Este livro reflete sobre a escravidão contemporânea. Os capítulos que o compõem mostram que as formas que ela assume na atualidade não são apenas resquícios da escravidão do passado, têm suas próprias especificidades e ganham espaço em um contexto global de trabalho cada vez mais precarizado. Mulheres escravizadas; tráfico de pessoas e exploração sexual; exploração de migrantes; trabalho forçado na marinha mercante, propostas de erradicação do trabalho escravo; mecanismos de responsabilização; controle das condições de trabalho por meio da "lista suja" e de selos sociais; mudanças na legislação e nas políticas públicas, seus avanços e retrocessos; decisões judiciais e dificuldades na obtenção de condenações; operações de resgate; educação para prevenção; exploração no trabalho bancário, uberização e novas tecnologias são alguns dos muitos temas abordados.
"Se não pudermos culturalmente aceitar o modo como o pensamento e a prática da supremacia branca elucidam aspectos de nossa vida, independentemente da cor da pele, nunca conseguiremos ir além da raça." Neste livro, lançado originalmente em 2013, apósum relevante marco histórico no debate racial - a eleição de Barack Obama como primeiro presidente negro dos Estados Unidos -, bell hooks consolida e aprimora um argumento que a acompanhou por décadas: a compreensão da supremacia branca enquanto "ideologia dissimulada que é a causa silenciosa do dano e do trauma". Nos dezessete ensaios deste volume, em que volta a exercer uma refinada crítica cultural, a autora se esforça para demonstrar que raça, gênero e classe "correm o risco de se tornar meros tópicos de investigação sem relação com o aprendizado transformador ou com a mudança prática". Para evitá-lo, explica hooks, a análise intersecional deve incorporar o entendimento da supremacia branca como característica transversal dos sistemasinterligados de dominação. "Estou tentando pensar e escrever além dos limites que nos mantêm hiper-racializados", diz. "Encontrar uma maneira de ir além da raça é o único caminho para a longevidade emocional e para a libertação."
Nos ensaios que compõem este volume, James N. Green se debruça sobre seus temas de pesquisa mais caros, a saber, o movimento LGBTQIA+ e o período da ditadura militar brasileira, sem se afastar do tom pessoal e da prosa fluida que lhe são característicos. Trata-se de uma obra que já nasce como referência para todos que estudam ou têm curiosidade sobre o tema.
A formulação do Projeto de Lei do Espaço Coruja foi sem dúvida uma das ações de maior impacto emocional para Marielle. Era a sua história: uma mulher negra, favelada, que foi mãe jovem e precisava de um lugar seguro para deixar sua filha enquanto trabalhava e estudava. Marielle teve uma rede de familiares e de amigos que lhe garantiu avançar e concluir seus estudos. Mas ela conhecia as diversas e duras realidades da maioria das mulheres que são as que não possuem essa oportunidade. Com sua empatia e olhar solidário diante da realidade dessas mulheres, ela propôs, como legisladora, a criação do Espaço Infantil Noturno. Foram muitos os momentos em que a vi preocupada e empenhada com a elaboração desse projeto tão caro a ela. Ouvinte ativa às críticas, sempre buscou ponderar, mas tinha em seu próprio corpo e história de vida a certeza da urgência deste projeto. Espero que, com essa lei, crianças tenham direito a um lugar seguro enquanto suas mães e pais trabalham e/ou estudam. Assim, Marielle seguirá construindo um mundo mais justo e igualitário e movimentando as estruturas dessa sociedade ainda tão patriarcal, misógina, machista e racista. [Monica Benicio]
Este livro apresenta a contribuição de Milton Santos à busca de uma teoria do espaço e da urbanização no Terceiro Mundo. O geógrafo considera que o fenômeno do subdesenvolvimento carece de um esforço de compreensão global, sem o qual a solução de problemas particulares é impossível. É um esforço original de interpretação sistemática e interdisciplinar da evolução econômica social, política e ao mesmo tempo geográfica do conjunto dos países do Terceiro Mundo. Valendo-se da análise de inúmeras variáveis, e apoiado num vasto elenco de exemplos baseados na África, América Latina e Ásia, o autor chega a interpretações próprias sobre o fenômeno complexo que é o subdesenvolvimento e suas repercussões na vida das populações a ele submetidas, sobretudo nos comportamentos espaciais e suas leis em uma situação de dependência.
