Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
«Neste ensaio, propus que as formas contemporâneas que subjugam a vida ao poder da morte (necropolítica) reconfiguram profundamente as relações entre resistência, sacrifício e terror. Tentei demonstrar que a noção de biopoder é insuficiente para dar conta das formas contemporâneas de submissão da vida ao poder da morte. Além disso, propus a noção de necropolítica e de necropoder para dar conta das várias maneiras pelas quais, em nosso mundo contemporâneo, as armas de fogo são dispostas com o objetivo de provocar a destruição máxima de pessoas e criar “mundos de morte”, formas únicas e novas de existência social, nas quais vastas populações são submetidas a condições de vida que lhes conferem o estatuto de “mortos-vivos”. Sublinhei igualmente algumas das topografias recalcadas de crueldade (plantation e colônia, em particular) e sugeri que o necropoder embaralha as fronteiras entre resistência e suicídio, sacrifício e redenção, mártir e liberdade.» — Achille Mbembe
Ana Fontes traz uma rica análise sobre empreendedorismo no Brasil através do compartilhamento de seus aprendizados ao longo da carreira como empreendedora social e fundadora da Rede Mulher Empreendedora. A autora mostra a potência da liderança feminina na prática, com insights sobre fatores de risco, dicas sobre gestão financeira e o reforço da importância da criação de redes de apoio. Este livro é uma rica fonte de estudos para empreendedoras iniciantes e experientes. Luiza Helena Trajano afirma no prefácio: “(...) a leitura deste livro é de grande importância para essas mulheres empreendedoras que precisam avançar cada vez mais, quebrando paradigmas no mundo dos negócios e do empreendedorismo.
O que significam a negritude e a identidade para as bases populares negras e para a militância do movimento negro? Por onde deve passar o discurso sobre essa identidade contrastiva do negro, cuja base seria a negritude? Passaria pela cor da pele e pelo corpo unicamente ou pela cultura e pela consciência do oprimido? A partir de questionamentos como esses, Kabengele Munanga debruça-se sobre a construção identitária do Brasil ao longo dos tempos, partindo do princípio de que o conceito de identidade recobre uma realidade muito mais complexa do que se pensa, englobando fatores históricos, psicológicos, linguísticos, culturais, político-ideológicos e raciais.
Nas últimas décadas, o debate sobre a questão racial no Brasil transitou do elogio à miscigenação e da ideia do país como exemplo de harmonia racial a uma intensa disputa, em que reconhecemos o racismo como elemento constitutivo da nação brasileira. De povo “pacífico e homogêneo”, nos percebemos hoje como uma sociedade plural, em que diferentes grupos lutam para serem reconhecidos como agentes da própria história e merecedores de direitos e igualdade. A trajetória do brasileiro-congolês Kabengele Munanga confunde-se com esse processo. Sua contribuição como acadêmico e ativista é indissociável da construção das políticas de ações afirmativas no ensino superior e da emergência de uma intelectualidade negra que ajudou a formar no Brasil. Este livro é uma homenagem ao professor, com textos emocionantes que abordam aspectos de sua vida e sua obra, e à sua atuação como intelectual e militante generoso, que agregou colegas, alunos e outros ativistas em aulas e conferências, inspirando-nos para a luta antirracista. Sua reflexão pioneira ajudou a desmistificar a natureza do racismo e trouxe a centralidade da África e dos afrodiaspóricos na construção do Brasil. Além disso, uniu os dois continentes, uma história que carrega dentro de si e que temos a oportunidade de conhecer nos textos que compõem este belo tributo. Luena Pereira
Considerado um dos pais da sociologia brasileira contemporânea, Guerreiro Ramos (1915-82) foi um dos pensadores de maior renome no país nos anos 1950 e 60. Foi também professor, ensaísta, servidor público, poeta, teórico da administração e político. Contraditório e polêmico, Guerreiro acabou sendo marginalizado e apagado do cânone das ciências sociais do Brasil por sua independência de pensamento e personalidade combativa. Negro sou é uma seleção de textos sobre a temática étnico-racial escritos pelo autor entre 1949 e 1973 — muitos inéditos em livro —, que contemplam sua complexa relação com a tese da democracia racial no país, a participação ativa no Teatro Experimental do Negro e seus estudos precursores sobre branquitude e decolonialidade.
