Em Minha Querida Sputnik , Haruki Murakami nos apresenta um Japão de restaurantes sofisticados e cores vibrantes, e nos leva ao centro de um triângulo amoroso arrebatador e, ao mesmo tempo, incomum. K. é um jovem professor que vive em Tóquio e é apaixonado por Sumire, sua melhor amiga, uma garota que largou os estudos para se tornar escritora. A vida dela se resume aos livros: eles não só definem o seu dia-a-dia de leitora voraz como também o modo de se vestir.
Miséria da filosofia é, no conjunto da obra de Marx, uma etapa de grande importância. É uma obra ao mesmo tempo de transição e de maturidade. Ela constitui, para ele, a primeira síntese entre uma filosofia metódica e uma economia política, ao mesmo tempo objetiva e concreta. Até então, Marx entendia essas duas disciplinas de forma separada. A experiência adquirida em Paris e Bruxelas, sua participação na organização do movimento operário francês e, além disso, suas primeiras ligações operárias internacionais e, sem dúvida, a reflexão sobre os erros de Proudhon, lhe permitem, pela primeira vez, apreender a realidade de forma mais completa e esclarecer outros aspectos ainda não tratados. O método marxista se revela apto a ser aplicado na vida real e na explicação da vida real.
Missão Previnir e Proteger: Condições de Vida, Trabalho e Saúde dos policíais Militares do Rio de Janeiro supre uma carência bibliográfica nos estudos de segurança pública, quase todos voltados para aspectos estratégicos ou técnicos da questão e, omitindo
Mobilidade antirracista” coloca em questão um dos aspectos mais importantes e menos discutidos do racismo: a espacialidade. O racismo é relação social e, como toda relação, se materializa em um espaço constituído por determinadas condições históricas. Pensar a “raça” de forma crítica é, portanto, considerá-la um construto socioespacial. Com efeito, características físicas e práticas culturais são apenas o dispositivo que faz atuar sobre os indivíduos uma série de mecanismos de controle e de dominação. O tratamento dispensado pelo presente livro à questão da mobilidade urbana nos leva a refletir como o racismo opera na configuração dos espaços e na determinação das condições com que os corpos se movimentam em cidades organizadas pela lógica da exploração capitalista. Por isso, a luta antirracista consiste na formulação teórica e na realização de práticas políticas que quebrem as interdições raciais e de classe. – Silvio Luiz de Almeida, presidente do Instituto Luiz Gama, doutor em direito, professor e advogado.
Apresenta as principais causas da mortalidade feminina no Brasil nos últimos anos. Um CD-ROM com gráficos estatísticos acompanha o livro.
Os ensaios deste livro debatem sobre a reforma psiquiátrica e sua interlocução com o poder, os modelos assistenciais. As autoras discutem que a Reforma Psiquiátrica, como um serviço que pretende ter características antimanicomiais, com abordagem psicossocial, perpassa, principalmente, pela compreensão e transformação dos saberes e das práticas dos profissionais envolvidos neste processo.
Zygmunt Bauman cumpre aqui sua missão de sociólogo, esclarecendo como se deu a transição da modernidade e nos auxiliando a repensar os conceitos e esquemas cognitivos usados para descrever a experiência individual humana e sua história conjunta. É a essa tarefa que se dedica este livro. Analisando cinco conceitos básicos que organizam a vida em sociedade ― emancipação, individualidade, tempo/espaço, trabalho e comunidade ―, Bauman traça suas sucessivas formas e mudanças de significado. Modernidade líquida complementa e conclui a análise realizada pelo autor em Globalização: As consequências humanas e Em busca da política. Juntos, esses três volumes formam uma análise brilhante das condições cambiantes da vida social e política.
Estudos mostram que o pentecostalismo é a força propulsora da expansão evangélica no país. Com base nessa realidade, em entrevistas com bispos, padres e pastores, no relatório da pesquisa Spirit and Power, realizada em dez países, e na pesquisa Sensus, do Obrvatório das Metrópoles, ambas publicadas em 2006, o autor trabalha o conceito de pentecostalização para explicar engajamento político-eleitoral dos evangélicos no Brasil.
