Este livro enfeixa os trabalhos apresentados num simpósio de professores que atuam no campo da psicologia social comunitária. Trata-se de um novo terreno, explorado há pouco tempo pelos psicólogos, levando em conta não apenas a busca individual da auto-realização mas todo o jogo de relações em que a pessoa pode crescer e amadurecer.
Este livro é o resultado de pesquisas realizadas por alunos do Programa de Doutorado Interinstitucional Novas Fronteiras – DINTER NF – criado pela CAPES. Nessa coletânea, a parceria entre a UERJ e a Universidade Federal do Maranhão, produziu uma série de artigos que valorizam uma articulação de temáticas e horizontes teóricos entre as duas instituições atuantes no projeto.
A idéia que está na gênese da proposta é o consenso de que a teoria sócio-histórica representa uma possibilidade de analisar a pobreza, a desigualdade e a exclusão sociais naárea da Psicologia como fenômenos materiais e igualmente simbólicos, superando os reducionismos exclusivamente realistas ou substancialistas.
Originários do XIII Simpósio de Intercâmbio Científico em Psicologia da Anpepp, os cinco artigos contribuem para a discussão acerca dos processos de subjetivação e de suas relações com as culturas. Uma coletânea que auxiliará ao ensino de graduação em História da Psicologia, Psicologia, Psicologia Social e Psicologia da Cultura e aos apreciadores dos vários percursos e interpretações do pensamento psicológico.
Os movimentos sociais trazem novas questões à sociedade e aos intelectuais. Como funcionam, quais sãos seus objetivos e demandas? Este livro busca respondê-las ao discutir, a partir da Psicologia Política, as práticas de vários movimentos, como: o MST, a Parada LGBT, as Jornadas de Junho, o movimento guerrilheiro, o terrorismo, as políticas sociais e a lesbianidade na mídia.
Psicopatologia da vida cotidiana foi o primeiro sucesso editorial de Freud. Não à toa, pois nele o autor desvenda os mecanismos psíquicos de coisas que todos nós experimentamos em nossa vida cotidiana. Todos nós já passamos por situações embaraçosas nas quais esquecemos o nome de um conhecido, ou trocamos o nome de uma pessoa pelo de outra, ou esquecemos o que estávamos procurando, ou dizemos uma coisa querendo dizer outra, ou ainda quando nosso corpo se equivoca dessa ou daquela maneira. Neste delicioso livro, que contém cerca de 300 exemplos de sintomas sociais, Freud desvenda cuidadosamente os mecanismos inconscientes por trás de erros e equívocos aparentemente banais. Como resultado, o autor borra os limites entre o normal e o patológico, esvaziando a psicopatologia de qualquer conotação médica e aproximando, ao mesmo tempo, o inconsciente e nossa vida cotidiana. Além disso, como nada é por acaso, Freud investiga superstições e o determinismo de ações psíquicas aparentemente arbitrárias.
O PT foi o grande vencedor de eleições presidenciais da Nova República, produziu seu líder mais popular e, de certa forma, representa as vitórias e derrotas do Brasil no período. Talvez por isso, também tenha virado o bode expiatório dos defeitos do sistema para parte do público brasileiro. Com prosa brilhante e argumentação rigorosa, o sociólogo Celso Rocha de Barros passa a limpo meio século da história nacional e reconstrói a trajetória da mais amada e mais odiada de nossas agremiações políticas. Para além de esmiuçar as idiossincrasias da legenda, PT, uma história joga luz sobre as possibilidades e os limites da experiência da sociedade brasileira, uma democracia de alta desigualdade, com viés conservador.
