Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.
Wright norteia sua crítica ao capitalismo pelos conceitos de igualdade e justiça; democracia e liberdade; comunidade e solidariedade. Esses conceitos permitem a conexão entre noções abstratas em sua sociologia e sua experiência comunitária, com leitores, pesquisadores, estudantes e militantes. Não perde de vista a crítica da exploração e do poder econômico, além de destacar a destruição ambiental associada ao funcionamento do capitalismo. Como ser anticapitalista no século XXI? é um livro com forte ênfase no ativismo e na militância, pouco afeito a academicismos e voltado para os problemas reais da construção de uma alternativa anticapitalista hoje. Nele, o anticapitalismo é possível como uma defesa moral contra as injustiças e como uma instância prática e alternativa para um maior desabrochar de talentos humanos. Nos primeiros capítulos, Wright elabora um diagnóstico crítico do capitalismo para atender à proposta e ao título do livro; nos demais, ele apresenta propostas sobre o experimento que ele entende serem socialistas em nichos do sistema capitalista dominante. Com otimismo e clareza analítica, apresenta a viabilidade de arranjos institucionais alternativos. Baseado na compreensão híbrida dos modos de organizar a economia e a vida social, inova na conceituação e crítica da transformação social. A edição brasileira traz um prefácio de João Alexandre Peschanski, sociólogo que trabalhou com Wright no Departamento de Sociologia da Universidade de Wisconsin-Madison. Também completa a obra um posfácio escrito pelo eminente sociólogo Michael Burawoy, grande amigo de Wright, que rememora a biografia e as valiosas contribuições do autor do livro. Neste Como ser anticapitalista no século XXI?, um dos mais importantes pensadores das teorias sociais do mundo contemporâneo convida o leitor a transpor os caminhos pedregosos e, às vezes, proibitivos de obras desse teor, num texto fluído que surpreende por seu didatismo analítico e seu otimismo audaz.
Desde o fim do século XX, o sistema capitalista tem reiterado incessantemente o discurso sobre a necessidade de “adaptações” e “mudanças” nas relações de trabalho. Em “É tudo novo”, de novo, o professor de economia Vitor Filgueiras analisa essa narrativa das “grandes transformações”, tão repetida no capitalismo contemporâneo, apresentando seus argumentos e suas contradições, de modo a desnudar seus verdadeiros objetivos: a legitimação da destruição de direitos trabalhistas e o aprofundamento da assimetria entre capital e trabalho. Os argumentos empresariais em torno da inovação defendem que o padrão atual de políticas públicas e ações coletivas relacionadas ao trabalho é inexoravelmente anacrônico e, para evitar um desastre no mercado de trabalho, seria preciso “flexibilizar” e “modernizar” os trabalhadores e as legislações trabalhistas. Embora predatórias, essas narrativas são tão poderosas que acabam sendo assimiladas por parcela importante de trabalhadores e instituições, ajudando a criar uma espécie de “profecia autorrealizável” à medida que são reproduzidas. Em uma linguagem acessível, o livro enfatiza a importância de não assumirmos como verdadeira a retórica capitalista dominante, o que possibilita que as forças do trabalho abram espaço para a criação de alternativas à pauta do capital.
De Mariana a Brumadinho, os últimos anos foram marcados por “acidentes” ambientais promovidos pela mineradora Vale S.A. O solo movediço da globalização, do sociólogo Thiago Aguiar, é resultado de uma ampla pesquisa sociológica, econômica e etnográfica, conduzida em dois países com forte presença da gigante mineradora, Brasil e Canadá. O autor foi a campo e conversou com trabalhadores, dirigentes sindicais, gestores e ex-gestores da empresa para mostrar as mudanças nas relações de trabalho ao longo dos anos, a reestruturação das operações da Vale no Canadá, após a compra da Inco em 2006, que levou à maior greve no setor privado daquele país em trinta anos, além das recentes transformações na estrutura de propriedade e na “governança corporativa” da Vale. Com consequências devastadoras para trabalhadores, comunidades e meio ambiente, o caso da Vale S.A. é um exemplo da desastrosa integração da economia brasileira ao capitalismo global nas primeiras décadas do século XXI. No livro, o autor narra em detalhes a complexa transformação da Vale, uma tradicional empresa estatal umbilicalmente associada ao ciclo industrializante do país, em uma grande corporação mundial na liderança da produção de minério de ferro e de níquel. “Neste livro, Thiago Aguiar nos oferece uma oportunidade ímpar para compreendermos catástrofes como as de Mariana e Brumadinho, e agirmos a fim de evitar que elas se repitam no futuro. De fato, o lado sombrio da globalização capitalista foi iluminado por esta obra politicamente radical e sociologicamente instigante. A urgente resposta da sociedade às ameaças trazidas para nossa existência pela financeirização capitalista se fortalece com livros como este. Lê-lo e debatê-lo são tarefas estratégicas para todos os que lutam por uma sociedade justa e ambientalmente sustentável”, escreve o professor Ruy Braga no prefácio da obra.