É inegável a contribuição do livro de Ivo de Santana para a compreensão da mobilidade social de pessoas negras no setor público. Carlos Hasenbalg insistia na importância de realizarmos pesquisas nessa área, e o autor parece que ouviu o seu apelo, ao escrever um livro fundamental para a compreensão de dinâmicas sociais que caracterizam a mobilidade social dos negros no Brasil. O pioneirismo dessa obra contribui para minimizar a lacuna ainda existente nos estudos sobre a ascensão social dos negros, uma produção considerada pequena comparada aos estudos sobre as desigualdades raciais no país. O trabalho de Ivo é fundamentado em entrevistas realizadas com profissionais que exerciam postos de alta direção em instituições do serviço público com o intuito de entender as narrativas sobre os processos de mobilidade na perspectiva dos próprios agentes. Independente do êxito profissional dos entrevistados, que exercem as funções de diretor(a), superintendente, reitor(a), desembargador(a), juiz(a), corregedor(a), ou delegado(a), o autor mostra que eles são submetidos a práticas cotidianas racistas, ainda que tenham subvertido a lógica que delega aos negros os piores lugares na hierarquia social capitalista. O livro surpreende, ao apresentar narrativas que falam de indivíduos particulares, mas, ao mesmo tempo, falam de cada um/a de nós, e o próprio Ivo se coloca na condição de quem vivenciou similar processo de mobilidade, e como esta experiência foi determinante no processo da pesquisa.
Anarquismo e operariado no Brasil Quarta edição revista e ampliada de um livro fundamental para pesquisas na área de história do trabalho e no campo das culturas entre operários. O livro desenvolve uma discussão crítica das contradições e problemas da existência de uma política cultural anarquista no Brasil, e estuda a presença cultural do proletariado e das correntes libertárias no panorama literário pré-modernista da sociedade brasileira, mostrando os laços orgânicos entre a literatura social e o anarquismo.
Baseado em um conjunto de práticas de gerenciamento do mal-estar – por exemplo, a individualização da culpa, o repúdio ao fracasso depressivo, o louvor maníaco do mérito e a criação de um estado de crises e reformulações, bem como de anomia e mudanças permanentes –, o neoliberalismo consegue extrair um a-mais de produtividade das pessoas. Neste livro, o leitor poderá acompanhar como o modo de produção neoliberal construiu uma nova forma de sofrimento que se entranhou em nossas vidas ao modo de uma moralidade indiscutível.
Este livro reúne em um único volume textos espalhados ao longo de mais de trinta anos de pesquisa clínica, que lançaram os fundamentos das estruturas clínicas freudianas: neurose, psicose e perversão. Os principais eixos da psicopatologia psicanalítica foram estabelecidos em um arco que se inicia no contexto da correspondência com Fließ, no fim do século XIX, até os célebres artigos sobre o masoquismo e o fetichismo, redigidos no entreguerras. Embora mais ou menos um século nos separe desses escritos, eles continuam contemporâneos.
Para Nietzsche, o tempo não só e dotado de realidade, mas a realidade é, em sua totalidade, temporal. Através da experiência do pensamento e dos sentidos, torna-se evidente que o vir-a-ser tem preponderância sobre a permanência enquanto a permanência é um resíduo psicológico projetado sobre a realidade, a mudança se impõe de forma premente. Mas não se trata tão somente de reerguer, sob uma ótica invertida, a antiga disputa entre ser e vir-a-ser. Pois se há apenas o vir-a-ser, deve-se a ele imputar caráter de ser, uma decisão pioneira que acena para um novo rumo nas discussões acerca do problema do ser.
O objetivo da coletânea é possibilitar a difusão e a popularização da ciência e da tecnologia junto à sociedade, em geral, atividade fundamental para despertar o interesse por essa área, sobretudo dos jovens.
Ninguém disse que seria fácil, do historiador e militante Valerio Arcary, reúne uma série de artigos escritos ao longo dos últimos anos, período marcado por consecutivas derrotas da esquerda, ascensão da extrema direita e perdas substantivas de direitos da classe trabalhadora. Em 42 artigos curtos, Arcary lança uma importante reflexão à militância socialista, muitas vezes presa às teorias, análises de conjuntura e trabalho analítico e conceitual. Sem se privar da relação com a teoria, os escritos focam outros aspectos da luta como o sentido humano, as relações entre as pessoas e suas contradições, a necessidade de se deixar de lado o individual ante o coletivo. Para o autor, o momento é de levantar tais questionamentos, especialmente diante da ampla vitória do capital e da extrema direita. “Na teia do ser social que constituímos e que nos constitui, avançamos muito na compreensão de suas determinações objetivas, mas nem sempre damos a devida atenção ao problema da subjetividade. Por isso este livro de Valerio Arcary parece-me tão importante. Precisamos conversar sobre a militância, sobre a sensação de isolamento que se segue a uma derrota, sobre o fracionalismo, o embrutecimento, a saúde mental, os valores que nos guiam, os preconceitos, o anti-intelectualismo. Precisamos conversar sobre nós e os outros, os adversários e os inimigos, a classe idealizada e as pessoas reais que compõem nossa classe”, afirma Mauro Luis Iasi no prefácio da obra.
