Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
Baseado em um conjunto de práticas de gerenciamento do mal-estar – por exemplo, a individualização da culpa, o repúdio ao fracasso depressivo, o louvor maníaco do mérito e a criação de um estado de crises e reformulações, bem como de anomia e mudanças permanentes –, o neoliberalismo consegue extrair um a-mais de produtividade das pessoas. Neste livro, o leitor poderá acompanhar como o modo de produção neoliberal construiu uma nova forma de sofrimento que se entranhou em nossas vidas ao modo de uma moralidade indiscutível.
Ninguém disse que seria fácil, do historiador e militante Valerio Arcary, reúne uma série de artigos escritos ao longo dos últimos anos, período marcado por consecutivas derrotas da esquerda, ascensão da extrema direita e perdas substantivas de direitos da classe trabalhadora. Em 42 artigos curtos, Arcary lança uma importante reflexão à militância socialista, muitas vezes presa às teorias, análises de conjuntura e trabalho analítico e conceitual. Sem se privar da relação com a teoria, os escritos focam outros aspectos da luta como o sentido humano, as relações entre as pessoas e suas contradições, a necessidade de se deixar de lado o individual ante o coletivo. Para o autor, o momento é de levantar tais questionamentos, especialmente diante da ampla vitória do capital e da extrema direita. “Na teia do ser social que constituímos e que nos constitui, avançamos muito na compreensão de suas determinações objetivas, mas nem sempre damos a devida atenção ao problema da subjetividade. Por isso este livro de Valerio Arcary parece-me tão importante. Precisamos conversar sobre a militância, sobre a sensação de isolamento que se segue a uma derrota, sobre o fracionalismo, o embrutecimento, a saúde mental, os valores que nos guiam, os preconceitos, o anti-intelectualismo. Precisamos conversar sobre nós e os outros, os adversários e os inimigos, a classe idealizada e as pessoas reais que compõem nossa classe”, afirma Mauro Luis Iasi no prefácio da obra.
Vivemos uma crise global e múltipla de enormes proporções política, social, econômica, ecológica, ideológica e ética. O crime ecossocial no Vale do Rio Doce, em novembro de 2015, perpetrado por mineradoras transnacionais com a cumplicidade e omissão de instâncias estatais nacionais e regionais, numa aliança típica dos nossos tempos, tornou-se a advertência mais dramática da podridão do sistema capitalista predador que determina nossas vidas.Depois de alguns anos de relativo otimismo no Brasil e na América do Sul, fica evidente mais do que nunca que as sociedades do Norte e do Sul globais estão irremediavelmente interligadas e precisam de profundas transformações políticas e ecológicas muito além do acordo climático de Paris que, mesmo sendo uma resposta insuficiente às múltiplas pressões dos movimentos pela justiça climática, poderia significar um passo na direção correta.Na América do Sul, saltam à vista as limitações dos governos ‘progressistas’ que, fortalecendo o papel do Estado na economia, avançaram numa distribuição mais equitativa da renda das commodities sem, no entanto, questionar mais profundamente o conceito hegemônico de ‘desenvolvimento’, vaca sagrada até para grande parte da esquerda mundial. Essas limitações, nos anos iniciais das ‘revoluções’ democráticas na Venezuela, Bolívia e Equador, e das vitórias eleitorais de candidatos de centro-esquerda no Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai e Peru, não eram descartadas por observadores mais prudentes. (...) Gerhard Dilger
Desde a recessão econômica de 2008, e mais recentemente com a pandemia do coronavírus, as certezas que ditaram por décadas o capitalismo ocidental foram postas em xeque. A crise do projeto neoliberal gerou, à direita e à esquerda, clamores pela volta do Estado intervencionista como contrapeso entre a coletividade e o caos desatado pelo capital globalizado. O neoestatismo é o novo normal político. Essa é a ideia central defendida em O Grande Recuo.
