoritários, entre 1930 e 1964.
As manifestações de Junho de 2013 inauguraram uma sequência de eventos que destroçou os pactos institucionais. O período de instabilidade política e econômica que se seguiu aos protestos, sacudido pela Lava Jato e pelo impeachment de Dilma Rousseff, desembocou na eleição de Bolsonaro e na transformação completa da paisagem política nacional. Eis o processo que Marcos Nobre retraça, disseca e explica neste livro luminoso e contundente.
O sociólogo Rudá Ricci vem se dedicando, há alguns anos, ao exame daquilo que ele mesmo denominou de lulismo. O que vem a ser isso, exatamente? Para o autor, entre outras observações pertinentes que faz, o lulismo pode ser caracterizado como uma submissão de um partido político – no caso, o Partido dos Trabalhadores – aos objetivos de uma liderança nacional, representada por Luiz Inácio Lula da Silva. No plano da configuração das classes sociais, o lulismo significaria, a seu juízo, a ascensão de novos setores das camadas médias da população ao poder central do país. Guiado por um poderoso espírito crítico e um método de análise rigoroso, o sociólogo Rudá Ricci se debruça sobre a trajetória de Lula da Silva desde os tempos das greves do ABC paulista e dos movimentos sociais, fatos que contribuíram de forma decisiva para a criação do PT, ainda no início da década de 80. Prosseguindo em sua análise, ele se interroga sobre o papel do Partido dos Trabalhadores na oposição institucional e, sobretudo, como força governamental, a partir de janeiro de 2003. Porém, destaca que foi no segundo mandato, a partir de 2007, que o lulismo despontou como fenômeno. Na realidade, um fenômeno que finca raízes na tradição autoritária brasileira, que tende a colocar a liderança política acima das classes sociais e das instituições democráticas. Mas esse caminho – ao mesmo tempo modernizador e conservador – tem limites claros, uma vez que o desenvolvimento em curso no Brasil pode impedir, nos próximos anos, a continuidade de tal processo. Este livro já nasce como obra de referência e merece constar das estantes de todo brasileiro preocupado com os rumos futuros do país.
No final de fevereiro de 1848, foi publicado em Londres um pequeno panfleto que acabaria por se tornar o documento político mais importante de todos os tempos: o Manifesto Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels. Passado mais de um século e meio, a atualidade e o vigor deste texto continuam reconhecidos por intelectuais das mais diversas correntes de pensamento. A Boitempo Editorial utilizou, com alguns ajustes ortográficos, a tradução feita por Álvaro Pina a partir da edição alemã de 1890, prefaciada e anotada por Engels. O cotejo foi feito de forma minuciosa com as principais edições inglesa, francesa e italiana, confrontadas com duas edições brasileiras anteriores. Além do Manifesto Comunista em si, o volume traz ainda a reflexão de seis especialistas sobre as múltiplas facetas desta que é, ainda hoje, a obra política mais lida e difundida em todo o mundo. Com organização de Osvaldo Coggiola, o livro tem ensaios de Antonio Labriola, Jean Jaurès, Leon Trotsky, Harold Laski, Lucien Martin e James Petras. A edição compila ainda sete prefácios de Marx e Engels à obra, feitos em diferentes períodos.
Esta obra visa a proporcionar aos estudantes e profissionais das áreas de Ciências Sociais, Jurídicas e Políticas noções fundamentais da estrutura do Estado e de seus elementos constitutivos. Trata-se de um estudo introdutório absolutamente necessário à compreensão do fenômeno político.A partir de uma abordagem extremamente didática, José Geraldo Brito Filomeno procede a uma síntese histórica dos diversos tipos de Estado e de sociedade, bem como discute as principais questões relativas à Teoria Geral do Estado aliada à Ciência Política, ao realizar uma acurada análise dos aspectos sociológicos, políticos e jurídicos do Estado, visando a explicar sua origem, estrutura, evolução, fundamentos e fins.Trata-se de obra indispensável, sobretudo em um momento em que nos meios acadêmicos as discussões sobre os conceitos de sociedade civil e sociedade política têm marcado presença.