Baseando-se em reflexões sobre a infância Guarani, este livro dedica-se a pensar sobre o quanto processos de ensino e aprendizagens infantis, vivenciados fora da escola, podem contribuir para planejamentos docentes mais pautados em teorias indígenas do conhecimento. A partir de pesquisas realizadas junto a uma comunidade Mbya-Guarani na região central do Rio Grande do Sul, discute-se a ideia de campo da educação escolar indígena, pontuando as relações entre noção de pessoa, território, interculturalidade e gestão educacional.
"Ninguém solta a mão de ninguém - manifesto afetivo de resistência e pelas liberdades" chega para discutir o momento que o país vive. Na obra, o leitor encontrará vinte e dois textos inéditos e uma reprodução que perpassam entre os mais diversos gêneros literários como poesia, prosa, ensaio, canção, crônica, charge e carta, e se dão as mãos em uma narrativa cujo fio condutor é o afeto, a resistência e a bandeira colorida das liberdades individuais. Organizado de forma independente pela editora Tainã Bispo, a obra reúne vinte e quatro nomes entre jornalistas, escritores, artistas e representantes dos movimentos negro e LGBTQ+ com a intenção de manter vivo o sentimento de coletivo da nação. "É um projeto independente e apartidário, que reflete sobre as diversas pontes que precisaremos (re)construir para enfrentar o obscurantismo, a burrice, a deselegância, a violência, os preconceitos e esse cheiro de mofo de assola o país", explica a editora. Entre os nomes de destaque da obra estão os jornalistas Juca Kfouri, Leonardo Sakamoto, Antonio Prata, a psicanalista Vera Iaconelli, o ex-Ministro de Estado da Educação Renato Janine Ribeiro, os escritores Julián Fuks e Alexey Dodsworth e a Anielle Franco, irmã de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro brutalmente assassinada em Março de 2018. As 192 páginas do livro que carrega a cor amarela predominante como um grito de alerta ainda apresentam ilustrações inéditas da artista Thereza Nardelli, que cedeu os direitos da arte para a publicação, e uma charge do cartunista convidado Junião. A cantora Ceumar também marca presença no livro com a canção "Por quantas vezes?", criada em parceria com o escritor Lauro Henriques Jr. Inspirada pela ilustração da tatuadora que viralizou nas redes sociais no dia 28 de outubro de 2018, a editora Tainã sentiu a necessidade de criar pontes entre pessoas que pudessem dar as mãos e fazer resistência com as palavras.
Arrastamo-nos por trás da mídia digital, que, aquém da decisão consciente, transforma decisivamente nosso comportamento, nossa percepção, nossa sensação, nosso pensamento, nossa vida em conjunto. Um enxame digital! Embriagamos-nos hoje em dia da mídia digital, sem que possamos avaliar inteiramente as consequências dessa embriaguez. Essa cegueira e a estupidez simultânea a ela constituem a crise atual.
Christina Sharpe desvenda, aqui, os vestígios das memórias negras escondidas numa história predominantemente branca. Por meio de poemas, de obras de arte, cinema e arquitetura, bem como de memórias individuais e familiares, a autora evoca os vestígios do sistema escravista na vida de pessoas negras e em toda uma sociedade moldada para desconfigurar seu sofrimento. Em diálogo com escritoras como Toni Morrison e Saidiya Hartman, Sharpe desenterra um passado colonialista ainda impregnado nas relações sociais, nos laços familiares e em nossa própria subjetividade. Ao evidenciar mecanismos de exclusão que perduram e servem de base para um sistema que lucra com os diversos tipos de violência contra corpos considerados desimportantes, Sharpe ressalta a urgência de um trabalho coletivo de vigília, lembrança e cuidado para a construção de um espaço que não reproduza estigmas e que permita o reconhecimento das feridas ainda abertas da escravização negra.
Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.