Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
O interior do Brasil tem sido objeto da cobiça de colonialistas internos e externos desde a Conquista. Ainda hoje, grileiros continuam a roubar terras na Amazônia, substituindo a floresta por gado e soja para exportação. Mas os povos indígenas e os posseiros resistem. E uma forma de resistência tem sido o combate à produção destrutiva por meio da instalação de reservas agroextrativistas, que reproduzem a vida através da extração duradoura da borracha ou da castanha-do-brasil, entre outras dádivas da natureza. Desde Chico Mendes, assassinado em 1988, há muitos exemplos de resistência popular contra a depredação da Amazônia.
O movimento de Saúde da Zona Leste não ficou preso ao passado e sabe dele tirar seu vigor, modificando-se e trazendo à pauta novas questões que podem ajudá-lo a se renovar e se reinventar, nesse novo tempo. Nessa articulação com os demais novos sujeitos sociais ( já não tão novos) e com setores expressivos dos movimentos sindicais, dos governos progressistas que ajudou a eleger e dos novíssimos movimentos sociais e da juventude, está a possibilidade de construção daquilo que o Movimento de Saúde da Zona Leste aponta, desde os anos 1970, uma sociedade mais livre, justa, feliz, sadia e igualitária.
A partir do discurso autoetnográfico a professora, pesquisadora e ativista Malu Jimenez expõe as violências gordofóbicas a que os corpos gordos femininos estão submetidos desde a infância até a fase adulta. Através de análises teóricas, entrevistas e depoimentos a autora investiga a estigmatização institucionalizada e a patologização do corpo gordo do ponto de vista sociocultural, ao mesmo tempo que salienta a importância da internet para a criação de espaços para a militância antigordofóbica e o ativismo gordo. O livro é resultado da tese de doutorado de Malu Jimenez, que agora ganha nova edição, com novo projeto gráfico e novas fotos. Esta publicação inaugura o selo “Lute como uma gorda”, que discutirá a gordofobia em diversas áreas.
Em 1981, no curso Malfazer, dizer verdadeiro, Michel Foucault trata da noção de governo pela verdade, introduzida em O nascimento da biopolítica e retomada em Do governo dos vivos.
O suicídio é morte trágica que avassala nosso coração e nosso jeito de ser. Para a pessoa em luto por suicídio, percorrer essa árdua travessia é, por si só, um ato de compreensão de que não podemos controlar o incontrolável nem explicar o inexplicável. Diante da morte, há urgência em reconsiderar as prioridades, as necessidades reais que ainda nos fazem sentido. Neste livro, Karina Okajima Fukumitsu apresenta sua trajetória profissional, com mais de 30 anos de experiência como psicóloga e pesquisadora de suicidologia, campo de saber destinado aos estudos de prevenção de processos autodestrutivos, luto por suicídio, posvenção e saúde existencial, refletindo a respeito das perdas e partidas e dos caminhos da dor perante o suicídio de uma pessoa amada. Conta, também, como encontrou firmeza existencial para realizar a travessia, chegando na outra margem. Suas palavras são prumo para quem se encontra em mar revolto.
A ousadia de Rodrigo Santos dá frescor à ficção policial numa trama sedutora que traz um retrato das periferias brasileiras com forte presença das religiosidades afro-ameríndias. Com originalidade, ele incorpora às narrativas contemporâneas a mitologia e o complexo de crenças, a visão de mundo herdada da África. Macumba foi editado originalmente em 2016, esgotou em poucos meses e carecia de uma nova edição. Nele, Rodrigo Santos conta a história de Akèdjè e Ramiro ― o primeiro, líder espiritual africano num passado distante; o segundo, um detetive da Polícia Civil no presente. Akèdjè era, em seu tempo, importante baba do povo Ketu, que originou, no Brasil, uma das nações do Candomblé. Ramiro, por sua vez, aparece no romance como policial, evangélico, competente e circunspecto. Histórias de ontem e de hoje se sucedem a cada capítulo, mediadas por personagens, acontecimentos e o suspense envolvente da trama.
O Registro histórico realizado por meio de pesquisa literária e documental nas instituições envolvidas no controle da malária, associado ao relato das vivências profissionais dos autores do livro, traz aos leitores desta publicação um conhecimento riquíssimo das características epidemiológicas e do controle da malária no Estado do Amazonas ao longo das últimas décadas. A experiência vivida intensamente pelos autores no cambate à Doença, tanto na campanha de erradicação da malária - CEM como posteriormente na Sucam, e mais recentemente na Fundação Nacional de Saúde - Funasa, mostra as dificuldades enfrentadas e como têm sido superadas.