Quais foram as contribuições de Karl Marx ao que chamamos hoje de ecossocialismo. O pensador alemão analisava a relação entre homem e natureza. É possível construir o socialismo em planeta arrasado A obra do filósofo Kohei Saito, além de ser uma contribuição essencial para os debates sobre a contradição entre um sistema capitalista e a preservação da natureza, é um minucioso estudo da evolução dos trabalhos de Marx em relação ao tema homem e natureza. Saito apresenta ao leitor o caminho traçado por Marx para abandonar a ideia de que a produtividade agrícola poderia aumentar indefinidamente no socialismo. “Se em 1844 Marx demonstrava preocupação com a cisão entre ser humano e natureza impulsionada pelo capitalismo, em 1865 escrevia a Engels sobre seu interesse em química e fertilidade do solo. A partir dessa análise, Marx nos entrega elementos para a discussão de ruptura metabólica que nos permite questionar os limites ecológicos do sistema capitalista e, ao mesmo tempo, criticar os impactos da agricultura em larga escala”, diz Sabrina Fernandes no prefácio da obra. O trabalho de Saito não tem como objetivo afirmar que toda e qualquer análise de Marx partia de uma visão ecossocialista e sim servir de ferramenta às contribuições feitas por ele à época. O princípio do ecossocialismo de Karl Marx existe porque ‘o socialismo de Marx prevê uma luta ecológica contra o capital’. Se entendermos ecossocialismo sob essa luz, a verdade é que nem todo socialismo é ecossocialismo, mas seria um avanço se fosse, pontua Fernandes.
Autor do best-seller As Cruzadas vistas pelos árabes revisita o século XX e demonstra, neste livro altamente oportuno, como as civilizações se lançaram à deriva e se encontram, agora, diante de um iminente naufrágio. Os Estados Unidos, embora continuem sendo a única superpotência, estão perdendo toda a autoridade moral. A Europa, que ofereceu aos seus povos e ao resto da humanidade o projeto mais ambicioso e reconfortante do nosso tempo - a União Europeia -, está desmoronando. O mundo árabe-muçulmano mergulha numa crise profunda, agravada por um islamismo cada vez mais radical. As tensões identitárias, em grande parte fomentadas pelas ondas nacionalistas, nunca foram tão exacerbadas.
A mais completa investigação sobre as origens do patrimônio político e financeiro de Jair Bolsonaro e sua família. Resultado de mais de três anos de apuração, O Negócio do Jair: A história proibida do clã Bolsonaro desvenda o passado secreto da família que hoje comanda o Brasil. A jornalista Juliana Dal Piva parte do escândalo das rachadinhas exposto pelo caso Queiroz, a partir de dezembro de 2018, para contar uma história que remonta à entrada de Jair Bolsonaro na política na década de 1990. No centro do passado que o clã tenta abafar, está um esquema de corrupção conhecido entre os participantes como o “Negócio do Jair”. O arranjo ocorria nos gabinetes funcionais ocupados pela família de Bolsonaro em seus mandatos políticos, seja de vereador, deputado estadual ou federal, e envolvia seus três filhos mais velhos, as duas ex-esposas e a atual, amigos, familiares — muitos deles atuando como funcionários fantasmas —, além de advogados e milicianos. Com base em depoimentos exclusivos, cópias sigilosas dos autos judiciais, mais de cinquenta entrevistas, mil páginas em documentos, vídeos e gravações de áudio, a autora demonstra como, à sombra dos grandes esquemas partidários, o clã acumulou milhões de reais e construiu o projeto político autoritário e regressivo que conduziria o chefe da família ao posto mais alto da República.
No primeiro volume de sua trilogia O país dos privilégios , Bruno Carazza enfrenta os meandros do corporativismo estatal para desnudar as regalias e benesses no topo das carreiras do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. A partir da análise das folhas de pagamento de tribunais, ministérios, parlamentos e Forças Armadas, entre outras instituições do Estado brasileiro, o autor revela as estratégias mobilizadas na defesa e promoção de interesses privados destoantes da realidade socioeconômica do país. A despeito das frequentes polêmicas na mídia e na Justiça, a força política dos verdadeiros “donos do poder” continua sendo o principal obstáculo para a implementação de uma reforma administrativa capaz de acabar com os inúmeros benefícios do serviço público. Baseado em sólida pesquisa e dados abrangentes, Carazza narra muitas histórias de quem conhece os bastidores do poder e apresenta possíveis soluções para as distorções entre remuneração e produtividade nos altos escalões do Estado.