O autor analisa a história dos movimentos utópicos surgidos durante anos, investigando por que falharam e o que as idéias que os sustentaram ainda têm a oferecer. Para ele podemos e devemos usar a força da imaginação utópica – o “utopismo dialético” - contra todos os que dizem que não existe alternativa. Ao mesmo tempo, Harvey reconduz nossa atenção para possíveis cenários nos quais o mundo do trabalho e das relações com a natureza seja mais eqüitativo. Dessa maneira o autor não deixa dúvidas a respeito da sua geografia da esperança.
O livro parte de um problema específico, que se situa no confronto entre a política mundial de guerra às drogas e o direito universal preconizado pelo SUS. Ao longo do livro analisou-se esse confronto a partir da tensão entre dois paradigmas: o paradigma da Abstinência e o paradigma da Redução de Danos. Os dois conceitos travam batalha ao longo do livro, ora no subsolo por meio dos problemas que os fundamentam, ora na superfície pelas redes que os sustentam. O problema específico entre o campo da saúde e a política de guerra as drogas se apoia num problema mais amplo e geral: de que forma o problema posto à vida dos usuários de drogas diz respeito a uma problemática mais geral das tecnologias de governo da vida? Situar, historicamente, a emergência do “dispositivo drogas” se tornou a estratégia para confrontar a racionalidade neoliberal a perspectiva dos territórios marginais, junto à população em situação de rua, ali onde o direito universal se confronta com toda violência da guerra às drogas.
Estigma é definido como um atributo negativo ou depreciativo, que torna o sujeito diferente, diminuído ou possuidor de uma desvantagem. Mas o problema vai além: o estigma é também um dos processos sociais que reduzem o acesso à saúde por parte dos indivíduos e grupos afetados. No caso da Aids e do sofrimento mental, o estigma é, reconhecidamente, um dos maiores empecilhos aos avanços das políticas e ações que buscam garantir os direitos de seus portadores à dignidade e à cidadania. Aprofundar a análise dessas questões é o objetivo desta coletânea, que reúne dez capítulos, assinados por autores brasileiros e norte-americanos. Eles fazem alertas sobre os meandros da estigmatização e as formas de eliminá-la, buscando conexões entre as pesquisas acadêmicas e as práticas dos serviços de saúde.
Acredito que o essencial é que não se considere mais a latência uma etapa de quase estancamento do desenvolvimento, e que se encontre nela, ao saber lê-los, não só os defeitos tão afamados da repressão que apaga as manifestações da sexualidade e do complexo de Édipo, mas também as modificações do que foi vivido anteriormente, as quais apontam, com a aquisição de novos mecanismos, o estabelecimento progressivo de um aparelho psíquico distinto...
A obra reúne alguns estudos, distribuídos em dez capítulos, sobre saúde, ambiente e trabalho, numa perspectiva qualitativa, trazendo para o centro da investigação a análise de narrativas dos sujeitos implicados no processo de trabalho. Os capítulos articulam a práxis social com a lógica causal das ciências biológicas, humanizadas pelos sentidos dos sujeitos envolvidos, além do diálogo com a análise ergonômica do trabalho, que adquire destaque no processo de adoecimento.
