Sexualidade e socialismo traz uma análise incrivelmente acessível das questões mais desafiadoras para os que estão preocupados com a luta pela igualdade para lésbicas, gays, bissexuais e travestis, mulheres transexuais e homens trans (LGBT). O livro contém artigos sobre as raízes da opressão LGBT, a construção das identidades sexuais e de gênero, a história do movimento gay e sobre como unir os oprimidos e explorados para conquistar a libertação sexual para todos. Sherry Wolf analisa diferentes teorias sobre opressão – incluindo as marxistas, pós-modernistas, as políticas de identidade e a teoria queer – e contesta mitos sobre genes, gênero e sexualidade.
O livro traz ampla análise de pesquisas nacionais e internacionais recentes sobre homens, masculinidade e saúde e examina matérias publicadas em uma revista masculina contemporânea, em que a ‘saúde do homem’ vira produto a ser consumido, reforçando a imagem de uma masculinidade globalizada, viril, malhada e heterossexual, em contraste às realidades de um grupo de entrevistados no Rio de Janeiro. Por que homens morrem mais cedo? Por que usam menos os serviços de saúde? Por que aparecem mais como ‘infectantes’ ou ‘transmissores de doença’ do que como sujeitos complexos que também precisam de serviços, atenção e reflexão? Sem cair em estereótipos, o autor evidencia relações de poder e gênero, tradicionalmente espaço para falar de desigualdades que atingem as mulheres e atenta para as masculinidades no plural, contextualizadas em uma rede de poderes e no cenário social e histórico.
Os estudos do gênero e saúde ganham cada vez mais força no Brasil. Os autores aqui reunidos analisam as conexões entre sexualidade e reprodução sob perspectiva interdisciplinar, no âmbito de diferentes relações sociais. Os textos apresentados são fruto de investigações e debates promovidos pelo Programa Interinstitucional de Treinamento em Metodologia de Pesquisa em Gênero, Sexualidade e Saúde Reprodutiva, e são representativos de todas as regiões do Brasil, além da Argentina e Colômbia.
Este livro é um exemplo do quanto uma formação e um olhar transdisciplinar, somados a uma pesquisa histórico-documental rigorosa, produz bons frutos ao campo das Humanidades. Com escrita clara, “Sífilis, loucura e civilização” traz contribuições robustas para a história das ciências, da medicina e dos saberes psicopatológicos no Brasil. Se este livro tratasse apenas da história de um diagnóstico fundamental para a psicopatologia do século XIX, a paralisia geral progressiva, e suas articulações com a formação de um campo de saber científico, a psiquiatria, ele já seria uma contribuição historiográfica profícua. Afinal, o percurso histórico da doença é revelador dos padrões de objetividade que ramos descritivos desse saber perseguem até hoje. Mas, Giulia faz mais: mostra como a PGP e a sífilis (sua causa), para além de filão central da legitimação de uma psiquiatria carioca de cariz cada vez mais neurológico, figuram no quadro dos debates nacionais sobre civilização, degeneração, raça e moralidade no pré e no pós-abolição. Desta forma, passado e presente se iluminam reciprocamente, tanto no que se refere às controvérsias acerca das facetas neurológicas da sífilis, quanto no que concerne aos enquadres socioculturais e imaginários das doenças venéreas. Graças a este livro, a partir daqui referência, podemos conhecer melhor esta e outras histórias.
Livro-chave para a compreensão da poesia contemporânea é quase um manifesto, uma pedra-de-toque para o significado político de toda criação poética. Em ensaios reunidos, o autor, maior poeta-crítico da América Espanhola, vai em busca da alquimia do Hai-cai e dos mistérios de Pessoa, da paixão de Breton e da filosofia de Buñuel, entre outras demandas. O volume contém apreciações críticas de Sebastião Uchoa Leite e Celso Lafer e ensaio de Haroldo de Campos.
"Simplesmente Madalena" é a história de vida de uma mulher afrodescendente brasileira, que aos 73 anos de idade, finalmente teve acesso a alfabetização. Ela trás a potência de uma mulher negra, guerreira e mãe na tentativa de romper com o ciclo de opressão de gênero e racial passado de geração a geração.
Este livro deixa claro que as doenças, transtornos e situações que podem afetar as pessoas com síndrome de Down são as mesmas que podem afetar qualquer outra pessoa. Os assuntos estão dispostos em ordem alfabética, de modo sintético e claro, com a definição e o conceito, os sintomas clínicos gerais e quando requerem urgência. Este livro procura transmitir conhecimentos básicos, atualizados e livres de informações equivocadas, e os possíveis problemas de saúde que podem acometer o indivíduo com síndrome de Down.