"Direitas", "novas direitas", "onda conservadora", "fascismo", "reacionarismo", "neoconservadorismo" são algumas expressões que tentam conceituar e dar sentido a um fenômeno que é protagonista nos cenários nacional e internacional de hoje, após seguidas vitórias dessas forças dentro do processo democrático. Trump, Brexit e a popularidade de Bolsonaro integram as dinâmicas das direitas que a coletânea busca aprofundar a partir de ensaios escritos por grandes pensadores da atualidade. Tendo como foco central o avanço dos movimentos de direita, os textos analisam sob as mais diversas perspectivas o surgimento e a manutenção do regime de ódio dentro do campo político. Luis Felipe Miguel abre o livro apresentando os três eixos da extrema-direita brasileira: o libertarianismo, o fundamentalismo religioso e o revival do anticomunismo. Silvio Almeida continua o raciocínio discorrendo sobre a distinção entre o conservadorismo clássico e o neoconservadorismo atual, para o qual a democracia não passa de um detalhe incômodo. Carapanã tenta responder à pergunta de como chegamos a este cenário de recessão democrática analisando os ataques ao Estado na América Latina e no Brasil. Flávio Henrique Calheiros Casimiro trabalha a cronologia da reorganização do pensamento e da ação política das direitas brasileiras, buscando suas raízes nos anos 1980. Camila Rocha questiona a caracterização das novas direitas brasileiras como militância ou como resultado do financiamento de organizações que articulam think tanks globalmente. Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco analisam as transformações da juventude periférica, que migrou da esperança frustrada para o ódio bolsonarista na última década. Ferréz também traça um retrato das periferias e do reacionarismo contido nelas, com uma linguagem forte e poética. Rubens Casara escreve sobre a direita jurídica de tradição antidemocrática, marcada por uma herança colonial e escravocrata. Edson Teles reflete sobre a militarização da polít
Após escrever um artigo intitulado “O sistema e o antissistema”, em que mostrava preocupação com o crescimento da extrema-direita no mundo, Boaventura de Sousa Santos foi contatado por sua amiga Helena Silvestre dizendo que havia lido o texto e que tinha sobre o tema uma opinião muito diferente. Incitada por Boaventura a escrever sobre o assunto, ela de imediato aceitou. Pensando ainda em uma terceira perspectiva, Boaventura convidou Ailton Krenak para a empreitada. Temos, assim, neste livro três miniensaios distintos sobre o mesmo tema geral, escritos a partir de diferentes contextos sociais, políticos e culturais, por autores de diferentes gerações, com diferentes identidades e histórias de vida, mas irmanados na mesma luta por uma sociedade mais justa, mais igualitária e mais respeitadora da diversidade e da diferença.
Referência obrigatória nos estudos sobre o presidencialismo pós-1988 no país, Sérgio Abranches desvela as debilidades da ordem liberal-democrática e aponta possíveis soluções para sua superação. Na última década, a democracia liberal e as liberdades cidadãs sofreram numerosos retrocessos. Da eleição de Donald Trump à ascensão do bolsonarismo, da vitória do Brexit ao colapso dos partidos social-democratas, uma sucessão veloz de mudanças inesperadas alimentou a onda populista que varreu o planeta, potencializada por crises econômicas, ódios políticos e tensões raciais. A polarização ideológica, a insegurança e o medo, agravados pelas incertezas do presente e pela desesperança no futuro, se propagaram com a rapidez vertiginosa do crescimento da ciberesfera. O estado de direito se converteu no alvo preferencial de líderes oportunistas que souberam aproveitar a conjuntura de frustrações generalizadas e desigualdades agudas. Em O tempo dos governantes incidentais, Sérgio Abranches reflete sobre a saúde precária da soberania popular no Brasil e no mundo. O autor do célebre conceito de presidencialismo de coalizão propõe alternativas para a sobrevivência das instituições democráticas, únicos remédios eficazes contra tiranias e ditaduras. Cover design or artwork by Lacaz, Thiago
Epidemiologista premiado e professor universitário, David Michaels trabalhou por anos no governo dos Estados Unidos e participou dos bastidores da regulamentação do uso de diversos produtos e compostos químicos — da sílica ao diesel, passando pelos opioides. Neste livro, o autor apresenta uma série escandalosa de histórias absurdas: toda uma prática da indústria para atrasar ou mesmo evitar legislações que protejam o público dos itens perigosos que ela coloca em circulação. Da manipulação de dados à encomenda de pesquisas que necessariamente devem apresentar os resultados desejados pelos fabricantes, Michaels expõe os negócios escusos de corporações que, em nome do lucro imediato, criaram um mecanismo de defesa apoiado em negacionismo e ciência fraudulenta, contestando estudos sérios e produzindo incertezas para se isentar da responsabilidade por mortes, adoecimentos e danos ao meio ambiente causados por suas mercadorias.
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