Integrante da coleção História e Saúde da Editora Fiocruz, a obra apresenta um estudo da trajetória de um personagem relevante e controverso na história biográfica da medicina e da psiquiatria brasileiras do século XX. A análise da vida de Antonio Carlos Pacheco e Silva 1898-1988 é feita levando em consideração as muitas contradições, tensões e singularidades do médico, militar e político. Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo FMUSP e da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo EPM/Unifesp, Pacheco e Silva acumulou, para além dos espaços acadêmicos, cargos políticos e empresariais, tendo participado ativamente de movimentos conservadores e eugenistas. O livro é um desdobramento da tese doutoral do historiador Gustavo Tarelow, defendida em 2019, na FMUSP. Dedicado às pesquisas sobre a história da psiquiatria paulistas e seus personagens, o autor investiga etapas fundamentais da trajetória de Pacheco e Silva. Ele mostra, por exemplo, a atuação do médico na fundação do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo e como diretor da Associação Psiquiátrica Internacional e do Hospital do Juquery. Tarelow revela também como o psiquiatra esteve diretamente envolvido em todo o processo que levou o português António Egas Moniz a receber o Prêmio Nobel de Medicina, em 1949, além de sua intensa participação em diferentes partidos e momentos do campo político nacional. Dividida em três capítulos, a obra agrega também importantes notas, referências e imagens, reunindo fotografias, documentos, páginas de jornais e outros materiais de acervo que ilustram as diferentes fases da vida do psiquiatra.
O livro em questão examina o formato institucional híbrido da assistência à saúde no Brasil, em que coexistem um sistema público e um privado, com formas diferenciadas de acesso. A autora demonstra que tal arranjo híbrido não foi, como algumas pesquisas anteriores indicam, simples resultado de reformas e demandas privatizantes da década de 90, mas resultou de mecanismos institucionais estabelecidos desde a década de 60. A obra tem dois grandes méritos: é uma excelente sistematização do conjunto de informações, até então dispersas ou não trabalhadas pelos estudiosos, sobre o setor privado de saúde e revela uma radiografia abrangente e precisa deste segmento. Além disso, foge da visão simplificada e supera o formato descritivo dos estudos sobre o complexo sistema de saúde no Brasil, visitando o passado para ajudar a interpretar a natureza dual desse sistema.
Evocando o mantra “publique, apareça ou pereça”, os autores buscam trazer a realidade da produção acadêmica nos tempos da “sociedade do espetáculo”, criticando a atual produção do conhecimento e as consequências de sua mudança para uma categoria de análise. Dentre essas consequências, os autores destacam o produtivismo acadêmico, assim como o controle da pesquisa, o plágio, a necessidade de aparecer pela quantidade de publicações em mídias determinadas, e a emergência de um novo tipo de conhecimento cujo processo e resultados são induzidos de fora da universidade.
Erika Porceli Alaniz demonstra de forma brilhante, e com base num exaustivo levantamento de dados, que a qualificação para a empresa de autogestão é condição para a sua sobrevivência, uma vez que os trabalhadores, ao responderem pela gestão da fábrica, necessitam capacitar-se nos conteúdos que envolvem decisões de cunho administrativo, econômico e político.
Este livro traduz um encontro entre dois campos diferentes do conhecimento, mas que estabelecem um diálogo íntimo: a História e a Saúde. É resultado de investigações realizadas em centros de pesquisa brasileiros especializados em História da Saúde e agrega a escrita de pesquisadores de diferentes gerações. Por meio da sua leitura é possível acompanhar discussões sobre processos e sujeitos históricos, suas interfaces com marcadores sociais como classe, gênero e raça, em temas como assistência, doenças e suas implicações sociais, artes de curar e instituições de ensino, pesquisa e formação. No contexto atual, marcado por políticas neoliberais e pelo desmonte dos bens públicos de saúde, nada mais oportuno do que compreender como as pessoas lidaram com as questões de saúde no passado para nos situar e agir frente aos desafios da atualidade.
Resultado de uma dissertação de mestrado junto ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina, o livro pretende abordar o tema Promoção da Saúde vinculada a uma experiência ocorrida na área continental da Ilha de Santa Catarina (Florianópolis). Nesta oportunidade podemos constatar nas entrevistas os conceitos de saúde e promoção de saúde e as transformações geradas por este grupo dentro desta comunidade. As análises feitas nos levam ao conceito de Promoção de Saúde onde o foco passa a ser a emancipação e a autonomia dos cidadãos, e a mudança comportamental se apresenta como conseqüência da transformação dos indivíduos.
Que mundo é este? é um trabalho de interpretação do fenômeno da pandemia no qual a filósofa Judith Butler opera a partir de seus próprios conceitos para analisar as formas de segregação impostas pela covid-19, valendo-se de seu próprio arcabouço teórico, já constituído ao longo de sua obra, justamente como instrumento de crítica a existência dessas formas de segregação. É necessariamente um livro sobre ética e política que dá continuidade – não sem nos surpreender – aos temas que emergiram de modo mais perceptível em sua obra. Para abordar o aspecto trágico da pandemia, Butler trata de destruição ambiental, pobreza, racismo, desigualdades globais, violência social – inclusive a violência contra mulheres e pessoas LGBTQI+. Na pergunta que dá título do livro está a expressão de espanto e indignação, motores de propulsão de quem ainda pensa e aposta que outro fim do mundo é possível.