No final de fevereiro de 1848, foi publicado em Londres um pequeno panfleto que acabaria por se tornar o documento político mais importante de todos os tempos: o Manifesto Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels. Passado mais de um século e meio, a atualidade e o vigor deste texto continuam reconhecidos por intelectuais das mais diversas correntes de pensamento. A Boitempo Editorial utilizou, com alguns ajustes ortográficos, a tradução feita por Álvaro Pina a partir da edição alemã de 1890, prefaciada e anotada por Engels. O cotejo foi feito de forma minuciosa com as principais edições inglesa, francesa e italiana, confrontadas com duas edições brasileiras anteriores. Além do Manifesto Comunista em si, o volume traz ainda a reflexão de seis especialistas sobre as múltiplas facetas desta que é, ainda hoje, a obra política mais lida e difundida em todo o mundo. Com organização de Osvaldo Coggiola, o livro tem ensaios de Antonio Labriola, Jean Jaurès, Leon Trotsky, Harold Laski, Lucien Martin e James Petras. A edição compila ainda sete prefácios de Marx e Engels à obra, feitos em diferentes períodos.
A interseccionalidade se tornou tema recorrente nos círculos acadêmicos e militantes. Mas qual é o significado exato do termo e por que surgiu como ferramenta indispensável para pensar as desigualdades sociais de raça, classe, gênero, sexualidade, idade, capacidade e etnia? Nesta obra, as autoras fornecem uma introdução muito necessária ao campo do conhecimento e da práxis interseccional. Elas analisam o surgimento, o crescimento e os contornos do conceito e mostram como as estruturas interseccionais abordam temas diversos, como direitos humanos, neoliberalismo, política de identidade, imigração, hip hop, protestos sociais, diversidade, mídias digitais, feminismo negro no Brasil, violência e Copa do Mundo de futebol.
O patriarcado do salário, da filósofa italiana Silvia Federici, traz ao leitor uma série de artigos que abordam a relação entre marxismo e feminismo do ponto de vista da reprodução social. Retomando diversas discussões presentes nas obras de Karl Marx e Friedrich Engels, a autora aponta como a exploração de trabalhos como o doméstico e o de cuidados, exercido sem remuneração pelas mulheres, teve e tem papel central na consolidação e na sustentação do sistema capitalista.Revisitando a crítica feminista ao marxismo e trazendo para o debate perspectivas contemporâneas sobre gênero, ecologia, política dos comuns, tecnologia e inovação, Federici reafirma a importância da linguagem, dos conceitos e do caráter emancipador do marxismo. Ao mesmo tempo, esclarece por que é preciso ir além de Marx e repensar práticas, perspectivas e ativismo a fim de superar a lógica social baseada na propriedade privada e desenvolver novas práticas de cooperação social.
Lançado originalmente há trinta anos e publicado no Brasil pela primeira vez, Raça, nação, classe traz ao leitor um profícuo debate sobre o racismo e sua relação com a luta de classes, o capitalismo e o nacionalismo. Como é possível que o racismo ainda seja um fenômeno crescente Quais são as características específicas do racismo contemporâneo. Esta obra tenta responder a essas perguntas fundamentais por meio de um diálogo entre o filósofo francês Étienne Balibar e o historiador e sociólogo estadunidense Immanuel Wallerstein. Ambos os autores desafiam a noção de que o racismo é uma continuação ou um retorno da xenofobia de sociedades do passado e o analisam como uma relação social indissoluvelmente ligada às estruturas sociais atuais o Estado, a divisão do trabalho e a divisão entre centro e periferia que são constantemente reconstruídas. Apesar de naturais divergências durante o diálogo, Balibar e Wallerstein enfatizam a modernidade do racismo e a necessidade de entender sua relação com o capitalismo contemporâneo. Acima de tudo, a obra revela as formas de conflito social presentes e futuras, em um mundo em que a crise do Estado é acompanhada por um aumento alarmante do nacionalismo, do chauvinismo e da xenofobia.
