Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
“Lésbicas não são mulheres.” Este livro reúne textos políticos, filosóficos e literários de Monique Wittig, uma das mais importantes e influentes escritoras feministas francesas. Ela argumenta que a categoria “sexo” é em si política e que a heterossexualidade é um regime político forçado. Teórica do feminismo materialista, Wittig acreditava ser necessário ter clareza das que as mulheres são uma classe social e reconhecer “mulher” e “homem” como categorias políticas e econômicas, que existem por causa de sua relação uma com a outra. Aprofundando essa ideia, ela conclui, no ensaio que dá título ao livro: “Lésbicas não são mulheres”.
Eu hesitei por algum tempo em publicar um volume de ensaios voltado exclusivamente para a questão da “reprodução”, já que me parecia artificialmente abstrato separá-la dos variados temas e lutas aos quais tenho dedicado meu trabalho ao longo de tantos anos. Há, no entanto, uma lógica por trás do conjunto de textos nesta coletânea: a questão da reprodução, compreendida como o complexo de atividades e relações por meio das quais nossa vida e nosso trabalho são reconstituídos diariamente, tem sido o fio condutor dos meus escritos e ativismo político. A confrontação com o “trabalho reprodutivo” — entendido, primeiramente, como trabalho doméstico — foi o fator determinante para muitas mulheres da minha geração, que cresceram após a Segunda Guerra Mundial. Depois de dois conflitos mundiais que, no intervalo de três décadas, dizimaram mais de 70 milhões de pessoas, os atrativos da domesticidade e a perspectiva de nos sacrificarmos para produzir mais trabalhadores e soldados para o Estado não faziam mais parte do nosso imaginário. Na verdade, mais do que a experiência de autoconfiança concedida pela guerra a muitas mulheres — simbolizada nos Estados Unidos pela imagem icônica de Rosie the Riveter [Rosie, a rebitadeira] —, o que moldou nossa relação com a reprodução no pós-guerra, sobretudo na Europa, foi a memória da carnificina na qual nascemos. Este capítulo da história do movimento feminista internacional ainda precisa ser escrito. No entanto, ao recordar-me das visitas que fiz com a escola, ainda criança na Itália, às exposições nos campos de concentração, ou das conversas na mesa de jantar sobre a quantidade de vezes que escapamos de morrer bombardeados, correndo no meio da noite à procura de abrigo sob um céu em chamas, não posso deixar de me questionar sobre o quanto essas experiências pesaram para que eu e outras mulheres decidíssemos não ter filhos nem nos tornar donas de casa. […] Atualmente, sobretudo entre mulheres mais jovens, essa problemática pode pa
Qual é o sentido da liberdade? Ao longo de décadas de trabalho, a filósofa Angela Davis se dedica a analisar a questão que dá título a este livro e a propor caminhos para extinguir todas as formas de opressão que negam aos sujeitos liberdade política, cultural e sexual. Publicados pela primeira vez em português, os doze textos que compõem o livro foram palestras realizadas por Angela Davis entre 1994 e 2009 e abordam a relação entre neoliberalismo, racismo, opressões de gênero e classe e o fenômeno da expansão da indústria da punição (ou complexo industrial-prisional) nos Estados Unidos. É a partir dessa inter-relação que a autora analisa fatos históricos da sociedade estadunidense, como a guerra no Iraque, o 11 de Setembro, a eleição de Barack Obama, o movimento pelos direitos civis e a importância da luta coletiva – em especial das comunidades negras, LGBTQIA+ e de mulheres – para repensar e ampliar o sentido da liberdade. Apresentando o assunto de forma ágil e acessível, a autora explora a noção radical de liberdade como um esforço coletivo em prol de uma verdadeira democracia, que exige novas formas de pensar e ser. “Para Davis, a liberdade não é algo concedido pelo Estado na forma de lei, decreto ou norma; a liberdade é batalhada, é duramente disputada e transformadora, é um processo participativo que exige novas formas de pensar e de ser”, escreve Robin D. G. Kelly na apresentação.
A saúde de mulheres e crianças tem sido considerada prioridade para as políticas públicas com o objetivo de promover que esta população alcance, por meio do cuidado em saúde, as melhores condições de vida. São objetivos específicos centrais das políticas para esses grupos a redução da mortalidade materna, infantil e neonatal e o desenvolvimento de ações que garantam as boas práticas clínicas e minimizem as desigualdades regionais. Diferentes iniciativas têm se somado para alcançar melhores resultados e melhor qualidade da atenção a esse público. Este livro busca contribuir com essas iniciativas e para isso conta com olhares de diferentes atores envolvidos na construção de melhor atenção à saúde de mulheres e crianças. São profissionais do fazer da assistência que oportunizam reflexões importantes ao campo acadêmico e da gestão sobre a saúde de mulheres e crianças.