Escrevi este livro em menos de três semanas. Isto quer dizer que talvez fosse melhor não o ter publicado e pensar as coisas mais um pouco. Mas se ele chegou até você é porque mais alguém além de mim, inclusive a editora e alguns amigos que costumam me aconselhar bem, deve tê-lo achado interessante, divertido, oportuno ou que vale a pena, por algum motivo que não imagino qual seja. Há ocasiões em que acredito que essas linhas são muito individuais, que são apenas uma revolta minha, um desabafo diante do que está caindo, sem o menor interesse teórico, a não ser a necessidade que pode haver no movimento LGBTQ de compartilhar frustrações, raivas, ódios, a necessidade urgente de fazer algo, a sensação de esgotamento de nossos coletivos, dos dirigentes e das teses oficialistas, a certeza de que ficamos muito tempo no fundo do poço e de que as mudanças legais produzidas no nosso país vão sepultar, paralisar a nossa luta ou deixá-la a ver navios, em vez de potencializá-la e reativá-la.
A obra comenta as atuais marcas de uma época em mutação e a emergência de novos paradigmas, especialmente o ecossistêmico. Por um lado, o autor faz ver a decadência que se instalou em muitas áreas de nosso mundo, e por outro lado, demonstra um coletivo tanto de movimentos e pensadores quanto posturas científicas e holísticas que marcam um novo começo com base em uma postura mais ética.
O livro Ética Socioambiental, ao abordar e ter implicações sobre distintas áreas do conhecimento, envolve ciências sociais e humanas, em conjunto com outras ciências relacionadas com a complexidade e o entendimento das éticas e seus desafios. Trazendo conhecimentos e reflexões desenvolvidos e conduzidos por grupos de várias instituições do país e do exterior, as atenções deste livro estão distribuídas em três partes: Perspectivas teóricas para uma ética socioambiental; Não humanos na ética socioambiental; e Território, equidade e justiça ambiental.
Temos nós, consumidores, alguma parcela de responsabilidade ante a crise ambiental em que vivemos? Será através da mudança do nosso estilo de vida o caminho para se alcançar o florescimento do meio ambiente? Alguns indivíduos têm assumido o compromisso de mudar seus hábitos de consumo objetivando transformar a sociedade, por entenderem o âmbito do consumo como um espaço de ação política.
As autoras aqui reunidas, propondo-se a repensar suas práticas cotidianas à luz das leituras e trocas vivenciadas no grupo, buscam compreender e denunciar as maneiras pelas quais o racismo estrutural e sistêmico adoece pessoas e relações em todas as esferas da vida. Tecendo interlocuções com as ideias de Jacob Levy Moreno e o pensamento de intelectuais negros e negras, discorrem sobre letramento racial, branquitude, relações familiares afrocentradas, intersubjetividade, mulher negra, envelhecimento e negritude, entre outros temas. Suas reflexões ajudam a entender o psicodrama como uma abordagem psicossocial que tem o potencial de contribuir para a luta antirracista e a construção de relações mais saudáveis. Textos de: Adriana Cristina Dellagiustina, Adriane Rita Lobo, Caroline Batista Bettio, Daniela Aparecida Cardoso da Silva, Dayse Bispo Silva, Elenice Gomes, Evânia Maria Vieira, Luiza Lacerda de Oliveira, Luiza Martins Silva Guimarães, Maria Célia Malaquias, Maria Luiza Vasconcellos Barbosa, Maristela Paz Correa Felipe, Marli de Oliveira, Melissa Oliver Vidal, Rosana Maria de Sousa Rebouças, Silvana Monteiro Gondim, Sirlene Margarida Pedro, Soraia André César, Teresa Cristina Bignardi Gonçalves e Valéria Brito.
Filósofo trans e um dos maiores pensadores da atualidade, Paul Preciado desafia a psicanálise a se abrir às novas abordagens político-sexuais. Em novembro de 2019, Paul Preciado foi convidado a falar para 3.500 psicanalistas na Jornada Internacional da Escola da Causa Freudiana em Paris, cujo tema era “Mulheres na psicanálise”. Seu discurso se inspirou no emblemático Relatório a uma academia, de Franz Kafka, em que um macaco diz a uma assembleia de cientistas que a subjetividade humana é uma jaula como a que o aprisionou. A fala de Preciado provocou um abalo sísmico. O filósofo apresentou à plateia o dilema que, acredita ele, deve ser enfrentado pela psicanálise — seguir trabalhando com a velha epistemologia da diferença sexual e validar o regime patriarcal colonial que a sustenta, endossando e sendo também responsável pela violência que produz; ou abrir-se a um processo de crítica política das suas linguagens e práticas, e enfrentar a nova aliança necropolítica do patriarcado colonial e suas tecnologias farmacopornográficas.