Apoiado em vasta bibliografia, além de atas e registros da câmara e textos da imprensa, o autor estuda o papel do higienismo sobre a saúde pública em São Paulo, no início do século 19. Analisa as implicações políticas à época, a influência do pensamento positivista e o crescimento da cidade em decorrência do café e da imigração, além de abordar os surtos de doenças como febre amarela e tuberculose. Um momento “em que a limpeza deixou de ser unicamente um elemento que denotava nobreza para assumir uma característica utilitária de preservação da saúde”. Mantovani expõe as ideias de autores ingleses, alemães, franceses e portugueses que influenciavam não apenas as concepções locais sobre saúde, mas também medidas político-administrativas adotadas pelos governos. Ele reflete sobre as relações entre autoridades públicas e os grupos populacionais – miseráveis, prostitutas, escravos – apontados como “culpados” pelo ambiente insalubre da cidade e pelas doenças que acometiam os paulistanos. Uma câmara municipal militarizada era responsável pela saúde pública, coagindo e castigando aqueles que ameaçavam o bem-estar do restante da população. “Curar era (e é) intervenção social, política e econômica”, diz o autor.
Nesta obra rigorosamente filosófica, Byung-Chul Han reflete, tomando como referência Kant, Heidegger, Lévinas e Canetti, entre outros, sobre a re-ação à morte para indagar a complexa tensão entre este conceito em relação aos de poder, identidade e transformação. Morte e alteridade se inspira na fenomenologia e na literatura contemporânea para contrapor as reações de ou a ênfase do eu ou o amor heróico na hora de encarar a morte. Além disso, mostra outra maneira de “ser para a morte” em um modo de tomar consciência da mortalidade que conduz à serenidade. Dessa maneira, tematiza-se uma experiência da finitude com a qual se aguça uma sensibilidade especial para o que não é o eu: a afabilidade.
O difundido retrato da suposta cordialidade brasileira, ilustrada pelos cenários carnavalescos ou pelo futebol, sistematicamente oculta a violência, latente ou explícita, do preconceito, da exclusão e da repressão sociais. A eficiência com que as elites ocultam essa face brutal de nossa sociedade exige um trabalho de rastreamento, de descobrimento de pistas que revelem o autoritarismo subjacente e forneçam uma interpretação mais justa. Os ensaios que compreendem este livro têm por objetivo justamente levar a cabo essa tarefa ao criticar a imagem e autoimagem da República.
Sistematizando anos de estudos e elaborações em torno da temática da diversidade sexual e de gênero, Renan Quinalha compartilha neste livro reflexões teóricas e historiográficas em linguagem acessível, sem renunciar à profundidade das discussões, com o objetivo de atingir um público mais amplo interessado no universo LGBTI+. Esta obra destina-se tanto a pessoas que desejam investigar a fundo essa temática como àquelas que estão dando seus primeiros passos nos estudos de gênero e sexualidade. Ela é, sobretudo, um convite à ação política e à luta por igualdade, diversidade e democracia.
As universidades brasileiras, institutos de pesquisa e mesmo os movimentos camponeses de nosso país têm pouca informação sobre as muitas e diferentes formas de organização de agricultores e de camponeses em escala internacional. Os autores deste livro realizam uma radiografia cuidadosa de praticamente toda as articulações internacionais dos mais variados setores sociais que atuam no campo, analisando sua composição regional, de classe e ideológica, suas relações com ONGs e instituições internacionais e como eles enfrentaram o neoliberalismo global.
A proposta deste livro não é a de encerrar a relação movimentos sociais-autonomias como a única relação teórica, analítica e política possível e como um campo de estudos próprio e isolado. Bem pelo contrário, buscamos provocar o diálogo de campos de estudos que supostamente não se conversam. Neste sentido, seja desde a mirada institucionalista, seja desde a marxista ou ainda a anarquista, o que é certo é que as discussões sobre as lutas sociais latino-americanas nunca cessaram e nem cessarão. No entanto, pensar tais lutas pela lente dos movimentos sociais por si só já não é tarefa exatamente dada; menos dada ainda é a tarefa de pensá-las através do par conceitual movimentos sociais-autonomias e suas relações com os Estados e o capital na região.
O presente livro aborda as complexas relações entre movimentos sociais e agentes e instituições do Estado no processo de formulação e implementação das políticas públicas ao longo dos governos Lula e Dilma Rousseff. A multiplicidade de enfoques das análises aqui presentes fornece uma robusta contribuição para o conhecimento sobre as interações – frutíferas, mas com enormes desafios – entre movimentos sociais e Estado na produção de políticas públicas, auxiliando os embates vindouros neste árduo processo de construção da democracia brasileira.
