Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
A presente pesquisa partiu das inquietações surgidas da experiência da pesquisadora enquanto Diretora do Setor de Saúde do município de Descalvado sobre as manifestações do fenômeno da adolescência na contemporaneidade. Esse fenômeno pode ser percebido através das crescentes manifestações de indisciplina, violência, desinteresse e consumo de drogas que a população jovem vem apresentando.
Publicado pela primeira vez em 1979, tornou-se a primeira publicação brasileira a analisar o corpo como sistema simbólico. Desde então, tem sido referência para várias gerações de cientistas sociais. Trata-se de um livro didático e denso que introduz o leitor aos eixos analíticos básicos para a compreensão da sociedade como um sistema de significações. Leitura imprescindível para profissionais que têm no corpo a dimensão de seu ofício, conclui que o corpo é uma filosofia que “abriga em nós um inferno que costumamos ver nos outros: a natureza humana que é estranha aos homens.”
O livro traz uma série de textos de profissionais da área da saúde materno-infantil. Oferece um panorama da atenção integrada às doenças prevalentes na infância, estratégia reconhecida pelo Ministério da Saúde. Na década de 90 foi criada e apresentada a profissionais que tinham envolvimento com a saúde materno-infantil em nosso país a estratégia AIDPI. desde então essa estratégia é preconizada pelo Ministério como prioritária para o atendimento à infância em âmbito nacional.
Neste livro, a avaliação da efetividade convida à reflexão sobre a possibilidade de tomá-la como oportunidade para a inclusão de atores nos processos de implementação de políticas públicas.
Segundo estudo do Banco Mundial, o Brasil ocupa o 4.º lugar do ranking global de casamentos com menores de dezoito anos. Quando tomamos esse dado a partir das lentes de gênero, observamos que as meninas são as que mais sofrem com essa prática por pressões sociais e/ou culturais e pelo contexto de desigualdade em que se encontram. Ao explicitar e comprovar que o casamento infantil é, em todos os sentidos, uma violação aos direitos humanos, Luiza Sartori lança luz sobre uma questão que afeta profundamente a vida das crianças e contribui para que a sociedade se conscientize e atue, efetivamente, em prol da garantia de direitos e da proteção das crianças e das meninas. Para a Plan International Brasil, organização internacional que atua no Brasil desde 1997 e que há anos vem pautando a necessidade de olhar para essa questão, o livro é um forte aliado.
Os casos clínicos são o foco desta obra do psicanalista e pediatra britânico Donald W. Winnicott. Com mais de trezentos desenhos realizados em consultas terapêuticas com crianças e adolescentes a partir do famoso “jogo do rabisco”, Winnicott abre a matéria-prima de sua experiência para pensar a relação clínico-paciente e o processo de cura. Anos de experiência clínica com crianças e adolescentes ensinaram a Winnicott o valor terapêutico de se comunicar com os pequenos em seus próprios termos, lançando mão de brincadeiras, desenhos e outras atividades infantis para promover a associação livre e a liberação dos sintomas.
A originalidade desta pesquisa está na abordagem do papel do corpo na organização da identidade na esfera da teoria de Wilhelm Reich. A teoria de Wilhelm Reich, embora consistente e densa, não apresenta um corpo teórico especificamente organizado no tema da identidade e da imagem corporal. Assim proponho uma leitura da teoria de Wilhelm Reich na perspectiva energética focando o corpo e a organização da identidade e da imagem corporal. Para poder pensar a organização ontogenética da identidade, a autora se volta para a tese de Wilhelm Reich sobre a interdependência entre a percepção e a consciência. O pensamento funcional, método de pesquisa utilizado por Wilhelm Reich, cuja lógica emerge da operação das funções conduz à compreensão da função do segmento ocular enquanto uma ponte entre a teoria e a pesquisa de campo. A imagem corporal funcionou como um instrumento abstrato e ao mesmo tempo concreto nos trabalhos de fotografia, do espelho e do desenho das figuras humanas aplicados no grupo das adolescentes.