Primeiro livro do francês Pierre Charbonnier publicado no Brasil, Abundância e liberdade traz uma profunda investigação filosófica sobre as origens e o significado da história ambiental. Ao abordar um contexto de brutais mudanças ecológicas, climáticas, políticas e sociais, a obra marca um novo desafio: o de reconstituir os arranjos entre sociedade e natureza tendo em vista as categorias políticas modernas sobre as quais foram assentados. O autor argumenta que para entender o que está acontecendo com o planeta é necessário retornar às formas de ocupação do espaço e do uso da terra vigentes nas sociedades da primeira modernidade ocidental: “Para compreender os impérios do petróleo, as lutas por justiça ambiental e as curvas perturbadoras da climatologia, é preciso voltar à agronomia, ao direito e ao pensamento econômico dos séculos XVII e XVIII [...]. Para compreender nossa incapacidade de impor restrições à economia em nome da proteção de nossa subsistência e de nossos ideais de igualdade, é preciso retornar à questão social do século XIX e ao modo como a indústria afetou as representações coletivas da emancipação”. A atual crise climática revela de maneira espetacular a relação entre a abundância material e o processo de emancipação. Com o livro, Charbonnier lança as bases de uma reflexão coletiva sobre os resultados do paradigma moderno do progresso e os sentidos que damos à liberdade em um momento em que a crise climática, ecológica e econômica coloca em perigo sua própria realização.
Quais foram as contribuições de Karl Marx ao que chamamos hoje de ecossocialismo. O pensador alemão analisava a relação entre homem e natureza. É possível construir o socialismo em planeta arrasado A obra do filósofo Kohei Saito, além de ser uma contribuição essencial para os debates sobre a contradição entre um sistema capitalista e a preservação da natureza, é um minucioso estudo da evolução dos trabalhos de Marx em relação ao tema homem e natureza. Saito apresenta ao leitor o caminho traçado por Marx para abandonar a ideia de que a produtividade agrícola poderia aumentar indefinidamente no socialismo. “Se em 1844 Marx demonstrava preocupação com a cisão entre ser humano e natureza impulsionada pelo capitalismo, em 1865 escrevia a Engels sobre seu interesse em química e fertilidade do solo. A partir dessa análise, Marx nos entrega elementos para a discussão de ruptura metabólica que nos permite questionar os limites ecológicos do sistema capitalista e, ao mesmo tempo, criticar os impactos da agricultura em larga escala”, diz Sabrina Fernandes no prefácio da obra. O trabalho de Saito não tem como objetivo afirmar que toda e qualquer análise de Marx partia de uma visão ecossocialista e sim servir de ferramenta às contribuições feitas por ele à época. O princípio do ecossocialismo de Karl Marx existe porque ‘o socialismo de Marx prevê uma luta ecológica contra o capital’. Se entendermos ecossocialismo sob essa luz, a verdade é que nem todo socialismo é ecossocialismo, mas seria um avanço se fosse, pontua Fernandes.
E, neste novo contexto, o Brasil, por suas potencialidades naturais, pode assumir uma posição de enorme destaque. É esta a oportunidade histórica que não podemos perder.
Universidade pública e democracia reúne artigos escritos por João Carlos Salles ao longo da última década; em um estilo lapidar e com reflexões lúcidas, os textos abarcam os longos anos de militância na educação e apresentam análises da conjuntura atual. Filósofo e professor de lógica, Salles faz uma defesa apaixonada de um modelo radicalmente democrático de universidade, enquanto, de um lado, retrata um projeto utópico de educação nacional e, de outro, elenca as iniciativas antidemocráticas e os ataques direcionados à educação pública dos últimos anos. O ponto alto da obra é o enfrentamento do Future-se, programa apresentado pelo governo federal em 2019. O livro é dividido em três partes: na primeira, Salles desenvolve uma reflexão a respeito da universidade como instituição pública e democrática; na segunda, parte para sua experiência como professor e reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA); e, na terceira, faz uma análise dos atuais desmanches e ataques do governo à educação e à universidade, com especial atenção ao programa Future-se.
Odeio os indiferentes é uma coletânea de artigos escritos ao longo de 1917 pelo então jovem jornalista italiano Antonio Gramsci 1891-1937. Os textos escolhidos foram publicados nos jornais socialistas Il Grido del Popolo O grito do povo e Avanti! [Avante!] e no folhetim La Città Futura, da Federação Juvenil Socialista, que, escrito inteiramente por Gramsci, contém o artigo que dá título à obra. Grande parte dos textos selecionados é inédita em português. Seguindo a linha cronológica do conturbado ano de 1917, a coletânea apresenta as divergências sobre socialismo e revolução entre Gramsci e o Partido Socialista Italiano, o PSI, do qual o filósofo era membro; perpassa os acontecimentos da Revolução Russa; traz análises sobre os bolcheviques e seu líder, Vladimir I. Lênin; expõe críticas e diagnósticos sobre a Primeira Guerra Mundial; e oferece previsões sobre os rumos do socialismo italiano. Além dos artigos, o volume traz todo um aparato crítico elaborado pelos tradutores: texto de apresentação, notas de rodapé e cronologia da vida e da obra do pensador marxista.
Ser Abrasquiano(a) significa não só apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, como também compartilhar dos princípios da saúde como um processo social e lutar pela ampliação dos direitos dos cidadãos à saúde pública e de qualidade.