Desdobramento natural da mostra de 30 painéis organizada para acompanhar o Congresso Internacional "Sinais de Jorge de Sena", em 1998, homenageia os artistas lusos que viveram e trabalharam no País, interagindo de forma marcante com a cultura nacional.
Este livro procura apresentar, analisar e discutir as vulnerabilidades das zonas úmidas, subúmidas e secas do estado de Pernambuco frente aos potenciais impactos das mudanças climáticas e discutir possíveis adaptações a estes impactos.
Como compreender melhor as relações entre as intensas mudanças climáticas e os riscos à saúde humana? Com linguagem acessível e pautada na ciência, o livro Mudanças Climáticas, Desastres e Saúde busca dar contribuições para o público sobre um tema fundamental. Organizado por Christovam Barcellos, Carlos Corvalán e Eliane Lima e Silva, o título pretende contribuir com estratégias para aumentar a resiliência do setor Saúde e das comunidades em face das mudanças climáticas e seus impactos. A obra mostra que mudanças ambientais e climáticas interagem entre si, abordando como a complexa relação entre saúde e ambiente vem sendo cada vez mais discutida. Apesar de avanços na saúde e considerando um aumento na expectativa de vida no Brasil, diversos estudos apontam que, nas últimas décadas, desequilíbrios ambientais têm causado efeitos negativos à sociedade, afetando direta e indiretamente a saúde humana. No país, os desastres de origem climática que mais se destacam têm origem em processos hidrológicos - chuvas intensas, inundações bruscas, deslizamentos de terra relacionados às chuvas e inundações graduais - e climatológicos (secas, estiagens e crises hídricas). Composto por 12 capítulos, o título reúne cerca de 30 especialistas das mais diversas áreas, confirmando a "inquestionável capacidade técnico-científica de pesquisadores brasileiros que se dedicam à temática da mudança climática nos seus diferentes aspectos", conforme destaca Thelma Krug, vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, no texto de orelha do livro. "É através desses capítulos que nós vamos conhecer alguns casos de desastres, como secas, inundações, deslizamentos de terra, que têm afetado, direta ou indiretamente, a população. Alguns desses impactos são imediatos, causando óbitos e perdas materiais, mas vários deles são relacionados a questões de habitação estruturais, saneamento, organização social e política local, além da geologia e outras características do terreno", resume Christovam Barcellos.
Este livro apresenta um conjunto de trabalhos que problematizam a sociedade contemporânea e a saúde. Mais especificamente, dialogam na interface da teoria social, saúde pública e as profundas mudanças sociais na atualidade. Essas questões são discutidas sob diferentes enfoques temáticos que, no livro, encontram-se organizados em quatro partes. A primeira, problematiza o mundo contemporâneo e os processos em saúde-doença, a segunda, resgata e discute o pensamento social em saúde no Brasil a partir dos anos de 1980 com a estruturação do campo da Saúde Coletiva, a terceira, aborda criticamente a produção do biológico e o social na saúde
"Este livro mostra como navios entram em garrafas e como eles saem delas de novo. Os navios são porções de conhecimento, e as garrafas são a verdade. O conhecimento é como um navio porque, uma vez na garrafa da verdade, parece que sempre esteve ali e parece que nunca mais vai sair de novo... Nosso mundo é cheio de navios já alojados dentro de suas garrafas, e somente poucas pessoas conseguem vislumbrar a arte do construtor de navios dentro de garrafas." Sem dúvida um dos melhores livros de Harry Collins, MUDANDO A ORDEM mostra como o conhecimento científico é acordado, transmitido e modificado ao longo do tempo. Assim, o valor da réplica experimental para solucionar controvérsias científicas - onde o que é certo ou errado ainda não está definido - é questionado e o conceito de "regressão dos experimentadores" é introduzido. Essa insuficiência do método científico para dar conta de controvérsias científicas abre, então, o caminho para a análise da construção social do conhecimento científico e, portanto, de qualquer tipo de conhecimento.
Na presente obra, Ethel nos mostra uma escrita cativante, delicada e, ao mesmo tempo, forte e contundente, como foi o tempo vivido nesse período de dois anos refletido na obra. Trata-se de um relato pessoal e sensível, com reflexões profundas. Contudo, também discorre sobre o trabalho coletivo, os muitos momentos de atuação conjunta com tantos profissionais, estudantes e gestores no enfrentamento da pandemia da Covid-19. Em vários trechos, podemos perceber a força, a coragem e a maneira como Ethel enaltece a resistência das mulheres nestes tempos tão sofridos que temos vivido, pois elas estiveram não só na linha de frente, como também nos lugares onde atuaram na gestão da crise sanitária. A sua narrativa, tão particular e especial, é um convite para espelharmos o que também queremos e podemos fazer.