De autoria coletiva e transnacional, os textos de Quem deve a quem? denunciam o endividamento como uma forma de violência econômica. Longe de ser um problema individual, uma consequência do fracasso pessoal ou da má gestão financeira, autoras e autores mostram aqui como a dívida é, na verdade, um mecanismo de acumulação do capital e de resiliência do sistema colonial: a dívida externa sendo a perpétua justificativa para políticas de austeridade e consequente desinvestimento em serviços públicos, e a dívida doméstica atingindo aquele mesmo sujeito-corpo explorado, expropriado e vilipendiado pela colonização; que “não tem propriedade porque historicamente foi construído como propriedade” e que é “racializado e sempre feminizado”. Além de profícuo material de denúncia, os dezesseis artigos que compõem esta obra oferecem exemplos de iniciativas de luta contra o domínio financeiro sobre nossa vida.
Introdução / Debora Diniz -- Tecnologias reprodutivas e direito: algumas conexões / Arryanne Queiroz -- Reprodução medicamente assistida: parentalidade contratual e biológica. Controvérsias e certificações / Diaulas Costa Ribeiro -- Acesso às tecnologias reprodutivas e princípios constitucionais: igualdade, pluralismo, direito constitucional de família e orientação sexual no debate bioético brasileiro / Roger Raupp Rios -- As tecnologias reprodutivas em um direito em movimento / Samantha Buglione.
Ao longo da primeira década deste século, a UFMG incentivou políticas de ações afirmativas para minimizar as desigualdades no acesso da população negra ao ensino superior. Em 2009, implementou a política de bônus, além de exigir uma autodeclaração racial. Porém, a partir de 2017, emergiram denúncias de fraudes, evidenciando uma incompatibilidade entre o modo como os candidatos se veem (autodeclaração) e o modo como os demais estudantes, de modo particular os negros, os enxergam (heteroidentificação). Como resultado desse movimento, a UFMG criou mecanismos complementares: os procedimentos de heteroidentificação racial; fundamentais no debate sobre as identidades raciais do brasileiro e do Brasil. Em um país onde se declarar, ou ser identificado como negro sempre foi visto como algo negativo, tal prática introduz duas perguntas inéditas: “Quem quer se declarar negro (preto ou pardo) no Brasil?” e “Quem pode se declarar negro (preto ou pardo) no Brasil?”
O livro Quem são os terroristas no Brasil? A Lei Antiterror e a produção política de um "inimigo público" aborda o ciclo atual do antiterrorismo internacional e sua incorporação pelo Brasil a partir da Lei 13.260/2016. A ação estatal sobre movimentos sociais e seus mecanismos de repressão e controle são os elementos que constituem a base da análise sociológica em questão.
A construção de uma política de drogas melhor, mais eficiente e mais humana passa, em primeiro lugar, pela mudança na maneira como debatemos o tema. Romper a cegueira e a censura que nos impedem de fazer as perguntas certas para buscar boas respostas é a mais urgente das missões para quem acha que nossa sociedade não lida de maneira adequada com o tema das drogas. O livro considera questões originais de jovens e potenciais consumidores, além de curiosos sobre o tema, em vez de debater ideologias de especialistas em saúde, criminalidade e política. Desse modo, a obra propõe à sociedade um novo debate com crianças e adolescentes, abrindo caminho para uma nova visão da política de drogas.