Síndrome de Down e as Práticas Pedagógicas traz diferentes meios para entender e oferecer um melhor processo educacional para as pessoas com Síndrome de Down, levando a refletir quanto ao uso contínuo de estímulos e incentivos sobre a capacidade de raciocínio dessas pessoas. É um livro que vai além das práticas ou reflexões acerca do processo educacional e da educação em si.
O título do livro 'Sintomas Mórbidos: A encruzilhada da esquerda brasileira', escrito pela socióloga, feminista e uma das youtubers mais radicais à esquerda nas redes, Sabrina Fernandes, remete ao interregno pensado pelo revolucionário italiano Antonio Gramsci na famosa passagem do seu Cadernos do Cárcere: “o velho está morrendo e o novo não pode nascer; neste interregno, uma grande variedade de sintomas mórbidos aparece”. Isso se encaixa como uma luva no Brasil contemporâneo depois do verdadeiro terremoto político causado pelas manifestações de Junho de 2013 e seus ecos. O equilíbrio desequilibrado que sustentava a frágil democracia liberal brasileira, aparentemente, se desfez. Como consequência, temos um perturbador entretempo: de fragmentação das esquerdas e ascensão da extrema-direita — sobre o qual Sabrina Fernandes disserta, por uma perspectiva marxista, apresentando a noção crise de práxis como uma chave para o entendimento do que se passa, ao passo que possibilita (e mira!) na superação da pós-política e da ultrapolítica e na construção de uma utopia concreta e realizável, fator crucial na revolução necessária do nosso porvir.
Os autores apresentam uma visão geral do Sistema de Classificação de Cuidados Clínicos - Versão 2.0 (CCC). O sistema CCC é uma terminologia padronizada (vocabulário) de conceitos (termos) desenvolvido para ser usado na documentação eletrônica da prática de enfermagem.
O presente livro, Sistema de gestão: qualidade e segurança dos alimentos, tem como objetivo primordial esclarecer e alertar sobre a importância da correta aplicação dos princípios de gestão para a garantia da qualidade, em especial no que concerne à segurança dos alimentos, visando à promoção da saúde da população. Destina-se àqueles que trabalham ou têm interesse no segmento de alimentos: proprietários de estabelecimentos, responsáveis técnicos, consultores, estudantes e outros profissionais dos setores público e privado. Foi escrito em linguagem de fácil compreensão, apesar de a temática ter caráter técnico-científico, para que todos os leitores pudessem se apropriar das informações e colocá-las em prática.
A autora nos instiga a compreender o processo de construção do Sistema Único de Assistência Social, a partir das relações estabelecidas entre os sujeitos coletivos, o Estado e o partido político. A originalidade da obra está na apreensão do sistema como resultante dessas interações. O livro apresenta três chaves analíticas que contribuem para o estudo das relações socioestatais: a triangulação entre Estado, partido e movimento como atores relevantes para a construção e implementação da política de Assistência Social; os projetos políticos em disputa e compartilhados entre os sujeitos; a identificação de um movimento social na Assistência Social, marcado pela múltipla filiação política.
Comentários à Lei Orgânica da Saúde, depois de 15 anos fora das estantes, é quase uma nova obra pelas mudanças havidas que acompanharam as da lei n. 8.080, de 1990, nove vezes modificada, além das emendas constitucionais que incidiram sobre o artigo 198 da Constituição e da lei complementar n. 141, de 2012. O presente livro renovado em conceitos, compreensão jurídica de institutos do Direito Sanitário, como o da integralidade assistencial, a participação complementar do setor privado ao SUS, a natureza jurídica das ações e serviços de saúde, as emendas parlamentares impositivas, a capacidade judiciária dos conselhos de saúde e ainda aspectos da judicialização da saúde, são temas abordados nesta edição ampliada e renovada.
Vencer o desafio de gerir o SUS de maneira compartilhada e organizar as regiões de saúde para que a descentralização não fragmente o sistema é o tema principal desta obra. A autora enfrentou esse desafio buscando garantir sustentação para a sua teoria de
Desde a sanção da Lei nº 9.394, em 1996, se esperava por uma obra que examinasse os impactos dessa norma sobre a Educação Básica brasileira, uma vez que essa segunda Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional trouxe, como uma de suas mais importantes novidades, a criação e a consolidação definitiva dos sistemas municipais de educação, reclamados há mais de meio século pelo grande educador Anísio Teixeira.