Um texto comovente e propositivo de uma das maiores escritoras contemporâneas sobre como combater o preconceito pela educação. Após o enorme sucesso de Sejamos todos feministas , Chimamanda Ngozi Adichie retoma o tema da igualdade de gêneros neste manifesto com quinze sugestões de como criar filhos dentro de uma perspectiva feminista. Escrito no formato de uma carta da autora a uma amiga que acaba de se tornar mãe de uma menina, Para educar crianças feministas traz conselhos simples e precisos de como oferecer uma formação igualitária a todas as crianças, o que se inicia pela justa distribuição de tarefas entre pais e mães. E é por isso que este breve manifesto pode ser lido igualmente por homens e mulheres, pais de meninas e meninos. Partindo de sua experiência pessoal para mostrar o longo caminho que ainda temos a percorrer, Adichie oferece uma leitura essencial para quem deseja preparar seus filhos para o mundo contemporâneo e contribuir para uma sociedade mais justa.
Resultado de pesquisa para a realização de tese de doutorado da autora Olivia Hirsch, o livro Parto Natural, Parto Humanizado: perspectivas de mulheres de camadas populares e médias se debruça sobre experiências de parto humanizado em dois diferentes segmentos sociais de uma metrópole do Brasil. Em um país que dissemina amplamente a prática de cesáreas agendadas, por que certas mulheres de camadas médias desejam um parto natural e humanizado, sem anestesias ou outros tipos de intervenção. Por outro lado, por que algumas mulheres de camadas populares abrem mão do atendimento por médicos e preferem ser atendidas exclusivamente por enfermeiras e obstetras? Ao buscar responder a essas e outras questões, a pesquisadora investigou - a partir de um universo composto de 37 gestantes e puérperas - mulheres sob diferentes contextos: das vinculadas a uma casa de parto pública às frequentadoras de um grupo de preparação para o parto. Jornalista de formação, Hirsch é doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Sociais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), instituição na qual é docente do quadro complementar do Departamento de Ciências Sociais. A publicação em livro de sua tese de doutorado contribui, segundo a pesquisadora Sonia Giacomini afirma
Pensamento feminista negro, escrito pela socióloga Patricia Hill Collins em 1990, faz parte do cânone bibliográfico dos estudos de gênero e raça nos Estados Unidos. A autora mapeia os principais temas e ideias tratados por intelectuais e ativistas negras estadunidenses como Angela Davis, bell hooks, Alice Walker e Audre Lorde, e assim constrói um panorama do feminismo negro com referências de dentro e de fora da academia.Nesta obra intelectualmente rigorosa, Collins contempla tradições teóricas diversas, como a filosofia afrocêntrica, a teoria feminista, o pensamento social marxista, a teoria crítica e o pós-modernismo. E propõe importantes conceitos para compreender não apenas os mecanismos de opressão das mulheres negras, mas também como essas mulheres desenvolveram conhecimentos e estratégias para enfrentá-los. Sua escrita didática e de fácil compreensão faz de Pensamento feminista negro uma referência obrigatória tanto para especialistas quanto para leitoras e leitores leigos.A Boitempo lança esse marco dos estudos acadêmicos do feminismo negro, inédito em português, com um prefácio escrito pela autora especialmente para a edição brasileira. O texto de orelha é assinado por Nubia Regina Moreira e a quarta capa, por Djamila Ribeiro.
Com erudição e muita sensibilidade, o livro mostra como a fabricação de diferenças é parte constitutiva das relações de poder e explora densamente as polêmicas em torno de questões de gênero, desvelando a revolução que esse conceito empreendeu na área dos estudos sobre a mulher. Na contramão da vitimização ou da suposição de uma cultura de resistência ao patriarcado, a obra está ancorada no escrutínio das formas específicas que a dominação assume em diferentes contextos sociais. Tecendo os nexos entre as abordagens de cunho estrutural e as experiências como produtoras de sujeitos, temos aí um convite irrecusável para a revisão da ideia da mulher como pertencente a um grupo homogêneo e unitário e para as análises interessadas na pluralidade e na historicidade das experiências femininas.
A autora se aprofunda e esmiúça questões que envolvem o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (Paism), que se torna Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Pnaism) e, posteriormente, a Rede Cegonha (RC). O Paism se inicia em um momento de ebulição política e de reconquista da democracia, alguns anos antes da elaboração da Constituição de 1988 e do Sistema Único de Saúde (SUS), momento fundamental da ampliação de direitos. Já o Pnaism se estabelece em um contexto no qual a saúde reprodutiva é reconhecida globalmente como um direito humano e a violência contra a mulher é tomada como um problema de saúde pública, ao passo que a RC focaliza a dimensão inaceitável das mortes maternas desnecessárias e evitáveis. A participação das mulheres, os conflitos, as dificuldades, os avanços e retrocessos estão analisados na obra, que coloca a questão: quem são as mulheres protagonistas e alvo dessas políticas?
Nesse livro o/a leitor/a irá encontrar uma profusão de discursos a respeito da imagem da mulher, em que as/os autoras/es tentaram vislumbrar os meandros dos discursos que imprimiam a culpabilidade às mulheres que praticavam atos como aborto e infanticídio em Desterro/Florianópolis. E essas mulheres passavam, a partir desses atos, a ser alvo de intensos debates, seja na imprensa, nos discursos judiciários ou mesmo em toda a sociedade.