A influência dos exercícios físicos na promoção da saúde, na prevenção e no tratamento de doenças é o foco deste livro. Os capítulos abordam temas diversos, incluindo a fisiologia, o metabolismo e a imunologia do exercício, além de analisar, por exemplo, os tipos de exercícios a serem enfatizados ou evitados em determinadas circunstâncias, bem como os efeitos esperados e os fatores de risco. O livro dispõe de seções sobre as condições cardiovasculares, metabólicas, respiratórias, neuromusculares e ortopédicas, além de tratar de ginecologia, obstetrícia, psiquiatria e neurologia. Esta obra vem tornar-se referência tanto para médicos como para educadores físicos, combinando conhecimentos de ambas as áreas. Autores: Profs. Drs. Mauro Vaisberg e Marco Túlio de Mello Prof. Dr. Mauro Vaisberg Especialista em Medicina Esportiva. Mestre em Imunologia pela Unifesp. Doutor em Reabilitação pela Unifesp. Médico Pesquisador da Disciplina Clínica Médica da Unifesp. Prof. Dr. Marco Túlio de Mello Especialista em Educação Física para Pessoas com Necessidades Especiais pela UFU. Doutor em Ciências/Psicobiologia pela Unifesp. Prof. Adjunto da Disciplina Medicina e Biologia do Sono da Unifesp. Livre-docente da Unicamp.
Leitura obrigatória para se compreender a complexidade da exploração sexual e seus modos de enfrentamento. O livro contribui para o debate das ciências sociais com a análise sobre os modos de conceituar o problema, suas ambiguidades e deslizamentos morais. Apresenta também a diversidade de experiências de enfrentamento em distintos territórios ? cidades de fronteiras, da região amazônica, turísticas, ligadas à exploração do petróleo e rodovias.
Fabulosas conta as histórias de mais de trinta pessoas LGBTQIAP+ que deixaram e deixam uma marca no Brasil, por meio de sua arte, sua vida e sua luta. Os leitores vão conhecer personagens fascinantes e descobrir peculiaridades como o percurso enfrentado até o primeiro beijo gay na TV brasileira e o significado dos principais termos do pajubá. Você certamente já ouviu falar de Laerte. E de Caio Fernando Abreu, de Marielle Franco, de Linn da Quebrada. Mas e Felipa de Souza? E Luiz Delgado? Muito antes de os movimentos LGBTQIAP+ se articularem e conseguirem suas primeiras vitórias, já havia brasileires lutando pelo direito de viver sua sexualidade e seu gênero de maneira livre.
Há 20 anos Isabel da Silva Kahn Marin dedica-se ao trabalho na área da infância em um recorte que prioriza o pensar e o fazer em relação àquelas crianças que vivem alguma condição de vulnerabilidade - o abandono, a vitimização, a privação temporária ou permanente do convívio familiar, a institucionalização provisória ou não.
Em 2017, Vera Iaconelli aceitou o desafio de traduzir o cotidiano a partir do referencial psicanalítico. Desde então, os artigos publicados periodicamente na Folha de S.Paulo exploram diversas camadas da sociedade contemporânea através de temas como relações afetivas, feminismo, masculinidade, educação, sexo e política, além, claro, de parentalidade. Uma abordagem fluida e consistente que foi inevitavelmente marcada por dois eventos de grande impacto social: o fortalecimento de tendências autoritárias, com a ascensão de Bolsonaro, e a eclosão de uma pandemia global. Seguindo o fio dos acontecimentos que marcaram ―e marcam ―nossa época, esta coletânea reúne algumas das reflexões relacionadas àpremissa de que o sofrimento ordinário épermeado de felicidade ordinária, episódica e fugaz. Em uma alentada introdução inédita, a autora reflete sobre as contribuições singulares da psicanálise para o enfrentamento das questões contemporâneas que marcam nosso dia a dia.