A publicação deste livro sobre doenças raras envolvendo narrativas, memórias e trajetórias de cuidado com familiares de crianças e adolescentes com doenças raras constitui um passo importante nas pesquisas que a socióloga e psicóloga Martha Moreira vem desenvolvendo sobre condições crônicas complexas em saúde no Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz. A pesquisa tem o mérito de penetrar na trama das doenças raras a partir de diversos enfoques que consideram tanto a definição do tema, como as memórias e trajetórias de familiares e as pesquisas ações de apoio em desenvolvimento. Dados da Global Genes, organização internacional sem fins lucrativos, demonstram que existe aproximadamente 350 milhões de indivíduos no planeta que manifestam algum dos sete mil distintos tipos de doenças raras. Tais informações confirmam a importância de estudos que organizem as informações sobre as condições de vida e de cuidados destes indivíduos.
O crack é uma droga de rápida absorção que causa impacto instantâneo na saúde global dos usuários e provoca comprometimento clínico e psiquiátrico. Este livro aborda o consumo da droga por crianças e adolescentes e as consequências que sofrem devido ao uso da substância por pais ou responsáveis. A obra reúne dez capítulos e tem por base os resultados de duas pesquisas realizadas pela Fundação Oswaldo Cruz. Os autores atuam em diferentes campos de conhecimento e dão à obra uma visão interdisciplinar sobre o assunto. Eles buscaram identificar quantos e quem são esses jovens indivíduos e traçar um perfil deles, além de refletir sobre as formas de atenção existentes em algumas cidades brasileiras. Para a organizadora, o crack é um problema de saúde pública que afeta diversas famílias brasileiras, “mais pelos impactantes efeitos provocados nos indivíduos e na sociedade, do que necessariamente pelos números alcançados. Nos estudos que aferem prevalência existente no país, o uso do crack tende a atingir algo em torno de 1% da população em geral, enquanto outros problemas como, por exemplo, o uso de álcool, abrangem proporções muito maiores”.
Este Da pediatria à psicanálise, de Donald W. Winnicott, volta-se mais diretamente aos profissionais ligados ao cuidado de bebês e crianças: pediatras, enfermeiras/os e psicanalistas. Nesta reunião de artigos, que acompanha o percurso de Winnicott da pediatria à psiquiatria e ao nascente campo da psicanálise infantil, é possível observar o diálogo entre essas diferentes perspectivas tomando corpo nas ideias e na prática de Winnicott, e apreciar as diferentes modalidades de escuta que o psicanalista e pediatra foi concatenando ao longo de sua carreira. Winnicott passou a observar e a escutar as crianças que vinham a seu consultório não tanto com um estetoscópio como com a disposição para depreender de brincadeiras conflitos e angústias que não eram verbalizados.
Os resultados da pesquisa empírica da autora deslocam os sentidos e significados do sofrimento mental na infância, que muitas vezes, ficam restritos aos consultórios e serviços de saúde. O seu estudo busca compreender o fenômeno da depressão para além dos discursos médico e adulto, numa abordagem socioantropológica dos problemas mentais na infância. Texto extraído da apresentação de Aurea Ianni da Faculdade de Saúde Pública da USP.