Mais de trinta anos após a publicação das Memórias (1979), de Gregório Bezerra, o lendário ícone da resistência à ditadura militar é homenageado com o lançamento de sua autobiografia pela Boitempo Editorial, acrescida de fotografias e textos inéditos, e em um único volume. O livro conta com a contribuição decisiva de Jurandir Bezerra, filho de Gregório, que conservou a memória de seu pai; da historiadora Anita Prestes, filha de Olga Benário e Luiz Carlos Prestes, que assina a apresentação da nova edição; de Ferreira Gullar na quarta capa; e de Roberto Arrais no texto de orelha. Há também a inclusão de depoimentos de Oscar Niemeyer, Ziraldo, da advogada Mércia Albuquerque e do governador de Pernambuco (e neto de Miguel Arraes) Eduardo Campos, entre muitos outros.Em Memórias, o líder comunista repassa sua impressionante trajetória de vida e resgata um período rico da história política brasileira. O depoimento abrange o período entre seu nascimento (1900) até a libertação da prisão em troca do embaixador americano sequestrado, em 1969, e termina com sua chegada à União Soviética, onde permaneceria até a Anistia, em 1979. No exílio começou a escrever sua autobiografia.
Estudos mostram que o pentecostalismo é a força propulsora da expansão evangélica no país. Com base nessa realidade, em entrevistas com bispos, padres e pastores, no relatório da pesquisa Spirit and Power, realizada em dez países, e na pesquisa Sensus, do Obrvatório das Metrópoles, ambas publicadas em 2006, o autor trabalha o conceito de pentecostalização para explicar engajamento político-eleitoral dos evangélicos no Brasil.
O difundido retrato da suposta cordialidade brasileira, ilustrada pelos cenários carnavalescos ou pelo futebol, sistematicamente oculta a violência, latente ou explícita, do preconceito, da exclusão e da repressão sociais. A eficiência com que as elites ocultam essa face brutal de nossa sociedade exige um trabalho de rastreamento, de descobrimento de pistas que revelem o autoritarismo subjacente e forneçam uma interpretação mais justa. Os ensaios que compreendem este livro têm por objetivo justamente levar a cabo essa tarefa ao criticar a imagem e autoimagem da República.
As universidades brasileiras, institutos de pesquisa e mesmo os movimentos camponeses de nosso país têm pouca informação sobre as muitas e diferentes formas de organização de agricultores e de camponeses em escala internacional. Os autores deste livro realizam uma radiografia cuidadosa de praticamente toda as articulações internacionais dos mais variados setores sociais que atuam no campo, analisando sua composição regional, de classe e ideológica, suas relações com ONGs e instituições internacionais e como eles enfrentaram o neoliberalismo global.
A proposta deste livro não é a de encerrar a relação movimentos sociais-autonomias como a única relação teórica, analítica e política possível e como um campo de estudos próprio e isolado. Bem pelo contrário, buscamos provocar o diálogo de campos de estudos que supostamente não se conversam. Neste sentido, seja desde a mirada institucionalista, seja desde a marxista ou ainda a anarquista, o que é certo é que as discussões sobre as lutas sociais latino-americanas nunca cessaram e nem cessarão. No entanto, pensar tais lutas pela lente dos movimentos sociais por si só já não é tarefa exatamente dada; menos dada ainda é a tarefa de pensá-las através do par conceitual movimentos sociais-autonomias e suas relações com os Estados e o capital na região.
O presente livro aborda as complexas relações entre movimentos sociais e agentes e instituições do Estado no processo de formulação e implementação das políticas públicas ao longo dos governos Lula e Dilma Rousseff. A multiplicidade de enfoques das análises aqui presentes fornece uma robusta contribuição para o conhecimento sobre as interações – frutíferas, mas com enormes desafios – entre movimentos sociais e Estado na produção de políticas públicas, auxiliando os embates vindouros neste árduo processo de construção da democracia brasileira.
Baseado em um conjunto de práticas de gerenciamento do mal-estar – por exemplo, a individualização da culpa, o repúdio ao fracasso depressivo, o louvor maníaco do mérito e a criação de um estado de crises e reformulações, bem como de anomia e mudanças permanentes –, o neoliberalismo consegue extrair um a-mais de produtividade das pessoas. Neste livro, o leitor poderá acompanhar como o modo de produção neoliberal construiu uma nova forma de sofrimento que se entranhou em nossas vidas ao modo de uma moralidade indiscutível.