Quem tem medo do feminismo negro? reúne um longo ensaio autobiográfico inédito e uma seleção de artigos publicados por Djamila Ribeiro no blog da revista CartaCapital, entre 2014 e 2017. No texto de abertura, a filósofa e militante recupera memórias de seus anos de infância e adolescência para discutir o que chama de “silenciamento”, processo de apagamento da personalidade por que passou e que é um dos muitos resultados perniciosos da discriminação. Foi apenas no final da adolescência, ao trabalhar na Casa de Cultura da Mulher Negra, que Djamila entrou em contato com autoras que a fizeram ter orgulho de suas raízes e não mais querer se manter invisível. Desde então, o diálogo com autoras como Chimamanda Ngozi Adichie, bell hooks, Sueli Carneiro, Alice Walker, Toni Morrison e Conceição Evaristo é uma constante. Muitos textos reagem a situações do cotidiano — o aumento da intolerância às religiões de matriz africana; os ataques a celebridades como Maju ou Serena Williams – a partir das quais Djamila destrincha conceitos como empoderamento feminino ou interseccionalidade. Ela também aborda temas como os limites da mobilização nas redes sociais, as políticas de cotas raciais e as origens do feminismo negro nos Estados Unidos e no Brasil, além de discutir a obra de autoras de referência para o feminismo, como Simone de Beauvoir.
Hoje, depois de décadas de pesquisas científicas e questionamentos à indústria do fast-food, sabemos que os alimentos ultraprocessados são grandes promotores de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes e hipertensão, além de contribuírem para a destruição da natureza, já que se apoiam sobre monoculturas de commodities como soja, trigo, milho e cana-de-açúcar. Também sabemos que a comida de panela feita em casa com ingredientes frescos ou minimamente processados é a melhor opção para nutrir o corpo, fortalecer as culturas regionais e respeitar o meio ambiente. Mas, como questiona Bela Gil em seu novo livro, quem vai fazer essa comida? A partir da pergunta, a chef, apresentadora e ativista relaciona alimentação saudável, feminismo e trabalho doméstico, complexificando um debate ignorado pelos livros de receitas e programas de culinária. É a dona de casa, a mãe, a avó, a esposa, a empregada doméstica migrante, a mulher pobre e preta da periferia que continuará tendo que pilotar o fogão? E quem fará a comida dela, da família dela? Em Quem vai fazer essa comida?, Bela Gil critica a histórica desvalorização do ato de cozinhar, com raízes escravocratas, e reivindica o pagamento de salários para o trabalho doméstico, tema da obra de pensadoras como Silvia Federici. “Será que é certo que, para alguns poucos terem comida fresca e serem saudáveis e livres para correr atrás de seus sonhos, outros muitos tenham que se contentar com produtos ultraprocessados, que fazem mal ao corpo e ao planeta — isso quando não passam fome?”
Henrique Tahan Novaes, Angelo Diogo Mazin e Laís Santos nos apresentam este livro por eles organizado, e enriquecido com seus próprios escritos. O conjunto de textos está voltado sobretudo para a questão agrária no Brasil. No entanto, os mesmos têm um valor nacional e universal porque as temáticas e conceitos trabalhados, ao mesmo tempo em que captam as especificidades nacionais, operam também com categorias que são estruturantes da civilização burguesa.
Este livro vai na veia de uma das maiores contradições políticas de nossos tempos: diante de um governo que se abre e impulsiona o avanço do agronegócio no Brasil, o movimento social de maior peso em nossa história, cujo objeto de disputa é justo […] o direito a terra, trabalho e liberdade, se esmaece, freia suas intervenções e se vê enredado numa política de conciliação entre inconciliáveis. […] um livro que mapeia o que sempre fomos desde a colonização e o que sempre seremos sob as regras desse projeto societário baseado na ordem do capital, desigual e excludente por natureza […] que traça os nossos retrocessos no avanço, o nosso atraso na modernidade, ou o atraso que a modernidade é. Que nos mostra com clareza e argúcia que a acumulação primitiva é permanente num mundo em que acumular é a regra. Que, por vias indiretas, nos faz notar que a estratégia de encapsulamento e cooptação dos movimentos organizados, ao provocar certo apagamento da perspectiva progressista e, sobretudo, dos tensionamentos políticos por ela engendrados, encaminha o cenário para um recrudescimento do ultraconservadorismo, como, de fato, muito rapidamente se verificou no Brasil. MARISA AMARAL - UFU.
Versando sobre a questão clássica da liberdade e da necessidade, além de outros temas centrais da filosofia, como a natureza do bem e do mal, da justiça, do fundamento do poder político, dentre outros, o presente debate é um precioso documento histórico do confronto entre um religioso adepto da tradição escolástica e um filósofo partidário da ciência moderna nascente. A querela de John Bramhall com Thomas Hobbes, iniciada em 1645, é uma controvérsia entre duas personalidades fortes e opostas, bem indicativa da situação da filosofia e da teologia da época.