“Uma das contribuições mais importantes deste livro é a proposta de refundação da esquerda, a partir de um programa efetivamente antissistêmico: democracia direta, gestão coletiva dos recursos públicos, de sistemas de crédito e do patrimônio ecológico, confisco de aparelhos produtivos para serem geridos pelos próprios trabalhadores, salário máximo, restrição do direito à propriedade privada. Só uma esquerda que não tem medo de dizer seu próprio nome, que assume a luta de classes e se identifica com o proletariado como sujeito político com força revolucionária – principal tese da teoria marxista da revolução – será capaz de superar os impasses aos quais nos levou um “reformismo fraco”, que confundiu política com gestão.
Fome, insegurança alimentar e nutricional, desnutrição, obesidade e doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Questões complexas que influenciam a vida de milhões de pessoas no Brasil e no mundo e que foram potencializadas pelo contexto da pandemia de Covid-19. Para debater e jogar luz sobre esse cenário, a Editora Fiocruz lança Sistemas Alimentares, Fome e Insegurança Alimentar e Nutricional no Brasil (coleção Temas em Saúde). Rosana Salles-Costa, Aline Ferreira, Paulo Castro Junior e Luciene Burlandy partem da perspectiva de pensar as relações entre a fome, a insegurança alimentar e nutricional, a obesidade e as DCNT, no contexto dos sistemas alimentares. Segundo os autores, o volume foi elaborado com o intuito de corroborar o debate sobre os desafios e as reflexões pautadas na recente agenda científica sobre o tema. "A reflexão foi desenvolvida à luz de uma compreensão integrada de processos que atravessam os sistemas alimentares globalizados, com destaque para o cenário brasileiro", resumem. A obra aborda ainda uma concepção ampliada da chamada SAN: segurança alimentar e nutricional. Essa abordagem leva em conta a construção, ao longo dos anos, de uma política e de um Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional no Brasil, formalizados na Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (Losan), além das redes organizadas da sociedade civil, das instituições acadêmicas e de Em cinco capítulos, o livro problematiza como a atual configuração dos sistemas alimentares globalizados afeta os rumos das políticas governamentais e os usos de recursos públicos, gerando diferentes tipos de desigualdades. Essa configuração estimula práticas alimentares que vêm sendo associadas às DCNT, condicionando situações de fome e de insegurança alimentar e nutricional. "Portanto, acentuam as próprias condições de vulnerabilidade econômica e social vivenciadas por diferentes segmentos da população", enfatizam.
Sob a égide do chicote: uma leitura do amor na Contemporaneidade surge no bojo das discussões acerca da diversidade sexual, em um momento político tensionado por um crescente conservadorismo mundo afora. Ao tematizar a concepção de amor presente na subcultura BDSM, que é forjada a partir de jogos sexuais que erotizam o poder, esta obra apresenta-se como uma das raras no Brasil voltadas para essa temática, o que, certamente, seduzirá tanto estudantes e pesquisadores do campo da sexualidade, como também o público em geral, interessado em ampliar seu conhecimento a respeito de formas contemporâneas de se pensar e vivenciar a sexualidade e o amor.
Esta guerra acontece todos os dias pertos de nós. Nos hospitais de qualquer cidade. Um jovem médico conta o drama de atender nas emergências do país. Um livro sobre a tragédia da saúde no Brasil.
Nesta série de ensaios, Fred Moten e Stefano Harney recorrem à tradição radical negra para pensar questões candentes relacionadas à proliferação da lógica e da logística capitalista no universo acadêmico e no mundo social. Partindo da experiência de exclusão social e existencial das pessoas negras, indígenas, queers e pobres, os autores teorizam sobre as possibilidades criativas de vida nos “sobcomuns”, entendido como o espaço ocupado por aqueles espoliados da subjetividade mesma e defendido como uma espécie de reduto das rupturas históricas provocadas pelo capital. Os “sobcomuns” são aqueles que permanecem sob o radar do controle capitalista, às margens da ordem social, refratários à assimilação pelo sistema e lutando por outras formas de conviver, sentir e trabalhar. Ao recorrer a esse repositório, Moten e Harney encontram experiências como a quilombagem, os protestos e manifestações de massa, os boicotes, a desobediência civil, as revoltas de escravizados e as insurreições anticoloniais, e a partir delas propõem repensar toda uma gramática estabelecida pelo capitalismo contemporâneo: dívida e crédito; vigilância e controle; o sentido de diretivas e da governança; as noções de estudo e planejamento coletivo; o lugar da Universidade e das instituições educacionais; os limites das estruturas administrativas e governamentais existentes. Afinal, é no rastro das estratégias “fugidias” dos sobcomuns, defendem os autores, que poderemos encontrar princípios anticapitalistas de recusa das injustiças, resistência coletiva e auto-organização.