A formulação do Projeto de Lei do Espaço Coruja foi sem dúvida uma das ações de maior impacto emocional para Marielle. Era a sua história: uma mulher negra, favelada, que foi mãe jovem e precisava de um lugar seguro para deixar sua filha enquanto trabalhava e estudava. Marielle teve uma rede de familiares e de amigos que lhe garantiu avançar e concluir seus estudos. Mas ela conhecia as diversas e duras realidades da maioria das mulheres que são as que não possuem essa oportunidade. Com sua empatia e olhar solidário diante da realidade dessas mulheres, ela propôs, como legisladora, a criação do Espaço Infantil Noturno. Foram muitos os momentos em que a vi preocupada e empenhada com a elaboração desse projeto tão caro a ela. Ouvinte ativa às críticas, sempre buscou ponderar, mas tinha em seu próprio corpo e história de vida a certeza da urgência deste projeto. Espero que, com essa lei, crianças tenham direito a um lugar seguro enquanto suas mães e pais trabalham e/ou estudam. Assim, Marielle seguirá construindo um mundo mais justo e igualitário e movimentando as estruturas dessa sociedade ainda tão patriarcal, misógina, machista e racista. [Monica Benicio]
De forma lúdica, fortalecendo o vínculo da família (mãe, pai, avós, tios), que é a base da rede de apoio para a mãe que amamenta, e com uma linguagem carinhosa e acessível a todos, os autores contam uma história que se baseia nos hábitos dos mamíferos e explicam a importância do aleitamento materno. As ilustrações de Helena Cortez trazem conferem ainda mais leveza e poesia à obra. O aleitamento materno é uma unanimidade mundial. Não há nenhuma dúvida sobre a importância e os benefícios do leite materno no crescimento, desenvolvimento e imunidade das crianças. Todos os profissionais de saúde reconhecem a amamentação como a principal fonte de alimentos dos bebês. A Organização Mundial de Saúde (OMS), o Ministério da Saúde (MS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomendam o aleitamento materno desde a sala de parto, exclusivo e em livre demanda até o 6o mês, complementado com alimentação saudável até os 2 anos ou mais. No entanto, menos da metade das crianças aos 6 meses é ainda alimentada com o leite materno. Muitos fatores influenciam nesse déficit: falta de informação ou informação inadequada de redes sociais, amigos e familiares e até de profissionais de saúde, falta de apoio, falta de espaço na mídia, licença-maternidade insuficiente, marketing abusivo das indústrias de fórmulas infantis, cultura de desmame e muitas outras questões. Para melhorar esse cenário, os órgãos responsáveis estão tentando providências, como cursos e busca incessante de aprovação de leis que favoreçam a amamentação e a mulher trabalhadora que amamenta. A primeira semana de agosto, há mais de 25 anos, é dedicada à celebração da Semana Mundial de Aleitamento Materno, cada ano com um tema específico. Já comemoramos, no Brasil, o Agosto Dourado - um mês inteirinho para informar, sensibilizar e apoiar a amamentação. E para não ficar só esperando que 'os outros' façam alguma coisa, o pediatra e homeopata Moises Chencinski e a nutricionista e consultora em aleitamento materno Vane
Acredito que o essencial é que não se considere mais a latência uma etapa de quase estancamento do desenvolvimento, e que se encontre nela, ao saber lê-los, não só os defeitos tão afamados da repressão que apaga as manifestações da sexualidade e do complexo de Édipo, mas também as modificações do que foi vivido anteriormente, as quais apontam, com a aquisição de novos mecanismos, o estabelecimento progressivo de um aparelho psíquico distinto...
Neste livro foi enfocado o processo de formação e a atuação de agentes comunitários, por meio de um programa no qual mulheres de uma comunidade de nível socioeconômico baixo foram ensinadas a atuar como agentes comunitárias. Este trabalho descreve com detalhes todos os passos inerentes ao planejamento de ensino, à formulação e aplicação do programa, ao acompanhamento e à avaliação da atuação dessas agentes da comunidade.
As pesquisas e práticas pedagógicas abordadas neste livro revelam o desafio e a urgência teórica e política de construirmos práticas pedagógicas e metodologias que possibilitem às crianças falarem de si, sobre a sua relação com o outro e sejam protagonistas das suas próprias vidas. As crianças sabem de si, principalmente as pobres, as negras e aquelas em situação de maior vulnerabilidade e desigualdade, cujas infâncias são roubadas pela pobreza e pelas desigualdades. E é isso que o olhar adulto tem dificuldade de admitir. A raça atravessa e participa da formação das infâncias e dos seus sujeitos. Infelizmente, nem sempre ela é entendida como parte do fascinante processo da diversidade humana, mas como um peso, uma marca de inferioridade. E é isso que precisamos superar. A educação de maneira geral e a Educação Infantil e das infâncias, em específico, ao assumirem o compromisso com a emancipação social e racial, têm um papel relevante na reversão desse processo. E podem contribuir para que as crianças brasileiras – em especial as pobres, as negras, as quilombolas, as indígenas e as do campo – tenham uma existência mais digna.
Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.