A obra é uma reunião de ensaios, não cronológicos, cuidadosamente selecionados pelos organizadores, que vão da biologia às ciências sociais, antropologia e história, com variados enfoques. Analisando discussões sobre o pensamento higienista e trajetórias da antropologia física no Brasil do século XIX, os artigos abrangem até as atuais correlações do pensamento racial com as tecnologias genômicas. Precioso material para quem estuda e se interessa pelas questões relacionadas à raça no Brasil.
Para nós, organizadoras desta obra, que atuamos como professoras/ pesquisadoras na universidade, instituição que se estrutura a partir de uma ordem colonial, é fundamental pensar a metáfora “Quilomba Feminista” como um espaço agregador de nossas diferentes experiências de mulheridades e transfeminilidades negras. O presente livro reúne produções intelectuais negras e transfeministas que apostam na produção de conhecimento em diálogo com a arte, com a poesia, com comunidades tradicionais, com movimentos sociais dentre outros territórios. Nesta Quilomba Feminista, ecoamos nossas vozes numa perspectiva feminista, descolonial e interseccional. O livro Quilomba Feminista: mulheridades e transfeminilidades negras em movimento emerge das possibilidades de encontros entre mulheridades e/ou feminilidades cisgêneras, travestis, transexuais e transgêneras negras que pensam seus modos de ser, estar e pensar o mundo a partir do (Trans)feminismo Negro. Para esse projeto de intelectualidade negra e (Trans)feminista a metáfora “Quilomba” demarca o modo coletivo como a obra é organizada, reunindo temas, problemas, perspectivas teóricas e metodológicas pensadas e experimentadas por nós, a partir de nossas mulheridades e transfeminilidades negras, de maneira a erguer nossas vozes, denunciar violências, contar nossas histórias, produzindo quilombagens (Trans)feministas. Os diálogos que emergem das lutas comuns entre os povos da diáspora africana e dos povos indígenas constituem uma vastidão de experiência e manancial de saberes em que pensamento, luta, cura e festa se interconectam. Amplificar esses diálogos, abrir passagens e promover equidade nas publicações, esses são os compromissos da coleção Diálogos da Diáspora.
Lançado originalmente há trinta anos e publicado no Brasil pela primeira vez, Raça, nação, classe traz ao leitor um profícuo debate sobre o racismo e sua relação com a luta de classes, o capitalismo e o nacionalismo. Como é possível que o racismo ainda seja um fenômeno crescente Quais são as características específicas do racismo contemporâneo. Esta obra tenta responder a essas perguntas fundamentais por meio de um diálogo entre o filósofo francês Étienne Balibar e o historiador e sociólogo estadunidense Immanuel Wallerstein. Ambos os autores desafiam a noção de que o racismo é uma continuação ou um retorno da xenofobia de sociedades do passado e o analisam como uma relação social indissoluvelmente ligada às estruturas sociais atuais o Estado, a divisão do trabalho e a divisão entre centro e periferia que são constantemente reconstruídas. Apesar de naturais divergências durante o diálogo, Balibar e Wallerstein enfatizam a modernidade do racismo e a necessidade de entender sua relação com o capitalismo contemporâneo. Acima de tudo, a obra revela as formas de conflito social presentes e futuras, em um mundo em que a crise do Estado é acompanhada por um aumento alarmante do nacionalismo, do chauvinismo e da xenofobia.
O livro é o resultado de debates e reflexões teóricas de pesquisadores brasileiros e britânicos sobre a negritude e etnicidade no Brasil e em outros países latino-americanos. A coletânea de textos restaura questões presentes em torno dos conceitos que permeiam a discussão sobre raça e consciência étnica, dialogando com temas como o fenômeno da construção de diferenças, genética, racismo e ativismo negro.
Às vésperas da defesa que marcou o coroamento desse trabalho fundamental para os nossos dias, Marielle Franco e Anderson Gomes eram assassinados. No caminho ao aeroporto para minha participação na banca na Universidade Federal de Uberlândia, passo pela Cinelândia lotada por manifestantes, protestando diante desse terrível fato. Quis descer e, lá, com eles, mostrar meu assombro e minha revolta. Percebi então que estava eu também a caminho de um ato público, em que uma mulher preta iria defender sua pesquisa que trata, justamente, do genocídio do povo preto.