Os cursos de Foucault que abriram caminho para sua História da sexualidade. Na década de 1960, Michel Foucault iniciou um projeto sobre uma arqueologia da sexualidade como experiência moderna. Nas décadas seguintes, isso resultaria em um de seus trabalhos mais célebres e importantes: História da sexualidade. Na origem desse estudo estão dois cursos notáveis até agora inéditos no Brasil — o primeiro apresentado em 1964 na Universidade de Clermont-Ferrand e o segundo em 1969 na Universidade de Vincennes. Em ambos, Foucault dá atenção permanente às condições econômicas, sociais e epistemológicas que transformaram a sexualidade em objeto de conhecimento e questão política, recusando uma concepção estreita do sujeito humano. Sobre a sexualidade é um olhar que abre caminho para compreendermos a sexualidade como espaço complexo de potência transgressora e experiência trágica.
Talvez seja uma novidade para muitos que este primeiro livro escrito e publicado por Freud permanecia inédito até hoje no Brasil. A frequente justificativa para a sua exclusão das obras ditas completas de Freud seria o seu alegado teor mais neurológico do que psicanalítico.Entretanto, mesmo tendo sido escrito antes da cunhagem do termo Psicanálise, sabemos hoje que Sobre a concepção das afasias: Um estudo crítico é uma obra fundamental para a compreensão dos escritos posteriores. Sobretudo se pensarmos o quanto a fundamental relação entre o psiquismo e a linguagem pauta o pensamento freudiano, vemos aqui o itinerário de alguém que abandona as concepções hegemônicas do localizacionismo defendidas por seus mestres, tornando-se o cofundador de uma concepção dinâmica tanto do psiquismo quanto da linguagem em suas funções e disfunções.Um psicanalista, que lida cotidianamente com a fala dos pacientes, que pratica o método que foi apelidado por uma paciente como talking cure, não pode ser indiferente ao fato de que o primeiro texto importante do criador da psicanálise, datado de 1891, anterior, portanto, à sua teoria do aparelho psíquico, proponha literalmente um aparelho de linguagem.A obra integra a coleção Obras Incompletas de Sigmund Freud, que pretende não apenas oferecer uma nova tradução, direta do alemão e atenta ao uso dos conceitos pela comunidade psicanalítica brasileira, mas oferecer uma nova maneira de organizar e de tratar os textos. Um convite para que o leitor desconfie do caráter apaziguador que o adjetivo “completas” comporta.
Como a violência se instala nas mentes, em especial a violência contra as mulheres, e que problemas parece falsamente estar resolvendo? Para Jacqueline Rose, essa é uma especulação que precisamos fazer para enfrentar a violência e até mesmo identificá-la, já que muitas vezes ela se manifesta de formas oblíquas como em ajustes legislativos e estratégias econômicas. Para complicar ainda mais, Rose acrescenta, a violência floresce justamente porque criamos formas elaboradas de escondê-la de nós mesmos, embora ela seja constituinte da nossa humanidade.
Como viver uma experiência pandêmica no século XXI e quais são os contextos que informam e são informados por ela? Em sociedades globalizadas, mas ainda com impasses e oportunidades em dimensão nacional e local, abarcando sistemas de saúde, organização política, social e cultural, a pandemia de Covid-19 exige uma apreensão ampla e profunda desses significados, abarcando as diversas experiências do viver humano. Sobre a pandemia é uma obra aberta, voltada para um público de todas as gerações e formações. É um registro fundamental para se compreender, na voz de seus autores, as pistas deixadas pelo passado, as experiências vividas pelo presente e as expectativas depositadas sobre os tempos que virão. Sobre a pandemia é uma coletânea que objetiva reunir intelectuais de distintas áreas do pensamento científico, preocupados em traduzir as interações e tensões em torno da pandemia Covid-19. Ao enfrentar os mares revoltos desse tempo presente, em que a existência humana e não humana se defronta, as interpretações aqui elencadas jogam luz sobre as incertezas e os impasses, mas, igualmente, sobre as iniciativas e as retomadas de sentido diante do homem, suas formas de viver, adoecer e, na sua extensão, de sua própria morte. Tempos, pessoas e narrativas se entrecruzam no esforço de constituição possível da retomada da esperança e de um coletivo futuro possível, mesmo que esteja tatuado em nossas mentes o desafio que Hanna Arendt pressagiou para a sociedade que se inscrevia no século XX: Nossa herança nos foi deixada sem nenhum testamento.