Ninguém disse que seria fácil, do historiador e militante Valerio Arcary, reúne uma série de artigos escritos ao longo dos últimos anos, período marcado por consecutivas derrotas da esquerda, ascensão da extrema direita e perdas substantivas de direitos da classe trabalhadora. Em 42 artigos curtos, Arcary lança uma importante reflexão à militância socialista, muitas vezes presa às teorias, análises de conjuntura e trabalho analítico e conceitual. Sem se privar da relação com a teoria, os escritos focam outros aspectos da luta como o sentido humano, as relações entre as pessoas e suas contradições, a necessidade de se deixar de lado o individual ante o coletivo. Para o autor, o momento é de levantar tais questionamentos, especialmente diante da ampla vitória do capital e da extrema direita. “Na teia do ser social que constituímos e que nos constitui, avançamos muito na compreensão de suas determinações objetivas, mas nem sempre damos a devida atenção ao problema da subjetividade. Por isso este livro de Valerio Arcary parece-me tão importante. Precisamos conversar sobre a militância, sobre a sensação de isolamento que se segue a uma derrota, sobre o fracionalismo, o embrutecimento, a saúde mental, os valores que nos guiam, os preconceitos, o anti-intelectualismo. Precisamos conversar sobre nós e os outros, os adversários e os inimigos, a classe idealizada e as pessoas reais que compõem nossa classe”, afirma Mauro Luis Iasi no prefácio da obra.
Vivemos uma crise global e múltipla de enormes proporções política, social, econômica, ecológica, ideológica e ética. O crime ecossocial no Vale do Rio Doce, em novembro de 2015, perpetrado por mineradoras transnacionais com a cumplicidade e omissão de instâncias estatais nacionais e regionais, numa aliança típica dos nossos tempos, tornou-se a advertência mais dramática da podridão do sistema capitalista predador que determina nossas vidas.Depois de alguns anos de relativo otimismo no Brasil e na América do Sul, fica evidente mais do que nunca que as sociedades do Norte e do Sul globais estão irremediavelmente interligadas e precisam de profundas transformações políticas e ecológicas muito além do acordo climático de Paris que, mesmo sendo uma resposta insuficiente às múltiplas pressões dos movimentos pela justiça climática, poderia significar um passo na direção correta.Na América do Sul, saltam à vista as limitações dos governos ‘progressistas’ que, fortalecendo o papel do Estado na economia, avançaram numa distribuição mais equitativa da renda das commodities sem, no entanto, questionar mais profundamente o conceito hegemônico de ‘desenvolvimento’, vaca sagrada até para grande parte da esquerda mundial. Essas limitações, nos anos iniciais das ‘revoluções’ democráticas na Venezuela, Bolívia e Equador, e das vitórias eleitorais de candidatos de centro-esquerda no Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai e Peru, não eram descartadas por observadores mais prudentes. (...) Gerhard Dilger
Marx se dedica à compreensão das categorias que constituem a articulação interna da sociedade burguesa e analisa o capital em sua relação direta com a exploração da força de trabalho assalariado. A Inglaterra, localização clássica da força de trabalho industrial, serve de ilustração para sua exposição teórica. Assim como na tradução dos Grundrisse, esse volume substitui o tradicional uso da expressão 'mais valia' por 'mais valor'.
Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, foi dos primeiros a enfrentar esse desafio de reinventar o desenvolvimento quando em maio de 1993 juntou-se ao pequeno grupo que se aglutinou em torno do então Ministro da Fazenda, e hoje Presidente da República, para montar o que viria a ser o Plano Real. Vários anos se passaram, e muitas idéias se tornaram projetos concretos produzindo mudanças importantes na economia do país. Neste volume, o leitor terá uma combinação incomum entre reflexão teórica na fronteira e inteligência política para a formulação de estratégias de ação objetiva.
O livro O Desejo do Desejo do Outro: Politicanálise do Movimento Sanitário Brasileiro é uma obra filosófica, científica e literária. Zé Carlos ao realizar a “politicanálise” do Movimento Sanitário faz um recorrido histórico que reconhece esse Movimento como um acontecimento especial, produtor de novas epistemologias, várias, ainda que tenham uma única denominação: Saúde Coletiva.
Este livro contem um conjunto de textos que envolve uma discussão sobre planejamento de saude. Onde amplia o conceito de planificação em saude com a definição de politicas, diretrizes e estratégias para o desenvolvimento e a adequação de vários componentes do sistema, quais sejam, gestão, financiamento, organização dos serviços e infra-estrutura de recursos (físicos, humanos e materiais).
Desde a recessão econômica de 2008, e mais recentemente com a pandemia do coronavírus, as certezas que ditaram por décadas o capitalismo ocidental foram postas em xeque. A crise do projeto neoliberal gerou, à direita e à esquerda, clamores pela volta do Estado intervencionista como contrapeso entre a coletividade e o caos desatado pelo capital globalizado. O neoestatismo é o novo normal político. Essa é a ideia central defendida em O Grande Recuo.