Como é possível que relações familiares permeadas de amor e consanguinidade sejam também violentas e repressoras do ponto de vista racial? Em um país onde um terço das relações matrimoniais se dá entre pessoas que se autoclassificam como sendo de raças diferentes, responder a essa pergunta é tarefa urgente para o avanço do combate ao racismo. Ao indagar se vínculos afetivos em famílias inter-raciais podem amenizar ou desconstruir o ideário racista nos indivíduos, Lia Vainer Schucman percebe que a raça não atua apenas como elemento organizador, mas também como uma categoria geradora de dinâmicas, discursos, conflitos e hierarquias intrafamiliares. É o caso, por exemplo, dos Alves: apesar de João se considerar negro, Valéria não reconhece a identificação do filho, negando a origem e a presença da negritude na família. Assim, a mãe reproduz e legitima o racismo no qual foi socializada, ainda que haja amor em sua relação. Além desta, mais quatro famílias oferecem relatos comoventes e deixam entrever ora um profundo sofrimento, ora lampejos de consciência racial ativa e coletiva, demonstrando que o espaço familiar pode tanto ser um lugar de enfrentamento da violência, como de sua perpetuação. Das entrevistas também emergem conceitos muito debatidos nos estudos sociológicos e na antropologia — as máscaras brancas de Fanon, a dupla consciência de Du Bois — que, aliados à abordagem psicossocial de Schucman, permitem compreender não só a sociedade brasileira, embasada no mito da democracia racial, como a ideologia do embranquecimento e os impactos disso na subjetividade das pessoas. Vê-se também a dificuldade de classificação racial e o lugar de fluidez do mestiço, este que raras vezes tem sua subjetividade pesquisada. Famílias inter-raciais é um estudo corajoso e acessível por sua linguagem e sensibilidade. Ao abrir a porta da casa de cada família, escancara o que no debate público já há muitos anos se diz: a formulação de mais estratégias de enfrentamento ao racismo é fundamental para combater a desigualdade e a crise social no Brasil.
Ancorada no pensamento crítico feminista brasileiro e no feminismo materialista francófono, reivindica a categoria relações sociais de sexo (e não a de gênero) para fundamentar a materialidade da exploração e da dominação das mulheres - e a contradição, o antagonismo e o conflito que implicam. Dimensões frequentemente banidas do debate teórico pelo predomínio das análises funcionalistas liberais ou culturais da pós-modernidade. Unindo densidade teoria e leveza na escrita, esta obra abre-se a leitoras e leitores com breves e longos percursos de formação.
Livro que se propões a analisar os novos desafios teóricos, éticos e políticos para o feminismo no campo da reprodução, dos direitos e do enfrentamento à mercantilização do corpo e da vida das mulheres.
Personagens fundamentais do feminismo brasileiro, Branca Moreira Alves e Jacqueline Pitanguy recuperam a história dos movimentos e articulações feministas no país, a partir das memórias de mulheres que estavam à frente dessas lutas entre os anos 1970 e 1990, período determinante para o avanço dos direitos das mulheres no Brasil. Dos séculos de dominação patriarcal aos bastidores das articulações políticas nacionais, as autoras narram uma história de luta fundamental e até hoje não contada, revelando o pioneirismo das mulheres, ainda pouco reconhecido entre nós e que abriu caminhos para as lutas contemporâneas.
Aqui o feminismo não é apenas mais uma teoria defendida na universidade, nem uma trincheira de políticos em busca de votos. Marli Gonçalves, combatente de primeira hora, sai uma vez mais em campo para ajudar mulheres e homens a praticar o feminismo, a lutar por uma sociedade mais justa. Marli foge dos teóricos da moda, assim como do(a)s político(a)s oportunistas. O feminismo que prega é o vivido, não apenas o pensado. Este livro é o presente ideal para mulheres e homens que queiram – ou precisem – aprender o que é mesmo esse tal de feminismo...