Nesta conversa elucidativa e descontraída, Andréa Pachá e Vilma Piedade constroem uma rica reflexão acerca da luta antirracista, do envelhecimento, da maternidade e da solidão, sempre ressaltando os pontos de aproximação e distanciamento em suas trajetórias, em um interessante debate sobre interseccionalidades. Ao compartilhar referências e vivências, as duas intelectuais examinam o passado e conjecturam sobre o futuro, pondo em perspectiva o que as precedeu e a esperança de que um novo mundo está sendo cultivado para e pelas novas gerações. Para o leitor, Sobre feminismos é uma oportunidade única: não apenas ter acesso a um bate-papo fascinante sobre uma das lutas mais essenciais e proeminentes das últimas décadas, mas também contemplar os muitos caminhos que ela oferece.
Como escrever sobre o problema do mal de maneira razoável, sem sobrecarregar o leitor com fórmulas metafísicas da teologia e da filosofia, e, ao mesmo tempo, sem deprimi-lo inutilmente com um compêndio histórico das desgraças humanas, de Adão e Eva à bomba atômica? Terry Eagleton enfrenta esse desafio fazendo deste livro uma espécie de caldeirão das bruxas de Macbeth, com ingredientes diversos, desde os mais sutis até aqueles considerados absolutamente repugnantes.
“Enquanto você lê este livro, a cada duas horas uma mulher é assassinada.” É assim que a historiadora Mary del Priore começa Sobreviventes e guerreiras. Uma obra essencial para se entender o porquê de, até hoje, ser fundamental discutir e, principalmente, lutar pela igualdade de direitos para o gênero feminino. Apesar de o Brasil já até ter tido uma presidenta e de 45% dos lares serem comandados por mulheres (segundo pesquisa do IPEA de 2018), a brasileira continua sendo agredida, desqualificada, perseguida, insultada. Vivemos uma época de transição onde o patriarcado e o machismo, raízes desses séculos de desigualdade, são combatidos pelo feminismo e pela cultura contemporânea. Mas, para que uma nova ordem social se torne realidade, é preciso procurar no passado as raízes deste poder dos homens sobre as mulheres e, sobretudo, aprender com elas como se fizeram ouvidas. A história mostra que a brasileira sempre procurou se reinventar, achar um espaço, resistir. Este livro traz um ineditismo ao focar nessas vozes, apresentando a história da mulher brasileira 1500 a 2000. Das indígenas que os portugueses encontraram por aqui às afrodescendentes; daquelas que pegaram na enxada e viveram nos campos e cafezais às que trabalhavam na casa-grande como escravas, empregadas e amas de leite; das operárias e trabalhadoras às artistas de rádio, cinema e televisão; de Cláudia Lessin Rodrigues e Aída Curi à Daniella Perez e Marielle Franco; das feministas às homossexuais e integrantes do movimento LGBTQI+. Todas resistiram – e Mary del Priore apresenta suas vozes e como aprender com o exemplo delas.
Nos dias atuais não há mote que domine mais o discurso público do que o tema da transparência. Ele é evocado enfaticamente e conjugado sobretudo com o tema da liberdade de informação. A sociedade da transparência é uma sociedade da desconfiança (Misstrauen) e da suspeita (Verdacht), que se baseia no controle em virtude do desaparecimento da confiança. A forte e intensa exigência por transparência aponta justamente para o fato de que o fundamento moral da sociedade se tornou frágil, que valores morais como sinceridade ou honestidade estão perdendo cada vez mais significado.