Quais foram as contribuições de Karl Marx ao que chamamos hoje de ecossocialismo. O pensador alemão analisava a relação entre homem e natureza. É possível construir o socialismo em planeta arrasado A obra do filósofo Kohei Saito, além de ser uma contribuição essencial para os debates sobre a contradição entre um sistema capitalista e a preservação da natureza, é um minucioso estudo da evolução dos trabalhos de Marx em relação ao tema homem e natureza. Saito apresenta ao leitor o caminho traçado por Marx para abandonar a ideia de que a produtividade agrícola poderia aumentar indefinidamente no socialismo. “Se em 1844 Marx demonstrava preocupação com a cisão entre ser humano e natureza impulsionada pelo capitalismo, em 1865 escrevia a Engels sobre seu interesse em química e fertilidade do solo. A partir dessa análise, Marx nos entrega elementos para a discussão de ruptura metabólica que nos permite questionar os limites ecológicos do sistema capitalista e, ao mesmo tempo, criticar os impactos da agricultura em larga escala”, diz Sabrina Fernandes no prefácio da obra. O trabalho de Saito não tem como objetivo afirmar que toda e qualquer análise de Marx partia de uma visão ecossocialista e sim servir de ferramenta às contribuições feitas por ele à época. O princípio do ecossocialismo de Karl Marx existe porque ‘o socialismo de Marx prevê uma luta ecológica contra o capital’. Se entendermos ecossocialismo sob essa luz, a verdade é que nem todo socialismo é ecossocialismo, mas seria um avanço se fosse, pontua Fernandes.
O objetivo principal desse trabalho foi o de descrever como a organização do trabalho e as relações socioprofissionais se relacionam com a fragmentação da subjetividade de ocupantes de cargos gerenciais.
A metodologia de apoio criada e utilizada por Tarsila para lidar com a judicialização no caso Jundiaí é absolutamente original. Tarsila captou a essência do método de apoio, a saber, o necessário ativismo técnico e político para enfrentamento e prevenção de iniquidades existentes no SUS e na vida em geral. A autora demonstra, prova, que, mesmo em um país desigual e elitista como o Brasil, as coisas podem ir melhor. Com esforço e persistência e projeto, as instituições podem funcionar de maneira justa e democrática. Basta proceder à maneira de Tarsila e de sua equipe. Não há como não se comover com esse livro. Há muito que se aprender com sua leitura.
Autor do best-seller As Cruzadas vistas pelos árabes revisita o século XX e demonstra, neste livro altamente oportuno, como as civilizações se lançaram à deriva e se encontram, agora, diante de um iminente naufrágio. Os Estados Unidos, embora continuem sendo a única superpotência, estão perdendo toda a autoridade moral. A Europa, que ofereceu aos seus povos e ao resto da humanidade o projeto mais ambicioso e reconfortante do nosso tempo - a União Europeia -, está desmoronando. O mundo árabe-muçulmano mergulha numa crise profunda, agravada por um islamismo cada vez mais radical. As tensões identitárias, em grande parte fomentadas pelas ondas nacionalistas, nunca foram tão exacerbadas.
A mais completa investigação sobre as origens do patrimônio político e financeiro de Jair Bolsonaro e sua família. Resultado de mais de três anos de apuração, O Negócio do Jair: A história proibida do clã Bolsonaro desvenda o passado secreto da família que hoje comanda o Brasil. A jornalista Juliana Dal Piva parte do escândalo das rachadinhas exposto pelo caso Queiroz, a partir de dezembro de 2018, para contar uma história que remonta à entrada de Jair Bolsonaro na política na década de 1990. No centro do passado que o clã tenta abafar, está um esquema de corrupção conhecido entre os participantes como o “Negócio do Jair”. O arranjo ocorria nos gabinetes funcionais ocupados pela família de Bolsonaro em seus mandatos políticos, seja de vereador, deputado estadual ou federal, e envolvia seus três filhos mais velhos, as duas ex-esposas e a atual, amigos, familiares — muitos deles atuando como funcionários fantasmas —, além de advogados e milicianos. Com base em depoimentos exclusivos, cópias sigilosas dos autos judiciais, mais de cinquenta entrevistas, mil páginas em documentos, vídeos e gravações de áudio, a autora demonstra como, à sombra dos grandes esquemas partidários, o clã acumulou milhões de reais e construiu o projeto político autoritário e regressivo que conduziria o chefe da família ao posto mais alto da República.