Com organização de Henrique Marques Samyn e Lina Arao, Feminismos Dissidentes reúne quatorze artigos que questionam a cor e a classe do feminismo hegemônico. O livro reúne textos produzidos por representantes de feminismos dissidentes, tematizando demandas de mulheres negras, amarelas, romani/"ciganas" e amazônicas; vocalizando pautas de lésbicas, transexuais e travestis; abordando questões caras a grupos excluídos e invisibilizados – mães pobres, mulheres gordas, trabalhadoras sexuais e praticantes de BDSM; e trazendo discussões de pesquisadoras brancas que questionam o lugar da própria branquitude nos movimentos feministas. Uma leitura essencial para quem quer questionar e refletir sobre as perspectivas interseccionais e os feminismos contra-hegemônicos.
Como ampliar os direitos das brasileiras, contando com o apoio de mais mulheres, de diferentes vertentes políticas? Em um momento de extremo embate, com o governo mais conservador desde a redemocratização e em meio a inúmeras investidas para retroceder direitos conquistados ao longo dos anos, essas são questões latentes. Nesta obra, as pesquisadoras Beatriz Della Costa, Camila Rocha e Esther Solano apresentam uma minuciosa pesquisa feita com mulheres de vários espectros sociais e ideológicos para entender consensos e dissensos no que diz respeito ao feminismo e aos direitos das mulheres hoje. Uma pesquisa quantitativa realizada pelo instituto Big Data complementa a obra, que traz uma espécie de guia de ação política para conversas com mulheres que se denominam conservadoras, com o propósito de encontrar valores básicos que unam mulheres de campos políticos diferentes e assim construir uma agenda em comum para todas as brasileiras. “A despeito de suas muitas diferenças, praticamente todas aquelas com quem conversamos almejavam ser mulheres empoderadas. Todas afirmavam que o machismo as prejudicava em seu cotidiano e desejavam ser autônomas, independentes dos homens tanto material como emocionalmente, e livres para alcançar seus objetivos de vida. A grande diferença que separa as mulheres que se identificam como conservadoras das demais é a importância que as primeiras conferem ao papel desempenhado pela mulher dentro da família e à harmonia do lar; é fato, porém, que todas ressaltam a importância de políticas públicas que permitam que as mulheres conciliem o trabalho fora de casa e o cuidado com a família.”
Neste ensaio inédito, baseado em larga pesquisa e em uma série de entrevistas, Heloisa Buarque de Hollanda analisa o papel das mulheres em campos chave da cultura brasileira, como a literatura, o cinema novo e a MPB, entre os anos 1950 e 1980, evidenciando atuações pioneiras de artistas que fizeram o feminismo avançar, mesmo sem, muitas vezes, se dar conta dessa fundamental atuação. São nomes como Elis Regina, Leci Brandão, Rita Lee e Joyce Moreno; Carmen da Silva, Carolina Maria de Jesus, Ana Cristina Cesar, Marina Colasanti e Marilene Felinto; Adélia Sampaio, Helena Solberg, Vera Figueiredo, Eunice Gutman e muitas outras que têm seu pioneirismo analisado com o olhar afiado e o texto saboroso de Heloisa.
O Problema Central Dos Caminhos De Pesquisa Que Percorri Para Desembocar Nas Ideias Aqui Expostas, Próprio Do Subcampo Da Antropologia Chamado De Antropologia Política, É A Definição De Política. [.] Em Busca De Uma Definição Liberta De Pressupostos Ocidentais De Política Que Abrisse A Possibilidade De Compreensão E Tradução, Cheguei À Definição De Política Como Modo De Operar Coletivos Ou Conjuntos De Princípios E Procedimentos De Juntar E Separar Grupos.