Ciência é lugar de Mulher?! Esse livro mostra que, sem dúvida, a resposta é sim. Através dele, conhecemos a trajetória de sucesso de mulheres em diferentes campos do conhecimento científico. Mas, se esses relatos registram a presença feminina, inclusive em áreas ainda predominantemente masculinas, registram, também, os obstáculos enfrentados pelas cientistas, que vão desde a resistência dos colegas e das instituições até a dupla jornada de trabalho, na medida em que a responsabilidade pelas tarefas domésticas e pelo cuidado dos filhos continua a ser considerada atribuição feminina. Portanto, esse livro mostra, também, que somente quando superarmos as desigualdades de gênero na nossa sociedade, as mulheres poderão ocupar o espaço que lhes cabe no desenvolvimento científico do país.
Por muitos anos na minha trajetória como escritora ouvi a seguinte frase: “Todas as histórias já foram contadas”. Assim, nos restaria apenas contar, mais uma vez, as mesmas histórias, no máximo a busca estética, a inovação formal. Até que um dia, não muito tempo atrás, iniciou-se o que podemos chamar de uma mudança de paradigma em nossa sociedade. Mudança impulsionada pelas lutas sociais e pelas transformações políticas do início dos anos 2000. E assim, de um momento ao outro, nos vimos diante do óbvio: não é verdade que todas as histórias já foram contadas; pelo contrário, se analisarmos com atenção perceberemos que na realidade apenas uma única história havia sido contada, a história daqueles que detém o poder. Uma história colonial que exclui a maioria. Porque, sim, as minorias nada mais são do que a imensa maioria deste país. Então, nesse contexto, Mulheres de terra e água tem muito a nos ensinar. Se tivermos a capacidade de ouvir. Não como quem ouve uma história distante, mas com a atenção de quem ouve um relato que é nosso porque é o relato do Brasil. Porque a vida dessas mulheres, suas dificuldades, lutas e esperanças têm seu aspecto pessoal, mas é também um ato político.
Mulheres do Brasil – A história não contada resgata a história de mais de 200 mulheres das mais variadas épocas que tiveram suas biografias alteradas, deturpadas ou que simplesmente sequer apareceram nos registros convencionais. Depois de desmistificar as figuras dos imperadores D. Pedro I e d. Leopoldina, o escritor e pesquisador Paulo Rezzutti se dedica a mulheres conhecidas ou ignoradas pela história do Brasil: das guerreiras às vilãs, das mulheres do poder a artistas. Também ilumina trajetórias pouco conhecidas de indígenas e negras escravizadas e avança até os dias atuais, com mulheres como Marielle Franco, a vereadora carioca assassinada em março de 2018 por “ousar” não ser invisível. O livro chega num momento em que a discussão sobre o papel das mulheres na sociedade se intensifica, surpreendendo o leitor ao reapresentar acontecimentos da história do Brasil com as personagens femininas finalmente reinseridas nos papeis de destaque que lhes foram negados pela narrativa oficial.
"Aborda o encontro entre os discursos e práticas sobre a saúde e o envelhecimento oriundos da biomedicina, da epidemiologia e da promoção da saúde com a experiência que constitui uma “tia” no mundo do samba. Com esse intuito, apresenta e analisa vivências das mulheres integrantes da Ala dos Cabelos Brancos, do Grêmio Recreativo Escola de Samba Império Serrano, e de compositores e sambistas que integram esse universo cultural, além de dialogar com autores de diversos campos do pensamento. A partir desses depoimentos, a autora investiga como as senhoras do samba lidam com as representações e conceitos de vida saudável, e se elas demonstram algum tipo de resistência à medicalização da vida, entre outros aspectos. O conteúdo constrói um viés crítico sobre a produção e circulação de discursos e práticas ligados à medicalização da vida e sua promessa de saúde e longevidade calcada na adoção de um modo de viver baseado na hiperprevenção."