Esta obra aborda a relação entre o racismo e a luta de classes na América Latina. Tem como objetivo central apontar o racismo como um determinante da superexploração da força de trabalho neste território. Pretendeu-se evidenciar que a permanência da negação ontológica do negro e do indígena é fundamental à reprodução das relações sociais capitalistas na América Latina: por suas origens coloniais e escravistas e, sobretudo, devido ao caráter dependente do capitalismo que aqui se desenvolve. Com base no materialismo histórico dialético e no pensamento social crítico latino-americano, buscou-se na formação econômica e social da América latina e, de maneira mais aprofundada, do Brasil - os elementos estruturantes que instituem e requerem a latente reprodução do racismo; almejando ir além da constatação das suas expressões para evidenciar a essência das contradições que o sustentam e são sustentadas por ele
A ideia central do livro do Professor Dennis de Oliveira é discutir o racismo para além dos comportamentos preconceituosos. A obra articula o conceito de racismo estrutural a totalidade histórico-social expressa concretamente pelas dinâmicas das relações sociais no capitalismo em sua etapa de acumulação flexível em um país da periferia global do capitalismo como o Brasil.
Neste volume da coleção Feminismos Plurais, pela primeira vez, a relação entre racismo e humor é aprofundada. Por um ponto de vista jurídico, o advogado, doutor em Direito, Adilson Moreira esmiúça os conceitos de racismo e injúria racial, explicitando o viés racista da Justiça brasileira quando sentencia que produções culturais, como programas humorísticos, que reproduzem estereótipos raciais não são discriminatórias por promoverem a descontração das pessoas.
Entre 2001 e 2010, a ativista e feminista negra Sueli Carneiro produziu inúmeros artigos publicados na imprensa brasileira. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil reúne, pela primeira vez, os melhores textos desse período. Neles, a autora nos convida a refletir criticamente a sociedade brasileira, explicitando de forma contundente como o racismo e o sexismo têm estruturado as relações sociais, políticas e de gênero.
Podem existir, de fato, turmas homogêneas? É possível produzir uma igualdade universal de seres humanos e promover igualdades universais para eles? O que dizer sobre a condição das diferenças entre os seres humanos? Que problemas encontramos no campo temático da inclusão que se coloca como divisor de águas no tempo e no espaço em que imigramos para uma educação de todos e para todos? E o que a diferença tem a ver com os processos educacionais dialógicos e inclusivos? Estes são alguns dos questionamentos que esta obra discute para além daquilo que já se encontra posto na esfera social. São desassossegos que demandam o re-inventar da inclusão no processo de ensinar e aprender da turma toda.
Da primeira revolução psiquiátrica a pineliana de 1793 -, que substituiu a metáfora possessão pela metáfora doença passando pela segunda, a das comunidades terapêuticas dos anos 1930, e pela terceira, a da psiquiatria comunitária ou psicofarmacologia do Pós-Guerra, talvez estejamos vivendo a quarta revolução da psiquiatria, quando a metáfora doença vai sendo substituída por outra igualmente complexa identidade. Já não está em relevo a exuberância dos sinais e sintomas equacionados pelas neurociências, mas os modos de viver a vida de pessoas doente sim, com limitações que muitas vezes, entretanto, seguem com seus contratos afetivos e sociais a cumprir. Este livro fala da reabilitação Psicossocial, à brasileira, como um novo tratado ético-estético que negocia uma clínica cuidadosa com inúmeras iniciativas de convívio, lazer, moradia e trabalho que favorecem trocas intersubjetivas e são também espaços de exercícios de cidadania ativa.
Reatando um fio interrompido: a relação universidade-movimentos sociais na América Latina” se aproxima da inspiração do movimento reformista de Córdoba (1918) ao olhar para atuação de pesquisadores(as)-extensionistas nas fábricas recuperadas, na agroecologia e na habitação popular. Ao mesmo tempo, o livro de Henrique Tahan Novaes se distancia da extensão universitária assistencialista e autoritária que impõe às classes populares uma forma de compreender o mundo e de desenvolver ciência e tecnologia. Este livro é parte do esforço do autor de encontrar, em meio aos escombros, as possibilidades de construção de alternativas tecnológicas para uma possível e desejável sociedade para além do capital.