Em seu novo livro, o psicanalista e professor do Instituto de Psicologia da USP Christian Dunker realiza uma abordagem original sobre o mal-estar, o sofrimento e o sintoma na sociedade brasileira. Unindo teoria social e psicanálise, o autor conclui que a privatização do espaço público transforma a própria vida em formas de condomínio, com seus regulamentos, síndicos, gestores e muros: o sonho brasileiro de consumo elevado a paradigma da forma de vida hegemônica no imaginário nacional. Não por acaso, o caminho escolhido na história brasileira é o de despolitizar o sofrimento, medicalizar o mal-estar e condominializar o sintoma , diz José Luiz Aidar Prado no texto de orelha.Mas os sonhos de condomínio fechado produzem monstros, e é sobre eles que este livro discorre. Com suas estratégias de nomeação e controle de todo tipo de mal-estar, o novo espírito do capitalismo nos impede de reconhecer a aspiração de liberdade presente em toda formação de sintoma. Fazendo um paralelo com a vida em forma de condomínio, Mal-estar, sofrimento e sintoma apresenta um novo sintoma social brasileiro, que sofre do mal que pretende erradicar.A obra, dividida em cinco partes, explora as diferenças na tríade mal-estar, sofrimento e sintoma para muito além da visão funcionalista descritiva das patologias mentais. Para o psicanalista, o sofrimento é indissociável de uma experiência que mobiliza sistemas sociais de valores, narrativas e expectativas fracassadas de reconhecimento. A partir dessa premissa, se aprofunda em como a experiência nacional e suas formas de sociabilidade fornecem quadros de circulação dos desejos e afetos, definindo especificidades das patologias mentais. Dunker se dedica a um impressionante esforço de recolocar o capítulo brasileiro da história da psicanálise no interior de um debate mais amplo a respeito das tensões de nosso processo recente de formação cultural , afirma o filósofo Vladimir Safatle, no prefácio do livro.O ato de diagnosticar tem se tornado uma das atividades mais valorizadas em nossa sociedade: desde as políticas públicas, o terceiro setor e a educação, até a recém-cultura dos coachings, mentorings e head hunters , nossas vidas têm sido cada vez mais pautadas por esse comportamento. No entanto, estabelecer um diagnóstico é também definir um pequeno estado de sítio, uma anomalia, uma desordem que será então objeto de ação clínica, mas também biopolítica. Nossa razão diagnóstica tem definido a fronteira entre mal-estar, sofrimento e sintoma sob a perspectiva de um capitalismo à brasileira. Repensá-la e rever a recepção da psicanálise no Brasil é propor a reconstrução de nossas formas de vida. Dunker o faz a partir de uma arqueologia da psicanálise brasileira em conjunção com uma retomada das teorias de brasilidade , conclui Aidar Prado.
Os discursos aqui reunidos foram proclamados, com exceção de “Mensagem às bases”, entre 1964 e 1965. Diferentemente dos grupos que pregavam a não violência, Malcolm X defendia uma resposta intransigente à injustiça da violência contra o negro. Mais do que ataque, tratava-se de autodefesa – de linchamentos, humilhações, precariedade, injustiça social. Seus discursos expõem a contradição que marca a história dos Estados Unidos: um país que se vende como a terra da democracia e das oportunidades, mas que praticou e pratica o racismo de forma estrutural e contumaz. O contexto de Malcolm, nos anos 1960, era de aberta segregação racial: pessoas negras não podiam votar e deviam ceder aos brancos seus assentos no transporte público. A Lei dos Direitos Civis, aprovada em 1964, enfrentava resistência violenta da elite branca e tinha pouco efeito na prática. Malcolm buscava despertar nas massas a coragem de lutar pelos seus direitos. Sua atuação foi violentamente interrompida pelo assassinato que o vitimou, aos 39 anos. Malcolm X fala é a prova de que seu legado está vivo e de que suas palavras continuam atuais e potentes. O volume inclui ainda entrevistas, cartas e um memorando escrito para a Organização da Unidade Africana.
Uma noite, conversando no sofá, Marcela e Mel decidem ter filhos. Logo surge a dúvida: como um casal de mulheres faz para engravidar? Perdidas, resolvem pedir ajuda aos amigos no Facebook. Sustentando o desejo da gravidez sem pai, elas se colocam diante de muitas questões. Em Mama: um relato de maternidade homoafetiva, seu primeiro livro, a autora rompe com o tabu que ainda hoje cerca o amor lésbico e a gravidez entre mulheres para contar a história de sua família. Ao amamentar seus filhos gêmeos, mesmo sem ter sido ela a mulher a gestar, Marcela literalmente peita, num perfeito equilíbrio entre força e delicadeza, os preconceitos e as intolerâncias da nossa sociedade.