Por que voltar a falar, hoje, sobre caça às bruxas? Em Mulheres e caça às bruxas, Silvia Federici revisita os principais temas de um trabalho anterior, Calibã e a bruxa, e nos brinda com um livro que apresenta as raízes históricas dessas perseguições, que tiveram como alvo principalmente as mulheres. Federici estrutura sua análise a partir do processo de cercamento e privatização de terras comunais e, examinando o ambiente e as motivações que produziram as primeiras acusações de bruxarias na Europa, relaciona essa forma de violência à ordem econômica e argumenta que marcas desse processo foram deixadas também nos valores sociais, por exemplo, no controle da sexualidade feminina e na representação negativa das mulheres na linguagem. A partir desse debate, a autora nos mostra como as acusações e a punição de “bruxas” se repete na atualidade, especialmente em países como Congo, Quênia, Gana e Nigéria, na África, e Índia. Com apresentação da estudiosa Bianca Santana, a obra conta também com orelha de Sabrina Fernandes e quarta capa da socióloga Maria Orlanda Pinassi e quarta capa da socióloga Maria Orlanda Pinassi.
Com o objetivo de divulgar o trabalho realizado pelos docentes e estudantes do Programa na produção de conhecimento ancorado aos princípios epistemológicos feministas e na luta contra a discriminação, a obra apresenta dez artigos de diferentes autores e autoras, dentre elas Ana Alice Alcântara Costa, organizadora do livro Estudos de gênero e interdisciplinaridade no contexto baiano, publicado em 2012 pela Edufba.
A segunda década do século XXI recolocou o ativismo das mulheres, com força e garra, nas ruas, nas universidades, nas performances, na organização de coletivos. Isso ocorreu não apenas no Brasil, como também em muitos outros países. A cidadania feminina passou a ser vista como um ponto fundamental de garantia de uma democracia efetiva. Entre outros motivos, uma das razões para esse novo despertar se deu porque, apesar dos avanços na educação e no trabalho, nos estudos sobre as razões das discriminações de sexo, raça e identidades, persistem as evidências da desigualdade no mercado de trabalho e na família e a violência contra as mulheres. As mulheres fizeram a sua parte, entretanto não receberam em troca uma recompensa à altura de seus avanços.
Nova edição do best-seller de Mary Beard Neste livro corajoso, Mary Beard traça as origens da misoginia, examinando as armadilhas e os percalços de como a história maltratou mulheres fortes desde os tempos mais antigos. Passando por figuras contemporâneas, como políticas e personagens míticas, Beard questiona as suposições sociais sobre a relação entre o poder e a feminilidade – e como mulheres poderosas oferecem exemplos necessários de como todas devem reagir às forças que tentam encerrá-las em paradigmas e discursos masculinos. A partir de reflexões sobre suas experiências pessoais com o sexismo, Beard pergunta: se as mulheres não são consideradas dentro das estruturas de poder, não E quantos séculos vamos ter que esperar para que isso aconteça?
Como a coleta e o uso dos dados contribuem para o enorme desequilÍbrio entre as experiências de homens e mulheres na sociedade Desde o controle do fogo e o domínio da agricultura até as evoluções tecnológicas da atualidade, as conquistas dos seres humanos sempre começaram com a observação do mundo, algo conhecido hoje como coleta de dados. Como base da ciência, são os dados que determinam a alocação de recursos públicos e privados, ditando o rumo da sociedade. Porém, o caráter científico dos dados esconde um lado perverso: as mulheres não são — e nunca foram — contempladas por eles. Isso é o que revela Caroline Criado Perez em Mulheres invisíveis. Nessa obra, a autora reúne estudos de caso que explicitam como o olhar predominante considera que o homem é o padrão e as mulheres são atípicas. Dessa forma, mesmo quando os dados abrangem o universo feminino, acabam sendo ignorados na prática, o que aprofunda na base a desigualdade de gênero. Inovadora em sua abordagem, Caroline coloca em números o sofrimento de metade da humanidade, provando que o preconceito de gênero é muito mais que uma questão subjetiva. Uma leitura transformadora e inesquecível, que mudará a maneira como você enxerga o mundo.
Tome essa obra em suas maos e leia-a com a forca da alma. A mesma trata-se de historias de mulheres, mulheres na saude. Um dialogo aberto de 20 anos, mas encontros possiveis e imprevisiveis de tres anos de trabalho acompanhando as ACS em seus varios movimentos, idas e vindas a Brasilia em busca de valorizacao politica do seu trabalho e do reconhecimento social de seus feitos.