No primeiro volume de sua trilogia O país dos privilégios , Bruno Carazza enfrenta os meandros do corporativismo estatal para desnudar as regalias e benesses no topo das carreiras do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. A partir da análise das folhas de pagamento de tribunais, ministérios, parlamentos e Forças Armadas, entre outras instituições do Estado brasileiro, o autor revela as estratégias mobilizadas na defesa e promoção de interesses privados destoantes da realidade socioeconômica do país. A despeito das frequentes polêmicas na mídia e na Justiça, a força política dos verdadeiros “donos do poder” continua sendo o principal obstáculo para a implementação de uma reforma administrativa capaz de acabar com os inúmeros benefícios do serviço público. Baseado em sólida pesquisa e dados abrangentes, Carazza narra muitas histórias de quem conhece os bastidores do poder e apresenta possíveis soluções para as distorções entre remuneração e produtividade nos altos escalões do Estado.
"Direitas", "novas direitas", "onda conservadora", "fascismo", "reacionarismo", "neoconservadorismo" são algumas expressões que tentam conceituar e dar sentido a um fenômeno que é protagonista nos cenários nacional e internacional de hoje, após seguidas vitórias dessas forças dentro do processo democrático. Trump, Brexit e a popularidade de Bolsonaro integram as dinâmicas das direitas que a coletânea busca aprofundar a partir de ensaios escritos por grandes pensadores da atualidade. Tendo como foco central o avanço dos movimentos de direita, os textos analisam sob as mais diversas perspectivas o surgimento e a manutenção do regime de ódio dentro do campo político. Luis Felipe Miguel abre o livro apresentando os três eixos da extrema-direita brasileira: o libertarianismo, o fundamentalismo religioso e o revival do anticomunismo. Silvio Almeida continua o raciocínio discorrendo sobre a distinção entre o conservadorismo clássico e o neoconservadorismo atual, para o qual a democracia não passa de um detalhe incômodo. Carapanã tenta responder à pergunta de como chegamos a este cenário de recessão democrática analisando os ataques ao Estado na América Latina e no Brasil. Flávio Henrique Calheiros Casimiro trabalha a cronologia da reorganização do pensamento e da ação política das direitas brasileiras, buscando suas raízes nos anos 1980. Camila Rocha questiona a caracterização das novas direitas brasileiras como militância ou como resultado do financiamento de organizações que articulam think tanks globalmente. Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco analisam as transformações da juventude periférica, que migrou da esperança frustrada para o ódio bolsonarista na última década. Ferréz também traça um retrato das periferias e do reacionarismo contido nelas, com uma linguagem forte e poética. Rubens Casara escreve sobre a direita jurídica de tradição antidemocrática, marcada por uma herança colonial e escravocrata. Edson Teles reflete sobre a militarização da polít
Após escrever um artigo intitulado “O sistema e o antissistema”, em que mostrava preocupação com o crescimento da extrema-direita no mundo, Boaventura de Sousa Santos foi contatado por sua amiga Helena Silvestre dizendo que havia lido o texto e que tinha sobre o tema uma opinião muito diferente. Incitada por Boaventura a escrever sobre o assunto, ela de imediato aceitou. Pensando ainda em uma terceira perspectiva, Boaventura convidou Ailton Krenak para a empreitada. Temos, assim, neste livro três miniensaios distintos sobre o mesmo tema geral, escritos a partir de diferentes contextos sociais, políticos e culturais, por autores de diferentes gerações, com diferentes identidades e histórias de vida, mas irmanados na mesma luta por uma sociedade mais justa, mais igualitária e mais respeitadora da diversidade e da diferença.
Referência obrigatória nos estudos sobre o presidencialismo pós-1988 no país, Sérgio Abranches desvela as debilidades da ordem liberal-democrática e aponta possíveis soluções para sua superação. Na última década, a democracia liberal e as liberdades cidadãs sofreram numerosos retrocessos. Da eleição de Donald Trump à ascensão do bolsonarismo, da vitória do Brexit ao colapso dos partidos social-democratas, uma sucessão veloz de mudanças inesperadas alimentou a onda populista que varreu o planeta, potencializada por crises econômicas, ódios políticos e tensões raciais. A polarização ideológica, a insegurança e o medo, agravados pelas incertezas do presente e pela desesperança no futuro, se propagaram com a rapidez vertiginosa do crescimento da ciberesfera. O estado de direito se converteu no alvo preferencial de líderes oportunistas que souberam aproveitar a conjuntura de frustrações generalizadas e desigualdades agudas. Em O tempo dos governantes incidentais, Sérgio Abranches reflete sobre a saúde precária da soberania popular no Brasil e no mundo. O autor do célebre conceito de presidencialismo de coalizão propõe alternativas para a sobrevivência das instituições democráticas, únicos remédios eficazes contra tiranias e ditaduras. Cover design or artwork by Lacaz, Thiago