A sociedade paliativa é uma sociedade do curtir. Ela degenera em uma mania de curtição. O like é o signo, o analgésico do presente. Ele domina não apenas as mídias sociais, mas todas as esferas da cultura. Nada deve provocar dor. Não apenas a arte, mas também a própria vida tem de ser instagramável; ou seja, livre de ângulos e cantos, de conflitos e contradições que poderiam provocar dor. Esquece-se que a dor purifica. Falta, à cultura da curtição, a possibilidade da catarse. (Trecho da obra)
Segundo número da coleção, este volume discute temas transversais ao trabalho do ACS, relativos à articulação entre as concepções de Estado, sociedade e direitos sociais, particularmente o direito à saúde. Ao fazê-lo, disponibiliza conhecimentos fundamentais à compreensão dos demais livros da coleção, enfatizando a perspectiva politécnica da educação profissional que toma o trabalho como princípio educativo e o trabalhador como sujeito político e técnico desse trabalho e da realidade sócio-histórica em que este se realiza.
O que a Sociologia tem a ver com a educação escolar? Muito! Pois a escola não está isolada em relação à comunidade e à sociedade em que está inserida. A escola é, até certo ponto, reflexo das condições e das exigências estabelecidas pela sociedade, em seu sentido mais amplo, e pela comunidade, no mais restrito. Por outro lado, no interior da escola, multiplicam-se os grupos sociais, formados por todos os agentes do processo educacional, que têm enorme influência sobre a educação e o comportamento dos alunos. Com linguagem acessível, Nelson Piletti estimula neste livro a reflexão sobre esse entrecruzamento de relações que se estabelece entre a sala de aula, a escola, a comunidade e a sociedade. O autor apresenta a contribuição da Sociologia da Educação por meio de dois aspectos: o teórico, de conhecimento da realidade educacional, e o prático, de mudança para melhor dessa mesma realidade a partir desse conhecimento. Além disso, no final de cada capítulo, traz textos complementares e questionamentos que se constituem em estímulo à pesquisa, à reflexão e à discussão.
O fascínio da fotografia sobre todos nós está naquilo que por meio dela nossos olhos visitam em nosso passado, no de nossos antepassados e de nossos contemporâneos. Está também na nossa estranha relação com os álbuns de família ou as caixas de sapato em que guardamos esses ícones da nossa memória afetiva. Neste livro, o autor mostra como a Sociologia e, também, a Antropologia podem encontrar em fotografias e imagens indícios de relações sociais, de mentalidades, de formas de consciência social, de maneiras de ver o mundo, de nele viver e de compreendê-lo.
Publicado pela editora UnATI/Uerj, o livro, por meio de fotos e de uma linguagem poética, desenha um panorama da história e das atividades da instituição.
À Sombra do Plátano traz aos leitores uma coletânea de cinquenta textos que revelam episódios e personagens que fizeram parte da história da medicina. O título escolhido para obra tem uma relação muito forte com o tema proposto, pois, segundo a tradição, foi embaixo de um plátano na ilha de Cós, na Grécia, que Hipócrates ensinou a seus discípulos o dom da medicina.
Mantido o rumo atual da vida na Terra, o futuro é impossível. Em seu novo livro, o autor de O oráculo da noite compartilha conhecimentos de cientistas, pajés, xamãs, mestras e mestres de saber popular, artistas e inventores que nos lembram da importância de sonhar coletivamente com o futuro do planeta. Em Sonho manifesto , o renomado neurocientista denuncia a profundidade da crise ambiental e social ao mesmo tempo em que celebra a oportunidade única que temos hoje de expandir a consciência planetária. O caminho para esse sonho coletivo, diz o autor, é o resgate do melhor de nossa ancestralidade. Pesquisador inquieto, Ribeiro reúne dezenas de histórias de griôs da África ocidental, mestres de Capoeira, babalorixás, xamãs e pajés dos povos originários, além de dados sobre pesquisas científicas recentes e relatos das mais diversas tradições como budismo e taoismo. Afinal, “enquanto houver vida, ainda há tempo para mudar”.
“Sou uma lésbica, negra, feminista, guerreira, poeta, mãe, mais forte por causa de todas as minhas identidades, e sou indivisível”, é assim que Audre Lorde assim se definia para seus leitores e ouvintes. O presente livro reúne cerca de vinte textos, vários deles inéditos, encontrados em seu arquivo. São ensaios, aulas, palestras, apresentações e um diário íntimo que acompanha sua vida após o diagnóstico de câncer no fígado. Pioneira da abordagem interseccional no feminismo, Lorde colocava no mesmo plano a opressão e a dominação de mulheres, homossexuais, populações racializadas e despossuídos de todo o mundo, fazendo com que suas lutas se tornassem uma só, sem hierarquizá-las.