Ouvimos e aprendemos sempre a história e o passado do colonizador, nunca por meio das vozes dos colonizados. É nesse contexto, que Luana Ramalho Martins, por meio do paradigma afrocentrado e da escrevivência, visibiliza as vozes de três mulheres negras de Venâncio Aires, interior do estado do Rio Grande do Sul, para demonstrar a potência do autocuidado em saúde em territórios majoritariamente brancos, como processo coletivo e promotor de resistências sociais.
A Editora Contracorrente tem a satisfação de anunciar a publicação do livro Mulheres que interpretam o Brasil, organizado pelos professores e pesquisadores Lincoln Secco, Marcos Silva e Olga Brites. Assinada por uma constelação de consagrados estudiosos das ciências humanas, esta importante e necessária obra dedica cada um de seus 45 artigos a grandes mulheres brasileiras cujas trajetórias pessoal e profissional impactaram enormemente a história do país, mas que, quase sempre, tiveram seus feitos obscurecidos e suas vozes silenciadas pela história oficial – branca, masculina, patriarcal e burguesa.
Vozes historicamente silenciadas encontram em Mulheres quilombolas espaço para compartilhar saberes a partir de suas perspectivas, como faziam nossos ancestrais reunidos em torno do fogo, no ritual de transmissão e perpetuação de conhecimentos basilares para a comunidade. As autoras trazem para a roda uma diversidade de pautas em geral invisibilizadas na sociedade, contribuindo com suas visões de mundo, seus conhecimentos acadêmicos e suas experiências de vida para abrir novas possibilidades de debate. Assumindo o lugar de guardiãs dos saberes ancestrais, de lideranças políticas, de mulheres racializadas na sociedade, expõem em suas reflexões os muitos atravessamentos que a discussão em torno do que é ser mulher quilombola abarca.
Os lobos foram pintados com um pincel negro nos contos de fada e até hoje assustam meninas indefesas. Mas nem sempre eles foram vistos como criaturas terríveis e violentas. Na Grécia antiga e em Roma, o animal era o consorte de Artemis, a caçadora, e carinhosamente amamentava os heróis. A analista junguiana Clarissa Pinkola Estés acredita que na nossa sociedade as mulheres vêm sendo tratadas de uma forma semelhante. Ao investigar o esmagamento da natureza instintiva feminina, Clarissa descobriu a chave da sensação de impotência da mulher moderna. Seu livro, Mulheres que correm com os lobos, ficou durante um ano na lista de mais vendidos nos Estados Unidos. Abordando 19 mitos, lendas e contos de fada, como a história do patinho feio e do Barba-Azul, Estés mostra como a natureza instintiva da mulher foi sendo domesticada ao longo dos tempos, num processo que punia todas aquelas que se rebelavam. Segundo a analista, a exemplo das florestas virgens e dos animais silvestres, os instintos foram devastados e os ciclos naturais femininos transformados à força em ritmos artificiais para agradar aos outros. Mas sua energia vital, segundo ela, pode ser restaurada por escavações psíquico-arqueológicas nas ruínas do mundo subterrâneo. Até o ponto em que, emergindo das grossas camadas de condicionamento cultural, apareça a corajosa loba que vive em cada mulher. Clássico dos estudos sobre o sagrado feminino e o feminismo, o livro é o primeiro de uma série de longsellers da Rocco a ganhar edição com novo projeto gráfico e capa dura.
Combater as violências que inibem diversas formas de existência é um passo fundamental para a promoção do aprimoramento humano. Para isso, precisamos identificar e dar visibilidade às diversas formas de expressão da violência e dos efeitos por elas produzidos. Sabemos que este é um trabalho contínuo e que deverá acompanhar a trajetória da humanidade, identificando, a cada momento histórico, o modo como grupos hegemônicos se impõem a outros indivíduos e/ou grupos, negligenciando e/ou violando suas demandas. Ao enfocar em violências vivenciadas por mulheres na sociedade brasileira de hoje, buscamos realizar, evidentemente, uma parte minúscula desta tarefa, mas, nem por isso, menos urgente. Esperamos que esta pesquisa incentive outras mulheres, assim como também outros indivíduos e/ou grupos, a denunciarem as distintas formas de violência que cerceiam a construção de identidades plenas e a conquista de vidas realizadas. Nós, mulheres autoras deste livro apresentamos nossas violências vividas na pluralidade de nossas existências e de nossos saberes.