O livro é uma etnografia entre clientes e profissionais de clínicas de reprodução assistida. Com origem na tese de doutorado da autora, apresentada em 2004, ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia do Museu Nacional (UFRJ), analisa as novas tecnologias reprodutivas e a clonagem humana com base nas relações de parentesco e na noção de pessoa, tópicos fundamentais na antropologia. A reprodução como objeto de intervenção médica, as peculiaridades do campo de pesquisa sobre reprodução assistida, a família, o discurso biomédico, a construção cultural do corpo, as teorias da concepção e as noções de hereditariedade são temas discutidos ao longo dos cinco capítulos da obra.
De autoria coletiva e transnacional, os textos de Quem deve a quem? denunciam o endividamento como uma forma de violência econômica. Longe de ser um problema individual, uma consequência do fracasso pessoal ou da má gestão financeira, autoras e autores mostram aqui como a dívida é, na verdade, um mecanismo de acumulação do capital e de resiliência do sistema colonial: a dívida externa sendo a perpétua justificativa para políticas de austeridade e consequente desinvestimento em serviços públicos, e a dívida doméstica atingindo aquele mesmo sujeito-corpo explorado, expropriado e vilipendiado pela colonização; que “não tem propriedade porque historicamente foi construído como propriedade” e que é “racializado e sempre feminizado”. Além de profícuo material de denúncia, os dezesseis artigos que compõem esta obra oferecem exemplos de iniciativas de luta contra o domínio financeiro sobre nossa vida.
Introdução / Debora Diniz -- Tecnologias reprodutivas e direito: algumas conexões / Arryanne Queiroz -- Reprodução medicamente assistida: parentalidade contratual e biológica. Controvérsias e certificações / Diaulas Costa Ribeiro -- Acesso às tecnologias reprodutivas e princípios constitucionais: igualdade, pluralismo, direito constitucional de família e orientação sexual no debate bioético brasileiro / Roger Raupp Rios -- As tecnologias reprodutivas em um direito em movimento / Samantha Buglione.
Os artigos deste livro documentam as intensas lutas travadas por pessoas em todo o mundo contra as múltiplas formas de desapropriação às quais estão sujeitas. Na literatura esquerdista, tais lutas são, com frequência, descartadas como puramente defensivas. Mas essa visão está profundamente equivocada. É impossível defender os direitos comunais sem criar uma nova realidade, isto é, novas estratégias, novas alianças e novas formas de organização social. Uma mina é aberta, ameaçando o ar que as pessoas respiram e a água que bebem; perfurações são feitas em águas costeiras para extrair petróleo, envenenando o mar, as praias e as terras agrícolas; um bairro antigo é devastado para abrir espaço a um estádio — imediatamente, um novo perímetro é estabelecido. De um ponto de vista feminista, uma das atrações exercidas pela ideia dos comuns é a possibilidade de superar o isolamento em que as atividades reprodutivas são realizadas e a separação entre as esferas privada e pública, que tanto têm contribuído para esconder e racionalizar a exploração das mulheres na família e no lar.
A ideia do livro Reprodução assistida e relações de gênero na América Latina, surgiu a partir do Grupo de Trabalho número 34, da última Reunião de Antropologia do Mercosul, realizada no Uruguai em 2015. A ocasião permitiu uma reflexão que impôs às organizadoras o desafio de sistematizar e atualizar o debate em torno de um conjunto de questões que vêm se modificando com as tecnologias conceptivas em reprodução assistida e com as tecnologias de preservação da fertilidade. A relevância desta iniciativa reside no fato de persistir, apesar de iniciativas nesta direção, uma quase ausência reflexiva nos espaços diversos da sociedade e, particularmente, na academia, na qual sempre emerge secundarizado em relação às demais problemáticas relacionadas à experiência reprodutiva. Do ponto de vista público falar sobre reprodução humana parece ser assunto secundário. Dificilmente os discursos em torno das práticas, ou do tema, se conectam aos desafios demográficos, sanitários, de cuidado, de políticas públicas ou aos desafios e controvérsias legislativas a estes relacionados. Tampouco apresentam conexões com os arranjos familiares necessários ao processo de tratamento, ou com as discussões no campo da sexualidade, da bioética, da filiação, do parentesco, do direito, das políticas públicas e ou das próprias pesquisas dos profissionais das clínicas e dos pesquisadores de diferentes áreas. Somando-se a estas as relações com a indústria farmacêutica, da circulação de gametas, úteros e embriões. Isto significa que o tema da reprodução e do desejo de filhos, de casais homossexuais e heterossexuais e das pessoas solteiras que querem ter filhos, parece configurar-se, ainda hoje, como de foro privado e íntimo, ainda que as pesquisas no âmbito das ciências sociais já tenham indicado sua relevância social e apontado as dimensões éticas, políticas, econômicas e socioculturais implicadas.
Reunindo vinte e um artigos agrupados em quatro seções, respectivamente sobre violência, políticas discursivas, relações de poder e de trabalho e movimentos sociais, o livro reflete o grande leque de temas e assuntos que caracterizam o campo de pesquisa dos estudos de gênero.
Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.