Primeiro livro de Marcela Tiboni, agora reeditado pela Jandaíra, Mama: um relato de maternidade homoafetiva traz as vivências de um casal de lésbicas que decidiu engravidar sem um pai. Diante dessa decisão, o casal Marcela e Mel vão em busca de informações nas redes sociais para saber como dar o primeiro passo na direção da maternidade em dupla.
O rápido aumento do número de casos e o variado espectro de suas manifestações clínicas fizeram com que a AIDS se tornasse parte do cotidiano de todos os profissionais de saúde, independemente de sua área de atuação.Para o atendimento de pacientes infectados pelo HIV, tornou-se indispensável o aprimoramento técnico atualizado, tarefa esta que requer um enorme dispêndio de tempo e energia, uma vez que as publicações científicas ocorrem às centenas a cada mês.
Em maio de 2020, a Fundação Oswaldo Cruz completou 120 anos de existência em meio à maior emergência sanitária do último século. Mais um entre os tantos desafios atravessados pela instituição que, diante da pandemia causada pelo novo coronavírus, reforça a sua importância para a ciência, a inovação e as pesquisas em saúde pública no Brasil. Mesmo em um ano de inúmeras dificuldades e incertezas trazidas pela Covid-19, o aniversário da Fiocruz não passou em branco e, além de homenagens e ações de celebração, uma publicação especial sobre a sua história chega ao público em versão atualizada: a reimpressão comemorativa de Manguinhos do Sonho à Vida: a ciência na Belle Époque.
O livro aborda a diferenciação entre gestar, assumir o parentesco e cuidar de uma vida, e, sem homogeneizar a categoria “mulher”, reconhece que a experiência da parentalidade é determinada por fatores como raça, classe, gênero e faixa etária. Para Iaconelli, os embates sobre o cuidado e a reprodução da vida são embates políticos e a psicanálise é uma arma da qual não podemos abrir mão.
No final de fevereiro de 1848, foi publicado em Londres um pequeno panfleto que acabaria por se tornar o documento político mais importante de todos os tempos: o Manifesto Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels. Passado mais de um século e meio, a atualidade e o vigor deste texto continuam reconhecidos por intelectuais das mais diversas correntes de pensamento. A Boitempo Editorial utilizou, com alguns ajustes ortográficos, a tradução feita por Álvaro Pina a partir da edição alemã de 1890, prefaciada e anotada por Engels. O cotejo foi feito de forma minuciosa com as principais edições inglesa, francesa e italiana, confrontadas com duas edições brasileiras anteriores. Além do Manifesto Comunista em si, o volume traz ainda a reflexão de seis especialistas sobre as múltiplas facetas desta que é, ainda hoje, a obra política mais lida e difundida em todo o mundo. Com organização de Osvaldo Coggiola, o livro tem ensaios de Antonio Labriola, Jean Jaurès, Leon Trotsky, Harold Laski, Lucien Martin e James Petras. A edição compila ainda sete prefácios de Marx e Engels à obra, feitos em diferentes períodos.
Livro que destaca o legado da psiquiatria rebelde de Nise da Silveira (1905-1999). A obra é um desdobramento da premiada pesquisa de doutorado desenvolvida pelo antropólogo Felipe Magaldi no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGAS/MN/UFRJ). Ganhador do Prêmio Capes de Tese 2019, nas áreas Antropologia/Arqueologia, o autor apresenta aos leitores o que ele mesmo chama de Admirável Mundo Nise, mostrando a fascinante vida da psiquiatra alagoana e sua complexa relação com a luta antimanicomial no Brasil. O título aborda a trajetória e a memória da doutora Nise, com foco em seu trabalho no Rio de Janeiro, a partir da década de 1940 até os dias atuais, em que permanece inspirando novas políticas públicas e produções culturais. O livro revela como o trabalho da médica se destacou pelo combate às intervenções biomédicas violentas e pela defesa de atividades artísticas e expressivas como forma de tratamento em saúde mental. Magaldi destaca que, para se aprofundar no legado da psiquiatra, mergulhou nas produções bibliográfica, documental e memorialística preexistentes sobre o trabalho dela. Também realizei entrevistas com os seus colaboradores vivos e, principalmente, realizei um trabalho de campo, etnográfico, nas instituições vinculadas à memória e ao legado de Nise da Silveira, revela. Entre as instituições exploradas durante a pesquisa de Magaldi, destacam-se o Instituto Municipal de Assistência à Saúde Nise da Silveira, em Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, onde estão localizados o Museu de Imagens do Inconsciente e a ocupação artística Hotel da Loucura. A Casa das Palmeiras, no bairro de Botafogo, também é um desses importantes espaços do legado nisiano. Uma personagem que jamais se dobrou aos saberes hegemônicos Em sua imersão pelo mundo da médica alagoana, realizado na interseção entre antropologia e história, Felipe Magaldi busca analisar as ideias originais de Nise. Com o livro
Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.