Após mais de três décadas de sua produção original, o livro Festas populares no Brasil, de Lélia Gonzalez, chega às livrarias de todo o país pela editora Boitempo. Trata-se do único livro que a pensadora, acadêmica e militante do movimento negro brasileiro, publicou em vida exclusivamente como autora. Escrita em 1987, a obra apresenta registros fotográficos de festas populares do Brasil de norte a sul com textos informativos que apresentam as marcas da herança africana na cultura brasileira, a integração entre o profano e o sagrado e a reinvenção das tradições religiosas na formação do imaginário cultural brasileiro.
Nos últimos anos, assistimos a uma explosão de protestos pelo mundo contra a brutalidade e repressão policial. Entre ativistas, jornalistas e políticos, a conversa sobre como melhorar o policiamento tem se concentrado na responsabilidade, diversidade, treinamento e melhores relações com a comunidade. Infelizmente, essas reformas não produzirão os resultados esperados. O cerne do problema deve ser abordado: a natureza do próprio policiamento moderno. A militarização na aplicação da lei e a dramática expansão do papel da polícia nos últimos 40 anos criaram uma lógica perversa que deve ser revertida. Este livro tenta despertar a discussão pública, revelando as origens contaminadas do policiamento moderno como uma ferramenta de controle social. Mostra como a expansão da autoridade policial é inconsistente com o empoderamento das comunidades, a justiça social e até mesmo a segurança pública. Com base em pesquisas inéditas no mundo todo e cobrindo praticamente todas as áreas nesta gama cada vez mais ampla de trabalho policial, Alex Vitale demonstra como a aplicação da lei veio exacerbando os próprios problemas que deveria resolver.
Qual o papel desempenhado pelo sexo na política? A partir desta questão, a psicanalista Maíra Marcondes Moreira argumenta como a diferença sexual se relaciona com os moldes de reconhecimento nas democracias liberais, e apresenta o que seriam uma Política do Masculino e uma Política do Feminino. Para ela, precisamos, mais do que nunca, de uma política sexual anticapitalista, em que os sujeitos não tenham uma relação corpórea consigo mesmos e com terceiros em decorrência de seus predicados, atributos e marcadores sociais. Despojados de uma relação em que presumem ser e ter um corpo, despossuídos do princípio identitário do qual são acusados, a autora mostra que é possível construir outra política para além da receita de bolo identidade, unidade e universalidade.
Nesse conjunto de ensaios, Luiz Antonio Simas e Luiz Rufino propõem uma interpretação do Brasil a partir do conhecimento acumulado na macumba e em outros saberes populares. Para os autores: “No Brasil terreiro, os tambores são autoridades, têm bocas, falam e comem. A rua e o mercado são caminhos formativos onde se tecem aprendizagens nas múltiplas formas de trocas. A mata é morada, por lá vivem ancestrais encarnados em mangueiras, cipós e gameleiras. Nos olhos d’água repousam jovens moças, nas conchas e grãos de areia vadeiam meninos levados. Nas campinas e nos sertões correm homens valentes que tangem boiadas. As curas se dão por baforadas de fumaça pitadas nos cachimbos, por benzeduras com raminhos de arruda e rezas grifadas na semântica dos rosários. As encruzilhadas e suas esquinas são campos de possibilidade, lá a gargalhada debocha e reinventa a vida, o passo enviesado é a astúcia do corpo que dribla a vigilância do pecado. O sacrifício ritualiza o alimento, morre-se para se renascer. O solo do terreiro Brasil é assentamento, é o lugar onde está plantado o axé, chão que reverbera vida”.
Neste livro foi enfocado o processo de formação e a atuação de agentes comunitários, por meio de um programa no qual mulheres de uma comunidade de nível socioeconômico baixo foram ensinadas a atuar como agentes comunitárias. Este trabalho descreve com detalhes todos os passos inerentes ao planejamento de ensino, à formulação e aplicação do programa, ao acompanhamento e à avaliação da atuação dessas agentes da comunidade.
No Brasil, o envelhecimento populacional acelerado gerou a necessidade de rápido aprimoramento profissional entre os que cuidam da saúde de idosos. O conhecimento especializado do fazer geriátrico e gerontológico é a base para todos aqueles que ingressam nesse campo de atuação.